MENU

Where the world comes to study the Bible

9. Soberania De Deus Na História

Introdução

Todos na minha família estão convencidos de que Deus trouxe um cachorro collie chamado Levi até nossa porta. Seu nome estava gravado na placa pendurada no seu pescoço quando ele chegou. Você pode imaginar um cachorro chamado Levi achando a casa Strauss?

Nosso filho mais novo estava orando por um cachorro por quase três anos, mas tínhamos colocado alguns requisitos estritos. Tinha de ser caseiro. Tinha de ser obediente. E tinha de ser gentil com as pessoas a fim de viver numa casa de pastor onde visitantes entram e saem regularmente.

Quando a minha esposa levou o cachorro de volta para o seu dono, cujo endereço estava também gravado na plaqueta, ela falou cortesmente: “Se em algum momento vocês quiserem dar este cachorro, por favor, nos avisem”. A resposta surpreendente foi: “Eu quero, eu estou procurando por uma boa casa para ele agora mesmo. Minha esposa me pediu para pensar nisto durante a noite”.

Para nossa alegria, Levi saiu de sua casa e achou seu caminho para nossa residência de novo no dia seguinte. Desta vez decidimos que ele poderia ficar.

Quando o dono trouxe os seus documentos, nós ficamos sabendo que ele tinha sido concebido aproximadamente no mesmo tempo que nosso filho começou a orar por um cachorro. Que o cachorro tinha nascido no dia do nascimento da minha esposa e que ele tinha sido graduado com honra na escola de obediência.

Ninguém nos convencerá que a vinda do Levi foi alguma coisa outra do que o trabalho gracioso do nosso soberano Deus. A propósito, ele preencheu os outros requerimentos também.1

Quase todos os cristãos concordam ao menos verbalmente com a doutrina da soberania de Deus. Existem muitos textos os quais nos ensinam esta verdade para negá-la:

19 - O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. (Salmos 103:19) 3 - Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou. (Salmos 115:3) 5 - Porque eu conheço que o SENHOR é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses. 6 - Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. (Salmos 135:5-6)

O significado de soberania pode ser resumido desta forma: Ser soberano é possuir poder supremo e autoridade de forma que alguém está em completo controle e pode realizar qualquer coisa que queira.

Um número de definições similares de soberania pode ser achado em livros que tratam dos atributos de Deus:

“Os dicionários nos dizem que soberania significa chefe ou mais alto supremo em poder, superior em posição, independente de e ilimitado por qualquer outro”.2

Além disso, Sua soberania requer que Ele seja absolutamente livre, o que significa simplesmente que Ele deve ser livre para fazer tudo o que quiser em qualquer lugar e em qualquer tempo para levar Seu eterno propósito em todos os simples detalhes sem interferência. Se Ele for menos do que livre Ele deve ser menos do que soberano.

Compreender a ideia de liberdade não qualificada requer um vigoroso esforço da mente. Nós não somos psicologicamente condicionados para entendermos liberdade exceto em suas formas imperfeitas.

Nossas concepções dela foram formadas num mundo onde não existe liberdade absoluta. Aqui cada objeto natural é dependente de muitos outros objetos e esta dependência limita sua liberdade.3

“Deus é absolutamente livre por que ninguém ou coisa pode detê-Lo ou força-Lo ou pará-Lo. Ele é capaz de fazer o que quiser sempre, em qualquer lugar para sempre. Para ser livre assim significa também que Ele deve possuir autoridade universal. Que Ele tem poder ilimitado nós sabemos das Escrituras e podemos deduzir de outros dos seus atributos.”4

Sujeitado a ninguém, influenciado por ninguém, absolutamente independente; Deus faz o que lhe agrada, somente como Lhe agrada sempre o que lhe agrada. Ninguém pode diminuí-Lo, ninguém pode detê-Lo. Assim Sua própria Palavra expressamente declara:

O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” (Isaías 46:10b); - e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, (Daniel 4:35b) Soberania divina significa que Deus é Deus de fato, assim como no nome, que Ele está no Trono do universo, dirigindo todas as coisas, trabalhando todas as coisas “- segundo o conselho da sua vontade;” (Efésios 1:11b)5

A supremacia de Deus sobre os trabalhos de Suas mãos é vividamente demonstrada nas Escrituras. Matéria inanimada, criaturas irracionais, todos executaram as ordens do seu Criador. Ao seu prazer o Mar Vermelho se dividiu e suas águas permaneceram como paredes (Ex. 14); e a terra abriu sua boca e os rebeldes culpados caíram vivos no buraco (Números 14).

Quando Ele assim ordenou, o sol parou (Josué 10); e em outra ocasião ele voltou para trás 10 graus no relógio de Acaz (Isaías 38:8). Para exemplificar Sua supremacia, Ele fez os corvos levarem alimento para Elias (I Reis 17), ferro boiar na superfície das águas (II Reis 6:5), leões ficarem mansos quando Daniel foi lançado na cova deles, o fogo não queimar os três Hebreus arremessados em suas chamas. Portanto “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.” (Salmos 135:6)6

Num mundo relutante em reconhecer a existência de Deus, não se deveria esperar que o incrédulo aderisse à doutrina da soberania de Deus:

O ‘deus’ deste século vinte não mais parece o Supremo Soberano da Ordem Santa do que a fraca cintilação de uma vela faz a glória do sol do meio dia.

O ‘deus’ sobre o qual é agora falado no púlpito, comentado na Escola Dominical, mencionado na maioria da literatura religiosa de hoje, e pregado em muitas das assim chamadas Conferências Bíblicas é a ficção da imaginação humana, uma invenção da sentimentalidade piegas...

Um ‘deus’ cuja vontade é resistida, cujos projetos são frustrados, cujo propósito é aniquilado, não possui título de Divindade, e até agora sendo um objeto adaptado de adoração, não merece nada a não ser desprezo.7

Na igreja, deve-se esperar que o Cristão aceite a doutrina da soberania de Deus tanto bíblica como verdadeira. Isto pode ser feito a princípio, porém não necessariamente na prática. Nosso problema com a soberania de Deus muito frequentemente chega onde a “borracha encontra a estrada”.

Deus é verdadeiramente e perfeitamente soberano. Isto significa que Ele é o mais alto e maior ser existente, Ele controla todas as coisas. Sua vontade é absoluta, e Ele faz o que Lhe agrada.

Quando ouvimos tal declaração, podemos entendê-la razoavelmente bem e podemos usualmente aceitá-la até Deus permitir alguma coisa que não gostamos. Então nossa reação normal é resistir à doutrina da Sua soberania.

Ao invés de achar conforto nisto, achamos que isto nos faz chateados com Deus. Se Ele pode fazer qualquer coisa que Lhe agrada, porque Ele permite que soframos? Nosso problema é um mau entendimento da doutrina e um conhecimento inadequado de Deus.8

É de importância vital que cada Cristão entenda a doutrina da soberania de Deus. Escolhi considerar o assunto em duas lições.

A primeira lição considera a soberania de Deus sobre as nações do mundo na história, e a outra reflete a soberania de Deus na salvação.

O atributo da soberania de Deus incomoda muitas pessoas; ela incomoda muitos Cristãos. Porém a soberania de Deus é crucial porque ela é ensinada na Bíblia e porque ela é a base do viver reverente. Devemos ver a Palavra de Deus e o Espírito de Deus nos ensinar o que precisamos saber sobre a soberania de Deus.

Quando eu pesquisava as Escrituras por uma definição concisa da soberania divina, fiquei surpreso ao ver onde a definição foi achada. Não foi no Novo Testamento, nem nas palavras do apóstolo Paulo, nem de Moisés na Lei, e nem dos grandes profetas como Isaías ou Jeremias.

A mais clara definição da soberania de Deus vem dos lábios de Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Lá não achamos uma declaração invejosa da soberania de Deus, porém uma expressão de adoração e louvor:

34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 - E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? (Daniel 4:34-35)

Este declaração da soberania de Deus é feita por um homem que sabe mais da soberania humana do que qualquer um americano jamais poderia. Entre os reis da história, este rei é “rei dos reis” (Daniel 2:37). Ele é a “cabeça de ouro” (Daniel 2:38)

Em comparação com o seu reino, os restantes impérios do mundo são descritos como “inferiores” (veja 2:39-43). Quando Daniel falou para Belsazar sobre o reino do seu pai, Nabucodonosor, ele descreveu a extensão do seu domínio:

18 - Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade. 19 - E por causa da grandeza, que lhe deu todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria conservava em vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia. (Daniel 5:18-19).

No nosso mundo, não temos nenhum líder político ou governador que se aproxime da soberania humana que vemos em Nabucodonosor. O Gabinete do Presidente dos Estados Unidos é uma posição de grande poder, porém não é um exemplo de soberania.

O Presidente Richard Nixon não estava livre para dirigir o país como ele pensava. Sua participação na conspiração de Watergate lhe custou a Casa Branca. Presidentes podem ser criticados (se não removidos da posição) por impropriedades sexuais ou morais. Eles certamente não acham possível passar cada proposta, criar cada programa, ou indicar cada oficial que queira.

Nabucodonosor foi um homem de grande poder militar e político. Ele governava a nação (Babilônia) com um pulso de aço, e Babilônia dominava todos os outros poderes do mundo daqueles dias. Ele foi o comandante que derrotou e destruiu Jerusalém e que levou a maioria dos Judeus para o cativeiro Babilônico.

O povo de Judá parecia insignificante e impotente contra tão grande homem como Nabucodonosor, e realmente eles eram.

Porém o Deus dos Judeus é o Único verdadeiro Deus e o Único grande Deus. Deus escolheu demonstrar Sua soberania sobre a história e sobre todas as nações da terra ao trazer Nabucodonosor de joelhos em submissão a Ele e adorá-Lo.

Esta lição focalizará Daniel 2 a 4, três capítulos os quais descrevem os três eventos que trouxeram Nabucodonosor de joelhos em submissão ao Deus dos Judeus. Veremos destes eventos como Deus demonstra a Sua soberania sobre as nações da terra, e veremos como Deus é soberano na história.

Daniel 2: O Sonho de Nabucodonosor e a Revelação Divina

Como resultado da rebelião persistente de Israel contra Deus e sua falha em atender as advertências dos profetas, Deus levanta a Babilônia para derrotar e destruir Judá e Jerusalém através de uma série de campanhas militares:

9 - Tinha Joaquim a idade de oito anos, quando começou a reinar; e reinou três meses e dez dias em Jerusalém; e fez o que era mau aos olhos do SENHOR. 10 - E no decurso de um ano enviou o rei Nabucodonosor, e mandou trazê-lo a Babilônia, com os mais preciosos vasos da casa do SENHOR; e pôs a Zedequias, seu irmão, rei sobre Judá e Jerusalém. 11 - Tinha Zedequias a idade de vinte e cinco anos, quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém. 12 - E fez o que era mau aos olhos do SENHOR seu Deus; nem se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do SENHOR. 13 - Além disto, também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus. Mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao SENHOR Deus de Israel. 14 - Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa do SENHOR, que ele tinha santificado em Jerusalém. 15 - E o SENHOR Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação. 16 - Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas; até que o furor do SENHOR tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve. 17 - Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos; a todos entregou na sua mão. 18 - E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do SENHOR, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia. 19 - E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. 20 - E os que escaparam da espada levou para Babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia. 21 - Para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. (II Crônicas 36:9-21; veja também Jeremias 25:1-14; 29:15-20).

Num dos primeiros ataques a Jerusalém, Daniel foi tomado cativo (Daniel 1:1-7). Daniel e seus três amigos reconheceram que seu cativeiro foi julgamento de Deus contra a nação pelos seus pecados, e eles sabiam que após 70 anos Deus iria novamente levar o povo para sua terra. (veja Daniel 9:1-2).

Eles se comprometeram a se manterem puros da idolatria da Babilônia, e eles não comeram a provisão normal de alimentos para os cativos como eles (Daniel 1:8-16). Estes quatro jovens se distinguiam dos outros pela sua sabedoria, e Daniel foi capaz de interpretar os sonhos e visões (1:17-21).

Uma noite Nabucodonosor teve um sonho que não entendeu o que lhe causou muita aflição. Quando ele convocou os homens sábios da terra, ele queria ter certeza que a interpretação que eles dessem fosse genuína, assim ele exigiu deles primeiro que eles contassem o que ele sonhou e então dessem sua interpretação. A resposta dos homens sábios é significativa:

10 - Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, grande ou dominador, que requeira coisas semelhantes de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu. 11 - Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne. 12 - Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia. 13 - E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos. (Daniel 2:10-13)

Como Deus ama revelar Sua soberania contra o pano de fundo das fraquezas e limitações humanas! O rei não sabia o significado do seu sonho, e os homens sábios da terra sabiam que era humanamente impossível para eles saberem o que o rei tinha sonhado.

Ele estava pedindo de meros homens aquilo que somente os “deuses” poderiam fazer. Esta era uma tarefa para os “deuses”. O rei estava pressionando sua soberania muito longe ao pedir a meros homens fazer aquilo que somente “deuses” poderiam fazer. Porém Daniel era um servo do Mais Alto Deus, o soberano Deus do universo. Seu Deus poderia revelar o sonho e seu significado.

Daniel foi colocado numa situação quando ele deveria agir, pois todos os homens sábios foram condenados a morrer. Daniel e os seus três amigos primeiro oraram a Deus para revelar o sonho e seu significado. Tudo isto está diretamente relacionado aos versos 17-21 no capítulo 1. Daniel orou para o soberano Deus e então O louvou pela revelação do sonho.

19 - Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu. 20 - Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; 21 - E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. 22 - Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. 23 - Ó Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei. (Daniel 2:19-23)

O sonho não foi produto da sabedoria do Daniel sozinho; foi revelado por Deus (2:28). Daniel então revela o sonho para Nabucodonosor, juntamente com seu significado:

31 - Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32 - A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; 33 - As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.34 - Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. 35 - Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra. 36 - Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei. 37 - Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. 38 - E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro. 39 - E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra. 40 - E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços. 41 - E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. 42 - E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. 43 - Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. 44 - Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, 45 - Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação. 46 - Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves. 47 - Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério. (Daniel 2:31-47)

As palavras do rei indicam seu reconhecimento de que o Deus de Daniel é um Deus soberano. O Deus de Daniel não é simplesmente “Deus”, porém o “Deus dos deuses”. Ele é o Deus que é soberano não somente sobre os poderes celestiais, porém sobre os poderes terrestres também. E assim ele também se refere a Deus como “Senhor dos reis”.

Em adição, Nabucodonosor louva o Deus do Daniel por ser “um revelador de mistérios.” O Deus do Daniel o permitiu conhecer o sonho do rei e sua interpretação. Porém mais está envolvido por causa do assunto do sonho.

O sonho, como revelado e interpretado por Daniel, foi sobre o reino de Nabucodonosor e sobre outros que iriam segui-lo. O seu era o maior destes reinos, porém era um reino que iria, contudo, terminar. Outros reinos inferiores iriam segui-lo.

No final, um reino eterno seria construído, como ele foi, nas cinzas de todos os reinos precedentes. A “cabeça de ouro” foi grande, porém a “pedra feita sem mãos” (2:34-35, 44-45) foi o maior. O reino de Nabucodonosor foi grande, porém o reino do futuro seria um que “duraria para sempre” (2:44).

Nabucodonosor reconheceu que seu reino era inferior do que o reino eterno o qual seria estabelecido depois e que ele era inferior ao de “pedra” que estabeleceria aquele reino. Ele também reconheceu que o Deus que fez conhecido estes futuros reinos era o Deus que era soberano sobre a história. Somente tal Deus poderia revelar futuros reis e reinos, pois somente um Deus que controla a história pode predizer esta história séculos adiante.

9 - Eis que as primeiras coisas já se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir. (Isaías 42:9)

5 - Por isso te anunciei desde então, e te fiz ouvir antes que acontecesse, para que não dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, e a minha imagem de escultura, e a minha imagem de fundição as mandou. (Isaías 48:5)

Nabucodonosor parece ter reconhecido que somente um Deus que é soberano sobre a história pode predizer aquela história antes dela ter passado. Porém há ainda mais para ele aprender sobre a soberania divina.

Daniel 3: A Imagem de Nabucodonosor e os Três Amigos de Daniel

Parece que o fato de Nabucodonosor ser o “cabeça de ouro”, revelado ao rei no capítulo 2, subiu à sua cabeça. O rei parece ter focalizado somente na sua grandeza, não na grandeza de Deus e o reino ainda a ser estabelecido na terra.

Ele fez uma imagem de ouro e ordenou a todos se prostarem diante dela em adoração (2:1-6). Todos aos quais era dada uma deixa musical caíram em adoração à imagem, exceto aqueles Judeus fiéis como os três amigos de Daniel os quais foram acusados diante de Nabucodonosor (2:7-12).

Enfurecido, Nabucodonosor convocou os três e lhes deu uma última chance para evitar a sua ira (2:13-15). Sua declaração final marcou o estágio para ele aprender ainda outra lição relativa à soberania de Deus:

14 - Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei? 15 - Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro da fornalha de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos? (Daniel 3:14-15)

Nabucodonosor tinha aparentemente se esquecido que sua soberania era relativa e que ela tinha sido divinamente outorgada. Entre os homens Nabucodonosor não tinha ninguém superior nem mesmo igual. Como rei da Babilônia, seu poder era incontestado pelos homens.

Porém quando ele erigiu a imagem de ouro e mandou os homens a adorarem, ele deu um passo além do domínio de autoridade que Deus deu aos homens. Se ele não estava procurando a adoração dele mesmo como um deus, ele estava certamente compelindo os homens de todas as nações a adorarem seus deuses.

Ele parece estar ligando sua grandeza e seu poder aos seus deuses. Assim fazendo, ele negou o Único verdadeiro Deus, o Deus de Israel, o Deus a quem ele previamente reconheceu como o “Deus dos deuses” e “Senhor dos reis” (2:47).

Enquanto os três amigos de Daniel estavam desejosos em obedecer a Nabucodonosor como o rei o qual Deus colocou em autoridade sobre eles, eles não estavam querendo adorar seus deuses ou adorá-lo como um deus. Eles deviam obedecer ao Único verdadeiro Deus, mesmo que isto significasse desobedecer a um rei tão poderoso como Nabucodonosor:

16 - Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio. 17 - Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. 18 - E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. (Daniel 3:16-18)

A resposta de Sadraque, Mesaque e Abedenego a Nabucodonosor é instrutiva em relação a soberania de Deus e submissão. Quando eles escolheram desobedecer ao rei, eles o fizeram como um ato de submissão ao Único que era absolutamente soberano, o Deus de Israel.

E mesmo quando eles devem “obedecer antes a Deus do que aos homens” (veja Atos 5:29), eles ainda falam ao rei com o devido respeito. Sua resposta à Nabucodonosor revela a profundidade do seu entendimento da soberania do seu Deus.

Suas palavras expressam sua confiança na absoluta soberania de Deus. Ele é capaz de fazer qualquer coisa que Ele queira. Ele não recebe ordens dos homens; Ele faz o que lhe agrada:

3 - Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou. (Salmos 115:3)

5 - Porque eu conheço que o SENHOR é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses. 6 - Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. (Salmos 135:5-6)

Porque a soberania de Deus está apta a fazer o que Lhe agrada, estes três servos de Deus não estão a fim de anunciar o que Deus fará. Este é uma questão do Seu bom desejo. Ele fará com eles o que lhe agrada.

Eles estão convictos de que Ele pode e irá livrá-los das mãos de Nabudonosor, porém esta libertação pode tomar diferentes formas. Ele poderá livrá-los de serem jogados na fornalha. Ele poderia livrá-los através da fornalha (como Ele faz), ou Ele poderia livrá-los através da morte, levantando-os no último dia. Como Ele irá livrá-los eles não sabem. A libertação deles está dentro do propósito soberano de Deus, e eles não fazem nenhum esforço para indicar qual poderia ser. Isto é um assunto de Deus, pois Ele é soberano.

Nabucodonosor ficou irado com a resposta destes três homens que ousaram desafiar seu decreto “soberano”. Ele ordenou seus servos aquecerem a fornalha sete vezes mais quente e então jogar os três homens nela (3:19-20). O fogo estava tão intenso que os servos do rei que o atenderam eles mesmos foram mortos pelo calor. Quando os homens estavam na fornalha, o que o rei viu quando ele olhou na fornalha o atordoou completamente:

24 - Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. 25 - Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus. (Daniel 3:24-25)

Nabucodonosor comandaria estes Hebreus se curvarem para sua imagem de ouro e adorar seus deuses? A quarta pessoa na fornalha com estes três homens parecia como um dos deuses! Obviamente, o “Deus” destes três homens era maior do que os “deuses” de Nabucodonosor. “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Nabucodonosor desafiou (2:15). O Deus deles, o Deus dos Judeus, livrou-os.

Vendo a mão de Deus livrar os três homens que ele tentou intimidar com seu poder, Nabucodonosor chamou os homens para saírem. Quando eles saíram da fornalha, ele observou que estes homens não foram prejudicados ou mesmo afetados pelo fogo de qualquer forma.

O intenso calor e as chamas as quais mataram os servos do rei (3:22) nem chamuscaram os cabelos das cabeças destes três Hebreus. Nem mesmo o cheiro de fogo estava neles. Agora Nabucodonosor fala do “deus” deles (veja verso 15) como o “Mais Alto Deus”. Ele novamente reconhece o Deus de Israel ser o soberano Deus, o “Deus dos deuses” e “Senhor dos reis” (2:47).

28 - Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus. 29 - Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como este. (Daniel 3:28-29).

Daniel 4: Do Caviar à Grama

O quarto capítulo de Daniel é o evento final coroando o lidar de Deus com Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Você notará que este capítulo é escrito em parte pelo próprio rei Nabucodonosor (veja versículos 1-18). Nabucodonosor confessa sua arrogância e orgulho e seu acabrunhamento pela soberana mão de Deus. O capítulo começa com o enaltecimento de Nabucodonosor ao soberano Deus de Israel:

1 - NABUCODONOSOR rei, a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada. 2 - Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. 3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração. (Daniel 4:1-3)

A “queda” de Nabucodonosor acontece algum tempo depois de ser advertido por Deus num sonho o qual lhe incomodou grandemente. (4:5). Todos os homens sábios da Babilônia não foram capazes de interpretar o sonho mesmo embora ele o tenha contado para eles (4:7). Quando Daniel foi trazido perante o rei, Nabucodonosor descreveu sua visão:

10 - Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: Eu estava assim olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; 11 - Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. 12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela. 13 - Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu, 14 - Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos. 15 - Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra; 16 - Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos. 17 - Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele. 18 - Este sonho eu, rei Nabucodonosor vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação, porque todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a sua interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos. (Daniel 4:10-18).

Quando Daniel ouviu o sonho que o rei recebeu, ele ficou grandemente embaraçado também por reconhecer que a visão era um alerta para o rei de uma sentença que Deus iria trazer sobre ele no futuro. Está claro que Daniel é submisso em relação ao rei e deseja seus melhores interesses.

Ele não se alegra com o que irá acontecer ao rei. Nabucodonosor encoraja Daniel a falar livremente a respeito do significado desta visão. Daniel então passa a informar o rei sobre o sonho.

A grande árvore a qual o rei viu representa o próprio rei, o grande rei da Babilônia. Seu tamanho e força e as criaturas as quais ela sustenta todas simbolizam o poder e majestade do seu reino. Estas imagens falam da sua “soberania” sobre a terra:

22 - És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da terra. (Daniel 4:22)

Como foi evidente para o rei pelo alarme de Daniel sobre este sonho, havia uma mensagem de alerta, o perigo de uma dramática queda:

23 - E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e dizia: Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos; 24 - Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: 25 - Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. (Daniel 4:23-25).

Assim como a posição de grandeza do rei foi dada para ele por Deus, ela também lhe foi tirada e o rei então acabrunhado por sete anos. A majestade e o esplendor que o rei uma vez gozou seriam mudados pela humilhação da aparência e conduta de animal.

Tudo isto foi para o bem do rei, para ensiná-lo humildade. Era para aprender que soberania humana é dada para os homens através da soberania divina:

25 b – “... até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. (Daniel 4:25b).

Qualquer soberania que o rei da Babilônia possuísse era uma soberania limitada e uma soberania delegada. A posição e o poder do rei não eram devido a sua grandeza, porém devido à grandeza de Deus que lhe deu esta posição de poder.

Nesta palavra de alerta, havia também uma dupla mensagem de esperança. Primeiro, foi dito ao rei como ele podia evitar o acontecimento do qual este sonho alertou.

27 - Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue a tua tranquilidade. (Daniel 4:27)

Esta instrução é muito diferente daquela a qual os profetas Amós e Miquéias deram para a nação de Israel:

21 - Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. 22 - E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. 23 - Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. 24 - Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso. (Amós 5:21-24).

8 - Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus? (Miquéias 6:8)

À nação de Israel foi prometida soberania sobre as nações do mundo (Gênesis 18:17-19; 22:17; 24:60; 27:29; Deuteronômio 15:6; 28:7-14; veja também Isaías 66).

Poder foi dado a Nabucodonosor (e a Israel) assim ele podia liberar o oprimido e cuidar dos necessitados. Na sua vaidade e orgulho, Nabucodonosor parece ter tomado o caminho do mundo, usando seu poder para oprimir os necessitados ao invés de cuidar deles.

Se ele se arrependesse do seu orgulho e usasse o poder dado por Deus como Ele queria que ele fizesse, não haveria necessidade da humilhação a qual o sonho alertou. Ele poderia evitar a punição de Deus se ele se arrependesse e governasse com justiça.

Há uma segunda mensagem de esperança. Mesmo que Nabucodonosor ignorasse o alerta, e mesmo que ele pudesse ser humilhado tornando-se como um animal, isto seria somente por um tempo – por sete anos.

Este trabalho humilde geraria o fruto do arrependimento, e então a soberania inicial do rei seria restaurada. Foi oferecida a Nabucodonosor a esperança da restauração se ele se arrependesse – no tempo desta advertência ou após o tempo de sua humilhação.

Pela própria confissão de Nabucodonosor, ele não deu atenção ao alerta que Deus lhe deu através do sonho e da interpretação de Daniel. Um ano depois, ele tolamente se orgulhou em sua soberania como se ele fosse o único responsável pelo seu sucesso. Como resultado, o sonho aconteceu:

29 - Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, 30 - Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? 31 - Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. 32 - E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. 33 - Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves. (Daniel 4:29-33)

Não conheço outra grande humilhação do que este grande rei teve de passar nem outro ser humano que tenha passado tamanha dor.

Alguns ainda tentam achar uma ocasião na história quando tal dor ocorreu, embora possamos então ser assegurados da exatidão da descrição da Bíblia. (Eles também tentam achar um homem que tenha sido engolido por um grande peixe!).

Estou inclinado a pensar que este foi um único, antigo fenômeno, o qual aponta mais para uma intervenção soberana de Deus na história humana. A exata aflição é difícil de entender totalmente por que a descrição de Nabucodonosor é dita em termos de como ele se parecia, não que aflição ele realmente tinha.

Ele não criou pena; seus cabelos eram longos e cerrados assim eles pareciam como penas. Suas unhas não eram garras de passarinho; elas eram tão longas que eram como garras de passarinhos. Em cima de tudo isto, o rei comeu grama como gado, e estava obviamente fora do seu juízo.

Qualquer que seja a aflição do rei, ela cumpriu o seu propósito divino no tempo preciso indicado – sete anos. O rei parecia bem e sua sanidade retornou. Ele imediatamente louvou Deus como o Mais Alto. Ele confessou que somente Ele é soberano e que Ele faz o que deseja de forma que ninguém deveria desafiar Suas ações (versículos 34-35).

Conclusão

Nós consideramos a soberania de Deus como ensinado nos capítulos 2-4 no Livro de Daniel. A soberania de Deus era uma verdade que os Judeus desobedientes na Babilônia necessitavam entender, e ela é também uma verdade desesperadamente necessária nos nossos dias. Vamos considerar como a soberania de Deus relacionada aos Judeus no cativeiro Babilônico, e depois, como a soberania de Deus se aplica hoje para nós.

Deus é soberano sobre os governos seculares. Através da história de Israel, Deus usou as nações pagãs para cumprir os Seus propósitos. Deus usou o Egito para preservar e proliferar a nação de Israel por 400 anos antes que eles possuíssem a terra prometida.

Deus usou o coração duro do Faraó para mostrar Sua grandeza e poder. Ele usou as nações ao redor para punir Israel quando a nação caiu em pecado e desobediência. Ele usou as nações da Assíria e Babilônia para levar os Judeus ao cativeiro.

Nabucodonosor inclusive foi chamado de “servo” de Deus (Jeremias 25:9; 27:6; 43:10). A situação de Judá e Jerusalém não foi um acaso da história; não foi um mero destino. Foram a atuação do plano e propósito da soberania de Deus de Israel para alcançar os Seus propósitos, para cumprir Suas promessas e profecias.

A soberania de Deus foi importante para os Judeus, assim como ela é para nós, por que ela é a base para nossa certeza de que as profecias de Deus relativas ao Seu futuro reino serão cumpridas.

A visão que Deus deu a Nabucodonosor no capítulo 2 foi a da vinda do reino eterno, o qual Cristo, “a pedra feita sem mãos,” iria estabelecer. Era para ser estabelecido pela abolição dos atuais reinos dos homens.

Somente um Deus que é soberano sobre a história poderia cumprir as profecias da vinda do reino de Deus. Não é de admirar que a soberania de Deus seja um tema tão proeminente em Daniel. Daniel é um livro de história e profecia. Nas porções históricas, a soberania de Deus é demonstrada.

Nas porções proféticas, a soberania de Deus não somente é necessária; ela é assumida. O Deus que se mostrou Ele mesmo soberano sobre as nações é o Deus que promete estabelecer Seu reino sobre todas as nações.

Eis aqui uma lição que precisamos aprender e ser constantemente lembrados dela no nosso século vinte. Vivemos em dias de caos e mudanças. A União Soviética virtualmente se dissolveu diante dos nossos olhos. O Muro de Berlin foi derrubado.

Nações estão em Guerra civil, e milhares de vidas inocentes estão sendo sacrificadas como vemos, sem proteção. Cristãos parecem estremecer quando um Democrata é eleito para o gabinete mais alto na terra. É como a soberania de Deus não é acreditada.

Nosso problema não é novo. É o problema de assumir que Deus está sem poder para executar o Seu plano e propósitos onde os pagãos estão no poder. Este foi o erro de Abraão o qual o levou a mentir a respeito da identidade da sua esposa, dizendo que ela era meramente sua irmã:

10 - Disse mais Abimeleque a Abraão: Que tens visto, para fazer tal coisa? 11 - E disse Abraão: Porque eu dizia comigo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa da minha mulher. 12 - E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher; (Gênesis 20:10-12)

Deus não usou Nabucodonosor somente para punir Seu povo, Deus realmente trouxe este rei pagão de joelhos. Deus “submeteu” este rei soberano a Ele mesmo. Deus o trouxe à fé.

A nação de Israel era para ser uma “luz para os Gentios”. Era para eles proclamarem o evangelho de Jesus Cristo aos Gentios, pois a salvação de Deus não era somente para os Judeus. Eles se recusaram a fazer isto, assim Deus trouxe a evangelização aos Gentios através da descrença e rebelião dos Judeus.

O pecado da nação levou à subjugação e ao cativeiro na Babilônia. Lá, santos como Daniel geraram testemunho para o Deus de Israel, e até este rei soberano veio a se curvar de joelhos diante Dele em louvor de adoração. Deus não é somente soberano entre o Seu povo e na terra de Canaã. Deus é soberano sobre toda a terra e também o céu!

Isto deve significar que Deus é soberano sobre as decisões do Presidente dos Estados Unidos, sobre as leis passadas pelo Congresso, e mesmo sobre as decisões tomadas pela Suprema Corte. Deus é até soberano sobre o Serviço de Imposto de Renda. Deus é soberano sobre reis e reinos.

Se isto é verdade, então precisamos acreditar que cada rei, cada pessoa na posição de poder político, está lá por designação divina (veja Romanos 13:1-2). Isto significa que nós devemos nosso respeito à estas autoridades, nossa obediência, nossas taxas, a menos que qualquer destes especificamente requerer de nós desobedecermos à Deus (Romanos 13:1-7).

Significa que as leis, decisões, e decretos que eles fazem – mesmo aqueles os quais punem ou perseguem os santos – têm um propósito divino. Podemos ser levados a desobedecer ao governo, como Daniel e os três amigos, porém somente quando obedecendo àquele governo exigiria desobedecermos à Deus. No caos e fraquezas dos nossos dias, não percamos de vista o fato de que Deus é soberano na história e soberano até sobre poderes pagãos.

A soberania de Deus não é uma verdade rápida ou facilmente aprendida. A soberania de Deus está claramente revelada nas Escrituras, porém frequentemente leva uma sequência de circunstâncias adversas antes de se tornar uma parte do tecido do nosso pensamento e conduta.

Nestes três capítulos (2-4) de Daniel, Deus progressivamente convence Nabucodonosor da Sua soberania. Nabucodonosor professou acreditar na soberania de Deus no capítulo 2, após seu sonho ser revelado e interpretado por Daniel. Porém no capítulo 3, vemos o rei compelindo aqueles debaixo da sua autoridade a adorar um ídolo, uma afronta ao Deus soberano de Israel.

Quando Deus liberta Sadraque, Mesaque e Abedenego da fornalha ardente, Nabucodonosor novamente proclama que Deus é soberano. Porém no capítulo 4, vemos Nabucodonosor se exaltando em orgulho e Deus tendo de torná-lo humilde através dos sete anos de insanidade.

No capítulo 2, Nabucodonosor viu a relação da soberania de Deus ao futuro da história mundial. No capítulo 3, ao rei foi mostrada a relação entre a soberania de Deus e Seu poder de passar leis e punir os homens.

Agora, no capítulo 4, o rei Nabucodonosor começa a ver como a soberania de Deus se relaciona com as suas atitudes pessoais e ações como rei da Babilônia. O rei começa ver sua posição e poder como a medida da sua grandeza pessoal. Ele se torna cheio de poder e orgulho.

Ele começa a abusar do seu poder, se aproveitando do fraco e vulnerável ao invés de usar o seu poder para protegê-lo e prover para ele.

Deus ensinou Nabucodonosor que a posição e o poder de alguém são dados por Deus e é uma manifestação da Sua grandeza – não do homem. Deus realmente levanta “aquele a quem Ele quer” e Ele “o escolhe entre os mais humildes” (Daniel 4:17). Poder e posição são privilégios dados por Deus; são também comissionamentos dos quais não deveríamos nos orgulhar, mas usá-los para o benefício de outros.

Muitos desejam serem líderes hoje por razões todas muito similares àquelas de Nabucodonosor. Eles querem governar. Eles não querem servir outros, porém ser servidos. Eles não são semelhantes aos discípulos durante o ministério terreno do nosso Senhor.

Eles não são diferentes de muitos Cristãos de hoje que procuram liderar, não servir, mas ter “status” e serem servidos. Aqueles aos quais são dadas posições de poder e prestígio precisam estar alerta do orgulho, sendo constantemente lembrados que liderança é dada por Deus e uma manifestação da Sua grandeza – não da nossa.

Para que não pensemos que o rei Nabucodonosor foi diferente de qualquer um de nós, devemos considerar que em nossos dias os indivíduos procuram ser soberanos. Eles querem ser autônomos e independentes, os capitães das suas próprias almas, os mestres dos seus próprios destinos. Talvez mais do que em qualquer outra época, individualismo prevalece.

Esta é a época do egoísmo, como as Escrituras predizem (II Timóteo 3:1,2a). Um amigo me deu um panfleto para um seminário que promete ensinar 10 passos para o sucesso. Cada um dos passos é dominado pela palavra “próprio”.

Nós, como Nabucodonosor, e como o seu e nosso predecessor, Satanás, desejamos ser “deuses”. Queremos destronar o único verdadeiro Deus e nos entronizarmos. Deixemos Nabucodonosor ser nosso professor, e vamos humildemente dobrar nossos joelhos diante Dele de quem, através de quem e para quem são todas as coisas.

36 - Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:36)

Adendo: Textos sobre Soberania na Bíblia.

Genesis 50:20

Êxodo 18:11

Deuteronômio 4:39

1 Samuel 2:1-10

2 Reis 19:15

1 Crônicas 29:11-12

2 Crônicas 20:5-6

Jó 9:12; 12:13-25; 23:13; 33:12-13; 41:11; 42:2

Salmos 2 (all); 22:27-28; 37:23; 75:6-8; 76:10; 95:3-5; 103:19; 115:3*; 135:5-18 (5-6)

Provérbios 16:1-5, 9, 33; 19:21; 20:24; 21:1

Eclesiastes 3:14; 9:1

Isaías 14:24-27; 40:12-15, 18, 22, 25; 44:6,24-28; 45:5, 7, 9-13; 46:9-11

Jeremias 18:6; 32:17-23, 27; 50:44

Lamentações 5:19

Daniel 2:21, 37-38; 4:17, 32, 34-35; 5:18; 7:27; 6:26

Mateus 11:25-26; 20:1-16

John 19:11

Atos 2:22-24; 4:24-28; 17:26

Romanos 8:28; 11:36; 14:11

Efésios 1:11; 4:6

Filipenses 2:9-11

Colossenses 1:16-17

1 Timóteo 6:15

Hebreus 1:3

Tiago 4:12

Apocalipse 1:5-6

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Richard L. Strauss, The Joy of Knowing God (Neptune, New Jersey: Loizeaux Brothers, 1984), p. 118.

2 Ibid., p. 114.

3 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (San Francisco: Harper & Row, Publishers, 1961), p. 115.

4 Ibid., p. 116.

5 A. W. Pink, The Attributes of God (Swengel, Pa.: Reiner Publications, 1968), p. 27.

6 Ibid., p. 25.

7 Ibid., pp. 23, 24.

8 Richard Strauss, The Joy of Knowing God, pp. 114-115.

Related Topics: Character of God

10. A Soberania De Deus Na Salvação (Romanos 9:1-24)

Introdução

À medida que o meu treinamento no seminário se aproximava do seu final, eu tinha de pensar no que deveria fazer após a graduação e onde isto seria. No meu pensamento, parece que eu tinha determinado que Houston, no Texas seria um lugar que eu não queria ir.

Embora eu nunca tenha verbalizado que Houston estava fora de cogitação, de alguma forma, se tornou aparente para mim que eu não consideraria seriamente indagações de lá. Naquele ponto a tempo, eu, interiormente, removi Houston da lista negra do meu coração, “Certo, Senhor, mesmo Houston,” eu suspirei.

Naquela noite, chegou uma chamada de um grupo de Houston, o qual eu não iniciara nem convidara. Enquanto eu considerei a oportunidade de ministério, devo admitir algum alívio quando ele não se materializou.

Tanto quanto gostamos de acreditar que somos tAotalmente submissos à soberania de Deus, virtualmente todos nós temos áreas as quais conscientemente ou inconscientemente fechamos, embora Deus possa ser “soberano” em algumas áreas de nossas vidas, porém em outras não.

A maioria dos Cristãos professa acreditar na soberania de Deus, porém recusa a concessão dela operar em certas áreas. A morte é usualmente atribuída à categoria de soberania de Deus porque não temos controle sobre ela de qualquer forma. Desastres são considerados assuntos da soberania de Deus, inclusive, com incrédulos referindo-se a certos desastres como “atos de Deus”.

Muito do evangelicalismo recusa concessão à soberania de Deus quando ela chega à salvação dos pecadores, como se esta recusa realmente pudesse mudar o fato da Sua soberania. Eles estão desejosos de conceder a Deus muito do crédito pela obra de Cristo na cruz e o trabalho do Espírito Santo em levar os homens à fé.

Porém eles não estão querendo admitir que Deus esteja no completo controle (pois isto é precisamente o que a soberania é – completo controle) da salvação dos pecadores perdidos. Homens têm um papel a desempenhar neste processo, porém claramente Deus está no controle, completo controle, do processo.

Este debate sobre o relacionamento entre o papel de Deus na salvação e o homem pode parecer reservado somente para os acadêmicos. Porém isto não é verdade, pois a soberania de Deus na salvação é uma doutrina crucial, como Martinho Lutero afirmou:

“Portanto, não é irreverente, curioso ou trivial, porém é útil e necessário para um Cristão, descobrir se a vontade faz alguma coisa ou nada nas questões pertencentes à salvação eterna...

Se não soubermos estas coisas, devemos não saber nada de nada das coisas Cristãs e deve ser pior do que qualquer gentio... Portanto, deixemos que qualquer um que não sinta isto confesse que ele não é Cristão.

Pois se eu sou ignorante do que, quão distante, e quanto posso e devo fazer em relação a Deus, será igualmente incerto e desconhecido para mim o que, quão distante, e quanto Deus pode e permite fazer em mim...

Porém quando as obras e o poder de Deus são desconhecidos desta forma, não posso adorar, louvar, agradecer, e servir a Deus, pois não sei quanto devo atribuir a mim mesmo e quanto a Deus.

Portanto compete a nós estarmos bem certos sobre a distinção entre o poder de Deus e o nosso próprio, o trabalho de Deus e o nosso próprio, se quisermos viver uma vida santa”.1

O que significa quando dizemos que Deus é soberano na salvação? Charles H. Spurgeon disse o seguinte a respeito, assim como pode ser dito pelos homens:

“Primeiro então, DIVINA SOBERANIA COMO EXEMPLIFICADA NA SALVAÇÃO. Se algum homem é salvo, ele é salvo pela graça divina e pela graça divina apenas; a razão da sua salvação não é achada nele, porém em Deus.

Nós não somos salvos como resultado de qualquer coisa que façamos ou que queiramos, porém nós queremos e fazemos como resultado da boa vontade e pela ação da Sua graça em nossos corações. Nenhum pecador pode impedir Deus; isto é, ele não pode ir adiante Dele, não pode antecipar-se a Ele.

Deus está sempre primeiro em questão de salvação. Ele está antes de nossas convicções, antes dos nossos desejos, antes dos nossos medos, e antes das nossas esperanças. Tudo que é bom ou será bom em nós é precedido pela graça de Deus e é o efeito de uma causa divina.”2

Novamente, a graça de Deus é soberana. Isto significa que Deus tem um absoluto direito de dar aquela graça onde Ele escolher e retê-la quando quiser.

Ele não é restrito a dá-la para qualquer homem, muito menos para todos os homens; se Ele escolhe dá-la para um homem e não para outro, Sua resposta é, “É o teu olho mau porque o meu olho é bom? Não posso fazer como quiser com o meu próprio? Eu terei misericórdia com quem Eu tiver misericórdia”3

As Escrituras dizem a mesma coisa, da mesma forma clara e enfaticamente:

44 - Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. (João 6:44)

65 - E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. (João 6:65)

48 - E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. (Atos 13:48)

14 – E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o SENHOR lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. (Atos 16:14)

34 - Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? 35 - Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? 36 - Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:34-36)

30 - Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31 - Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor. (l Corintios 1:30-31)

6 - Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo; (Filipenses 1:6)

5 - Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, (Tito 3:5)

2 - Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. (Hebreus 12:2)

Aqueles que são salvos são salvos porque Deus os escolhe para salvação. O Santo Espírito deu vida para um espírito morto e entendimento para uma mente cega pelo pecado e por Satanás. Aqueles que são salvos podem ser ditos que escolheram Deus, porém somente após Deus primeiro os ter escolhido para salvação:

16 - Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda. (João 15:16)

O outro lado da equação também é verdadeiro. Aqueles que são eternamente perdidos são perdidos porque Deus não os escolheu para salvação:

8 - Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. 9 - Então disse ele: Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis. 10 - Engorda o coração deste povo, e faze-lhe pesados os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja com os seus olhos, e não ouça com os seus ouvidos, nem entenda com o seu coração, nem se converta e seja sarado. (Isaías 6:8-10)

3 - E vi uma das suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta. 4 - E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? 5 - E foi-lhe dada uma boca, para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para agir por quarenta e dois meses.6 - E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu. 7 - E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-los; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação. 8 - E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo. (Apocalipse 13:3-8)

8 - A besta que viste foi e já não é, e há de subir do abismo, e irá à perdição; e os que habitam na terra (cujos nomes não estão escritos no livro da vida, desde a fundação do mundo) se admirarão, vendo a besta que era e já não é, mas que virá. (Apocalipse 17:8)

Não entenda mal o que está sendo dito aqui. A fim de serem salvos os homens devem crer em Jesus Cristo como provisão de Deus para salvar os pecadores perdidos. E quando eles fazem isto, é porque Deus lhes deu o coração para assim fazerem. Os homens exercitam fé através do coração que Deus deu para eles para acreditarem:

6 - E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. (Deuteronômio 30:6)

33 - Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. (Jeremias 31:33)

Da mesma forma, quando os homens são eternamente perdidos, é porque eles escolheram rejeitar a revelação de Deus (Romanos 1:18 ss) e Sua provisão para salvação em Jesus Cristo. Porque pecadores perdidos vão para o inferno?

Eles perecem porque eles não escolheram Deus. Eles também perecem porque Deus não escolheu salvá-los dos seus pecados e rebelião. Em termos mais simples, os homens vão para o inferno não somente porque Deus decretou, porém porque eles merecem (veja Apocalipse 16:4-7).4

Muitos textos como estes citados acima claramente refletem que salvação não é nosso trabalho, porém de Deus, e que não contribuímos nada para ela o que Ele já não tenha dado para nós pela Sua graça.

Nós tornaremos a esta lição para um texto o qual estabelece até mais energicamente do que os textos anteriores a soberania de Deus na salvação. A soberania de Deus na salvação pode ser deduzida de inúmeros textos bíblicos, e afirmada ou claramente declarada por outros textos.

Porém o nono capítulo de Romanos é dedicado a estabelecer a soberania de Deus na salvação. É a questão em vista e a conclusão de todo o capítulo.

Não é meramente implícito, ou mesmo especificado; é declarado, provado e mesmo defendido contra algumas das populares objeções a esta verdade. Por esta razão, devemos traçar a lógica inspirada de Paulo através dos primeiros 24 versículos de Romanos 9.

O Lamentável Dilema de Israel (Romanos 9:1-5)

1 - EM Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): 2 - Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração. 3 - Porque eu mesmo poderia desejar ser anátema de Cristo, por amor de meus irmãos, que são meus parentes segundo a carne; 4 - Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto, e as promessas; 5 - Dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém. (Romanos 9:1-5)

Nos primeiros oito capítulos do Livro de Romanos, Paulo estabelece a mais detalhada e raciocinada explanação do Evangelho de Jesus Cristo.

Em 1: 18-3:20, Paulo estabelece a doutrina da depravação do homem – aquela condição pecaminosa, decaída de cada ser humano, sem exceção – o que coloca os pecadores debaixo da sentença da divina condenação com nenhuma esperança de salvação fora da intervenção divina.

Em 3:21-5:21, Paulo explana a provisão divina pela qual os pecadores podem ser justificados pela fé em Cristo. Nos capítulos 6-8, Paulo fala das implicações presentes e futuras desta justificação pela fé.

Até agora, Paulo tem falado de ambos Judeus e Gentios como recipientes da justificação pela fé. Nos capítulos 9-11, ele equaciona para mostrar que a descrença dos Judeus e a salvação dos Gentios não são evidências de uma falha por parte da Palavra de Deus, porém ao contrário um muito inesperado, porém preciso cumprimento da Sua Palavra.

No capítulo 9, Paulo mostra que a doutrina da eleição é uma manifestação da soberania de Deus na salvação, e que ela explica a descrença de muitos Judeus, assim como a conversão de muitos Gentios.

Colocado simplesmente, aqueles muitos Judeus (e Gentios) que rejeitaram a obra de Jesus Cristo e que estão, portanto eternamente perdidos, são ilustrativos da soberania de Deus na salvação.

E aqueles Gentios (e Judeus) que chegaram à fé em Jesus como o Messias prometido são salvos como trabalho da soberania de Deus na salvação.

Duas Observações Cruciais

Antes de considerar os detalhes desta passagem, duas importantes observações devem ser feitas em relação ao texto como um todo. Estas observações são necessárias por causa daqueles que não querem reconhecer a soberania de Deus na salvação (incluindo especialmente a doutrina da eleição).

Eles procuram evitar o assunto ao insistir que Paulo está falando aqui de eleição coletiva, não eleição individual, e que esta eleição não é para salvação ou tormento eterno, porém ao contrário para certas bênçãos. O texto nos leva a diferir fortemente com esta visão e se opor a ela.

Primeiro, devemos observar que os versículos 1-5, reforçados pelos versículos 22-23, insistem que a salvação está em vista e nada menos. Em termos simples, Paulo está falando sobre céu e inferno, quem vai para lá e por que.

Paulo está grandemente aborrecido porque seus amigos-israelitas estão perdidos e debaixo da condenação divina. Porque ele diria que está desejoso de ser amaldiçoado, separado de Cristo, por interesse dos seus irmãos (Romanos 9:3)? A cura não deve ser mais severa que a doença e então nós vemos que a doença é aquela da condenação eterna.

Segundo, nós observamos que o texto não é a respeito de eleição coletiva, porém eleição individual. Dizer que a eleição é coleiva falha em entender que é precisamente o que a passagem é escrita para refutar.

Os Judeus amavam a doutrina da eleição, porque eles erradamente aplicavam eleição coletivamente aos descendentes de Abraão.5 Eles pensavam de si mesmos como os eleitos de Deus e todos os outros como os não eleitos.

Eles pensavam que todos os Judeus iriam para o céu e todos os Gentios para o inferno. Umas poucas fichas de participantes para o céu podem ser concedidas para uns poucos Gentios, porém estes deveriam se tornar prosélitos Judaicos. Eleição vista desta forma, era uma satisfação para os Judeus. Porém esta não é a eleição a qual a Palavra de Deus ensina.

Esta é exatamente o tipo de “eleição” que Paulo se opôs. Em Romanos 9 Paulo prova que a eleição de Deus não é coletiva, e que nem todos os descendentes físicos de Abraão ou Jacó (também chamado Israel) eram recipientes das bênçãos prometidas de Deus.

A falha da nação de Israel em relação ao Messias não foi uma falha da Palavra de Deus, porém a falha daqueles que presumiram que as promessas de bênçãos de Deus eram coletivas – pretendendo incluir todos os Judeus e excluir os Gentios.

Por isso, em Romanos 9:6-18, Paulo cita três ilustrações da eleição divina de Deus: Isaque, não Ismael (9:6-9); Jacó, não Esaú (9:10-13); e Moisés, não o Faraó (9:14-18)

De acordo com Paulo, o problema da descrença do Judeu (em Jesus como Messias) e a crença Gentia não é para ser explicada como se as promessas de Deus falharam. Ao contrário, as bênçãos da salvação de Deus nunca foram concedidas na base de quem são os homens ou do que eles fazem. Salvação sempre tem sido na base da divina eleição.

Nenhuma pessoa “digna” é escolhida porque ninguém é digno. Aqueles que são escolhidos são os indignos, para os quais a salvação é devida somente pela soberana graça de Deus. Neste capítulo de Romanos, Paulo insiste de que Deus finalmente determina o destino eterno dos homens.

Somente aqueles que Ele escolheu irão escolhê-Lo. Aqueles que Ele rejeitou irão persistentemente rejeitá-Lo. Deus escolhe alguns para serem salvos e ordena os demais para condenação eterna.

Em Romanos 9, Paulo não somente demonstra a verdade disto pelas Escrituras do Velho Testamento, ele também levanta as objeções que a doutrina da eleição provoca. Então ele as responde de uma forma que defende a doutrina da soberania de Deus na salvação.

Nos versículos 1-5 Paulo revela seu coração em relação aos seus companheiros israelitas. Ele escreve não como um traidor de sua nação, porém como um verdadeiro patriota. Ele ama seus companheiros israelitas e sacrificaria sua vida pelas suas salvações se ele pudesse. Ele escreve com um coração partido e um desejo sincero para ver seu próprio povo salvo.

A condição spiritual lamentável da nação de Israel não é devido a uma falta de revelação de Deus; ao contrário, é apesar dos privilégios espirituais incomparáveis que Deus derramou sobre os Judeus. Sua descrença, apesar dos muitos privilégios que Deus concedeu a eles, colocou-os a parte de outros. Considere alguns dos seus privilégios:

(1) Sua adoção como filhos (seu chamado para exercer a lei soberana de Deus na terra – Êxodo 4:22-23; II Samuel 7:12-16; Salmos 2:1-9; compare Romanos 8:18-25).

(2) A glória ( a revelação da glória de Deus para os Israelitas – Êxodo 40:30-35; I Reis 8:10-11)

(3) Os pactos ( Gênesis 12:1-3; 17:2; Deuteronômio 28-31)

(4) A entrega da Lei (Êxodo 20s.; Deuteronômio 5s.; Salmos 147:19)

(5) O serviço do templo (Deuteronômio 7:6; 14:1s.; Hebreus 9:1-10)

(6) As promessas de Deus (Atos 2:39; 13:32-33; Gálatas 3:13-22; Efésios 2:12)

(7) Os patriarcas (Deuteronômio 7:8; 10:15; Atos 3:13; Romanos 11:28)

(8) Os Judeus (especificamente a tribo de Judá) eram o povo do qual o Messias viria (Gêneses 12:1-3; 49:10; II Samuel 7:14; Mateus 1:1-16; Lucas 1:26-33)

In spite of her many privileges, Israel’s condition illustrates a principle closely related to the doctrine of the sovereignty of God in salvation or, more simply, divine election: God’s salvation is not directed toward the privileged, whom we might deem worthy of salvation, but to those pathetic souls who are unworthy of it, whom the unbelieving world considers undeserving to receive it.

Apesar dos seus muitos privilégios, a condição de Israel ilustra um princípio intimamente relacionado à doutrina da soberania de Deus na salvação ou, mais simplesmente, eleição divina: A salvação de Deus não é dirigida ao privilegiado, a quem podemos crer digno de salvação, porém para aquelas almas miseráveis as quais não são dignas dela, as quais o mundo incrédulo considera não merecedoras de recebê-la.

Os escribas e os Fariseus não podiam entender porque Jesus se associaria com “pecadores”. A resposta do nosso Senhor não foi aquela que eles queriam ouvir:

29 - E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. 30 - E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores? 31 - E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; 32 - Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento. (Lucas 5:29-32)

As palavras de Paulo aos Cristãos de Coríntios não são lisonjeiras também aos santos, porque elas enfatizam que a salvação é o resultado da escolha de Deus e que aqueles que Ele escolhe não são aqueles que esperaríamos:

26 - Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. 27 - Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; 28 - E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são para aniquilar as que são; 29 - Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 30 - Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; 31 - Para que, como está escrito: Aquele que se gloria glorie-se no Senhor. (I Corintios 1:26-31)

Duas coisas são ditas neste texto as quais deveriam evitar qualquer Cristão de se tornar orgulhoso ou tomar qualquer crédito pela sua salvação. Primeiro, é Deus quem a fez totalmente.

É “por Seu fazer” que alguém é salvo (versículo 30). É Ele quem (primeiro) nos escolheu, não fomos nós que O escolhemos (João 15:16).

Segundo, não deveríamos ousar nos vangloriar em nós mesmos como Cristãos por que o tipo de pessoas que Deus mais frequentemente escolhe são aquelas que são tolas, fracas e vis (versículos 27-28). Se alguém se vangloriaria em sua salvação ele deve se vangloriar no Senhor, pois a salvação é do Senhor.

O erro do Judaísmo é assumir que sendo um participante dos privilégios nacionais de Israel (aqueles listados acima nos itens 4-5) asseguraria alguém de também ser um participante individual da benção da salvação eterna. João Batista atacou logo este erro nos Evangelhos:

8 - Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; 9 - E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão. 10 - E também agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. (Mateus 3:8-10)

Salvação não é determinada pelo ancestral ou raça de alguém; não é determinada na base de qualquer privilégio que alguém possa ter gozado. Salvação é baseada somente na eleição individual de Deus, resultando em fé em Jesus Cristo para o perdão dos pecados e a dádiva da vida eterna.

Alguns erradamente assumem que crescendo num lar Cristão assegura-lhes a benção da salvação. Existem privilégios envolvidos em ser parte da família Cristã (veja I Coríntios 7:12-14), porém não há nenhuma garantia que crescendo num lar Cristão isto irá salvá-lo.

Muitos pais Cristãos sentem-se culpados se um de seus filhos não crê em Cristo, porém eles não têm nenhum controle neste assunto. Tudo o que eles podem fazer é viver sua fé em obediência às Escrituras no contexto da família e reconhecer que salvação é do Senhor.

Crescer no meio de Cristãos não é garantia de salvação, assim como crescer num ambiente pagão não condena alguém à descrença. Assim como não podemos nos orgulhar da nossa própria salvação, ou daquela de qualquer outra pessoa, não deveríamos culpar a nós mesmos quando aqueles que amamos rejeitam o evangelho que abraçamos.

Alguma Coisa Está Errada Com o Plano? (Romanos 9:6-13)

6 - Não que a palavra de Deus haja faltado, porque nem todos os que são de Israel são israelitas; 7 - Nem por serem descendência de Abraão são todos filhos; mas: Em Isaque será chamada a tua descendência. 8 - Isto é, não são os filhos da carne que são filhos de Deus, mas os filhos da promessa são contados como descendência. 9 - Porque a palavra da promessa é esta: Por este tempo virei, e Sara terá um filho. 10 - E não somente esta, mas também Rebeca, quando concebeu de um, de Isaque, nosso pai; 11 - Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), 12 - Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. 13 - Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. (Romanos 9:6-13)

Isaque, não Ismael – (Romanos 9:6-9)

Um primeiro olhar sugere que alguma coisa está errada. Se muitos Judeus estão rejeitando Jesus como seu Messias e muitos Gentios estão vindo à fé Nele, não é o reverso do que Deus prometeu? Alguma coisa está errada com o plano de Deus?

Mais diretamente, as promessas de Deus falharam? A Palavra de Deus falhou (versículo 6)? Paulo imediatamente nos informa que não houve nenhuma falha com a Palavra de Deus. Ele está pronto para provar que a Palavra está realmente sendo cumprida pelo que está acontecendo entre os Judeus e os Gentios. O plano de Deus para a salvação dos homens está sendo cumprido não como esperaríamos (veja Romanos 11:33-35, porém justamente como Deus prometeu.

A doutrina da eleição divina é a única explanação adequada para a descrença difundida dos Judeus e por muitos Gentios virem para a fé. Isto é importante para nós porque, em última análise, a suprema explanação para descrença e fé é divina eleição.

Como alguém explica a descrença e consequente julgamento dos homens? A resposta é dupla. Primeiro, os homens estão perdidos por que eles não escolheram aceitar a provisão de Deus da salvação em Jesus Cristo. Segundo, eles estão perdidos porque Deus não os escolheu. Em Romanos 9, a ênfase de Paulo é no segundo motivo.

O erro dos Judeus, que todos os Judeus são eleitos e, portanto deveriam ser salvos, foi baseado na suposição errada de que todos os Israelitas são eleitos de Deus, o verdadeiro Deus de Israel. Os Judeus assumiram que por causa deles serem fisicamente descendentes de Abraão, a eles estaria garantido um lugar no reino de Deus.

Paulo corrige esta ideia errônea, nos informando que só porque alguém é um descendente de Jacó (ou Israel), ele ou ela não é necessariamente um israelita verdadeiro.6 Nem é cada filho de Abraão um dos “filhos de Deus”;

Se ser um descendente físico de Abraão não é a base para alguém entrar nas bênçãos da salvação, o que determina quem recebe estas bênçãos? A resposta é simples: eleição divina.

Os “filhos de Deus” são aqueles que são os “filhos da promessa” (9:8). Deus prometeu a Abraão que ele teria um filho, e que através deste filho, as promessas de Deus seriam cumpridas. Ismael não era aquele filho.

Ismael era o resultado dos esforços de Abraão e Sara de produzirem um filho através de outro meio do que aquele que Deus pretendia – uma esposa substituta e mãe, Hagar. Destes dois “filhos” de Abraão, somente um era o filho da promessa – Isaque.

E assim nem todos os descendentes de Abraão eram os recipientes das bênçãos prometidas de Deus. Deus escolheu Isaque, e Ele rejeitou Ismael. A Palavra de Deus falhou porque Isaque foi escolhido e Ismael foi rejeitado? De maneira alguma, porque a promessa de Deus foi somente dada a Isaque.

Jacó, Não Esaú (Romanos 9:10-13)

Alguns podem objetar que o princípio da eleição pode dificilmente ser estabelecido na evidência da escolha de Deus por Isaque e Sua rejeição por Ismael.

Além de tudo, estes filhos tinham o mesmo pai, porém uma diferente mãe, e a mãe de Ismael era uma concubina. Não é de admirar que Ismael fosse rejeitado e Isaque escolhido.

Paulo então vai adiante para a sua segunda ilustração da eleição, a escolha de Deus por Jacó e Sua rejeição por Esaú (versículos 10-13). Estes dois filhos eram nascidos dos mesmos pais e eram até o produto da mesma união. Eles eram gêmeos. Dois filhos não poderiam ser mais similares, e mesmo assim Deus rejeitou um e escolheu o outro.

A escolha de Deus de Jacó sobre Esaú é contrária a tudo o que esperaríamos. Por costume, o primeiro filho recebia a primogenitura mesmo assim Deus indicou Sua escolha pelo filho mais novo de Rebeca antes mesmo de Jacó e Esaú serem nascidos:

21- E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. 22 - E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao SENHOR. 23 - E o SENHOR lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. (Gênesis 25:21-23)

Deus indicou Sua escolha por Jacó sobre Esaú antes de nascerem sem consideração a qualquer trabalho que qualquer um deles faria. Alguns insistem que Deus escolhe quem Ele escolhe porque Ele sabe de antemão que eles irão escolhê-Lo.

Eles supõem que Deus escolhe aqueles que irão ser mais benéficos para Seu trabalho. Frequentemente eu ouço pessoas comentando em que Cristão dinâmico alguém se tornaria se ele fosse salvo.

Eles deveriam retomar as palavras de Paulo as quais indicam que a escolha de Deus de Jacó sobre Esaú foi feita sem qualquer consideração ao que eles poderiam fazer ou não, à parte dos seus trabalhos.

Não é que Deus fosse ignorante do que estes dois fariam; ao contrário, Sua escolha foi feita sem consideração das suas ações. Sua escolha foi uma declaração e demonstração da Sua soberania:

11 - Porque, não tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), 12 - Foi dito a ela: O maior servirá o menor. (Romanos 9:11-12)

Não devemos falhar em notar que quando Deus escolheu Jacó sobre Esaú, Ele fez isto apesar da forte preferência de Isaque por Esaú (era sua Rebeca quem favorecia Jacó, enquanto Isaque preferia Esaú, Gênesis 25:28), e apesar dos esforços de Isaque em reverter as bênçãos para cair em Esaú (Gênesis 27).

Antes de começar, Jacó era a escolha de Deus, e Esaú foi rejeitado. Quando acabou, Jacó era o filho que recebeu as bênçãos de Deus, não Esaú. Para que não pensemos que a escolha de Deus por Jacó não incluía a Sua rejeição de Esaú, Paulo nos lembra:

13 - Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. (Romanos 9:13)

A soberania de Deus foi demonstrada em Sua escolha por Jacó e em Sua rejeição de Esaú.

Moisés, Não o Faraó - Romanos (9:14-18)

14 - Que diremos, pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. 15 - Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. 16 - Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. 17 - Porque diz a Escritura a Faraó: Para isto mesmo te levantei; para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra. 18 - Logo, pois, compadece-se de quem quer, e endurece a quem quer. (Romanos 9:14-18)

Paulo levanta uma questão que espera uma resposta negativa: “Não há injustiça com Deus, há?” Se duvidamos qual resposta é esperada (o texto Grego deixa claro), a resposta de Paulo remove toda dúvida: “de maneira nenhuma”.

Naturalmente, Deus está livre de qualquer acusação de injustiça. Se esta pergunta pressupõe a resposta, ela também pressupõe a razão para perguntá-la. Paulo está ensinando eleição divina.

Deus escolhe um e rejeita outro, e quando Deus escolhe uma pessoa para salvação, Ele sempre o faz na base da graça, outorgada pela Sua escolha soberana e não na base de obras.

Se Paulo não estivesse ensinando a doutrina da eleição, esta pergunta seria inapropriada e mesmo não mereceria uma resposta. Porém Paulo estava ensinando eleição, o que é o porquê ele levanta a pergunta de justiça.

Como pode então Deus escolher salvar um homem e endurecer outro e não ser acusado de injustiça? A resposta é muito simples: graça. Salvação é um assunto da graça divina soberanamente outorgada sobre aqueles a quem Deus escolhe como seus receptores.

Graça é algo maravilhoso a qual Deus dá para os pecadores culpados que não são dignos das bênçãos de Deus. Justiça é sobre pessoas recebendo o que elas merecem. É injusto quando os homens trabalham para os seus empregadores e não são pagos. É injusto quando um criminoso culpado não é punido.

Deus não é injusto ao condenar pecadores ao tormento eterno, porque eles estão recebendo o que eles merecem. Além disso, Deus não é injusto ao salvar homens.

A punição para os pecadores os quais Deus salvou foi suportada pelo Senhor Jesus Cristo, que morreu no lugar dos pecadores, padecendo a ira de Deus. Deus é, portanto justo ao condenar os homens a suportar a sentença que merecem, e Ele é justo em salvar homens, cujas sentenças Cristo suportou:

21 - Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas; 22 - Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que creem; porque não há diferença. 23 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; 24 - Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. 25 - Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; 26 - Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus. (Romanos 3:21-26)

Observe o tom das palavras de Paulo em Romanos 9:14-18. Elas não são apologéticas. Paulo não está hesitante como ele deveria responder. Ele está corajoso e confiante. Ele está irritado que alguém possa mesmo sugerir que Deus é injusto na eleição. Ele não está tanto interessado em defender Deus como declarar a soberania de Deus.

Deus não é injusto na salvação de pecadores que merecem a ira eterna de Deus (versículos 15-16). Nem é Deus injusto na condenação de pecadores como o Faraó, cujo coração Deus endureceu (versículos 17-18).

Moisés e o Faraó eram mais do que apenas contemporâneos que se enfrentaram no êxodo. Moisés era o homem que parece ter sido o próximo na linha para ser o Faraó do Egito. Deus salvou Moisés, apontando-o para liderar o Seu povo fora da escravidão.

E Deus apontou o Faraó para ser aquele que recusaria libertar este povo da escravidão e cuja resistência proveria a ocasião para o poder de Deus ser declarado através de toda a terra.

Através de Moisés, Deus demonstrou Sua graça. Quando Deus começou revelar Sua glória a Moisés em Êxodo 33 (culminando no capítulo 34), Ele declarou que Sua misericórdia era para ser soberanamente outorgada para quem Ele escolhesse.

A razão para qualquer pessoa receber a graça não é para ser achada naquela pessoa, a receptora das Suas bênçãos, porém em Deus, o Abençoador. Graça é favor imerecido, e, portanto ela deve ser soberanamente outorgada, pois ninguém jamais seria digno dela.

Se alguém pudesse ser merecedor do favor de Deus (o que ninguém pode) as bênçãos de Deus não seriam na base da graça, mas de obras. Porém porque ninguém é digno do favor divino, cada bênção de Deus é outorgada na base da graça, com nenhum outro fator decidindo senão a soberana escolha de Deus.

Deus falou diretamente com Moisés (versículo 15) e indiretamente (através de Moisés e a Escritura) para o Faraó (versículo 17).O Faraó também foi escolhido, porém para um papel e destino bem diferente. Ele foi levantado de forma que o poder de Deus pudesse ser demonstrado por causa da sua teimosa oposição.

A vitória de Deus sobre o Faraó, através das pragas e depois através da separação do Mar Vermelho, foi amplamente proclamada (veja Êxodo 15:14-16). Deus foi glorificado através do endurecimento do coração do Faraó assim como Ele foi glorificado através de Moisés.

Está é uma importante verdade que parece escapar a muitos Cristãos. Muitos parecem pensar que Deus sofre alguma espécie de derrota quando pecadores perdidos não se arrependem e não chegam à fé Nele. Eles supõem que Deus somente é glorificado através da salvação do perdido e não através da condenação dos obstinados e resistentes pecadores.

De fato, Deus é glorificado através da salvação de pecadores e através da condenação de pecadores. Deus revela Sua misericórdia ao salvar pecadores e Seu poder ao triunfar sobre aqueles que se opõem a Ele. Deus não fica constrangido por aqueles que O rejeitam. Ele não “precisa” salvar os homens a fim de ser glorificado por eles.

Outra Objeção – (Romanos 9:19-23)

19 - Dir-me-ás então: Por que se queixa ele ainda? Porquanto, quem tem resistido à sua vontade? 20 - Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? 21 - Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? 22 - E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 - Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, (Romanos 9:19-23).

Existe uma resposta para esta pergunta, porém Paulo não irá responder a esta pergunta levantada antes de colocar um ponto muito importante. O versículo 19 não é apenas uma pergunta; é um insulto porque ela questiona a integridade de Deus. É na verdade uma denúncia contra Deus, um protesto. Ela não procura uma resposta; ela significa que fazendo a pergunta, Deus é silenciado.

Neste capítulo, Paulo estava ensinando sobre a soberania de Deus. Séculos antes de Paulo viver, Deus trouxe um rei da Babilônia ajoelhado. Este grande rei aprendeu algumas lições muito importantes sobre soberania. Nabucodonosor aprendeu primeiro que enquanto Deus outorga aos homens certo grau de soberania na terra (veja Daniel 2:37; 9:18ss.), a rigor somente Ele é soberano:

34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 - E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? 36 - No mesmo tempo tornou a mim o meu entendimento, e para a dignidade do meu reino tornou-me a vir a minha majestade e o meu resplendor; e buscaram-me os meus conselheiros e os meus senhores; e fui restabelecido no meu reino, e a minha glória foi aumentada. 37 - Agora, pois, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são verdade, e os seus caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba. (Daniel 4:34-37).

Especialmente importante para a resposta de Paulo em Romanos 9:20-21 é a declaração de Daniel 4:35.

(Daniel 4:35) - não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes?

Soberania significa que aquele que é soberano está no completo controle, acima de questionamento de qualquer subordinado. Paulo é muito suscetível a este fato e então reage imediatamente, repreendendo a atitude do questionador. Quem é o homem para questionar a Deus? Deus é o Criador, e é Sua prerrogativa usar Sua criação (homens) de qualquer forma que Ele queira.

Os homens são Sua criação e eles não têm nenhum direito de questionar Seu Criador. Se Ele escolher usar um dos Seus vasos para Lhe trazer glória sendo um vaso preparado para destruição, isto é Seu direito. Se Deus decide trazer gloria para Si mesmo fazendo outro vaso como um vaso de misericórdia, um vaso o qual Ele salvará isto também é Sua prerrogativa.

O poder de Deus é demonstrado pelo derramar de Sua ira sobre os pecadores, como foi no Êxodo. A misericórdia e a graça de Deus são demonstradas pelo derramar da Sua graça em pecadores indignos, os salvado apesar dos seus pecados. Sua demora em destruir os “vasos de ira” é de propósito, permitindo-O mostrar Sua graça aos “vasos de misericórdia”. E estes “vasos de misericórdia” incluem alguns que são Judeus e alguns que são Gentios.

Gentios e Não Somente Judeus – (Romanos 9:24-29)

Estou constantemente admirado quão vagarosamente os discípulos (e eu!) pegaram o ensino do nosso Senhor. Mesmo após a morte, sepultamento, ressurreição e ascensão de nosso Senhor, vemos que os apóstolos foram vagarosos para abraçar o ensino do Velho Testamento e de Jesus no livro de Atos. Em Atos 1:8, Jesus lhes disse:

8 - Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. (Atos 1:8)

Esta foi, porém uma repetição do que Jesus já tinha falado aos discípulos antes da Sua morte:

18 - E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. 19 - Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; 20 - Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém. (Mateus 28:18-20)

Os discípulos procuraram evangelizar imediatamente os Gentios no Livro de Atos? Certamente não. Na verdade, eles resistiram a isto. A evangelização dos Gentios aconteceu apesar dos apóstolos mais do que por causa deles, outra evidência da soberania de Deus na salvação.

Foi necessária uma intensa perseguição para espalhar os crentes Judeus de Jerusalém (Atos 8:1 ss.). Foi necessária uma visão divina dramática e repetida para Pedro ir à casa de Cornélio, um Gentio, e pregar o evangelho (veja Atos 10:1ss.). E quando a palavra alcançou os ouvidos dos líderes Judeus da igreja de Jerusalém, Pedro foi chamado e reprendido por pregar aos Gentios (Atos 11:1-3)

O argumento de Pedro foi muito convincente. Eles tiveram que admitir que Deus tinha a intenção de salvar os Gentios também, porém note o que eles fizeram quando eles reconheceram isto – nada.

15 - E, quando comecei a falar, caiu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós ao princípio. 16 - E lembrei-me do dito do Senhor, quando disse: João certamente batizou com água; mas vós sereis batizados com o Espírito Santo.17 - Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus? 18 - E, ouvindo estas coisas, apaziguaram-se, e glorificaram a Deus, dizendo: Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida. 19 - E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. 20 - E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. 21 - E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor. (Atos 11:15-21)

Não fosse por causa daquele grupo anônimo de Judeus Helenistas, os quais não sabiam algo melhor do que compartilhar sua fé com os Gentios, a igreja predominantemente Gentia em Antioquia nunca teria sido estabelecida (humanamente falando, naturalmente).

Quando chegamos ao versículo 24 em Romanos 9, Paulo quer que os seus leitores entendam que a salvação de muitos Gentios e a descrença de muitos Judeus deveria chegar não com surpresa. Agora ele volta para o Velho Testamento para mostrar que longe das promessas de Deus terem falhado pela fé dos Gentios e descrença dos Judeus, Suas promessas foram realizadas.

23 - Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, 24 - Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? 25 - Como também diz em Oséias: Chamarei meu povo ao que não era meu povo; E amada à que não era amada. 26 - E sucederá que no lugar em que lhes foi dito: Vós não sois meu povo; Aí serão chamados filhos do Deus vivo. 27 - Também Isaías clama acerca de Israel: Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo. 28 - Porque ele completará a obra e abreviá-la-á em justiça; porque o Senhor fará breve a obra sobre a terra. 29 - E como antes disse Isaías: Se o Senhor dos Exércitos nos não deixara descendência, Teríamos nos tornado como Sodoma, e teríamos sido feitos como Gomorra. 30 - Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé. 31 - Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou à lei da justiça. 32 - Por quê? Porque não foi pela fé, mas como que pelas obras da lei; tropeçaram na pedra de tropeço; 33 - Como está escrito: Eis que eu ponho em Sião uma pedra de tropeço, e uma rocha de escândalo; E todo aquele que crer nela não será confundido. (Romanos 9:23-33)

Conclusão

Todos os quais Deus escolhe para salvar são pecadores perdidos, mortos em seus delitos e pecados, cativos não somente pelos seus próprios pecados, porém do próprio Satanás, nada diferente daqueles que irão viver eternamente no inferno (veja Efésios 2:1-3).

Aqueles os quais Deus salva não O procuram; eles são salvos independentemente de procurarem serem justos (Romanos 9:30-33). Eles são salvos não pelo o que eles são ou por causa do que eles serão ou poderiam ser (Romanos 9:11)

Eles são escolhidos e salvos, não por causa de qualquer decisão que fizeram por Deus; ao contrário a decisão de confiar em Deus é o resultado do Seu fazer, não do homem (João 1:12; Atos 13:48; 16:14; Filipenses 1:29; 2:12-13).

Através do Seu Espírito, Deus regenera o morto em seus delitos e pecados, dando vida e fé e assim que a pessoa é agora levada a Ele (João 6:44) e expressa fé em Jesus Cristo para salvação, uma fé a qual também vem de Deus (Efésios 2:8-9; I Coríntios 4:7); salvação é então considerada como trabalho da soberania de Deus – não do homem (Romanos 9:11, 15-16; 11:36; I Coríntios 1:30-31; Hebreus 12:2).

Existem alguns angustiados porque Deus escolhe alguns e não outros? Não deveriam estar! Quando Deus escolhe salvar alguém, Ele escolhe um que nunca teria escolhido Ele primeiro. Michael Horton coloca isto desta forma:

“Essencialmente eleição é Deus fazendo a decisão por nós que nunca teríamos feito por Ele”.7

Deveríamos ser gratos que Deus elege alguns para a salvação; de outra forma, ninguém jamais seria salvo. Se Deus olhou para baixo e escolheu aqueles que iriam escolhê-Lo, Ele escolheria nenhum, pois nenhum O escolheria (veja Romanos 3:10-18)

Se Deus fosse para escolher aqueles que eram dignos da Sua salvação, Ele não escolheria nenhum. Eleição é a escolha de um Deus soberano para ter alguns. Eleição é baseada somente sob a graça de Deus, não sob qualquer mérito de nós mesmos.

Eleição é o trabalho da graça, e o único meio pelo qual os pecadores podem ser salvos. Não é uma doutrina para torturar, porém uma doutrina sob a qual deveríamos regozijar. Ela é a base para gratidão e louvor. Como Paulo disse no capítulo 12:

1 - ROGO-VOS, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. 2 - E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus. (Romanos 12:1-2)

A conclusão dos capítulos 9 -11 de Romanos não é um reconhecimento invejoso da soberania de Deus, porém um louvor alegre pela Sua soberania:

33 - Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! 34 - Porque, quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? (Romanos 35 - Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? (Romanos 36 - Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:33-36)

A soberania de Deus é um incentivo à oração pela salvação do perdido e a fonte de conforto quando alguém rejeita Sua oferta de salvação em Cristo.

Saber que Deus é soberano na salvação é um grande incentivo para testemunhar, por que sei que Deus irá cumprir o Seu propósito. Apesar das minhas falhas ao apresentar o evangelho, e a cegueira daqueles aos quais é pregado, Deus é o Único que salva.

Meu trabalho e o seu no evangelismo nunca é em vão. Mesmo quando os homens rejeitam o evangelho, Deus é glorificado na pregação do Seu evangelho, quer os homens acreditem ou não. Ele é glorificado pela salvação dos pecadores e pela punição eterna dos pecadores.

Definitivamente, os homens não são salvos porque os convencemos ou mesmo porque eles tenham (primeiro) decidido escolher acreditar em Deus. Os homens são salvos porque Deus os escolheu, esclarecidos e iluminados pelo Seu Espírito para entenderem o evangelho, eficazmente chamados pela abertura dos seus corações para responderem ao evangelho.

Quem você preferia ter no controle do destino eterno dos homens, os homens pecadores ou um Deus amoroso, misericordioso e soberano? Para quem você apelaria para a salvação dos homens? Ele é um Deus que nos ama e que se deleita em responder nossas orações.

Regosijemo-nos porque a salvação de nossos amados está definitivamente em Suas mãos, e que podemos pedir a Ele que os salve. E quando os amados rejeitam o evangelho, sabemos que Ele é capaz de salvar. Quando os amados morrem sem chegar à fé, sabemos que isto não pegou Deus de surpresa, porem é uma parte do Seu grande plano eterno.

Frequentemente na nossa apresentação do evangelho, tememos deturpar Deus e diminuir a Sua glória no quadro que transmitimos para o perdido. O evangelho não deve ser visto como Deus implorando e pleiteando com os pecadores esperando desesperadamente que eles O escolham.

O evangelho é um mandamento e nós o proclamamos para os pecadores perdidos. Sabemos que não podemos convencer os homens dos seus pecados ou fazê-los se voltarem para Cristo, porém Deus pode e faz para todos os que Ele tem escolhido. Nunca retratemos um Deus “sem personalidade”, que é dependente das decisões dos homens, ao invés do verdadeiro Deus, que sempre realiza o que Seus propósitos.

Não é de admirar que o evangelho seja ofensivo para os pecadores perdidos que gostam de pensar que são “donos dos seus destinos”, os “capitães das suas almas”. Nós não estamos no controle, os homens perdidos são pecadores, que ofenderam um Deus justo e santo e que estão destinados para o inferno eternamente. Eles não podem fazer nada para se salvar.

Eles devem reconhecer seus pecados e se lançar sobre a misericórdia de Deus que se fez disponível no sangue derramado de Jesus Cristo, que morreu para pagar a sentença pelos homens pecadores e oferecer aos pecadores indignos Sua justiça.

O evangelho é uma oferta gloriosa para os pecadores perdidos, os quais não podem fazer nada para se salvarem. O evangelho é uma ofensa para os que têm justiça própria, que pensam que são salvos por eles mesmos, pelos seus próprios méritos.

Você reconheceu os seus pecados e culpa? Você se submeteu à soberania de Deus do universo e aceitou Sua provisão para sua salvação. Eu não posso convencê-lo ou convertê-lo.

Eu posso lhe falar que seus pecados merecem a vida eterna no inferno e que Deus pela Sua graça enviou Seu Filho, Jesus Cristo, para tomar o lugar dos pecadores e dar aos homens a Sua justiça. Ele prometeu que o Seu Espírito irá convencer pecadores perdidos dos seus pecados, da Sua justiça, e do julgamento eterno. Você se submeterá a Deus recebendo Seu meio de salvação, o único meio de salvação? Eu oro que você irá.

Qual é a Relação Entre Regeneração e Crença?

Considere estes pensamentos na relação entre regeneração e crença:

Todos os homens estão mortos nos seus delitos e pecados, indiferentes a Deus, e incapazes de fazer qualquer coisa para mudar sua condição (veja Efésios 2:1-3).

Aqueles mortos em seus delitos e pecados não entendem Deus; eles não captam o evangelho ou procuram Deus. Eles estão destinados para a ira divina, sem esperança separados da divina graça e intervenção.

Regeneração é o trabalho sobrenatural de Deus o qual dá vida ao homem morto (Efésios 2:5; Tito 3:5).

Fé é um presente o qual Deus dá para aqueles os quais Seu Espírito regenerou, então possibilitando e causando a escolha de Deus responder ao evangelho pela confiança em Jesus Cristo para salvação (Efésios 2:8-9).

Regeneração precede crença. Regeneração é o trabalho do Espírito Santo, dando vida àquele que está espiritualmente morto. Esta nova vida é expressa pela fé na pessoa e obra de Jesus Cristo. Deus é o iniciador, a primeira causa, e a fé do homem é, portanto o resultado do trabalho de Deus no homem.

Isto significa que a salvação é em última instância o trabalho de Deus. Ele é o iniciador; nós respondemos (veja I João 4:19) Ele é o autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:1-2) Ele completará o que começou em nós (Filipenses 1:6). Adequadamente, achamos Deus descrito como a causa da fé dos homens (Atos 13:48; 16:14).

A outra (incorreta) visão é que o homem primeiro atua, crendo em Deus, e então Deus responde outorgando a salvação, em resposta à fé do homem. Neste caso, o homem é a primeira causa.

O problema com esta visão é que ela contradiz as Escrituras. Ela nega a soberania de Deus e nega a depravação do homem. Como pode um homem morto, que odeia a Deus e não O procura, de repente, na sua própria iniciativa, recorre a Deus em fé (veja Romanos 3:9-18)?

Objeções à Divina Soberania

Muitas são as objeções à soberania divina. Vamos levantar algumas delas e oferecer a resposta bíblica.

Eleição de Deus é baseada em Seu pré-conhecimento, e pré-conhecimento é conhecimento de Deus, adiantado, de quem irá escolhê-Lo (textos como Romanos 8:29 são usados como provas).

(1) Pré-conhecimento algumas vezes se refere ao conhecimento prévio sobre alguém. Nas Escrituras é também usado como uma escolha feita adiante do tempo.

E “conhecer” algumas vezes significa “escolher” (Gênesis 18:19, veja nota marginal; Jeremias 1:5) e “prever” algumas vezes significa “escolher antes do tempo - de antemão”. Em Romanos 11:2 e I Pedro 1:20, “de antemão” não pode significar simplesmente “saber a respeito adiante do tempo”. Tem de significar “escolhido ou selecionado antes do tempo”.

(2) Se a escolha daqueles os quais Ele salvaria fosse baseado sobre Seu pré-conhecimento daqueles que O escolheriam, ninguém seria salvo por causa da depravação humana (veja João 6:37, 44; Romanos 3:9-18). Ninguém escolheria Deus a menos que Deus nos escolhesse primeiro, nos regenerasse, e nos desse a fé para responder ao evangelho.

(3) Se a escolha de Deus por nós é determinada pela nossa escolha por Ele, então nós somos os iniciadores, e Deus é o que responde. Isto contradiz as Escrituras (Hebreus 12:1-2; Filipenses 1:6, etc.), e ela é inconsistente com a soberania de Deus e com a natureza da graça.

(4) As Escrituras ensinam que Deus é o iniciador da fé e da salvação não o homem (João 6:44; Atos 13:48; 16:13; veja também Deuteronômio 30:6; Jeremias 31:31-34).

Que tal aqueles textos os quais chamam os homens a acreditar e aqueles que falam dos homens escolhendo Deus?

Os homens são chamados a se arrependerem e crerem em Jesus Cristo para serem salvos. Os homens são salvos pela fé. Todos aqueles que chegam a Ele, que chamam pelo nome do Senhor, serão salvos (João 6:37; Romanos 10:13). Porém esta resposta a qual aos homens é requerida para os homens expressarem é o resultado do soberano trabalho de salvação de Deus, e não a causa dele (João 1:12).

Soberania divina dirige ou exclui a responsabilidade humana.

De maneira nenhuma. Soberania divina é a base para a responsabilidade humana.

“Muitos tem muito tolamente dito que é quase impossível mostrar onde a soberania Divina termina e a responsabilidade da criatura começa. Aqui é onde a responsabilidade da criatura começa: na ordenação soberana do Criador. Quanto a Sua soberania, não há nem haverá qualquer término para ela”.8

“Deus é cavalheiro, e não força a Si mesmo para ninguém”

Esta declaração expressa uma visão distorcida da soberania de Deus e da depravação do homem. Se Deus não interviesse e superasse nossa doença letal do pecado e rebelião, ninguém seria jamais salvo. O evangelho é impossível fora da intervenção divina e permissão.

Quando Deus nos salva, Ele faz o morto viver, Ele remove nossa cegueira espiritual com visão, Ele abre nosso coração para responder, e Ele nos dá uma nova natureza a qual deseja Deus. Se não é tecnicamente correto dizer que Deus sobrepõe ao nosso desejo, Ele muito certamente muda nossa natureza e nossa vontade.

Implicações e Aplicações da Soberania Divina na Salvação

O assunto da soberania de Deus na salvação é vitalmente importante:

Portanto, não é irreverente, curioso ou trivial, porém útil e necessário para um Cristão, saber se o desejo (humano) irá fazer alguma coisa ou não em assuntos pertencentes à eterna salvação... Se nós não sabemos tais coisas, não sabemos nada de nada das coisas Cristãs e seriamos pior do que qualquer gentio...

Portanto, deixemos que qualquer um que não sente isto confesse que não é Cristão. Pois se eu sou ignorante disto, quão longe, e quanto eu posso e posso fazer em relação a Deus, isto será igualmente incerto e desconhecido para mim, quão longe, e quanto Deus pode e possa fazer em mim...

Porém quando o trabalho e o poder de Deus são desconhecidos desta forma, eu não posso adorar louvar, agradecer e servir a Deus, desde que não sei quanto devo atribuir a mim e quanto a Deus. Compete a nós, portanto estarmos bem certos a respeito da distinção entre o poder de Deus e o nosso próprio, o trabalho de Deus e o nosso, se queremos viver uma vida santa.9

Soberania é diametralmente oposta a tudo natural e decaído em nós, e é completamente consistente com o que a Bíblia ensina. Os homens naturalmente rejeitam a soberania de Deus e somente sobrenaturalmente eles a recebem.

Você resiste a ela? Não deveríamos estar surpresos. A doutrina da soberania de Deus é uma a qual ninguém acredita naturalmente a não ser que as Escrituras claramente a ensinem e o Espírito Santo mude nossos coração para aceitá-la. Você quer saber a verdade do assunto? Estude as Escrituras, e peça a Deus para lhe dar entendimento.

“A razão pela qual as pessoas hoje se opõem a ela (eleição) é porque eles têm Deus como sendo qualquer coisa, exceto Deus. Ele pode ser um psiquiatra cósmico, um pastor útil, um líder, um professor, qualquer coisa... somente não Deus. Por uma razão muito simples – eles querem ser Deus eles mesmos”.10

“É uma medida do nosso egocentrismo que nós até desprezaríamos Deus por nos amarmos antes de nós O amarmos”.11

Rejeitar ou resistir à soberania de Deus na salvação é uma questão muito séria:

Esta doutrina (da soberania de Deus) mostra a insensatez e a terrível perversidade da sua rejeição entusiástica contra a soberania de Deus neste assunto. Ela mostra que você não sabe que Deus é Deus. Se você soubesse isto, você estaria interiormente parado e quieto; você permaneceria humildemente e calmamente no pó diante de um Deus soberano e veria razão suficiente para isto.

Ao objetar e discutir sobre a justiça das leis e ameaças de Deus e Suas dispensações soberanas em relação a você e a outros, você se opõe à Sua divindade, você mostra sua ignorância da Sua grandeza divina e virtudes e que você não pode suportar que Ele deveria ter honra divina.

É dos pensamentos baixos, medíocres sobre Deus que você faz em sua mente se opondo à Sua soberania, que você não é sensato não vendo quão perigosa é sua conduta, e que coisa audaciosa é para tal criatura como homem lutar com seu Criador.12

Na Bíblia, a soberania de Deus não é uma verdade negativa, uma doutrina problemática a qual se deveria evitar se possível; ela é uma doutrina positiva que encoraja, conforta e motiva.

Corretamente o falecido Mr. Spurgeon disse em seu sermão em Mateus 20:15: Não há atributo mais confortante para Seus filhos do que aquele da Soberania de Deus.

Sob as mais adversas circunstâncias, na mais severa provação, eles acreditam que Soberania ordenou sua aflição, que a Soberania as sobrepôs, e que a Soberania os santificará a todos.

Não há nada pela qual os filhos devem mais sinceramente argumentar do que a doutrina do seu Mestre sobre toda a criação – a Majestade de Deus sobre todos os trabalhos das Suas próprias mãos – o Trono de Deus e Seu direito de sentar naquele Trono.

Por outro lado, não há doutrina mais odiada pelos mundanos, nenhuma verdade da qual eles fizeram tal futebol, como a grande, estupenda, porém ainda a mais certa doutrina da Soberania do infinito Jeová.

Os homens permitirão Deus estar em qualquer lugar exceto no Seu trono. Eles O permitirão estar em Seu culto para modelar mundos e fazer estrelas. Eles O permitirão estarem no ofertório para dar Suas esmolas e dar os Seus prêmios.

Eles O permitirão sustentar a terra e os pilares, ou acender as luzes do céu, ou governar as ondas do oceano sempre em movimento; porém quando Deus senta no Seu trono, Suas criaturas então rangem os dentes, e nós proclamamos um Deus entronizado, e Seu direito de fazer como Ele deseja com Seu próprio, dispor das Suas criaturas como Ele pensa melhor, sem consultá-los no assunto, então é que somos vaiados e execrados, e então é que os homens se tornam um ouvido surdo para nós, pois Deus no Seu trono não é o Deus que eles amam. Porém é o Deus no seu trono quem nós amamos pregar. É Deus no Seu trono quem nós confiamos.13

Questões a serem consideradas concernentes à Soberania de Deus na Salvação.

Porque os homens resistem ou rejeitam a doutrina da Soberania de Deus na salvação? Porque os Cristãos resistem ou rejeitam a soberania de Deus na salvação quando eles reconhecem a soberania de Deus em outros coisas?

Qual é a relação entre soberania de Deus na salvação e graça? Entre soberania de Deus e depravação humana? Porque a graça de Deus deve ser graça soberana?

Como a soberania de Deus na salvação afeta o evangelho? Como a depravação do homem e a resistência do homem à soberania de Deus na salvação tende a afetar o evangelho? [em outras palavras, como o homem natural ou não salvo teria o evangelho da forma que ele é?]

Como você pensa que a conversão de Paulo (como descrita em Atos 9, 22, 26) ajudou a prepará-lo para expressar o assunto da soberania de Deus na salvação?

Como a visão bíblica da soberania de Deus na salvação afetaria nossas orações pelo perdido? Nossa motivação para o evangelismo? Nossos métodos de evangelismo? A mensagem que proclamamos no evangelismo?

A soberania de Deus na salvação significa que você poderia ser um dos não eleitos e que você poderia não ser salvo mesmo que você quisesse ser? Significa que não podemos sempre saber se somos realmente salvos, desde que a salvação é feita por Deus e não por nós?

Citações Citáveis

As Escrituras dão muitos exemplos da liberdade de Deus na graça seletiva. Próximo a um tanque em Jerusalém ajuntava-se ‘uma grande multidão de pessoas doentes, cegos, coxos, paralíticos’ (João 5:3). Entretanto, Cristo caminha através da multidão e se dirige em direção de um homem – somente uma pessoa – e o cura da sua paralisia.

Agora, você deve entender que este era um lugar regular para uma porção de pessoas que esperavam que cada novo dia seria o seu dia para o milagre. Alguém pensaria que ali seria uma espécie de fila de cura, porém Jesus somente queria curar um homem aquele dia. Porque Ele não curou a todos?

Ele poderia ter curado; Ele tinha o poder. Porém Ele não escolheu fazer isto. Entretanto, estou para ouvir um sermão em quão injusto foi Jesus ao curar o homem no tanque aquele dia. Porque deveria ser diferente a eleição no domínio da nossa salvação?14

Na eleição chegamos ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó; o Deus do ermo; o Deus da encarnação, morte e ressurreição de Cristo; o Deus que é tudo menos uma deidade frustrada que “não tem mãos a não ser nossas mãos’ e deve caminhar os chãos dos céus, balançando suas mãos, esperando que as pessoas irão “deixá-Lo ter Seu caminho’. Este é o Deus que é tudo menos um copiloto. “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tiago 4:6).15

Você pode estar pensando, ‘Eleição e evangelismo – ao mesmo tempo? Foi me dito que eles são mutuamente exclusivos!’Foi me dito isto também. Porém posso honestamente dizer que evangelismo nunca realmente significou o que ele significa após ter entendido a eleição.

Compartilhando a fé com não crentes se tornou um peso para muitos e o foi para mim, até esta verdade mudar meu pensamento. Eleição muda nosso evangelismo em três níveis: nossa mensagem, nossos métodos e nossa motivação.16

Porém ela pode ser contestada, não lemos repetidamente nas Escrituras que os homens desafiaram a Deus, resistiram à Sua vontade, quebraram os Seus mandamentos, desconsideraram Suas advertências, e se tornaram um ouvido surdo para todas as Suas exortações? Certamente que nós lemos. E isto anula tudo o que dissemos acima? Se isto anula, então a Bíblia plenamente se contradiz.

Porém esse não pode ser. O que o opositor se refere é simplesmente a fraqueza do homem contra a palavra externa de Deus, ao passo que o que nós mencionamos acima é o que Deus tem tencionado em Si mesmo. A regra de conduta que Ele deu para nós seguirmos é perfeitamente preenchida por nenhum de nós; Seus próprios ‘conselhos’ eternos são cumpridos em seus mínimos detalhes.17

Sendo infinitamente elevado, acima da mais alta criatura, Ele é o Mais Alto, Senhor do céu e da terra. Sujeito a ninguém, influenciado por ninguém, absolutamente independente; Deus faz o que Lhe agrada, somente como Ele se agrada, sempre como Ele se agrada. Ninguém pode lhe frustrar, ninguém pode impedi-Lo.

Assim Sua própria Palavra expressamente declara: ‘O meu conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade’ (Isaías 46:10); ‘e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão’ (Daniel 4:35). Soberania divina significa que Deus é Deus de fato, assim como no nome, que Ele está no Trono do universo, dirigindo todas as coisas, trabalhando todas as coisas ‘conforme o conselho da sua vontade’ (Efésios 1:11).18

Esta doutrina (da soberania de Deus) mostra a insensatez e a terrível perversidade da sua rejeição entusiástica contra a soberania de Deus neste assunto. Ela mostra que você não sabe que Deus é Deus. Se você soubesse isto, você estaria interiormente parado e quieto; você permaneceria humildemente e calmamente no pó diante de um Deus soberano e veria razão suficiente para isto.

“A ousadia mais insana que qualquer homem pode fazer, a mais excessivamente estúpida coisa que qualquer homem pode fazer, a mais desesperadamente maldosa coisa que qualquer homem pode fazer, é retrucar contra Deus, entrar em controvérsia com Deus, criticar Deus, condenar Deus. Justamente é isto que muitas pessoas estão fazendo”.19

“O que somos, o melhor de nós? Vil – o melhor de nós é senão um pecador repulsivo. Podemos ainda não reconhecer o fato, porém é verdade. Nossas vidas foram atingidas totalmente pelo pecado. Você ainda se compromete permanecer em pé na presença deste Deus Santo, em cuja presença os serafins velam suas faces e seus pés, e retrucam contra Ele, para sugerir o que Deus deveria ser, para entrar em controvérsia com Deus, para criticar Deus por coisas as quais Ele tem visto para fazer, para murmurar contra Deus”.20

“Ele é… um Ser de infinita sabedoria. Olhamos para o céu estrelado acima de nossas cabeças, olhamos para estes maravilhosos mundos de luz que cintilam os céus à noite. Pensamos nas impressionantes coisas sobre suas imensidões e a incrível velocidade e impulso dos seus movimentos à medida que elas correm através do espaço, e quando olhamos para elas, se somos sábios, dizemos: ‘Oh Deus, que Ser de infinita sabedoria assim como de majestade Tu és que Tu podes guiar estes enormes inconcebíveis mundos à medida que eles vão girando através do espaço com tal velocidade incrível e impulso”.

“E muitos de vocês aqui nesta noite não hesitam olhar para o Deus infinitamente sábio que fez estas maravilhosas esferas de luz, que guia todo o universo no seu maravilhoso, estupendo e desconcertante curso, e tentam dizer a Ele o que pensam que Ele deveria fazer!

Nenhum companheiro de Patten jamais fez uma coisa insana. ‘Quem é você?’ O homem mais sábio na terra é apenas uma criança; o mais sábio filósofo não sabe muito; o maior homem de ciência sabe, porém muito pouco. O que ele sabe é quase nada comparado com o que ele não sabe. O que ele sabe, mesmo sobre o universo material, é quase nada comparado com o que ele não sabe”.21

Suponha uma criança de treze ou quatorze anos pegando um livro de filosofia demonstrando o produto mais maduro do melhor pensamento filosófico de hoje e começasse a criticá-lo, página por página. O que você pensaria? Você ficaria em pé e olharia para o menino e diria com imensa admiração: “Que brilhante garoto ele é?”

Não, você diria: “Que idiota convencido ele é para se comprometer, na sua idade e com seu conhecimento limitado, a criticar o melhor pensamento filosófico do dia!” Porém ele não seria tão idiota convencido quanto você ou eu seríamos tentando criticar um Deus infinitamente sábio, pois nós somos muito menos do que crianças comparados com o Deus infinito.

O mais profundo filósofo de hoje é apenas uma criança pequena comparado com o Deus infinito. E assim você, que não tem nenhuma pretensão de ser um filósofo, toma o Livro de Deus, você uma pequena criança, um infante, toma este Livro o qual representa a melhor sabedoria de Deus,e você se senta e o folheia página por página, e tenta criticá-lo, e as pessoas ficam olhando para você e admiram e dizem: ‘Que erudito!’ Porém os anjos olham para baixo e dizem: ‘Que tolo!’ E o que Deus diz? ‘Ri-se aquele que habita nos céus, o Senhor zomba deles’ (Salmos 2:4).22

Nunca clareou em algumas pessoas que o próprio Deus poderia por alguma possibilidade saber mais do que eles sabem. Nunca clareou em mim por anos, e nestes tempos eu era um Universalista. Eu pensava que todos os homens seriam enfim salvos. Eu era um Universalista porque eu tinha um argumento para a salvação final de cada um para o qual eu não podia ver resposta possível.

Eu pensava se eu não posso ver uma resposta, o porquê, ninguém poderia. Assim eu desafiava qualquer um a se reunir comigo naquele argumento e respondê-lo. Eu fui ao redor com minha cabeça bem alta e disse: ‘Eu achei uma razão irrespondível para o Universalismo’. Eu pensava que eu era um Universalista por todo o tempo e que qualquer que não fosse Universalista não era bem colocado.

“Um dia me ocorreu que um Deus infinitamente sábio poderia possivelmente saber mais do que eu. Aquilo nunca clareou em mim antes. Clareou em mim também que era possível que um Deus de infinita sabedoria poderia ter milhares de boas razões para fazer uma coisa, quando eu, na minha finita insensatez, não poderia ver mesmo uma. Assim meu Universalismo afetuosamente estimado virou em cinzas.”

“Se você pegar aquele pensamento, de que um Deus infinitamente sábio possa possivelmente saber mais do que você mesmo e que este Deus em Sua infinita sabedoria possa ter milhares de boas razões para fazer uma coisa quando você mesmo não pode ver uma – você terá aprendido uma das maiores verdades teológicas do dia – uma que irá resolver muitos dos seus problemas complicados na Bíblia.”

“Os homens tentam pegar a infinita sabedoria e imaginam que eles podem espremê-la dentro da capacidade das suas reduzidas mentes. Porém como eles não podem espremer a sabedoria infinita nas suas reduzidas mentes, eles dizem: ‘Eu não acredito que o Livro é a Palavra de Deus, porque existe algo nele que não posso entender a sua filosofia’. Por que você deveria entender a filosofia dele? De qualquer modo, quem é você? Quanto de uma mente você tem, de qualquer forma? Há quanto tempo você a tem? Quanto tempo você irá mantê-la? Quem a deu para você?”23

“Não é nosso negócio achar a filosofia das coisas; não é nosso negócio ver a razão das coisas. É nosso negócio ouvir o que Deus tem para dizer, e quando Ele disser acreditar nele, se você pode ou não entender a filosofia dele”.24

Existe mais uma classe que está retrucando contra Deus, aquela que são os homens que ao invés de aceitar Jesus Cristo como seu Salvador e se entregar a Ele como seu Senhor e Mestre e abertamente confessá-Lo como tal diante do mundo, estão dando desculpas por não fazer isto. Jesus disse em João 6:37, ‘e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora’. Deus fala em Apocalipse 22:17, ‘e quem quiser receba de graça a água da vida’.

Qualquer um pode vir a Cristo, e qualquer um que vier será recebido e salvo. Ainda muitos de vocês, ao invés de vir, estão dando pretextos para não vir.

Para cada desculpa que você der você estará retrucando contra Deus, você estará entrando em controvérsia com Deus, você estará condenando Deus, que o convida para vir.

Você não pode moldar uma desculpa para não vir e aceitar a Cristo que não condene Deus. Cada desculpa que qualquer mortal faça para não aceitar a Cristo, em última análise, condena Deus.25

 

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Martin Luther, The Bondage of the Will (Philadelphia: Westminster, 1975), p. 117, as cited by Michael Scott Horton, Putting Amazing Back Into Grace (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1991), p. 60.

2 Charles Haddon Spurgeon, The New Park Street Pulpit, vol. 4 (a message preached on August 1, 1858, at the Music Hall, Royal Surrey Gardens, cited by Warren Wiersbe, Classic Sermons on the Sovereignty of God (Grand Rapids: Kregel Publications, 1994), 114-115.

3 Spurgeon, as cited by Wiersbe, pp. 116-117.

4 Devemos também ter em mente que Satanás tem uma mão na descrença do perdido, já que ele procura manter os homens do evangelho (Marcos 4:3-4, 13-14), procura cegar os homens para o evangelho (II Coríntios 4:3-4), e também procura corromper e distorcer o evangelho (II Coríntios 11:4. 13-15).

5 João Batista reconheceu e identificou este erro quando ele disse aos escribas e Fariseus: “E não presumais de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos a Abraão”. (Mateus 3:9).

6 Em outra passagem, Paulo explica que um verdadeiro Israelita é um filho de Deus pela fé em Cristo, quer seja Judeu ou Gentio (veja Romanos 4:16-17; Gálatas 6:16). Incidentalmente, em Romanos 4, Paulo chama a atenção que Abraão era realmente um Gentio (incircunciso) quando ele se tornou um crente (veja 4:10-12).

7 Michael Scott Horton, Putting Amazing Back Into Grace, p. 45.

8 A. W. Pink, The Attributes of God, p. 29.

9 Martin Luther, The Bondage of the Will (Philadelphia: Westminster, 1975), p. 117, as cited by Michael Scott Horton, Putting Amazing Back Into Grace (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1991), p. 60.

10 D. James Kennedy, Truths That Transform (Old Tappan, NJ: Revell, 1974), as cited by Michael Horton, Putting Amazing Back Into Grace (Nashville: Thomas Nelson Publishers, 1991), p. 43.

11 Michael Horton, p. 45.

12 Jonathan Edwards, taken from The Words of Jonathan Edwards (vol. 2, 1976), published by Banner of Truth Trust, as cited by Warren Wiersbe, Classic Sermons on the Sovereignty of God (Grand Rapids: Kregel Publications, 1994), p. 107.

13 A. W. Pink, The Attributes of God, p. 27.

14 Horton, p. 50.

15 Michael Horton, Putting The Amazing Back Into Grace, pp. 58-59.

16 Horton, p. 66.

17 Pink, p. 25.

18 Pink, p. 27.

19 Torrey, Wiersbe, p. 45.

20 Torrey, p. 47.

21 Torrey, p. 48.

22 Torrey, p. 49.

23 Torrey, p. 57.

24 Torrey, p. 58.

25 Torrey, p. 58.

Related Topics: Soteriology (Salvation), Election, Predestination, Character of God

8. A Graça De Deus

Introdução

Para ilustrar a graça de Deus, tenho frequentemente contado a estória verídica de meu amigo que comprou um Jaguar conversível novinho após retornar como veterano do Vietnã. Enquanto ainda usando seu uniforme de faxina do exército, meu amigo começou cedo numa manhã a dirigir num trecho ermo de uma estrada em Oklahoma.

Decidido a ver quão rápido seu carro poderia correr, ele acelerou até sua máxima velocidade. Assim que ele chegou ao topo de uma pequena colina, ele alcançou a velocidade máxima. E lá, no topo da colina, fora de visão, até ser muito tarde, estava um guarda rodoviário com seu radar. Meu amigo sabia que estava tudo acabado, embora ele andasse cerca de uma milha até fazer o carro parar, ele sentou esperando o guarda alcançá-lo.

O guarda parou o seu carro e lentamente se aproximou do meu amigo, que estava esperando com a sua carteira de motorista em suas mãos. “Você tem uma ideia de quão rápido você estava indo?” ele perguntou. “Não exatamente” meu amigo respondeu delicadamente. “Cento e sessenta e três milhas por hora,” o guarda respondeu. “Isto soa certo para mim,” meu amigo disse.

Meu amigo não esperava a próxima frase do guarda: “Você se importaria se eu desse uma olhada no motor?” ele perguntou. “De maneira alguma,” meu amigo falou. Depois de mais ou menos meia hora, os dois homens acabaram de tomar um copo de café numa cafeteria próxima antes do guarda ir embora, sem ter dado uma multa para o meu amigo!

Costumo dizer que se o guarda pagou pelo café, isto era graça.1 Porém realmente não é a espécie de graça da qual a Bíblia fala. Em resposta ao pedido de Moisés para ver a glória de Deus (Êxodo 33:18), Deus permitiu que Moisés visse uma porção dela:

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR. 6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; 7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êxodo 34:5-7)

A glória de Deus é vista, em parte, pela Sua graça. Ele é misericordioso e piedoso (versículo 6). Porém, além disso, Deus não deixa o culpado sem punição (versículo 7). A graça de Deus não ignora o pecado; ela  pune o pecado, porém de uma forma a qual perdoa quem é culpado.

Eu, portanto devo revisar minha ilustração, adicionando uma pequena ficção para mais acuradamente descrever a graça de Deus. Quando meu amigo alcançou o topo da colina a 163 milhas por hora, ele apertou com força no freio, fazendo o carro sair do controle, batendo no carro do guarda, quase o destruindo e ferindo muito o guarda.  Ao invés de deixar meu amigo ir, sem uma multa, o guarda deve escrever uma multa, e então pagar ele mesmo a multa. Ele deve permitir o meu amigo não pagar por nada – mesmo o café. Agora isto deve ser graça, a espécie de graça que a Bíblia fala a graça de Deus por aqueles que são salvos.

Nossa lição considera a graça de Deus, um assunto tão imenso que poderíamos levar a eternidade tentando penetrá-lo. Consequentemente, tentarei sumarizar alguns dos elementos essenciais da graça de Deus chamando a sua atenção para três histórias da Bíblia as quais descrevem a graça de Deus.

A primeira história é a de Jacó e a graça de Deus (Gênesis 25-32; Oséias 12:2-6), a segunda é a de Jonas e a graça de Deus, e a última sobre Jesus e a mulher pega em adultério (João 8:1-11). Nestas três histórias, encontraremos um homem que finalmente cessa de lutar com Deus e os homens e se lança na graça de Deus (Jacó). Consideraremos um homem que é profeta, e que odeia a graça de Deus (Jonas). E veremos uma mulher que é recipiente da graça de Deus, enquanto permanece condenada por alguns dos auto-justos pares (a mulher de João 8:1-11)

Jacó e a Graça de Deus2

Jacó não é o primeiro exemplo da graça de Deus, porém é um dos exemplos mais impactantes do Velho Testamento. Parece que levou 130 anos para Jacó começar a apreender o que significa viver pela graça de Deus (veja Gênesis 47:9). Existe um ponto de virada crucial na vida de Jacó onde ele começa a confiar na graça de Deus. É este ponto de virada, registrado em Gênesis 32:22-32 e mais cuidadosamente interpretado em Oséias 12:2-6, sobre o qual gostaria de focalizar nossa atenção.

Mesmo antes de nascer, Jacó era um homem que lutava com outros.

21 - E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. 22 - E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao SENHOR. 23 - E o SENHOR lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. 24 - E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre. 25 - E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pelo; por isso chamaram o seu nome Esaú. 26 - E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou. (Gênesis 25:21-26)

Quando os meninos cresceram, Jacó pensou em ir em frente lutando com seu irmão:

27 - E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas. 28 - E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó. 29 - E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado; 30 - E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom. 31 - Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura. 32 - E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura? 33 - Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. 34 - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura. (Gênesis 25:27-34)

A última gota no relacionamento entre Jacó e Esaú ocorreu quando Jacó enganou seu pai fazendo pensar que ele era Esaú, e com isso obtendo as bênçãos do seu pai (Gênesis 27). Na realidade, foi Jacó que era para governar sobre Esaú. Isaque parece tentar reverter o fato de que Jacó tomaria o lugar do primogênito, assim como Deus tinha indicado (Gênesis 25:23). Porém Rebeca e Jacó estavam errados na forma que obtiveram a benção de Isaque. De novo, Jacó estava lutando com os homens e não de uma forma que o recomenda.

Como resultado da sua decepção, Esaú ficou furioso com Jacó, assim seus pais o enviaram para Pada-arã para ter uma esposa (Gênesis 27:41-28:5). No seu caminho, Jacó tem uma visão a qual indica que a terra onde ela estava eram as “portas do céu” (28:10-17). Era para servir como um forte incentivo para Jacó retornar e não ficar permanentemente em Pada-arã. Após sua dramática visão, Jacó fez uma aliança com Deus, uma que o mostra ainda lutando e falhando em descansar na graça de Deus:

20 - E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 - E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 - E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. (Gênesis 28:20-22)

Alguns podem ver a promessa de Jacó como uma espécie de “fé garantia”; Eu vejo de outra forma. Observem todos os “se” do compromisso de Jacó com Deus são baseados na realização de Deus em suprir as necessidades de Jacó, como Jacó as define. Se Deus: (1) protegê-lo na sua jornada, (2) provê-lo com alimento e vestimenta adequada, e (3) trazê-lo para a casa do seu pai em segurança, então Jacó terá o Senhor como seu Deus, e então ele lhe dará um dízimo.

A ordem é justamente o oposto do que Deus requer de nós. É para “buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça,” e então “todas estas coisas” (como alimento e vestimenta) nos serão acrescentadas (Mateus 6:33). Considere como a oferta de Jacó contrasta com estas palavras do nosso Senhor:

25 - Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? (Mateus 6:25)

O arranjo de Jacó com Deus é um que o próprio Satanás concordaria:

9 - Então respondeu Satanás ao SENHOR, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? 10 - Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. 11 - Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. (Jó 1:9-11)

E assim achamos o mesmo velho Jacó em Pada-arã “servindo” seu tio Labão. Ele está de novo lutando com os homens, procurando adiantar-se às custas de outros. Somente depois de Jacó deixar a casa de Labão e a terra de Pada-arã ele finalmente chega a se agarrar com graça. Quando Jacó está para entrar na terra de Canaã, ele sabe que deve encontrar seu irmão Esaú, e isto coloca uma ameaça considerável para sua segurança. Uma luta com um anjo do Senhor parece ser um significante ponto de virada para Jacó.

22 - E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. 23 - E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. 24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 25 - E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26 - E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste. 29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. 31 - E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. 32 - Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido. (Gênesis 32:22-32)

Desta narração sozinha, seria possível chegar à conclusão errada. Podemos erroneamente supor que Jacó realmente sobrepujou o anjo (um fato surpreendente!) e devido à luta persistente de Jacó com os homens (e Deus) através dos anos, ele finalmente prevaleceu. Deus agora está à disposição de Jacó.

Porém isto não é o que foi. Sabemos da história que este “anjo” era realmente Deus (versículo 30). Poderia Jacó sobrepujar Deus num jogo de luta? Sabemos depois que enquanto a luta parecia estar empatada, quando chegou o tempo, o anjo acertou sopro paralisante em Jacó golpeando sua coxa que seu quadril deslocou (versículo 25). Jacó está agora sem posição para barganhar com Deus afinal. A interpretação desta história é dada centenas de anos depois pelo profeta Oséias falando da nação Israelita, à qual Jacó personificava.

1 - EFRAIM se apascenta de vento, e segue o vento leste; todo o dia multiplica a mentira e a destruição; e fazem aliança com a Assíria, e o azeite se leva ao Egito. 2 - O SENHOR também com Judá tem contenda, e castigará Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras o recompensará. 3 - No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua força lutou com Deus. 4 - Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco, 5 - Sim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos; o SENHOR é o seu memorial. 6 - Tu, pois, converte-te a teu Deus; guarda a benevolência e o juízo, e em teu Deus espera sempre. (Oséias 12:1-6)

Rebelde Israel está sendo repreendido pelo profeta Oséias. Eles estão para serem repudiados por Deus por um período de tempo, os tempos dos Gentios. Eles não confiaram em Deus nem obedeceram a Sua aliança com Ele. Eles, como a prostituta Gomer, estão colhendo o que semearam.

Porém existe um meio de voltar, um meio de entrar nas bênçãos de Deus, na Sua graça. Este meio é pedir humildemente a Deus pela graça. Isto é o que Oséias diz à nação de Israel o que Jacó tinha de fazer (lembre que o nome de Jacó foi mudado para Israel em Gênesis 32:27-28). Toda a sua vida ele estava lutando com Deus e com os homens. Ele estava tentando estar à frente pela sua própria astúcia, trapaça e esforço.

Porém quando o anjo atingiu Jacó, ele não tinha jeito de “forçar” o anjo a abençoa-lo. Tudo o que ele podia fazer era chorar e implorar por misericórdia (pelo favor de Deus). Jacó finalmente aprendeu como as bênçãos de Deus são dadas para os homens – não por apossá-las, porém pela graça. Enquanto Jacó rapidamente esqueceu esta lição, houve, contudo um ponto de virada significante, pois finalmente uma vez Jacó procurou as bênçãos de Deus pela graça.

Jonas e a Graça de Deus (Jonas 3 e 4)

Graça foi a base do lidar de Deus com Israel como foi o Seu lidar com os Gentios. Quando corretamente entendida, a Lei foi um presente da divina graça de Deus. A entrada de Israel nas bênçãos da aliança de Deus foi pela graça (Deuteronômio 30:1-14).

Os outros profetas falaram da graça de Deus como a base do Seu lidar com o Seu povo e a base para a esperança e louvor de Israel (Isaías 30:18-19; Jeremias 3:12; Joel 2:12-14; Amós 5:15). Como um profeta de Deus, esperaríamos que Jonas se deleitasse na graça de Deus. Tal simplesmente não foi o caso.

Em Jonas 1, os marinheiros gentios foram corteses com Jonas a medida que tentavam desesperadamente salvar sua vida com o risco das suas próprias vidas. Eles oraram a Deus, preocupados que eles não tomassem a vida de um homem inocente. Porém Jonas não mostrou nenhuma graça para com eles. Parecia se importar pouco que ele ameaçou suas vidas pela sua rebelião contra Deus. Eles praticamente tiveram de arrancar a verdade dele, que ele era profeta do único Deus, o Deus que fez os céus e a terra.

Em Jonas 2, Deus preserva a vida de Jonas por um meio que parecia ser a sua destruição – um peixe gigante. Jonas estava se afogando. Somente momentos de vida restavam. De repente ele foi envolvido na escuridão. Ao seu redor estavam paredes de carne pegajosa. O odor devia ser ruim. Ele havia sido engolido por um peixe! Parecia ser uma morte mais lenta ainda a qual esperava Jonas. E então ele deve ter observado que o peixe era a rigor sua salvação. Enquanto dentro do peixe, Jonas fez uma oração registrada no segundo capítulo de Jonas. Uma olhada mais cuidadosa na oração de Jonas revela que era realmente um poema. Mais precisamente um salmo. Quando vemos as referências marginais na nossa Bíblia, concluímos que é um salmo no qual Jonas usa muitos termos e expressões encontradas nos salmos.

Contudo, este “salmo” é semelhante aos salmos do Livro de Salmos somente na forma e vocabulário. Não é semelhante a quaisquer salmos da Bíblia em termos de ênfase ou teologia. Jonas fala muito de si mesmo, da sua experiência, do seu perigo, da sua agonia. Ele fala muito pouco de Deus. Ele fala de olhar e orar ao templo santo de Deus (versículos 4,7). Ele fala numa maneira depreciativa dos pagãos e se eleva em comparação:

8 - Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia. 9 - Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do SENHOR vem a salvação. (Jonas 2:8-9)

O que está faltando é qualquer referência ao seu próprio pecado ou qualquer sugestão de arrependimento. É interessante de que Jonas está no “cativeiro” como resultado do seu pecado, e ele faz referência ao templo de Deus. Considere, contudo, este texto o qual muito precisamente demonstra como um Israelita pecador é para se arrepender.

36 - Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares diante do inimigo, para que os que os cativarem os levem em cativeiro para alguma terra, remota ou vizinha, 37 - E na terra, para onde forem levados em cativeiro, caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro, a ti suplicarem, dizendo: Pecamos, perversamente procedemos e impiamente agimos; 38 - E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu cativeiro, a que os levaram presos, e orarem para o lado da sua terra, que deste a seus pais, e para esta cidade que escolheste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome, 39 - Ouve, então, desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas súplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti. (II Crônicas 6:36-39)

Salomão não somente indica que um Israelita o qual está em um país distante deve se voltar para o templo santo de Deus e orar por perdão, ele também dá as palavras certas que um Judeu arrependido deve usar para expressar este arrependimento:

37b - Pecamos, perversamente procedemos e impiamente agimos (versículo 37).

Quando damos uma olhada no corredor da história de Israel, aqueles que verdadeiramente se arrependeram dos seus pecados e dos pecados da sua nação seguiram este padrão estabelecido por Salomão:

6 - Estejam, pois, atentos os teus ouvidos e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; também eu e a casa de meu pai temos pecado. 7 - De todo nos corrompemos contra ti, e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a Moisés, teu servo. (Neemias 1:6-7).

33 - Porém tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu tens agido fielmente, e nós temos agido impiamente. 34 - E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles. (Neemias 9:33-34).

5 - Pecamos, e cometemos iniquidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; (Daniel 9:5)

Alguém ousaria dizer que o “salmo” de Jonas é uma expressão de arrependimento? Ele fala dos Gentios como pecadores e de si mesmo (e, por conclusão, todos os Judeus) como justos (Jonas 2:8-9). De Jonas 1, isto é difícil de defender, Jonas, o profeta, está agindo como um pagão, enquanto os marinheiros pagãos estão reverenciando o Deus de Israel.

Alguns apontam as últimas palavras do pseudo-salmo de Jonas como uma última expressão de arrependimento:

9 – “Salvação é do Senhor” (versículo 9)

Eu acho que não, embora eu tenha somente recentemente chegado a esta conclusão. “Salvação é do Senhor”, é também uma citação dos Salmos. Considere a expressão mais completa desta declaração no Salmo 3:

6 - Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam. 7 - Levanta-te, SENHOR; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios. 8 - A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá.) (Salmos 3:6-8).

Observe especialmente as últimas palavras do versículo 8, as palavras que Jonas não incluiu, porém as quais creio ele sugeriu. Jonas queria que Deus salvasse Seu povo Israel e condenasse os Gentios ao inferno (como o versículo 4 deixa muito evidente) Suas palavras em Salmos 2 expressam alivio mais do que expressam louvor, elas focam mais em Jonas do que em Deus, e elas esperam pela libertação dos Judeus mais do que dos Gentios. Lembre que Jonas recebeu ordem para orar pelo povo de Nínive e ele recusou! Ele não queria estes Gentios ímpios salvos, somente os Judeus dignos.

Isto soa duro? É, e também é verdade. É sobre isto que o Livro todo de Jonas se refere. Jonas o rebelde, o profeta não arrependido, é o quadro da nação de Israel. Ele ilustra a recusa dos Judeus de ser a “luz para os Gentios”, tomarem as boas novas da graça de Deus para os infiéis. Os Judeus achavam que Deus os escolheu porque eles eram melhores, mais merecedores, e que Ele tinha rejeitado os Gentios, condenando-os para o inferno eternamente porque eles não eram merecedores das Suas bênçãos.

Se Jonas se arrependesse, ele teria dado a volta; ele mudaria o seu coração e suas ações, assim como a palavra arrependimento implica. Isto quer dizer que ele teria ido imediatamente para Nínive, para onde Deus tinha previamente o mandado ir. Ao invés, o capítulo 3 começa com a repetição desta ordem. Ele não vai para Nínive até Deus ordenar, novamente. E assim ele relutantemente vai para Nínive, onde ele proclama a mensagem que Deus deu para ele.3

Se você quiser ver arrependimento genuíno, não olhe para Jonas; olhe para os Ninivitas. O povo da cidade acreditou em Deus (versículo 5) e começou a jejuar. Até o gado foi incluído no jejum. O rei, da mesma forma, se arrependeu e jejuou, o que parece que ele fez sem ouvir pessoalmente a Jonas, porém por ter ouvido sua mensagem de segunda mão (veja versículo 6). O rei chamou ao jejum, e ele levou a nação ao arrependimento com certa sensação de confiança de que Deus era gracioso e que Ele deveria deixar a sua destruição se eles se arrependessem. Isto tem boa base bíblica:

5 - Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 6 - Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. 7 - No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, 8 - Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. (Jeremias 18:5-8).

12 - Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. 13 - E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal. 14 - Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o SENHOR vosso Deus? (Joel 2:12-4).

E assim Deus cedeu do mal que ele tinha ameaçado através de Jonas, e a cidade foi poupada (3:10). Isto é o que fez Jonas ficar chateado com Deus. Imagine isto, Jonas, o profeta, adverte os homens da ira justa de Deus contra os pecadores e este pecador Jonas está bravo com Deus e nem mesmo reluta em descarregar totalmente sua raiva em Deus. Não acho a graça de Deus para com os Ninivitas tão admirável como a Sua graça por Jonas. Ele deveria ser um pequeno montinho de cinzas humanas a estas alturas, e, entretanto aqui está ele, balançando seu punho na face de Deus. E Deus lhe diz tão gentilmente, “é razoável esta tua ira?” (4:4,10).

A oração de Jonas no capítulo 4 é absolutamente surpreendente. Ele protesta contra Deus na base da Sua graça, compaixão, benignidade, e se arrepender do mal (versículo 2). Este é o único lugar na Bíblia onde uma pessoa protesta contra Deus ao invés de louvá-Lo por estes atributos. Tais atributos são a essência da glória de Deus de acordo com Êxodo 34:6.Eles se tornam a base para a intercessão dos homens, pedindo perdão divino para os pecadores (Números 14:18). Eles são a base para o arrependimentos dos homens (Deuteronômio 4:31; Joel 2:12-14) e a razão pela qual Deus persevera com seu povo pescoço-duro (Neemias 9:17, 31). Eles são a base para os atos de salvação de Deus (Salmo 116:5) e perdão (Salmo 103:8-10). Eles são a motivação e a base para o louvor dos homens a Deus (Salmo 114:4; 145:8). Entretanto Jonas acha estes atributos repulsivos e repugnantes, a base para protestar com Deus.

À medida que a história se desenrola, finalmente achamos Jonas feliz. Apesar do fato de Deus ter perdoado os Ninivitas e cessado o dia da destruição, Jonas constrói uma pequena cabana fora da cidade, na esperança de que Deus ainda a destruiria, e ele teria o prazer de vê-la ir-se em fumaça. No calor intenso (com o qual Jonas não tinha razão para sofrer), Deus graciosamente dá a Jonas uma planta para provê-lo com sombra. E então Deus tirou a planta dali, o que fez Jonas mais bravo ainda. Deus pergunta a Jonas se estava certo para ele estar bravo em relação a planta. Jonas assegurou a Deus que ele tinha todo o direito.

Por um longo tempo eu pensei que o pecado de Jonas era aquele do egoísmo e preocupação com o seu próprio conforto. Finalmente, percebi o que penso ser a mensagem por trás deste livro. Jonas estava bravo com a graça de Deus. Ele estava bravo porque Deus mostrou graça para com os Ninivitas. Jonas estava feliz porque Deus mostrou graça para com ele na sombra da planta, porém ficou furioso quando Deus a tirou. Jonas não merecia aquela planta, e ele mais certamente não a adquiriu. Foi um presente da graça de Deus, e Deus poderia dá-la ou, ainda livremente, tirá-la.

Jonas queria as bênçãos de Deus. Ele esperava as bênçãos de Deus. E ele ficou bravo quando Deus tirou estas bênçãos dele ou as deu para outros. Jonas queria a graça de Deus, porém não como graça. Ele queria os benefícios e as bênçãos de Deus, mas como alguém que as merecia ao invés de um pecador indigno que não as merecia. Isto é o que enraiveceu Jonas sobre o lidar de Deus com os Ninivitas. Ele tinha de admitir que isto era graça, porém ele detestou a graça. A graça deixa humilde o recipiente das bênçãos de Deus. Graça indica o não merecimento do recipiente. Jonas queria ser abençoado, porém não no terreno da graça.

O problema de Jonas é precisamente aquele dos Judeus, ambos de quando em quando. Jonas foi auto justificado. Pessoas auto justificadas não querem confessar seus pecados e pedir pela graça de Deus. Eles pensam que são merecedoras das bênçãos de Deus, e eles se tornam bravos somente quando Deus não preenche todos os seus desejos. Jonas, como os israelitas dos seus dias, e como os Judeus dos dias de Jesus, eram pecadores auto justificados que esperavam as bênçãos de Deus como se eles merecessem, e eles ficavam bravos quando Deus mostrava graça para o indigno. Jonas, como muitos de quando em quando, detestavam a graça de Deus.

A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo

2 - E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. 3 - E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; 4 - E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. 5 - E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? 6 - Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. 7 - E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. 8 - E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. 9 - Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. 10 - E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 - E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (João 8:2-11).

Sabemos que quando nosso Senhor veio à terra, Ele era a personificação da graça e da verdade (João 1:14) Um incidente na vida e ministério de nosso Senhor fala muito sobre a graça que nosso Senhor mostrou aos homens. Enquanto Ele estava no templo ensinando, os escribas e Fariseus pensaram em embaraçá-Lo trazendo diante Dele uma mulher que tinha sido pega no ato de adultério4“no próprio ato” (versículo 4). Sendo auto justificados, estes hipócritas não estavam preocupados sobre a ira de Deus contra seus próprios pecados, porque eles olhavam para os outros – como esta mulher – como pecadores. Como Jesus mostrou tal compaixão com os pecadores e desde que Ele passou muito tempo com eles, os escribas e Fariseus pensaram em colocar Jesus numa situação impossível. Eles pensaram fazê-Lo ou olhar leve com o pecado ou tomar uma linha dura com o pecado e perder a moral com o povo colocando esta mulher para morrer.

Eles Lhe lembraram de que a Lei requeria que esta mulher morresse. Eles estavam certos, naturalmente, porém também requeria a morte do homem também (veja Levítico 20:10ss.; Deuteronômio 22:22ss.). Eles então pediram que Ele desse Sua opinião do que deveria ser feito com esta mulher. Jesus iria desafiar a Lei de Moisés?

Jesus estava mais interessado na hipocrisia dos escribas e Fariseus do que colocar esta mulher para morrer. Se pecadores eram para morrer (pois o salário do pecado é a morte – a alma que pecar deve morrer), então que os sem pecado atirem a primeira pedra. Ninguém teve a coragem de clamar estar sem pecado. Ninguém alegou ser justo o suficiente para pronunciar julgamento e começar a execução. Assim todos os acusadores desta mulher desapareceram um por um, do mais velho para o mais jovem.

Jesus então falou para a mulher, perguntando onde estavam os seus acusadores. Ela respondeu que ninguém ficou para acusá-la. Jesus então disse, “Nem eu te condeno, vá, e não peques mais”.

Está claro destas palavras que ela tinha pecado. Porque então o nosso Senhor não a condenou? Somente Ele estava “sem pecado”. Somente Ele poderia ter atirado a primeira pedra. Ao invés, Ele falou para ela que Ele não a condenava e que era para ela ir seu caminho, porém para não continuar sua vida de pecado.

Porque o Senhor Jesus podia fazer e dizer tais coisas? Porque Jesus não obedeceu a Lei atirando a pedra nesta mulher? A razão é simples e pode ser resumida em apenas uma palavra: graça. O propósito de Jesus em Sua primeira vinda não era condenação, porém salvação. Ele veio procurar e salvar os perdidos. Ele podia corretamente recusar atirar a pedra nesta mulher, não porque a Lei estivesse errada, porém porque Seu propósito ao vir era sofrer a sentença de morte Ele mesmo. Ele veio para morrer pelos pecados daquela mulher, e então Ele não iria mais certamente lançar a pedra nela. Ele não estava minimizando o pecado dela, ou suas consequências, porém ao invés Ele estava antecipando aquele dia quando Ele iria suportar a punição pelos pecados na cruz do Calvário. Isto, meu amigo, é a graça de Deus, a graça a qual nosso Senhor veio prover através da Sua morte substitutiva no lugar dos pecadores.

Conclusão

Não há palavra mais doce aos ouvidos dos pecadores do que a palavra graça. E não há nada mais repulsivo para o auto justificado do que a palavra graça, pois o auto justificado nega seus pecados e busca as bênçãos de Deus como se as merecesse.

Você já pensou alguma vez ser tão pecador para Deus salvar? Então graça é a boa nova que Deus tem para você. Sua salvação não é baseada em quão bom você é, e sua salvação não é proibida por quão pecador você tenha sido.

Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, e o apóstolo Paulo nos diz que ele ganha o primeiro lugar por ser o “principal dos pecadores” (I Timóteo 1:15). Você deve ficar na fila atrás de Paulo (e de mim) se você quer pensar em si mesmo como muito pecador. Você nunca é tão pecador para ser salvo, somente quando muito bom, muito auto justificado. Em nenhum lugar a graça é mais eloquente, mais gloriosa, mais preciosa, do que quando ela fica em contraste com o pecado – nosso pecado.

Antes de nos tornarmos muito convencidos em nossa condenação de homens como Jonas, deixe-me perguntar se você já esteve bravo alguma vez com Deus. Eu me arrisco a dizer que você já esteve, se você reconhece e admite ou não. E porque você ficou bravo com Deus? Porque você sentiu que Deus não deu o que você merece. Você estava bravo porque Deus não estava lidando com você na base de algo outro do que a graça. Graça não está obrigada a dar ao indigno pecador coisa nenhuma. E o indigno pecador não tem terreno para protestar se Deus retém a Sua graça, pois não era alguma coisa que ele ganhou ou mereceu de qualquer forma.

Graça é uma nova tão maravilhosa, como uma oferta gloriosa, para aqueles que são pecadores, porque eles sabem que merecem nada mais do que a ira de Deus. Graça é somente repulsiva para o auto justificado. Graça é  também a base para a humildade. Graça declara que todos os homens são iguais em sua condição perdida. “Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Todos são merecedores de sofrerem eternamente no inferno. Cada pecador está perdido e amaldiçoado fora da graça de Deus. Graça não somente declara todos estarem igualmente perdidos, graça declara que todos que são salvos são iguais também. Não somos salvos porque boas obras, por nossos esforços ou méritos. Somos salvos pela obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário, pela Sua morte substitutiva em nosso lugar, e Sua ressurreição e ascensão para a mão direita do Pai. Graça coloca todos os homens no nível do chão. Não há lugar para vanglória com referência à graça, exceto vangloriar no Único que tem sido gracioso conosco.

Graça é a regra de vida, e é também o tema dominante de nossas vidas onde vivemos neste mundo e servimos a Deus na Sua igreja. É para mostrarmos graça para os outros, assim como Deus tem sido gracioso para conosco. Graça está também debaixo de ataque daqueles como Jonas e os Judeus líderes religiosos dos tempos do Novo Testamento. Sempre devemos estar em guarda contra aqueles que solapam a graça.

De todas as verdades as quais deveriam mexer com a sua alma, incentivar seu louvor e serviço, e produzir humildade e gratidão, está a verdade de que Deus é um Deus de graça, e que a graça se manifestou na pessoa de Jesus Cristo. Se você for receber a graça de Deus, você deve fazê-lo aceitando o presente gracioso da salvação que Deus proveu em e através de Cristo. Que os nossos corações e mentes sejam continuamente impactados pela “maravilhosa graça de Jesus”.

Citações Citáveis

Em Deus misericórdia e graça são uma; porém assim que elas nos alcançam elas parecem como duas, relacionadas, porém não idênticas.

Assim como misericórdia é a bondade de Deus confrontando a miséria humana e culpa, assim a graça é Sua bondade dirigida ao débito e demérito humanos. É pela Sua graça que Deus atribui mérito onde não existia nenhum previamente e declara nenhum débito estar onde um tinha estado antes.

Graça é o bom prazer de Deus que Se inclina para outorgar benefícios sobre o não merecedor. É um princípio auto existente inerente à natureza divina e que aparece a nós como uma tendência auto causada para apiedar-se do desprezível, poupar o culpado, dar boas vindas ao desterrado, e favorecer aqueles que estavam antes em desaprovação. Seu uso para nós homens pecadores é nos salvar e fazer-nos sentar junto nos lugares celestiais para demonstrar para os tempos a excedente riqueza da bondade de Deus para nós  em Cristo Jesus.5

É o eterno e absoluto favor livre de Deus, manifestado na outorga das bênçãos espirituais e eternas ao culpado e ao indigno.6

Graça é a provisão para os homens que são tão decaídos que não podem levantar o machado da justiça, tão corruptos que não podem mudar suas próprias naturezas, tão avessos a Deus que não podem se voltar para Ele, tão cegos que não podem vê-Lo, tão surdos que não podem ouvi-Lo, e tão mortos que Ele mesmo deve abrir seus túmulos a levantá-los na ressurreição.7

Desde que a humanidade foi banida do Jardim ao leste, ninguém retornou jamais para o divino favor exceto através da completa bondade de Deus. E onde quer que a graça achasse qualquer homem sempre foi por Jesus Cristo. Graça na verdade veio por Jesus Cristo, porém ela não esperou pelo Seu nascimento na manjedoura ou Sua morte na cruz antes de se tornar atuante.

Cristo é o Cordeiro morto desde a fundação do mundo. O primeiro homem na história humana a ser restabelecido na companhia de Deus veio através da fé em Cristo. Nos velhos tempos os homens olhavam adiante para a obra redentora de Cristo; nos últimos tempos eles olhavam para trás para ela, porém sempre eles chegaram e chegam pela graça, através da fé.8

Porém nada aborrece mais o homem natural e trás à superfície sua inimizade inata e inveterada contra Deus do que pressionar nele a eternidade, liberdade, e a absoluta soberania da graça Divina. Que Deus deva ter formado Seu propósito do eterno, sem consultar a criatura, é muito humilhante para o coração não quebrantado. Esta graça não pode ser adquirida ou ganha por qualquer esforço do homem. E esta graça única que apraz ser seu objetivo preferido, levanta protesto dos rebeldes arrogantes.9

Traduzido por Césio J. de Moura


1 De fato, um leitor de www.bible.org comentou, “Se fosse graça bíblica o guarda não pagaria pelo café, ele pagaria a multa que era requerida por lei, assim como Jesus fez”.

2 Outros textos do Velho Testamento os quais são produtivos para um estudo da graça de Deus são Gênesis 6:8; Deuteronômio 8:11-20; Neemias 9 (todo); Salmo 6:1-3; 103:6-18; Isaías 30:15-18; Joel 2:11-17; Zacarias 12:10 – 13:1.

3 Eu duvido muito que ele tenha feito com zelo ou com alegria. Ele provavelmente fez um trabalho tão mal quanto possível, alcançando apenas o requerimento mínimo de obediência. Posso dizer isto com segurança baseado no capítulo 4.

4 Que interessante que o homem não foi trazido à frente. Seguramente eles sabiam quem era o homem se ela foi pega no “próprio ato”. Que hipocrisia!

5 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy, p. 100.

6 Abraham Booth, The Reign of Grace (as cited by Pink, The Attributes of God, p. 60.).

7 G. S. Bishop, as cited by Pink, Attributes, p. 64.

8 Tozer, Knowledge of the Holy, p. 102.

9 Pink, Attributes of God, p. 61.

11. A Proximidade De Deus (Êxodo 33:1-16; 34:8-10; Deuteronômio 4:1-7)

Introdução

É interessante que um número de livros escritos sobre os atributos de Deus têm pouco se tiver algo para dizer no assunto da onipresença de Deus. A. W. Tozer comenta sobre a onipresença de Deus:

Poucas outras verdades são ensinadas nas Escrituras com tanta clareza como a da divina onipresença. Aquelas passagens atestando esta verdade são tão claras que necessitaria esforço considerável para não entendê-las. Elas declaram que Deus é onipresente em Sua criação, que não há lugar no céu ou na terra ou inferno onde os homens possam se esconder da Sua presença. Elas ensinam que Deus é ao mesmo tempo muito longe e perto, e que Nele os homens se movem e vivem e tem o seu ser.1

O que os Cristãos que creem na Bíblia desafiariam a verdade de que Deus é onipresente? E, entretanto temo que enquanto acreditamos ser esta doutrina verdadeira nas Escrituras, não sentimos ela ser verdade na vida, uma verdade que se aplica no modo que vivemos. Porém ela afeta nossas vidas diariamente! Tenho abordado o assunto da onipresença de Deus como “A Proximidade de Deus”, pois como cedo descobriremos a proximidade de Deus é uma das aspirações mais altas dos Cristãos – o maior bem. Esta verdade impacta grandemente nossas atitudes e ações. Considere então a proximidade de Deus, a constante presença de Deus em nossas vidas.

A Queda do Homem: Proximidade Perdida (Gênesis 3:6-10)

6 - E viu a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento; tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela. 7 - Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais. 8 - E ouviram a voz do SENHOR Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e esconderam-se Adão e sua mulher da presença do SENHOR Deus, entre as árvores do jardim. 9 - E chamou o SENHOR Deus a Adão, e disse-lhe: Onde estás? 10 - E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me. (Gênesis 3:6-10).

Parece que antes da queda de Adão e Eva estes dois eram privilegiados de gozar da companhia e comunhão íntima com Deus. Do versículo 8, podemos inferir que Deus diariamente andava no jardim pela viração do dia, e que Adão e Eva gozavam este tempo com Ele. Porém quando eles escolheram confiar no diabo ao invés de Deus e desobedecer à ordem de Deus, eles pecaram. Este pecado levou-os a fugirem de Deus com medo. Eles se esconderam Dele. Pecado resulta em separação de Deus:

1 - EIS que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. 2 - Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça. (Isaías 59:1-2).

O restante da Bíblia é sobre o plano e propósito de Deus para lidar com o pecado do homem e assim poder de novo gozar a companhia de Deus em Sua presença. Em Gênesis 3:15, a primeira promessa de salvação é registrada na Bíblia:

15 - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar. (Gênesis 3:15).

O restante da Bíblia é a história de como Deus cumpre esta promessa de salvação de forma que o homem pecador possa de novo se aproximar de um Deus santo.

O Êxodo e a Proximidade de Deus2

O êxodo não foi somente um tempo quando Deus livrou os Israelitas cativos da escravidão no Egito. Foi um tempo quando Deus se colocou a parte de todos os outros “deuses” (especialmente os deuses do Egito) e quando Ele colocou a parte os Israelitas dos Egípcios (Êxodo 9:4-6; 11:7). Deus separou Seu povo de Israel dos Egípcios pelas pragas, porém mais significativamente, Ele distinguiu Israel pela Sua presença:

15 - Então lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui. 16 - Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra? (Êxodo 33:15-16).

7 - Pois, que nação há tão grande, que tenha deuses tão chegados como o SENHOR nosso Deus, todas as vezes que o invocamos?(Deuteronômio 4:7).

E assim foi que Deus podia estar perto do Seu povo Israel. O grande dilema era que os Israelitas eram um povo teimoso e pecador. Sua presença como Deus santo provaria ser perigosa porque Sua santidade requeria Dele lidar com o pecado:

1 - DISSE mais o SENHOR a Moisés: Vai, sobe daqui, tu e o povo que fizeste subir da terra do Egito, à terra que jurei a Abraão, a Isaque, e a Jacó, dizendo: À tua descendência a darei. 2 - E enviarei um anjo adiante de ti, e lançarei fora os cananeus, e os amorreus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus, e os jebuseus, 3 - A uma terra que mana leite e mel; porque eu não subirei no meio de ti, porquanto és povo de dura cerviz, para que te não consuma eu no caminho. 4 - E, ouvindo o povo esta má notícia, pranteou-se e ninguém pôs sobre si os seus atavios. 5 - Porquanto o SENHOR tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento subir no meio de ti, te consumirei; porém agora tira os teus atavios, para que eu saiba o que te hei de fazer. (Êxodo 33:1-5).

Deus prometeu ver que Israel tomasse posse da terra prometida de Canaã, porém Ele declinou de prometer que estaria presente entre o Seu povo. Este povo pecador simplesmente não poderia sobreviver na presença de um Deus santo. Moisés, contudo, não estabeleceria nada menos do que Deus morar no meio do Seu povo. Isto distinguiu Israel das outras nações.3 Note como Moisés pleiteia com Deus, recusando a promessa pessoal de Deus com ele, e pressionando pela presença de Deus entre o Seu povo, Israel:

13 - Agora, pois, se tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que me faças saber o teu caminho, e conhecer-te-ei, para que ache graça aos teus olhos; e considera que esta nação é o teu povo. 14 - Disse pois: Irá a minha presença contigo para te fazer descansar. 15 - Então lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui. 16 - Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos teus olhos, eu e o teu povo? Acaso não é por andares tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra? (Exodo 33:13-16).

Se o problema da presença de Deus estava fixado na natureza pecadora dos Israelitas, a solução foi achada no caráter de Deus. Deus não é somente santo, Ele é também gracioso e perdoador. Eis aqui a chave que Moisés estava procurando, e Deus a reteve perante Ele como Ele manifestou Sua gloria para ele na montanha:

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR. 6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; 7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. 8 - E Moisés apressou-se, e inclinou a cabeça à terra, adorou, 9 - E disse: Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, vá agora o Senhor no meio de nós; porque este é povo de dura cerviz; porém perdoa a nossa iniquidade e o nosso pecado, e toma-nos por tua herança. (Êxodo 34:5-9)

Existe somente um caminho possível para uma pessoa pecadora permanecer na presença de Deus, e este é através da graça. Deus pode permanecer no meio de um povo pecador porque Ele é um Deus que perdoa o pecado. Ainda não foi esclarecido exatamente como este perdão seria realizado, porém a aliança Mosaica deu uma ideia. (veja Colossenses 2:16-17) A Lei de Moisés definiu o que agradava e desagradava a Deus, o que era puro ou impuro (ou corrompido) para a nação. Evitar corrupção era impossível, porém a Lei também fez provisão para a transgressão da Lei pelo homem. A aliança Mosaica introduziu o Tabernáculo e o sistema sacrificial, onde Deus podia permanecer no meio de um povo pecador sendo separado pelas barreiras do Tabernáculo. Somente certos Israelitas (os sacerdotes Levíticos) podiam ficar próximos de Deus através da realização dos ritos religiosos e rituais da nação.

A presença de Deus se manifestou no santo dos santos, onde o olhar dos homens era evitado para que não morressem. E os homens foram informados que somente pelo derramamento de sangue eles poderiam se aproximar do seu Deus em adoração. Todo este sistema prenunciou a vinda do Messias, o “Cordeiro de Deus”, que suportaria os pecados do mundo e cujo sangue derramado limparia os homens dos seus pecados.

A Proximidade de Deus nos Salmos e nos Profetas

Apesar da distância que os Israelitas deviam manter do seu Deus debaixo da Lei, o povo de Deus olhava para frente para um dia futuro quando eles entrariam numa íntima comunhão com Deus. Isto foi simbolicamente representado por uma refeição, primeiro antecipa no Êxodo, e depois frequentemente referido no Salmos:

9 - E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. 10 - E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. 11 - Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam. (Êxodo 24:9-11).

5 - Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. 6 - Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do SENHOR por longos dias. (Salmo 23:5-6)

4 - Uma coisa pedi ao SENHOR, e a buscarei: que possa morar na casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR, e inquirir no seu templo. (Salmo 27:4).

Seria errado concluir que gozar da presença de Deus seria apenas uma futura esperança para o santo do Velho Testamento. O Salmo 73 fala da presença de Deus no meio da aflição. Asafe, após uma considerável agonia sobre a prosperidade do ímpio e o sofrimento dos santos (ou assim ele suponha), chegou a entender que a última bênção na vida não é a prosperidade ou a ausência de dor, porém a presença de Deus, mesmo se isto se torna real para nós na pobreza ou na dor:

25 - Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti. 26 - A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração, e a minha porção para sempre. 27 - Pois eis que os que se alongam de ti, perecerão; tu tens destruído todos aqueles que se desviam de ti. 28 - Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; pus a minha confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as tuas obras. (Salmo 73:25-28).

O Salmo 139 é a expressão de Davi do seu gozo na presença de Deus na sua vida. É um dos grandes salmos do saltério e um no qual achamos conforto também:

1 - SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. 2 - Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. 3 - Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. 4 - Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces. 5 - Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. 6 - Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. 7 - Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? 8 - Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. 9 - Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, 10 - Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá. 11 - Se disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então a noite será luz à roda de mim. 12 - Nem ainda as trevas me encobrem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa; 13 - Pois possuíste os meus rins; cobriste-me no ventre de minha mãe. 14 - Eu te louvarei, porque de um modo assombroso, e tão maravilhoso fui feito; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem. 15 - Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui feito, e entretecido nas profundezas da terra. 16 - Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe; e no teu livro todas estas coisas foram escritas; as quais em continuação foram formadas, quando nem ainda uma delas havia. 17 - E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grandes são as somas deles! 18 - Se as contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo ainda estou contigo. 19 - Ó Deus, tu matarás decerto o ímpio; apartai-vos portanto de mim, homens de sangue. 20 - Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão. 21 - Não odeio eu, ó SENHOR, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? 22 - Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos. 23 - Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. 24 - E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.

Os profetas falaram do tempo quando Deus iria ficar próximo do Seu povo para salvá-lo dos seus pecados e para morar com ele em íntima companhia. Os profetas expuseram a hipocrisia daqueles Israelitas que fingiam estar próximos de Deus porém seus corações estavam distantes:

13 - Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído; (Isaías 29:13).

Mera justiça cerimonial não era suficiente. Os homens não experimentariam a proximidade de Deus até entenderem a verdadeira religião. A verdadeira religião era possuir e praticar o caráter de Deus, viver o caráter de Deus na nossa conduta, ao invés do que repetitivamente realizar rituais ou fazer profissões sem sentido:

1 - CLAMA em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó os seus pecados. 2 - Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em saber os meus caminhos, como um povo que pratica justiça, e não deixa o direito do seu Deus; perguntam-me pelos direitos da justiça, e têm prazer em se chegarem a Deus, 3 - Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio contentamento, e requereis todo o vosso trabalho. 4 - Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. 5 - Seria este o jejum que eu escolheria, que o homem um dia aflija a sua alma, que incline a sua cabeça como o junco, e estenda debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aprazível ao SENHOR? 6 - Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? 7 - Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne? 8 - Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda. 9 - Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniquamente; 10 - E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. 11 - E o SENHOR te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam. 12 - E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar. (Isaías 58:1-12)

Os profetas advertiram que se o povo de Deus não se arrependesse, professasse e praticasse verdadeira justiça, então eles iriam ver Deus ficando perto para julgar ao invés de ficar perto para salvar:

5 - E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o diarista em seu salário, e a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o SENHOR dos Exércitos. (Malaquias 3:5).

Deus está sempre perto no sentido de que Ele vê e ouve o que os homens estão fazendo, e Ele lida com os homens de acordo:

23 - Porventura sou eu Deus de perto, diz o SENHOR, e não também Deus de longe? 24 - Esconder-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Porventura não encho eu os céus e a terra? diz o SENHOR. 25 - Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. 26 - Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração? 27 - Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. (Jeremias 23:23-27).

Aqueles que não “ficassem perto” de Deus pela fé seriam condenados:

2 - Não obedeceu à sua voz, não aceitou o castigo; não confiou no SENHOR; nem se aproximou do seu Deus. (Sofonias 3:2).

Àqueles que se arrependessem e confiassem na vinda do Messias de Deus foi prometido um Deus que estaria perto, vivendo no meio da Nova Jerusalém:

35 - Dezoito mil canas por medida terá ao redor; e o nome da cidade desde aquele dia será: O SENHOR ESTÁ ALI. (Ezequiel 48:35).

A Proximidade de Deus nos Evangelhos

Deus ficou perto dos homens na encarnação. Nosso Senhor ficou perto para salvar Seu povo na pessoa do Senhor Jesus Cristo. Em cumprimento da profecia de Isaías 7:14, Seu nome será Emanuel, significando “Deus conosco” (Mateus 1:23). Os escritores do Novo Testamento deixaram claro que Jesus era Deus trazido perto para salvar (Veja Mateus 1:23; João 1:1-18; I João 1:1-3; 4:12-13; Hebreus 1:1-3; 2:1-4). Havia aqueles que vinham para Jesus como o Salvador, porém aqueles que O rejeitaram como seu Messias não o queriam por perto (veja Marcos 5:17; Lucas 4:28-29).Na cruz do Calvário, as multidões gritaram, “Fora com Ele” Eles estavam preferindo mais um assassino do que o Príncipe da Vida (Lucas 23:18).

A Proximidade de Deus nas Epístolas

É o escritor aos Hebreus que fala muito da superioridade da obra de Cristo em relação aos sacrifícios do Velho Testamento. O sistema do Velho Testamento não podia remover o pecado do homem, tornando-o apto a entrar na presença de um Deus santo. É o sangue derramado de Jesus Cristo que provê o perdão de pecados e possibilita alguém entrar na presença de Deus com confiança:

16 - Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno. (Hebreus 4:16).

19 - (Pois a lei nenhuma coisa aperfeiçoou) e desta sorte é introduzida uma melhor esperança, pela qual chegamos a Deus. (Hebreus 7:19).

25 - Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles. (Hebreus 7:25).

1 - PORQUE tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. (Hebreus 10:1).

19 - Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, 20 - Pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, 21 - E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, 22 - Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, (Hebreus 10:19-22).

Não somente o sangue de Cristo corrige o problema do pecado do homem, permitindo os homens “ficar perto” de Deus, ele também corrige a dificuldade de relacionamento dos homens com os homens, removendo de uma vez por todas as barreiras entre aqueles que são amigos-santos:

11 - Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne, e chamados incircuncisão pelos que na carne se chamam circuncisão feita pela mão dos homens; 12 - Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. 13 - Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. 14 - Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, 15 - Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, 16 - E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. 17 - E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam perto; 18 - Porque por ele ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. 19 - Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; 20 - Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; 21 - No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. 22 - No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito. (Efésios 2:11-22).

O céu não é tanto um lugar onde os santos se entregam nas bênçãos de Deus como é o lugar onde os santos gozam da presença de Deus:

16 - Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. 17 - Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. 18 - Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. (I Tessalonicenses 4:16-18).

2 - E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. 3 - E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. (Apocalipse 21:2-3).

3 - E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. 4 - E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome. 5 - E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre. (Apocalipse 22:3-5)

Inferno, por outro lado, é o lugar onde os homens estarão eternamente separados da presença de Deus: 10 - Entra nas rochas, e esconde-te no pó, do terror do SENHOR e da glória da sua majestade. (Isaías 2:10).

19 - Então os homens entrarão nas cavernas das rochas, e nas covas da terra, do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para assombrar a terra. 20 - Naquele dia o homem lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que fizeram para diante deles se prostrarem. 21 - E entrarão nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por causa do terror do SENHOR, e da glória da sua majestade, quando ele se levantar para abalar terrivelmente a terra. (Isaías 2:19-21).

9 - Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, (II Tessalonicenses 1:9).

15 - E os reis da terra, e os grandes, e os ricos, e os tribunos, e os poderosos, e todo o servo, e todo o livre, se esconderam nas cavernas e nas rochas das montanhas; 16 - E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro; 17 - Porque é vindo o grande dia da sua ira; e quem poderá subsistir? (Apocalipse 6:15-17).

11 - E vi um grande trono branco, e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu; e não se achou lugar para eles. 12 - E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 - E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 - E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 - E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. (Apocalipse 20:11-15).

Princípios Referentes À Onipresença

Não como um estudo exaustivo da doutrina da onipresença divina, podemos sumarizar um número de princípios ensinados nas Escrituras nesta importante e confortante doutrina.

(1) Deus é onipresente na Sua criação, porque Ele está sempre consciente de tudo o que está acontecendo em qualquer lugar. Ele está constantemente ciente da injustiça, do pecado, da fidelidade. Seus olhos estão sempre vendo; Seus ouvidos (falando antropomorficamente – falando de Deus em termos humanos) estão sempre atentos aos clamores dos homens, especialmente dos oprimidos e penitentes (II Crônicas 16:9; Salmo 34:15; Provérbios 5:21; 15:3; Amós 9:8; Zacarias 4:10; I Pedro 3:12).

(2) Deus soberanamente escolhe alguns para a salvação eterna, aos quais traz mais próximos do que outros, e assim distingue os Cristãos dos incrédulos (Números 16:5; Salmo 65:4; Êxodo 33:16; Deuteronômio 4:7; Provérbios 18:24).

(3) A presença de Deus não é somente entre o Seu povo porém é agora no Seu povo, através do ministério do Espírito Santo (Salmo 51:11; 139:7; João 14:17-18, 23; 16:7-15). Frequentemente eu imaginava como Jesus podia dizer aos Seus discípulos que seria melhor para Ele deixa-los (João 16:7) Finalmente estou começando a entender o porquê.

Enquanto na terra no Seu corpo físico, nosso Senhor estava presente entre o Seu povo, especialmente os discípulos. Porém quando o Senhor subiu ao céu, Ele enviou Seu Santo Espírito para morar no Seu povo, assim que Ele é sempre presente com cada crente, não importa onde ela ou ele possa estar. É o Santo Espírito de Deus que traz a presença de Deus no Seu povo.

(4) Deus está presente conosco através da Sua Palavra.

14 - Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. (Deuteronômio 30:14).

151 - Tu estás perto, ó SENHOR, e todos os teus mandamentos são a verdade. (Salmo 119:151).

(5) Deus está sempre presente com os que Ele escolheu (Salmo 139:7-12). Não te deixarei, nem te desampararei. (Hebreus 13:5b).

(6) Deus está especialmente próximo de nós em alguns momentos. Ele está sempre próximo de nós em “tempos de necessidade” (Hebreus 4:16).4 Ele está próximo quando confessamos e abandonamos nossos pecados (Salmo 76:7; Isaías 59:2; II Coríntios 6:16-18) Ele está próximo do quebrantado de coração (Salmo 34:18; compare Mateus 5:3ss.; II Coríntios 7:6). Ele está conosco (mesmo 2 ou 3 de nós) quando estamos reunidos em Seu nome (Mateus 18:20). Ele está conosco quando cumprimos a Grande Comissão (Mateus 28:18-20). Ele está conosco quando estamos sendo disciplinados por Ele como um Pai amoroso (veja Hebreus 12:3-13). Ele está próximo quando clamamos a Ele em verdade (Salmo 145:18). Ele está perto quando O tratamos como santo (Levítico 10:3). Ele está perto de nós quando nos “chegamos próximo” a Ele (Tiago 4:8).

Conclusão:
As implicações Práticas da Proximidade de Deus

Nosso estudo nos leva a ponderar várias áreas de aplicação. Primeiro, gostaria de perguntar uma questão que estimulo você responder honestamente e seu próprio coração e alma: Você crê que a proximidade de Deus é o seu melhor bem? Se não, você está perseguindo um objetivo menor do que o melhor.

Moisés era um homem que tinha a mais íntima comunhão com Deus de todos os Israelitas (veja Êxodo 33:11), e ainda assim ele não estava contente com isto. Ele queria conhecer a Deus ainda mais intimamente, estar mesmo mais perto Dele (veja Êxodo 33:17-18). Vamos examinar nossos corações para ver se desejamos estar perto Dele. Se nosso desejo de estar perto Dele está faltando, não é de admirar que não tenhamos grande anseio pelo céu. Se não desejamos a proximidade de Deus, nossos desejos estão distorcidos na melhor das hipóteses e provavelmente são destrutivos.

Segundo, deixe-me fazer outra pergunta: Supondo que você deseja ter a espécie de proximidade de Deus da qual a Bíblia fala, você realmente sente a proximidade de Deus? Se não, o problema é realmente muito simples – pecado. O pecado separa os homens de Deus. Pode ser que você não goze o sentimento da proximidade de Deus porque você é um pecador perdido, condenado para a eterna separação de Deus, fora da Sua graça. Em Jesus Cristo, Deus se aproxima dos homens para Se revelar e para prover um caminho pelo qual o problema do pecado possa ser remediado e comunhão entre os homens e Deus possa ser restaurada. Ele, o filho de Deus sem pecado, suporta a pena pelo pecado, a pena pelo seu pecado. Recebendo o presente do perdão de Deus e a vida eterna em Cristo, você pode se tornar um filho de Deus e gozar por toda a eternidade a benção de estar perto do coração de Deus.

Se você é um crente genuíno em Jesus Cristo e ainda assim não sente a “proximidade de Deus” seu problema está enraizado no pecado também. A solução deste dilema é simples: arrependimento.

Estas palavras, escritas para a igreja complacente e sem amor de Laodicéia, expressa o convite que nosso Senhor oferece para todos aqueles que confiaram Nele e cresceram frios, cresceram em separado. Estas palavras são a oferta de comunhão íntima – proximidade de Deus – para todos os que se arrependerem e retornarem a Cristo como seu primeiro amor:

14 - E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 - Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! 16 - Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. 17 - Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; 18 - Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. 19 - Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. 20 - Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. 21 - Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono. 22 - Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. (Apocalipse 3:14-22).

Através dos anos, tenho observado que muitos Cristãos tem aceitado um conjunto de falsos padrões para determinar a presença de Deus em suas vidas. Muitos pregadores de televisão (e outros) ensinam que o teste de espiritualidade e presença de Deus em sua vida é saúde, riqueza, e sucesso na vida. Nosso estudo deve ter indicado ao contrário. Deus está próximo do quebrantado de coração, não necessariamente próximo do povo bonito cujas vidas parecem tão “abençoadas”.

Tenho me lembrado das histórias de Moisés e Elias, cujas experiências eu nunca realmente comparei. Creio que há uma lição para nós aprendermos com Elias após ele escapar de Jezabel e procurado achar a Deus e ser reassegurado da Sua presença no monte Horebe, onde Moisés teve um dramático encontro com Deus:

2 - Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias, a dizer-lhe: Assim me façam os deuses, e outro tanto, se de certo amanhã a estas horas não puser a tua vida como a de um deles. 3 - O que vendo ele, se levantou e, para escapar com vida, se foi, e chegando a Berseba, que é de Judá, deixou ali o seu servo. 4 - Ele, porém, foi ao deserto, caminho de um dia, e foi sentar-se debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Já basta, ó SENHOR; toma agora a minha vida, pois não sou melhor do que meus pais. 5 - E deitou-se, e dormiu debaixo do zimbro; e eis que então um anjo o tocou, e lhe disse: Levanta-te, come. 6 - E olhou, e eis que à sua cabeceira estava um pão cozido sobre as brasas, e uma botija de água; e comeu, e bebeu, e tornou a deitar-se. 7 - E o anjo do SENHOR tornou segunda vez, e o tocou, e disse: Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho. 8 - Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus. 9 - E ali entrou numa caverna e passou ali a noite; e eis que a palavra do SENHOR veio a ele, e lhe disse: Que fazes aqui Elias? 10 - E ele disse: Tenho sido muito zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem. 11 - E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; 12 - E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. 13 - E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? 14 - E ele disse: Eu tenho sido em extremo zeloso pelo SENHOR Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e só eu fiquei; e buscam a minha vida para ma tirarem. (I Reis 19:2-14)

Elias tinha sido instruído por Deus para simplesmente informar o rei que a seca iria acabar logo porque estava para chover (I Reis 18:1). Elias parece ter pensado na grande confrontação no Monte Carmelo por ele mesmo.

Foi uma dramática demonstração de poder e presença de Deus, porém falhou completamente em trazer a nação de Israel ao arrependimento. Elias estava devastado. Ele queria morrer. Ele não era melhor do que o seus pais, os profetas que foram antes dele.

Falei deste texto várias vezes, porém de certa forma sempre passei por cima do fato claramente declarado de que Elias chegou no Monte Horebe, o “monte de Deus” (I Reis 19:8) Com a força do alimento o qual o anjo do Senhor proveu (19:5-8), Elias rumou para o Monte Horebe. Elias queria uma repetição dos eventos de Êxodo 19:16-20? Parece que sim:

16 - E aconteceu que, ao terceiro dia, ao amanhecer, houve trovões e relâmpagos sobre o monte, e uma espessa nuvem, e um sonido de buzina mui forte, de maneira que estremeceu todo o povo que estava no arraial. 17 - E Moisés levou o povo fora do arraial ao encontro de Deus; e puseram-se ao pé do monte. 18 - E todo o monte Sinai fumegava, porque o SENHOR descera sobre ele em fogo; e a sua fumaça subiu como fumaça de uma fornalha, e todo o monte tremia grandemente. 19 - E o sonido da buzina ia crescendo cada vez mais; Moisés falava, e Deus lhe respondia em voz alta. 20 - E, descendo o SENHOR sobre o monte Sinai, sobre o cume do monte, chamou o SENHOR a Moisés ao cume do monte; e Moisés subiu. (Êxodo 19:16-20).

Moisés e os Israelitas tiveram uma visão espetacular da Glória de Deus quando Ele manifestou a Sua glória do topo da montanha santa. Parece que Elias queria reproduzir esta experiência para seu próprio reconforto:

11 - E Deus lhe disse: Sai para fora, e põe-te neste monte perante o SENHOR. E eis que passava o SENHOR, como também um grande e forte vento que fendia os montes e quebrava as penhas diante do SENHOR; porém o SENHOR não estava no vento; e depois do vento um terremoto; também o SENHOR não estava no terremoto; 12 - E depois do terremoto um fogo; porém também o SENHOR não estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada. 13 - E sucedeu que, ouvindo-a Elias, envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora, e pôs-se à entrada da caverna; e eis que veio a ele uma voz, que dizia: Que fazes aqui, Elias? (I Reis 19:11-13)

Creio que Elias pensou que se ele pudesse ir para aquela montanha santa e reproduzisse a experiência de Moisés ele seria inundado pela presença do Senhor de uma forma espetacular. Porém mesmo que Elias tenha visto as mesmas coisas que Moisés viu, Deus não estava em nenhum destes dramáticos eventos. A presença de Deus se revelou numa pequena, calma voz. Ocasionalmente, Deus pode se revelar para nós como ele fez para Moisés, porém mais frequentemente Ele se mostrará para nós como Ele fez para Davi (em Salmo 119) e Asafe (em Salmo 73). Ele se revelará para nós nos tempos de dificuldades de nossas vidas e em formas que nos não iriamos antecipar necessariamente. Aprendamos a nos regozijarmos na presença de Deus nas pequenas formas as quais não parecem dramáticas e excitantes como podemos querer.

Finalmente, a (oni) presença de Deus deveria nos inspirar a “praticar a presença de Deus”. Devo admitir que embora tivesse ouvido esta expressão frequentemente, porém nunca tinha verdadeiramente apreendido o que significa “praticar a presença de Deus”. Como entendo agora os ensinos de Paulo neste assunto, praticando a presença de Deus é viver cada dia como se Deus estivesse presente – o que Ele está! A vida de Paulo foi vivida diante de Des e constantemente vista como sendo testemunhada pelo nosso Senhor (para não mencionar outros). Vamos lembrar que nossa conduta, nosso testemunho, nosso serviço, é sempre conduzido diante Dele que está sempre presente (Veja Jeremias 17:16; João 1:48; II Coríntios 2:17; 4:2; 7:12; 8:21; 12:19).

E vamos olhar para frente para aquele dia quando nosso Senhor retornará para esta terra para derrotar e destruir Seus inimigos e deixar-nos viver para sempre na presença de Deus, como agora nós dizemos continuamente,

28 - Mas para mim, bom é aproximar-me de Deus; (Salmo 73:28 a).

Traduzido por Césio J. de Moura.


1 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (San Francisco: Harper and Row, Publishers, 1961), p. 80.

2 See especially Exodus 3:5, 12, 17:7; 19:22; 24:2; 33:1-16; 34:8-17; Numbers 1:51; 3:10, 38; 17:13; 18:3-4; Deuteronomy 4:1-7; 5:27.

3 Não posso ajudar a não ser imaginar se nós agarraríamos tão tenazmente como Moisés para pedir que Deus fosse presente entre o Seu povo. Tão frequentemente, Deus é apenas um meio para o fim. Para Moisés, Deus era o fim. Moisés não queria as bênçãos de Deus sem Deus, pois em sua mente, a suprema benção era o povo de Deus permanecer na presença de Deus.

4 Observe as ocasiões no Livro de Atos quando o nosso Senhor (ou um anjo) aparece para o apóstolo Paulo para encorajá-lo e fortifica-lo (por exemplo, Atos 27:23-26).

15. O Deus Perdoador

Introdução

Uma das fascinantes passagens das Escrituras no Novo Testamento é a descrição da aparição do nosso Senhor, após a ressurreição, aos dois discípulos na estrada de Emaús. Naquela jornada, nosso Senhor ensinou àqueles homens o que deve ter sido o mais excitante estudo bíblico de todos os tempos. No decorrer daquela jornada, nosso Senhor falou estas palavras para aqueles dois homens:

25 - E ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram! 26 - Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas coisas e entrasse na sua glória? 27 - E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24:25-27).

Um pouco depois, Jesus apareceu para os 11 discípulos:

44 - E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos profetas e nos Salmos. 45 - Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. 46 - E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, 47 - E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. 48 - E destas coisas sois vós testemunhas. (Lucas 24:44-48)

Como nós gostaríamos de estar lá quando nosso Senhor ensinou esta lição. Ao menos gostaríamos de ter tido este estudo registrado nas Escrituras.1 Mesmo das poucas palavras que Lucas registrou existem algumas verdades importantes para aprendermos.Primeiro, é nos dito que os sofrimentos e glória de Jesus são um assunto registrado repetidamente no Velho Testamento, o que Pedro indica em outro lugar (veja I Pedro 1:10-12).Segundo, aprendemos que Jesus ensinou aos Seus discípulos sobre Seu sofrimento e glória desde o início da Bíblia até os eventos de Sua morte, sepultamento e ressurreição. Terceiro, notem que o que Jesus ensinou aos discípulos é, em essência, o evangelho. A base para o “arrependimento para o perdão dos pecados”, o qual era para ser proclamado (como o evangelho) “para todas as nações, começando por Jerusalém” (versículo 47) é o sofrimento, morte e ressurreição de nosso Senhor.

Nosso assunto para esta lição é o perdão de Deus, ou em termos de um atributo de Deus, “o Deus perdoador”. Devemos procurar seguir o padrão de nosso Senhor quando considerarmos o perdão de Deus. Iremos primeiro mostrar que Deus é caracterizado por ser um Deus perdoador. Então, começando no primeiro Livro da Bíblia, iremos mostrar como o propósito de Deus de perdoar os pecados foi cumprido em Cristo.

Nesta lição, mais passagem da Escritura é citada com menos comentário e interpretação porque a Bíblia é muito clara no assunto de perdão de pecados (assim como em muitos outros assuntos), e quero permitir que as Escrituras falem por si mesmas neste nosso assunto.Eu estimulo você a ler as Escrituras cuidadosamente para colher a bonita história do nosso Deus perdoador, que cumpriu o

Deus é um Deus Perdoador

Repetidamente nas Escrituras Deus é representado como o Deus que perdoa os pecados.

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR. 6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; 7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniqüidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êxodo 34:5-7).

17 - E recusaram ouvir-te, e não se lembraram das tuas maravilhas, que lhes fizeste, e endureceram a sua cerviz e, na sua rebelião, levantaram um capitão, a fim de voltarem para a sua servidão; porém tu, ó Deus perdoador, clemente e misericordioso, tardio em irar-te, e grande em beneficência, tu não os desamparaste. (Neemias 9:17).

5 - Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam. (Salmo 86:5).

4 - Mas contigo está o perdão, para que sejas temido. (Salmo 130:4)

9 - Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, (Daniel 9:9).

Pecado é um Sério Problema para Todos

Perdão de pecados é tão importante porque cada um é um pecador, e as consequências do pecado são devastadoras:

15 - E tomou o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. 16 - E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, 17 - Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gênesis 2:15-17).

22 - Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente, 23 - O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado. 24 - E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida. (Gênesis 3:22-24).

4 – “a alma que pecar, essa morrerá”. (Ezequiel 18:4b).

23 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; (Romanos 3:23).

12 - Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram. (Romanos 5:12).

23 – “Porque o salário do pecado é a morte,...” (Romanos 6:23a).

14 - Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. 24 - Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte? (Romanos 7:14, 24).

12 - E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante de Deus, e abriram-se os livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. 13 - E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. 14 - E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte. 15 - E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo. (Apocalipse 20:12-15).

Deus: A Única Esperança do Homem Para o Perdão

Desde o primeiro pecado da humanidade – o pecado de Adão e Eva – ficou cada vez mais claro que somente Deus pode perdoar os pecados. As palavras de maldição faladas por Deus no Jardim do Éden implicou que Ele resolveria o problema do pecado do homem através da descendência de Eva, que iria derrotar Satanás:

15 - E porei inimizade entre ti (Satanás) e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta [a semente da mulher, que será o Messias] te ferirá a cabeça [um ferimento mortal], e tu lhe ferirás o calcanhar [um ferimento não fatal]. (Gênesis 3:15).

Esta é a primeira profecia referente à salvação do homem por meio do perdão de pecados e a derrota de Satanás. Ela fala da vinda do Messias, que será da semente da mulher (humana), e irá derrotar Satanás enquanto incorrendo ferimento Ele mesmo.

Deus depois explicou que a “semente” da mulher seria a semente de Abraão, e que através desta “semente” todas as nações da terra seriam abençoadas (Gênesis 12:1-3)

Através do neto de Abraão, Jacó (depois chamado Israel), a nação de Israel foi formada. Os Israelitas foram para o Egito durante a vida de José e permaneceram cerca de 400 anos, até Deus guiar os Israelitas para fora do seu cativeiro dos Egípcios e trazê-los para a terra prometida de Canaã. Deus fez uma aliança com a nação de Israel, dando a ela a Lei no Monte Sinai. Durante a ausência de Moisés, os Israelitas cometeram um grande pecado contra Deus, fazendo um bezerro de ouro e o adorando como seu “deus” (Êxodo 32).//Somente depois da intercessão de Moisés, Deus consentiu em continuar a estar no meio deste povo quando entraram na terra prometida. Quando Moisés pensava conhecer Deus mais intimamente por ver Sua gloria, Deus revelou isto de Si mesmo para Moisés:

18 - Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. 19 - Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. (Êxodo 33:18-19).

6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êxodo 34:6-7).

Vários fatos importantes emergem destes versículos.

Primeiro: perdão é o resultado da compaixão e graça de Deus. O Deus que “perdoa a iniquidade” (34:7) é o Deus que é “misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade;” (34:6) Perdão é uma questão da graça divina.

Segundo, porque o perdão de Deus é uma questão de graça, ele é um presente da soberana graça de Deus. Deus outorga perdão para aqueles a quem Ele escolhe perdoar. Ninguém é merecedor desta graça, e, portanto ninguém tem qualquer reivindicação na graça de Deus como manifestada no perdão dos pecados. Deus disse para Moisés, “e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer.” (33:19). Deus perdoa aqueles a quem Ele escolhe para perdoar. Perdão é alguma coisa a qual nós, como pecadores culpados, não temos nenhum direito de esperar ou pedir.

Terceiro, a graça de Deus ao perdoar pecadores de nenhuma forma coloca a justiça de Deus de lado a qual requer a punição dos pecadores culpados.

7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração.(Êxodo 34:7).

Alguns pensam que estão sendo bondosos quando eles ignoram o pecado – quando eles simplesmente se recusam a lidar com ele. Muitos pais pensam que estão sendo bondosos quando não punem seus filhos por desobediência. A graça de Deus não coloca de lado a punição pelos pecados, ela substituiu Aquele que foi punido pelo pecado. Mesmo bem no começo na história do lidar de Deus com Seu povo, Deus deixou bem claro que Sua graça não significa que Ele vê o pecado com indulgência. Deus lida severamente com o pecado. Quando Ele perdoa os homens pelo pecado, Ele ainda pune aquele pecado. A punição pelo pecado, como nós devíamos ver, é suportada pelo Senhor Jesus Cristo no lugar do pecador.

Finalmente, note que o perdão dos pecados de nenhuma forma remove qualquer obrigação do objeto da graça de Deus de obedecer a Deus. Baseado na auto revelação de Deus da Sua gloria, e declaração da Sua graça e compaixão pelas quais Ele perdoa o pecado, Moisés apela para Deus pelos Israelitas:

9 - E disse: Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, vá agora o Senhor no meio de nós; porque este é povo de dura cerviz; porém perdoa a nossa iniquidade e o nosso pecado, e toma-nos por tua herança. (Êxodo 34:9).

Moisés apela pelo perdão divino para o seu povo e recebe a certeza de que Deus estará presente com Seu povo quando Ele os leva para a terra prometida de Canaã. Porém imediatamente vemos que o resultado do perdão é uma obrigação de viver de acordo com a aliança que Deus estabeleceu com Seu povo:

10 - Então disse: Eis que eu faço uma aliança; farei diante de todo o teu povo maravilhas que nunca foram feitas em toda a terra, nem em nação alguma; de maneira que todo este povo, em cujo meio tu estás, veja a obra do SENHOR; porque coisa terrível é o que faço contigo. 11 - Guarda o que eu te ordeno hoje; eis que eu lançarei fora diante de ti os amorreus, e os cananeus, e os heteus, e os perizeus, e os heveus e os jebuseus. 12 - Guarda-te de fazeres aliança com os moradores da terra aonde hás de entrar; para que não seja por laço no meio de ti. 13 - Mas os seus altares derrubareis, e as suas estátuas quebrareis, e os seus bosques cortareis. 14 - Porque não te inclinarás diante de outro deus; pois o nome do SENHOR é Zeloso; é um Deus zeloso. 15 - Para que não faças aliança com os moradores da terra, e quando eles se prostituirem após os seus deuses, ou sacrificarem aos seus deuses, tu, como convidado deles, comas também dos seus sacrifícios, 16 - E tomes mulheres das suas filhas para os teus filhos, e suas filhas, prostituindo-se com os seus deuses, façam que também teus filhos se prostituam com os seus deuses. 17 - Não te farás deuses de fundição. (Exodo 34:10-17, ver também versos 18-26).

Ser povo de Deus e ter Deus no seu meio requer uma solução para o pecado. Também requer estabelecer um padrão de justiça, o qual serve para definir exatamente o que é pecado. Assim, achamos a declaração dos termos do compromisso Mosaico dado imediatamente após a petição de Moisés por graça e perdão para o seu povo. Eles são os mandamentos que Deus estabeleceu em Êxodo 34:10-26, os quais estão contidos nos dez mandamentos e os quais os Israelitas rapidamente começaram desprezar e se rebelar contra, como podemos ver logo.

Se o pecado não pode ser ignorado, porém deve ser punido, como isto pode ser realizado? Sobre a Lei do Velho Testamento, os homens podiam oferecer sacrifícios para Deus pelos seus pecados. Em particular, o Dia anual da Expiação era a ocasião quando os pecados da nação de Israel eram lidados pelo ano que passou:

29 - E isto vos será por estatuto perpétuo: no sétimo mês, aos dez do mês, afligireis as vossas almas, e nenhum trabalho fareis nem o natural nem o estrangeiro que peregrina entre vós. 30 - Porque naquele dia se fará expiação por vós, para purificar-vos; e sereis purificados de todos os vossos pecados perante o SENHOR. 31 - É um sábado de descanso para vós, e afligireis as vossas almas; isto é estatuto perpétuo. 32 - E o sacerdote, que for ungido, e que for sagrado, para administrar o sacerdócio, no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, as vestes santas; 33 - Assim fará expiação pelo santo santuário; também fará expiação pela tenda da congregação e pelo altar; semelhantemente fará expiação pelos sacerdotes e por todo o povo da congregação. 34 - E isto vos será por estatuto perpétuo, para fazer expiação pelos filhos de Israel de todos os seus pecados, uma vez no ano. E fez Arão como o SENHOR ordenara a Moisés. (Levítico 16:29-34).

O Dia anual de Expiação não afastava realmente o pecado; ele simplesmente adiava o julgamento divino. Podemos comparar os pecados de Israel a um débito financeiro, o sacrifício oferecido no Dia da Expiação não pagava o principal; ele somente pagava o rendimento do ano passado. O pecado não foi pago; ele foi adiado para o outro ano. Ano após ano, o débito crescia. Algum dia, de alguma forma, deve haver o pagamento para o pecado. E assim deveria ser.

A nação de Israel muito rapidamente começou a pecar contra Deus desobedecendo ao Seu compromisso. Repetidamente os Israelitas pecaram, e repetidamente Deus graciosamente habitou com este povo determinado e desobediente (veja Deuteronômio 1-3; Neemias 9:6-38; Salmo 78; Daniel 9:4-15). Finalmente, a primeira geração foi proibida de entrar na terra prometida. Eles morreram no deserto, e seus filhos e filhas estavam a ponto de entrarem naquela terra como o Livro de Deuteronômio começa. O compromisso Mosaico é novamente reiterado, os dez mandamentos foram repetidos em Deuteronômio 5. Porém não há nota de otimismo aqui. O problema fundamental da rebelião de Israel é a condição dos corações dos Israelitas:

29 - Quem dera que eles tivessem tal coração que me temessem, e guardassem todos os meus mandamentos todos os dias, para que bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre. (Deuteronômio 5:29)

4 - Porém não vos tem dado o SENHOR um coração para entender, nem olhos para ver, nem ouvidos para ouvir, até ao dia de hoje. (Deuteronômio 29:4).

Em Deuteronômio, está claro que os Israelitas não irão manter o acordo de Deus com eles e que a nação experimentará as “maldições” escritas no livro, especialmente no capítulo 28.Apesar da sua desobediência, ainda há esperança para a nação porque Deus é um Deus perdoador, e Seu perdão não é baseado no merecimento ou valor do homem.Consequentemente, Moisés fala para o povo que após eles terem sido levados para fora da terra prometida e vivido no cativeiro entre as nações, Deus irá cumprir Suas promessas e abençoar esta nação:

1 - E SERÁ que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o SENHOR teu Deus, 2 - E te converteres ao SENHOR teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, 3 - Então o SENHOR teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o SENHOR teu Deus. 4 - Ainda que os teus desterrados estejam na extremidade do céu, desde ali te ajuntará o SENHOR teu Deus, e te tomará dali;5 - E o SENHOR teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais. (Deuteronômio 30:1-5).

Deus promete cumprir Suas promessas para com o Seu povo quando eles se arrependerem e retornarem para Ele. Ele continua a indicar que o arrependimento dos Israelitas é o resultado do Seu trabalho em seus corações, dando a eles um novo coração e alma, que procura agradá-Lo e que ama cumprir Seus mandamentos.

6 - E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. 7 - E o SENHOR teu Deus porá todas estas maldições sobre os teus inimigos, e sobre os teus odiadores, que te perseguiram. 8 - Converter-te-ás, pois, e darás ouvidos à voz do SENHOR; cumprirás todos os seus mandamentos que hoje te ordeno. 9 - E o SENHOR teu Deus te fará prosperar em toda a obra das tuas mãos, no fruto do teu ventre, e no fruto dos teus animais, e no fruto da tua terra para o teu bem; porquanto o SENHOR tornará a alegrar-se em ti para te fazer bem, como se alegrou em teus pais, 10 - Quando deres ouvidos à voz do SENHOR teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, quando te converteres ao SENHOR teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma. (Deuteronômio 30:6-10).

As palavras que seguem estes versículos parecem difíceis de alinhar com a Lei e com o que ela requer:

11 – “Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti.” 12 - Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? 13 - Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? 14 - Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. (Deuteronômio 30-11-14 ênfase do autor).

Como pode Moisés possivelmente dizer que a Lei “não te é encoberta, e tampouco está longe de ti”.(versículo 11), especialmente quando comparado com as palavras finais que Josué escreveu algum tempo depois:

14 - Agora, pois, temei ao SENHOR, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao SENHOR. 15 - Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR. 16 - Então respondeu o povo, e disse: Nunca nos aconteça que deixemos ao SENHOR para servirmos a outros deuses; 17 - Porque o SENHOR é o nosso Deus; ele é o que nos fez subir, a nós e a nossos pais, da terra do Egito, da casa da servidão, e o que tem feito estes grandes sinais aos nossos olhos, e nos guardou por todo o caminho que andamos, e entre todos os povos pelo meio dos quais passamos. 18 - E o SENHOR expulsou de diante de nós a todos esses povos, até ao amorreu, morador da terra; também nós serviremos ao SENHOR, porquanto é nosso Deus. 19 - Então Josué disse ao povo: Não podereis servir ao SENHOR, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão nem os vossos pecados. 20 - Se deixardes ao SENHOR, e servirdes a deuses estranhos, então ele se tornará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de vos ter feito o bem. 21 - Então disse o povo a Josué: Não, antes ao SENHOR serviremos. 22 - E Josué disse ao povo: Sois testemunhas contra vós mesmos de que escolhestes ao SENHOR, para o servir. E disseram: Somos testemunhas. 23 - Deitai, pois, agora, fora aos deuses estranhos que há no meio de vós, e inclinai o vosso coração ao SENHOR Deus de Israel. 24 - E disse o povo a Josué: Serviremos ao SENHOR nosso Deus, e obedeceremos à sua voz. 25 - Assim, naquele dia fez Josué aliança com o povo e lhe pôs por estatuto e direito em Siquém. 26 - E Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus; e tomou uma grande pedra, e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava junto ao santuário do SENHOR. 27 - E disse Josué a todo o povo: Eis que esta pedra nos será por testemunho, pois ela ouviu todas as palavras, que o SENHOR nos tem falado; e também será testemunho contra vós, para que não mintais a vosso Deus. (Josué 24:14-27, ênfase do autor).

Parece estranho Josué estimular os Israelitas escolherem servir a Deus e então, quando eles o fazem, dizer para eles que é impossível eles servirem. Quão estranho estimular os Israelitas se submeterem ao Compromisso Mosaico e então dizer-lhes que não é possível fazer isto. Suas palavras para o povo de Israel fazem parecer que escolher seguir a Deus é suicídio. Como podemos enquadrar as palavras de Moisés em Deuteronômio 30:11-14 com as palavras de Josué em Josué 24:19-27?

Precisamos olhar somente um pouco adiante no Livro de Deuteronômio.2 Já vimos em Deuteronômio 5:29 e 29:4 que o problema é de coração. Os Israelitas necessitam de um coração inclinado para Deus, um coração que ame Seus mandamentos e goste de obedecê-los. Os Israelitas necessitam de um coração para ver além dos mandamentos para ver os princípios que estão contidos neles e apreender o que é realmente a Lei.3 Em Deuteronômio 30, Deus olha para um tempo distante longe no corredor da história, um tempo quando a nação experimentou as maldições da Lei, quando eles tiveram de sair da terra e se tornaram cativos em outra terra distante:

64 - E o SENHOR vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até à outra; e ali servireis a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus pais; ao pau e à pedra. 65 - E nem ainda entre estas nações descansarás, nem a planta de teu pé terá repouso; porquanto o SENHOR ali te dará coração agitado, e desfalecimento de olhos, e desmaio da alma. 66 - E a tua vida, como em suspenso, estará diante de ti; e estremecerás de noite e de dia, e não crerás na tua própria vida. 67 - Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, que sentirás, e pelo que verás com os teus olhos. 68 - E o SENHOR te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que te tenho dito; nunca jamais o verás; e ali sereis vendidos como escravos e escravas aos vossos inimigos; mas não haverá quem vos compre. (Deuteronômio 28:64-68).

É um tempo quando o povo de Israel se arrepende e volta para o Senhor seu Deus (Deuteronômio 30:1-2). O arrependimento de Israel não se origina com este “povo de dura cerviz e teimoso” (compare Êxodo 32:9). Ao contrário, é o resultado do trabalho de Deus neles, dando a eles um novo coração e alma para procura-Lo e servi-Lo:

6 - E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. (Deuteronômio 30:6).

Quando olhamos cuidadosamente as palavras de Deuteronômio 30:11, devemos fazer uma observação muito crucial:

11 - Porque este mandamento, que hoje te ordeno, não te é encoberto, e tampouco está longe de ti. 12 - Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? 13 - Nem tampouco está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, para que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? 14 - Porque esta palavra está mui perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a cumprires. (Deuteronômio 30:11-14, ênfase do autor).

O mandamento é um mandamento – não dez ou mais. Este mandamento está sendo mandado, e este mandamento não é tão difícil. Que mandamento é este?É, com efeito, para “se voltar para o Senhor seu Deus com todo o coração e alma (Deuteronômio 30:10). Se a Lei fosse para ser resumida em um mandamento, qual seria? Sabemos a resposta na Escritura:

34 - E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se no mesmo lugar. 35 - E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar, dizendo: 36 - Mestre, qual é o grande mandamento na lei? 37 - E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. 38 - Este é o primeiro e grande mandamento. (Mateus 22:34-38; ênfase do autor).

Os mandamentos da Lei são impossíveis para os homens manterem para evitar o pecado ou resultar em perdão dos pecados. Isto é o que Josué fala para os Israelitas que ele está deixando ao morrer. A história tem mostrado que o povo de Deus não pode manter a Lei. Se eles pensam que o manter a lei irá trazer as bênçãos de Deus e assegurar para eles o perdão de Deus, eles estão errados. Manter a lei somente prova aos homens serem pecadores culpados, merecedores da morte:

19 - Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz, para que toda a boca esteja fechada e todo o mundo seja condenável diante de Deus. 20 - Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado. (Romanos 3:19-20

O mandamento que Deus tem para os homens é que eles amem a Deus com todo o coração, alma, mente e força. Porque este mandamento não é difícil? Não é porque os homens são capazes de fazer isso por si próprio. É porque é impossível, e então Deus irá realizar esta obra Ele mesmo:

6 - E o SENHOR teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao SENHOR teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas. (Deuteronômio 30:6).

Paulo enfatiza isto em Romanos 10:

4 - Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê. 5 - Ora Moisés descreve a justiça que é pela lei, dizendo: O homem que fizer estas coisas viverá por elas. 6 - Mas a justiça que é pela fé diz assim: Não digas em teu coração: Quem subirá ao céu? (isto é, a trazer do alto a Cristo.) 7 - Ou: Quem descerá ao abismo? (isto é, a tornar a trazer dentre os mortos a Cristo.) 8 - Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, 9 - A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. 10 - Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.

A razão de este mandamento ser fácil é porque Deus proveu perdão dos pecados por nós; Ele é o Único que possibilita os homens amá-Lo com todo o seu coração, alma, mente e força. É fácil porque tudo que precisamos é acreditar Nele, pela fé, e mesmo aquela fé vem de Deus.

Porque o perdão dos pecados não foi alguma coisa que os homens poderiam fazer, homens de Deus olharam para frente para o tempo quando Deus iria realizar esta tarefa, como nós vemos em Salmos:

1 - DAS profundezas a ti clamo, ó SENHOR. 2 - Senhor, escuta a minha voz; sejam os teus ouvidos atentos à voz das minhas súplicas. 3 - Se tu, SENHOR, observares as iniquidades, Senhor, quem subsistirá? 4 - Mas contigo está o perdão, para que sejas temido. 5 - Aguardo ao SENHOR; a minha alma o aguarda, e espero na sua palavra. 6 - A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os guardas pela manhã, mais do que aqueles que guardam pela manhã. 7 - Espere Israel no SENHOR, porque no SENHOR há misericórdia, e nele há abundante redenção. 8 - E ele remirá a Israel de todas as suas iniquidades.

No Livro de Deuteronômio, Deus previu as consequências por deixar a Deus e falhar em manter o compromisso com Ele. Deus previu a derrota dos Israelitas e que seus inimigos os levariam da sua terra e os prenderiam cativos em uma terra distante (Deuteronômio 28:58-68).Deus então falou da futura libertação dos Israelitas após Ele dar a eles um novo coração (Deuteronômio 30:1-6). Quando os Judeus estavam no cativeiro na Babilônia, os profetas oraram e profetizaram em relação ao dia quando Deus iria cumprir a Aliança Abrâmica. Logo se tornou claro que isto não aconteceria no final dos 70 anos de cativeiro de Judá na Babilônia. Foi revelado em profecia:

31 - Eis que dias vêm, diz o SENHOR, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. 32 - Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o SENHOR. 33 - Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o SENHOR: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. 34 - E não ensinará mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao SENHOR; porque todos me conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR; porque lhes perdoarei a sua maldade, e nunca mais me lembrarei dos seus pecados.

O perdão dos pecados foi prometido por Deus, não por meio da Aliança Mosaica, porém por meio de uma “nova aliança”. A exata natureza desta “nova aliança” não foi ainda revelada, porém mais detalhes seriam revelados através do profeta Daniel:

3 - E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza. 4 - E orei ao SENHOR meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos; 5 - Pecamos, e cometemos iniqüidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; (Daniel 9:3-5).

8 - Ó Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque pecamos contra ti. 9 - Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia, e o perdão; pois nos rebelamos contra ele, (Daniel 9:8-9).

15 - Agora, pois, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e ganhaste para ti nome, como hoje se vê; temos pecado, temos procedido impiamente. 16 - Ó Senhor, segundo todas as tuas justiças, aparte-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porque por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós. 17 - Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor. 18 - Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome, porque não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias. 19 - Ó Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e age sem tardar; por amor de ti mesmo, ó Deus meu; porque a tua cidade e o teu povo são chamados pelo teu nome. (Daniel 9:15-19).

24 - Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. 25 - Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. 26 - E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. 27 - E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador. (Daniel 9:24-27).

Daniel confessa os seus pecados, e os pecados do seu povo, e pede a Deus para perdoar seu povo e trazê-los de volta para a terra prometida, para Israel e Jerusalém, baseado nas Suas promessas da aliança e na profecia de Jeremias (Daniel 9:1-2; Jeremias 25:11-12; 29:10).Em resposta à oração de Daniel (9:3-9), o anjo Gabriel apareceu após alguma demora (9:20-23) e explica como as promessas são para serem cumpridas (9:24-27). Tornou-se mais e mais claro que algum tempo iria passar antes do perdão dos pecados ser realizado. A libertação de Israel do cativeiro da Babilônia e seu retorno para a terra prometida não era sinônimo com o cumprimento da promessa de Deus em Deuteronômio 30:6.

Os Livros de Esdras e Neemias descrevem a volta dos primeiros cativos para Jerusalém e para a terra prometida. Neemias 8 e 9 registra a resposta dos Judeus à Lei, e seu reconhecimento do seu pecado e da fidelidade de Deus.Apesar de tudo isto, o povo de Deus levou pouco tempo para voltar aos seus velhos dias, os caminhos dos seus pais. Os capítulos finais de Neemias, e os escritos dos últimos profetas, indicam que o trabalho de Deus em criar um “novo coração” nos homens ainda não se cumprira. O dia da salvação ainda está no futuro. O profeta Isaías disse da vinda do Messias. Era Ele, em Sua morte sacrificial, que iria cumprir o perdão dos pecados:

4 - Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. 5 - Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. 6 - Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos. (Isaías 53:4-6).

As palavras finais do Velho Testamento, registradas em Malaquias 4, são palavras de alerta em relação a ira de Deus aos pecadores e palavras de esperança, aos corações renovados.

O perdão dos Pecados – Através do Sangue de Jesus Cristo

Bem no começo, estava claro que o Senhor Jesus Cristo veio para preencher a promessa de Deus para perdoar os pecados dos homens e para criar um novo coração neles. No nascimento de João Batista, o antecessor de Jesus o Messias, Zacarias, o pai de João, disse pelo Espírito Santo:

76 - E tu, ó menino, serás chamado profeta do Altíssimo, Porque hás de ir ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos; 77 - Para dar ao seu povo conhecimento da salvação, Na remissão dos seus pecados; 78 - Pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, Com que o oriente do alto nos visitou; (Lucas 1:76-78).

Quando João Batista começou seu ministério público, sua mensagem era simples:

3 - E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados; 4 - Segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; Endireitai as suas veredas. 5 - Todo o vale se encherá, E se abaixará todo o monte e outeiro; E o que é tortuoso se endireitará, E os caminhos escabrosos se aplanarão; 6 - E toda a carne verá a salvação de Deus. (Lucas 3:3-6).

Quando João Batista viu Jesus, que se apresentou como o Messias prometido, ele disse:

29 - No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. 30 - Este é aquele do qual eu disse: Após mim vem um homem que é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. (João 1:29-30).

Ao dizer isto, João Batista estava identificando Jesus como o Messias prometido profetizado em tipo como o cordeiro pascal e inúmeros outros aspectos da Aliança Mosaica (veja Colossenses 2:16-17), e especialmente como falado em Isaías 52:13-53:12.

Quando Jesus começou o Seu ministério público, não levou muito para Ele tornar claro que Sua missão era para perdoar os pecadores:

17 - E aconteceu que, num daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia, e da Judéia, e de Jerusalém. E a virtude do Senhor estava com ele para curar. 18 - E eis que uns homens transportaram numa cama um homem que estava paralítico, e procuravam fazê-lo entrar e pô-lo diante dele. 19 - E, não achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus. 20 - E, vendo ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados. 21 - E os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus? 22 - Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Que arrazoais em vossos corações? 23 - Qual é mais fácil? dizer: Os teus pecados te são perdoados; ou dizer: Levanta-te, e anda? 24 - Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra poder de perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma a tua cama, e vai para tua casa. 25 - E, levantando-se logo diante deles, e tomando a cama em que estava deitado, foi para sua casa, glorificando a Deus. 26 - E todos ficaram maravilhados, e glorificaram a Deus; e ficaram cheios de temor, dizendo: Hoje vimos prodígios. (Lucas 5:17-26).

29 - E fez-lhe Levi um grande banquete em sua casa; e havia ali uma multidão de publicanos e outros que estavam com eles à mesa. 30 - E os escribas deles, e os fariseus, murmuravam contra os seus discípulos, dizendo: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores? 31 - E Jesus, respondendo, disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão sãos, mas, sim, os que estão enfermos; 32 - Eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores, ao arrependimento. (Lucas 5:29-32).

47 - Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. 48 - E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados. 49 - E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? (Lucas 7:47-49)

1 - E CHEGAVAM-SE a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir. 2 - E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles. 3 - E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: 4 - Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? 5 - E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; 6 - E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. 7 - Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. (Lucas 15:1-7).

As ações e as palavras do Nosso Senhor em Lucas 5:17-26 são notáveis. Jesus mexeu com as mentes daqueles que entenderam as implicações do que Ele estava fazendo. Se aprendemos alguma coisa do Velho Testamento, é que somente Deus pode perdoar pecados. A solução de Deus para os pecadores foi a vinda do Messias, que levaria os pecados dos homens. Quando Jesus foi confrontado com um paralítico, baixado através do telhado, Ele não lidou com sua doença física primeiro, porém com seu grande dilema espiritual – seus pecados. Quando Jesus lhe disse que seus pecados estavam perdoados, Jesus reivindicou muito mais do que as pessoas esperavam. Um mero homem pode ser capaz de expulsar demônios ou realizar milagres de cura. Porém somente Deus pode perdoar pecados. Quando Jesus curou este homem e perdoou os seus pecados, Jesus corajosamente proclamou que Ele era o Messias, Aquele que veio para cumprir o perdão dos pecados e a salvação eterna. É Ele que pode e irá mudar os corações dos homens para amar a Deus e os homens.

Quando a hora chegou para nosso Senhor ser crucificado pelos nossos pecados, Ele falou estas palavras para os Seus discípulos quando Ele instituiu a Ceia do Senhor:

26 - E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. 27 - E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; 28 - Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. (Mateus 26:26-28, ênfase do autor).

O escritor aos Hebreus mostra como o sacrifício do Senhor Jesus é superior aos sacrifícios do Velho Testamento. Os sacrifícios do Velho Testamento deixam de fora o julgamento do pecado por Deus, o sacrifício do Senhor Jesus no Novo Testamento (nova aliança) foi o julgamento de Deus para o pecado, cumprindo então o perdão eterno dos pecados, para todos os que estão em Cristo pela fé em Sua obra na cruz do Calvário:

1 - PORQUE tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. 2 - Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado. 3 - Nesses sacrifícios, porém, cada ano se faz comemoração dos pecados, 4 - Porque é impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados. 5 - Por isso, entrando no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste, Mas corpo me preparaste; 6 - Holocaustos e oblações pelo pecado não te agradaram. 7 - Então disse: Eis aqui venho (No princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua vontade. 8 - Como acima diz: Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os quais se oferecem segundo a lei). 9 - Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. 10 - Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez. 11 - E assim todo o sacerdote aparece cada dia, ministrando e oferecendo muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca podem tirar os pecados; 12 - Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus, 13 - Daqui em diante esperando até que os seus inimigos sejam postos por escabelo de seus pés. 14 - Porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados. 15 - E também o Espírito Santo no-lo testifica, porque depois de haver dito: 16 - Esta é a aliança que farei com eles Depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas leis em seus corações, E as escreverei em seus entendimentos; acrescenta: 17 - E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades. 18 - Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado. (Hebreus 10:1-18)

O perdão dos pecados foi cumprido, uma vez por todas, pelo sacrifício de Jesus Cristo na cruz do Calvário. Ele não tinha pecado, e Ele levou os nossos pecados, assim que nós podemos ser perdoados. Deus não ignorou nossos pecados, porém os puniu em Cristo. As boas novas do evangelho é que aqueles que creem em Jesus Cristo podem ter seus pecados perdoados:

45 - Então abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras. 46 - E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressuscitasse dentre os mortos, 47 - E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém. 48 - E destas coisas sois vós testemunhas. (Lucas 24:45-48)

Os apóstolos eram para proclamar, tanto para Judeus como para Gentios, que Deus proveu perdão para os pecados através do Seu filho Jesus Cristo. E esta foi a mensagem que eles pregaram consistentemente:

31 - Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados. (Atos 5:31)

43 - A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome. (Atos 10:43).

38 - Seja-vos, pois, notório, homens irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. (Atos 13:28)

7 - Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, (Efésios 1:7; veja também Colossenses 1:14).

O perdão dos pecados não é um trabalho do homem, porém de Deus. Em Atos 5:31, Pedro anunciou que Deus não somente concedeu perdão dos pecados, mas também arrependimento. Os homens são para se arrependerem, porem é Deus que traz os homens ao arrependimento. Salvação é o trabalho de Deus e não dos homens. Perdão dos pecados é inteiramente um trabalho de Deus, e tudo o que devemos fazer é acreditar em Jesus Cristo, confiar na Sua morte sacrificial, sepultamento e ressurreição. Perdão dos pecados é impossível para os homens realizarem, porém Deus tem realizado o impossível através de Seu Filho, Jesus Cristo. A fim de receber este perdão, precisamos confessar nossos pecados, reconhecer nossa rebelião contra Deus e o fato de que merecemos a Sua eterna ira.

9 - Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (I João 1:9)

Nós recebemos o perdão dos nossos pecados pela fé (Lucas 7:48-50), crendo na obra de Cristo na cruz do Calvário como o total e final pagamento pelos nossos pecados (Atos 10:43; Hebreus 9 & 10). Devemos confessar nossos pecados (Salmo 32:5-6; 1 John 1:9) e nos arrependermos deles (Salmo 32:1-7; 51 (todo); Jeremias 36:3; Lucas 3:3; 17:3-4; 24:47; Atos 2:38; 5:32; 8:22). Nós então simplesmente pedimos a Deus para nos perdoar (Salmo 79:9), sabendo que Ele é um Deus perdoador, que está pronto para perdoar (Salmo 86:5).

Conclusão

Salvação é sobre o perdão de nossos pecados. Quão frequentemente o evangelho é obscurecido neste ponto crucial. “O pecado e suas consequências são um assunto tão negativo e desagradável”, alguns parecem raciocinar, “que não quero preocupar-me com ele”. A palavra “salvo” implica que aqueles então “salvos” estão em perigo e são poupados dela. A menos que os homens percebam a magnitude do seu pecado e a ainda maior magnitude das suas consequências, os homens não perceberão a necessidade da salvação. Esta é a razão pela qual o Espírito Santo foi enviado para convencer os homens do “pecado, da justiça e do juízo” (João 16:8-11). Se o Espírito é para convencer destas coisas, então nosso evangelho deve falar delas.

Que desserviço (posso estar falando muito suavemente aqui – Paulo provavelmente iria chamar isto de outro evangelho, heresia – veja Gálatas 1:6-10) prestamos aos homens nesta idade terapêutica quando falamos dos grandes problemas da vida como doenças, fobias e dependências, ao invés de pecados malditos.Seria bom falarmos em termos de terapia a longo prazo (com um preço muito alto), e não de um perdão instantâneo. Como podemos encorajar pessoas a “olharem para dentro” para o poder de escapar do pecado, ao invés de olhar para Cristo.

O problema com os homens nesta cultura não é que eles são muito “pecadores”, mas que eles são tão “doentes” ou, pior ainda, muito auto justificados. Há uma solução para o pecado. A cruz de Deus é a solução. Há perdão para os pecados, o perdão que Deus proveu em Cristo. Você nunca é tão pecador para ser salvo, você pode ser muito auto justificado. Você confessou seus pecados e confiou em Jesus Cristo como a provisão de Deus para seu perdão? Você irá? Não há maior verdade confortante em todo o mundo do que esta: Jesus Cristo veio ao mundo para perdoar pecadores. Como o escritor de hinos colocou, “Tua música para os ouvidos pecadores, Tua vida e saúde e paz”.

Davi disse ainda melhor:

1 - BEM-AVENTURADO aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. (Salmo 32:1).

Para Sua Consideração Posterior

A Base Para o Perdão de Deus

(1) Soberania de Deus – liberdade para Escolher (Êxodo 33:19).

(2) Compaixão de Deus e graça (Êxodo 34:6-7); Deus está pronto para perdoar (Salmo 86:5; 130:4).

(3) Aliança de Deus (Êxodo 32:13; Ezequiel 16:60-63).

(4) Fidelidade de Deus, como evidente na história de Israel (Números 14:19).

(5) Reputação de Deus (Êxodo 32:11-12), consideração do Seu nome (Salmo 79:9; Daniel 9:19; I João 2:12).

(6) Promessa de Deus para perdoar (Deuteronômio 30; II Crônicas 7:14; Jeremias 18:5-8).

(7) Provisão de Deus para perdão em Jesus Cristo.

(8) Jesus é Deus (Marcos 2:3-12) [7]

(9) Jesus derramou Seu sangue – Ele fez expiação pelos nossos pecados (Mateus 26:28; Efésios 1:7; Colossenses 1:14; 2:13 – nota marginal de Isaías 22:14, “perdoar” é literalmente, “expiado por”)

(10) Presente de Deus em Cristo é arrependimento e perdão (Atos 5:31)

(11) O evangelho é a oferta de perdão (Lucas 24:47-48; Atos 2:38; 10:43).

Responsabilidade do Homem e Perdão

(1) Fé (Lucas 7:48-50); Crer (Atos 10:43).

(2) Confessar (Salmo 32:5-6; I João 1:9).

(3) Arrepender ( Salmo 32:1-7; Jeremias 36:3; Lucas 3:3; 17:3-4; 24:47; Atos 2:38; 5:32; 8:22).

Aqueles Que Deus Não Perdoará

(1) Aqueles cujo “arrependimento” é falso – Êxodo 10:16-17.

(2) Aqueles que pecam deliberadamente – Deuteronômio 29:17-21; Hebreus 10:26-31.

(3) Aqueles que rejeitam o perdão de Deus e esforçam-se por si mesmos – Josué 24:19-20.

(4) Aqueles que persistentemente se rebelam contra Deus, que se recusam em acreditar na Sua Palavra, e que rejeitam os conselhos inspirados de Deus dados através dos Seus profetas – II Reis 24:1-4.

(5) Aqueles que demonstram que eles não experimentaram o perdão de Deus pela sua própria falta de perdão – Mateus 6:12-15.

(6) Aqueles que blasfemam contra o Espírito Santo, que é o instrumento de Deus para convencer os homens do pecado salvando-os através da fé em Cristo – Mateus 12:22-37.

(7) Aqueles cujos pecados foram “retidos” pela igreja, agindo em favor de Deus (com efeito, aqueles que recusam se arrepender quando confrontados e repreendidos pelos seus pecados) – João 20:22-23.

Traduzido por Césio J. de Moura


1 De fato, está registrado nas Escrituras, porém veem das penas dos autores inspirados do Novo Testamento. Achamos uma grande porção do material do nosso Senhor na pregação de Pedro no Livro de Atos e muitos outros discernimentos dos escritos de homens como Paulo.

2 Se for para abandonarmos nosso estudo progressivo das Escrituras, poderíamos ir direto a Romanos 10, onde Paulo cita Deuteronômio 30. Porém devemos olhar o próprio Deuteronômio para a resposta.

3 Isto é o que o salmista procura, como evidente em Salmo 119.

Related Topics: Forgiveness, Character of God

18. A Glória De Deus

Introdução

Um dos eventos mais triste do Velho Testamento está associado com o nome Icabode. Icabode nasceu quando sua mãe ouviu que seu marido e sogro morreram, o que lhe causou dar a luz de imediato e morrer em seguida.Este triste evento ocorreu por causa da tragédia que aconteceu em Israel, resultando indiretamente na morte de Eli quando ele foi informado da derrota dos Israelitas pelos Filisteus, a captura da arca da aliança e a morte dos seus dois filhos, Hofni e Finéias:

19 - E, estando sua nora, a mulher de Finéias, grávida, e próxima ao parto, e ouvindo estas notícias, de que a arca de Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido morreram, encurvou-se e deu à luz; porquanto as dores lhe sobrevieram. 20 - E, ao tempo em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela: Não temas, pois deste à luz um filho. Ela, porém não respondeu, nem fez caso disso. 21 - E chamou ao menino Icabode, dizendo: De Israel se foi a glória! Porque a arca de Deus foi tomada, e por causa de seu sogro e de seu marido. 22 - E disse: De Israel a glória é levada presa; pois é tomada a arca de Deus. (I Samuel 4:19-22)

A trágica ironia deste evento foi que os Israelitas eram grandemente encorajados pela presença da arca, porém os Filisteus eram aterrorizados por ela:

2 - E os filisteus se dispuseram em ordem de batalha, para sair contra Israel; e, estendendo-se a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, porque feriram na batalha, no campo, uns quatro mil homens. 3 - E voltando o povo ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por que nos feriu o SENHOR hoje diante dos filisteus? Tragamos de Siló a arca da aliança do SENHOR, e venha no meio de nós, para que nos livre da mão de nossos inimigos. 4 - Enviou, pois, o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca da aliança do SENHOR dos Exércitos, que habita entre os querubins; e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca da aliança de Deus. 5 - E sucedeu que, vindo a arca da aliança do SENHOR ao arraial, todo o Israel gritou com grande júbilo, até que a terra estremeceu. 6 - E os filisteus, ouvindo a voz de júbilo, disseram: Que voz de grande júbilo é esta no arraial dos hebreus? Então souberam que a arca do SENHOR era vinda ao arraial. 7 - Por isso os filisteus se atemorizaram, porque diziam: Deus veio ao arraial. E diziam mais: Ai de nós! Tal nunca jamais sucedeu antes. 8 - Ai de nós! Quem nos livrará da mão desses grandiosos deuses? Estes são os deuses que feriram aos egípcios com todas as pragas junto ao deserto. 9 - Esforçai-vos, e sede homens, ó filisteus, para que porventura não venhais a servir aos hebreus, como eles serviram a vós; sede, pois, homens, e pelejai. 10 - Então pelejaram os filisteus, e Israel foi ferido, fugindo cada um para a sua tenda; e foi tão grande o estrago, que caíram de Israel trinta mil homens de pé. 11 - E foi tomada a arca de Deus: e os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, morreram. (I Samuel 4:2-11)

Antes na história de Israel, Sansão perdeu o seu poder dado por Deus, o que ele nem mesmo notou no começo:

18 - Vendo, pois, Dalila que já lhe descobrira todo o seu coração, mandou chamar os príncipes dos filisteus, dizendo: Subi esta vez, porque agora me descobriu ele todo o seu coração. E os príncipes dos filisteus subiram a ter com ela, trazendo com eles o dinheiro. 19 - Então ela o fez dormir sobre os seus joelhos, e chamou a um homem, e rapou-lhe as sete tranças do cabelo de sua cabeça; e começou a afligi-lo, e retirou-se dele a sua força. 20 - E disse ela: Os filisteus vêm sobre ti, Sansão. E despertou ele do seu sono, e disse: Sairei ainda esta vez como dantes, e me sacudirei. Porque ele não sabia que já o SENHOR se tinha retirado dele. 21 - Então os filisteus pegaram nele, e arrancaram-lhe os olhos, e fizeram-no descer a Gaza, e amarraram-no com duas cadeias de bronze, e girava ele um moinho no cárcere.

Achamos a mesma coisa descrita no Novo Testamento, quando os homens tiveram uma falsa confiança da presença e poder de Deus entre eles quando isto simplesmente não era verdade:

2 - Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, 3 - Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, 4 - Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, 5 - Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. (II Timóteo 3:2-5)

1 - E AO anjo da igreja que está em Sardes escreve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estrelas: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás morto. 2 - Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus. 3 - Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e arrepende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e não saberás a que hora sobre ti virei. (Apocalipse 3:1-3).

14 - E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15 - Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! 16 - Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. 17 - Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; 18 - Aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que vejas. 19 - Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. (Apocalipse 3:14-19).

Existem aqueles que creem que a Gloria de Deus deixou a igreja de nosso Senhor já há longo tempo na nossa nação, e nós, como os homens do passado, dificilmente parecemos notar isto. A.W. Tozer é um daqueles que viram o declínio da Cristandade Americana e falou a respeito disto, escrevendo:

A mensagem deste livro não surgiu destes tempos, porém ela é apropriada para eles. Ela é chamada à frente pela condição que tem existido na Igreja por alguns anos e que está piorando constantemente. Refiro-me à perda do conceito de majestade da mente religiosa popular. A Igreja tem deixado o seu uma vez elevado conceito de Deus e o tem substituído por um tão baixo, tão ignóbil, como ser absolutamente indigno de pensar, adorando os homens. Isto ela fez não deliberadamente, porém pouco a pouco e sem seu conhecimento; e sua total desatenção somente faz sua situação ainda mais trágica.

A escassa visão de Deus mantida quase universalmente entre os Cristãos é a causa de centenas de maldades em toda parte entre nós. Toda uma nova filosofia de vida Cristã tem resultado deste erro básico em nosso pensamento religioso.

Com nossa perda de sentido de majestade veio a perda posterior do respeito e da consciência da divina Presença. Perdemos nosso espírito de adoração e nossa habilidade de recolhimento interior para encontrar Deus em adoração silenciosa. A Cristandade Moderna não está produzindo simplesmente a espécie de Cristão que pode apreciar ou experimentar a vida no Espírito. As palavras “Aquiete-se, e saiba que eu sou Deus”, significa próximo de nada para o autoconfiante, movimentado adorador nesta metade do século vinte.

A perda do conceito de majestade chegou justamente quando as forças da religião estão tendo ganhos dramáticos e as igrejas estão mais prósperas do que em qualquer tempo dentro de várias centenas de anos. Porém a coisa alarmante é que nossos ganhos são mais externos e nossas perdas totalmente internas; e desde que é a qualidade da nossa religião que é afetada pelas condições internas, pode ser que nossos supostos ganhos são porém perdas espalhadas sobre um campo vasto.

A única maneira de recuperar nossas perdas espirituais é voltar para a causa delas e fazer as correções como a verdade garante. O declínio do conhecimento do santo trouxe nossos problemas. A redescoberta da majestade de Deus irá um longo caminho para saná-los.É impossível manter nossas sólidas práticas morais e nossas atitudes guardadas certas enquanto nossa ideia de Deus é errônea ou inadequada. Se formos trazer de volta poder espiritual para nossas vidas, devemos começar a pensar em Deus mais próximo do que Ele está.1

J.I. Packer concorda como ele escreve na introdução do seu livro clássico, Conhecendo Deus,

Noventa anos atrás C.H.Spurgeon descreveu as hesitações que então viu entre os Batistas nas Escrituras, sobre a expiação e destino humano e pôde ele ‘pesquisar’ o pensamento Protestante sobre Deus no tempo presente, como imagino era de ‘se esperar’!2

Tozer tem alguns comentários úteis sobre o que podemos fazer para trazer de volta a Gloria abalada: Vejamos:

O que nós simples Cristãos podemos fazer para trazer de volta a glória? Existe algum segredo que possamos aprender? Existe uma fórmula para reavivamento pessoal que podemos aplicar à situação presente, para nossa própria situação?A resposta para estas perguntas é sim.

Entretanto a resposta pode facilmente desapontar algumas pessoas, pois ela é algo simples. Não trago criptograma esotérico, nem código místico para ser dolorosamente decifrado. Não apelo para nenhuma lei escondida do inconsciente, nenhum conhecimento oculto revelado somente para alguns. O segredo é um aberto o qual o homem caminhando pode ler. É simplesmente o velho sempre novo conselho: Reconcilia-te com Deus. Para retomar o seu poder perdido a Igreja deve ver o céu aberto e ter uma visão transformadora de Deus.

Porém o Deus que devemos ver não é o Deus utilitário que está tendo tal popularidade hoje, cuja principal alegação para a atenção dos homens é Sua habilidade de trazer para eles sucesso em suas várias atividades e quem por esta razão está sendo adulado e lisonjeado por qualquer um que queira um favor.O Deus que devemos aprender a conhecer é a Majestade nos céus, Deus Pai Todo Poderoso Criador do céu e da terra, o único Deus sábio e Salvador. É Ele que se assenta sobre o círculo da terra, que alarga os céus como uma cortina e a espalha como uma tenda para habitar nela, que traz Suas hostes estreladas pelo número e as chamam todas pelo nome através da grandeza do Seu poder, que vê os trabalhos do homem como vaidade, que não confia em príncipes e não pede conselhos aos reis.3

Ao concluir esta série, tentarei achar uma marca que servirá como uma soma bíblica dos atributos de Deus.4 Iremos considerar a relevância e importância deste assunto para os homens e mulheres hoje.

Soma dos Atributos de Deus

Uma expressão bíblica que pode abranger todos os atributos de Deus é encontrada na descrição do encontro de Moisés com Deus em Êxodo 33 e 34.

17 - Então disse o SENHOR a Moisés: Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te conheço por nome. 18 - Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. 19 - Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. (Êxodo 33:17-19).

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR. 6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; 7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êxodo 34:5-7).

Moisés pediu a Deus que Ele lhe mostrasse a Sua glória (33:18). Após deixar bem claro que Ele não revelaria toda a Sua glória para Moisés, e que Ele é soberano em outorgar Sua graça salvadora para os homens, Deus Se manifesta para Moisés. Não existe absolutamente nenhuma descrição como alguma coisa parecia para Moisés, achamos aqui somente as palavras registradas de Deus para Moisés, palavras que declaravam Seus atributos. Os atributos de Deus são a manifestação da “glória de Deus”.

Uma ligação similar dos atributos de Deus e a glória de Deus é achada no primeiro capítulo da carta de Paulo aos Romanos:

18 - Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. 19 - Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. 20 - Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; 21 - Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. 22 - Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. 23 - E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. (Romanos 1:18-23).

Deus se revelou na natureza. Na natureza os atributos invisíveis de Deus são mostrados (especificamente, o poder eterno de Deus e natureza divina, versículo 20). Os homens trocaram a “glória do Deus incorruptível” pela imagem dos homens corruptíveis e outras criaturas terrenas (versículo 23). Os atributos de Deus são a glória de Deus, e os homens portanto devem glorificar a Deus em resposta à revelação de tais atributos.5 Os homens pecadores não glorificam a Deus, e consequentemente demonstram eles mesmos serem pecadores culpados, sob a condenação divina. Gostaria de enfatizar que os atributos de Deus e a glória de Deus são associados muito próximos, tanto que podemos dizer que a glória de Deus é a soma total de quem Deus é, e quem Deus é, é definido pelos Seus atributos.

A Relevância da Glória de Deus (Atributos) para os Homens

Mesmo em círculos Cristãos, o estudo dos atributos de Deus é olhado como uma espécie de coisa que os teólogos fazem com pouca ou nenhuma relevância para as pessoas no dia a dia das suas vidas. Que erro! Nada é mais relevante para os Cristãos do que a glória de Deus. Devemos considerar primeiro a glória de Deus no Nosso Senhor Jesus Cristo. Depois, voltaremos para a glória de Deus e o descrente. Finalmente, abordaremos a glória de Deus e o Cristão.

A Glória de Deus em Jesus Cristo

A glória de Deus é para aparecer na pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo. O profeta Isaías anteviu isto e falou:

37 - E, ainda que tinha feito tantos sinais diante deles, não criam nele; 38 - Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? 39 - Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: 40 - Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. 41 - Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. (João 12:37-41).6

No nascimento de nosso Senhor Jesus, achamos referências para a glória de Deus:

14 - Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para com os homens. (Lucas 2:14)

32 - Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. (Lucas 2:32.

Ambos João e o autor de Hebreus enfatizam que Jesus é a manifestação da glória de Deus:

14 - E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1:14)

3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; (Hebreus 1:3)

Quando Jesus realizou o Seu primeiro milagre tornando a água em vinho, João viu isto como uma manifestação da glória de Deus e nosso Senhor Jesus Cristo:

11 - Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele. (João 2:11)

Porque ficaríamos surpresos ao achar que a tentação de nosso Senhor envolveu uma oferta de Satanás de uma “gloria” inferior?

8 - Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9 - E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. (Mateus 4:8-9).

Os discípulos tinham uma percepção distorcida da glória de Deus, e eles queriam ser uma parte dela (veja Marcos 10:37). Somente depois eles entenderiam a glória de Deus e o fato que devemos sofrer com Ele a fim de entrar na Sua glória.

Houve alguns poucos eventos na vida de Cristo que deu aos homens um relance da total glória de nosso Senhor. O primeiro ocorreu diante da multidão:

27 - Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora. 28 - Pai, glorifica o teu nome. Então veio uma voz do céu que dizia: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei. 29 - Ora, a multidão que ali estava, e que a ouvira, dizia que havia sido um trovão. Outros diziam: Um anjo lhe falou. (João 12:27-29).

O outro evento foi a transfiguração de nosso Senhor testemunhada somente por Pedro, Tiago e João:

29 - E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa ficou branca e mui resplandecente. 30 - E eis que estavam falando com ele dois homens, que eram Moisés e Elias, 31 - Os quais apareceram com glória, e falavam da sua morte, a qual havia de cumprir-se em Jerusalém. 32 - E Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois homens que estavam com ele. (Lucas 9:29-32).

Em sua oração sacerdotal registrada em João 17, Jesus ora para que o Pai o glorifique (17:5), indica que Ele deu aos Seus seguidores a glória a qual o Pai deu para Ele (versículo 22) e pede para que eles possam estar com Ele a fim de contemplar Sua glória (versículo 24). Quando Jesus foi levantado da morte, o foi pela (não somente para) a glória de Deus:

4 - De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. (Romanos 6:4).

O Seu retorno para a terra, para derrotar Seus inimigos e estabelecer Seu reino, será em glória (ver Mateus 16:27; 24:30; 25:31).

A Glória de Deus e o Incrédulo

O problema do incrédulo é o pecado e suas consequências. A glória de Deus é o padrão pelo qual o pecado é definido, e porque todos os homens carecem da glória de Deus, eles também estão debaixo da sentença de condenação.

23 - Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; (Romanos 3:23).

23 - Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. (Romanos 6:23).

Embora a criação revele a glória de Deus (Salmo 19:1-6; Romanos 1:19-20), homens incrédulos rejeitaram este conhecimento, escolhendo trocar a glória de Deus pela falsa glória das coisas criadas, inclusive o próprio homem (Romanos 1:21-23). Como resultado, o homem está debaixo da divina condenação7 e goza da glória em coisas as quais são realmente vergonha para o homem (Romanos 1:24-27; Filipenses 3:19)

Para serem salvos, os homens devem reconhecer seus pecados, a justiça de Jesus Cristo, e a sentença de morte a qual os espera (veja João 16:8-12). Eles devem confiar em Jesus Cristo como provisão de Deus para os pecadores. Ele, o Filho de Deus sem pecado, morreu no lugar dos pecadores, levando a penalidade pelos nossos pecados. Sua justiça está disponível para todos que creem Nele para salvação (João 1:12; 3:16; Romanos 3:21-26; 10:9-11).Porém Satanás cegou os corações e as mentes dos incrédulos assim eles não podem ver a glória de Deus em Cristo através do evangelho (II Coríntios 4:4) Em última análise, somente o Espírito de Deus pode abrir os olhos dos cegos para verem a luz do evangelho glorioso e vir à fé (veja Lucas 4:18-19; João 6:65; 8:43-47; Atos 26:18; II Coríntios 4:6; Efésios 1:18).

Nos dias da Grande Tribulação, os homens experimentarão a ira de Deus e será dada outra oportunidade para darem glória a Deus e evitar o julgamento, porém eles recusarão (Apocalipse 14:6-7; 16:9) Todos os homens irão finalmente reconhecer que Jesus é Senhor, para a glória de Deus (Filipenses 2:11), porém não como crentes adoradores. No final, eles passarão a eternidade separados da glória de Deus (II Tessalonicenses 1:9).

A Glória de Deus e o Cristão

A igreja desempenha um papel vital em trazer glória a Deus:

21 - A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém. (Efésios 3:21)

24 - De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. 25 - Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, 26 - Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, 27 - Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. 28 - Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. 29 - Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; (Efésios 5:24-29).

Quando Deus estabeleceu a salvação individual dos crentes, Ele o fez para Sua própria glória:

22 - E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados para a perdição; 23 - Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, 24 - Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios? (Romanos 9:22-24).

3 - Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; 4 - Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; 5 - E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, 6 - Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, (Efésios 1:3-6; veja também 12, 14).

5 - Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. 6 - Para que concordes, a uma boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. 7 - Portanto recebei-vos uns aos outros, como também Cristo nos recebeu para glória de Deus. 8 - Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; (Romanos 15:5-8).

Os Cristãos entendem que seu privilégio e chamado é para trazer glória para Deus. O homem não é o centro do universo espiritual, e Deus não é nosso servo, à nossa disposição e chamado para nos fazer sentir bem e nos livrar da dor. Deus é o centro do universo, e Ele faz todas as coisas trabalharem junto para nosso bem e para Sua glória (Romanos 8:28). “Todas as coisas” incluem perseguição e sofrimentos e dificuldades.8 Os Cristãos veem que Deus faz boas coisas virem do nosso sofrimento e provações:

10 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; 11 - Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. (Mateus 5:10-12).

18 - Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. 19 - Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 20 - Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu SENHOR. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. 21 - Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou. (João 15:18-21).

3 - E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, 4 - E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. 5 - E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. (Romanos 5:3-5).

18 - Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada. 19 - Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. 20 - Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, 21 - Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. 22 - Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. 23 - E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo. (Romanos 8:18-23).

2 - Meus irmãos, tende grande gozo quando cairdes em várias tentações; 3 - Sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. (Tiago 1:2-3).

12 - Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; 13 - Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. 14 - Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória9 e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. (I Pedro 4:12-14).

Qualquer sofrimento e tristeza que possamos experimentar nesta vida não se igualam à glória que nos espera:

16 - Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17 - Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18 - Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas. (II Coríntios 4:16-18).

A glória de Deus deve ser o objetivo para tudo o que fazemos e o padrão pelo qual determinamos o que devemos ou não fazer:

31 - Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. (I Coríntios 10:31).

Nesta passagem, Paulo está escrevendo referente ao exercício das nossas convicções individuais, pessoais como Cristãos. Ele não está falando sobre coisas que são claramente ordenadas, porém sobre coisas que são permissíveis. O padrão pelo qual determinamos se exercitamos uma liberdade particular não é se podemos, ou mesmo se queremos, porém se ela glorifica a Deus. Por isso, enquanto Paulo tinha o direito de ser financeiramente sustentado como um apóstolo, ele escolheu não o ser em inúmeras ocasiões para a promoção do evangelho e, portanto para a glória de Deus (veja I Coríntios 9:1-23).

Muitas pessoas agonizam sobre “saber a vontade de Deus”, e muitos livros tem sido escritos no assunto. Porém a resposta é intensamente simples no âmago. Deus manda ou proíbe alguma coisa? Então você sabe a vontade de Deus. É imperativo que leiamos nossas Bíblias, oremos, testemunhemos, e nos reunamos em adoração com outros crentes. É vontade de Deus que nos abstenhamos da imoralidade, e não mintamos. Porém em áreas não bem definidas, aquelas áreas onde Deus não deu uma ordem ou uma proibição, precisamos apenas fazer uma pergunta: Isto glorifica a Deus?

Quando oramos, o objetivo do nosso pedido deveria ser a glória de Deus. Não deveríamos focalizar em Deus “suprindo nossas necessidades sentidas”, porém em Deus recebendo glória. Podemos ser assegurados que as orações para a glória de Deus são muito mais facilmente ouvidas e respondidas do que orações que pedem a Deus atender nossos desejos egoístas (ver Tiago 4:3).

Finalmente, a glória de Deus é a chave para entender a ordem de Deus na igreja. Devemos reconhecer que a igreja é central para os propósitos de Deus nesta época como foi para Israel no Velho Testamento, e que será de novo (veja Romanos 11). A igreja é o corpo de Cristo. Através do Seu Espírito, Cristo habita na Sua igreja, e através do Seu “corpo”, Cristo continua a obra no mundo.Algumas instruções de Cristo para a igreja podem parecer difíceis para entender e mesmo mais difíceis para aplicar. Uma área é o ministério e conduta da mulher na igreja. Alguém pode dificilmente negar os ensinos do Novo Testamento para que as mulheres sejam submissas na igreja. Esta submissão relacionada à vestimenta das mulheres (I Timóteo 2:9-10; I Pedro 3:3-5), a proibição de ensinar ou exercer autoridade sobre os homens (I Timóteo 2:11-15), e a orientação que elas “mantivessem silêncio”, o que incluía inclusive o fazer perguntas nas reuniões da igreja (I Coríntios 14:34-36).

Minha intenção não é convencer você de que estas instruções sejam aplicadas hoje como elas eram aplicadas no primeiro século, embora este seja o fato simples do assunto. As principais objeções para as instruções dadas para as mulheres por Pedro e Paulo vêm da nossa própria natureza pecaminosa e da cultura na qual nós vivemos. Argumentos contra o simples, direto ensino do Novo Testamento no ministério e conduta da mulher na igreja são baseados no manuseio do Novo Testamento o qual é longe de convincente.10.

Seja o que for meu desejo é apontar no contexto desta mensagem que a glória de Deus é uma das chaves para entender porque estas instruções do Novo Testamento para as mulheres foram dadas.11 Interessantemente, é esta passagem problema em I Coríntios 11 que mais claramente lida com o aspecto da glória de Deus:

2 - E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim, e retendes os preceitos como vo-los entreguei. 3 - Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. 4 - Todo o homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. 5 - Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada. 6 - Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu. 7 - O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. 8 - Porque o homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. 9 - Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. 10 - Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos. 11 - Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no SENHOR. 12 - Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem provém da mulher, mas tudo vem de Deus. 13 - Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta? 14 - Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido? 15 - Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu. 16 - Mas, se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus. (I Coríntios 11:2-16).

Enquanto a exposição deste texto não é o meu foco, está claro que enquanto eu possa argumentar sobre certos “mosquitos” deste texto, os “camelos” devem estar claros. O princípio implícito na passagem é chefia. A palavra cabeça não poderia ser mais enfática do que nestes versículos. O que a mulher faz em relação à sua cabeça está diretamente ligado à chefia de Cristo sobre Sua igreja.Chefia envolve autoridade, porém ela envolve muito mais do que apenas autoridade. Chefia também envolve glória. Isto é o que as instruções do Novo Testamento para as mulheres querem significar. Para a esposa se vestir de tal maneira que chama a atenção para si mesma é para a mulher trazer glória para si, ao invés do que para seu esposo. Para a esposa ter uma cabeça descoberta era para abertamente demonstrar sua glória (seu cabelo é a sua glória), ao invés de trazer glória para seu esposo. Para a esposa ensinar ou exercer autoridade é tomar a posição que usurpa a glória que ela deveria procurar trazer para seu esposo. Quando tudo é dito e feito, os princípios subjacentes ao ministério e conduta das mulheres na igreja são aqueles de chefia e glória. Se uma mulher deseja glorificar a Deus pela sua conduta, ela procurará trazer glória para seu esposo ao invés de procurar glória para si mesma.

Palavras duras? Talvez, porém estou convencido que elas são ambas bíblicas e verdade. Porém não pense que este assunto da Glória de Deus somente se aplica às mulheres. Nem é a chefia de Cristo e Sua glória uma desculpa para o homem procurar uma posição de proeminência na igreja, pois proeminência tem tudo a ver com a glória, e a glória deve ser do nosso Senhor. Isto é também porque nós achamos o princípio da pluralidade ensinada nas Escrituras. Há somente uma “Cabeça” da igreja, e esta “Cabeça” é nosso Senhor Jesus Cristo (I Coríntios 11:3; Efésios 1:22-23; Colossenses 1:18). E por causa disto, nenhum homem é para procurar ser proeminente, pois a glória é para ser de nosso Senhor:

1 - ENTÃO falou Jesus à multidão, e aos seus discípulos, 2 - Dizendo: Na cadeira de Moisés estão assentados os escribas e fariseus. 3 - Todas as coisas, pois, que vos disserem que observeis, observai-as e fazei-as; mas não procedais em conformidade com as suas obras, porque dizem e não fazem; 4 - Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; 5 - E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes, 6 - E amam os primeiros lugares nas ceias e as primeiras cadeiras nas sinagogas, 7 - E as saudações nas praças, e o serem chamados pelos homens; Rabi, Rabi. 8 - Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi, porque um só é o vosso Mestre, a saber, o Cristo, e todos vós sois irmãos. 9 - E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus. 10 - Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo. 11 - O maior dentre vós será vosso servo. 12 - E o que a si mesmo se exaltar será humilhado; e o que a si mesmo se humilhar será exaltado. (Mateus 23:1-12).

1 - Aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar: 2 - Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; 3 - Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. 4 - E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória. (I Pedro 5:1-4).

Que maravilhosa realidade é a glória de Deus. A glória de Deus é nossa esperança. A glória de Deus é nossa ambição e motivação, nosso objetivo. A glória de Deus deve governar nossas ações, nossas orações, nossos motivos, nosso ministério. E, como Moisés, deveríamos sempre procurar ver mais da Sua glória à medida que estudamos a Sua Palavra e procurarmos contemplar a glória da Sua natureza e atributos. Que este estudo seja apenas o começo de uma vida de procurar conhecer a Deus, de ver a Sua glória, e de procurar a Sua glória. Sua glória é o nosso mais alto objetivo e o nosso mais alto bem. À Deus seja a glória!

23 - Assim diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, 24 - Mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o SENHOR. (Jeremias 9:23-24).

Traduzido por Césio J. de Moura.


1 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (San Francisco: Harper and Row, Publishers, 1961), pp. 6-7.

2 J. I. Packer, Knowing God (Downers Grove: InterVarsity Press, 1973), p. 7.

3 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy, pp. 121-122.

4 O leitor deve notar que a expressão “Os atributos de Deus” é um título teológico e não uma expressão bíblica. Deveríamos então procurar um termo bíblico ou uma expressão que se refira aos atributos de Deus.

5 Veja também João 1:14, onde a glória de Deus é explicada em termos dos dois atributos, graça e verdade.

6 O significado desta declaração de João é que a cegueira dos Judeus está explicada pela referência em Isaías 6:9-10. João nos informa que a visão de Deus de Isaías, descrita em Isaías 6:1-5, não é somente uma visão da glória de Deus o Pai, porém a visão da glória de Deus o Filho. Como Jesus disse aos Seus discípulos, “Aquele que me vê a mim vê ao Pai” (João 14:9).

7 Herodes é a mais dramática ilustração do julgamento que cai sobre aqueles que não dão a glória a Deus, porém procuram glorificar a si mesmos (veja Atos 12:20-23).

8 Por exemplo, alguém precisa apenas considerar a vida do apóstolo Paulo para ver que pessoa espiritual enfrenta adversidade e sofrimento (II Coríntios 4:7-12; 6:4-10; 11:22-29).

9 Não é de observar que o Santo Espírito, o Espírito de Deus, é chamado aqui por Pedro o Espírito de glória?

10 Aqueles que tentam rejeitar o ensino do Novo Testamento relativo às mulheres invariavelmente vão para I Coríntios 11, e lá eles fazem algumas coisas estranhas. Ao invés de basear suas conclusões nos textos claros das Escrituras, eles baseiam suas conclusões no texto mais complicado. Gosto do que B.B,Warfield disse neste ponto anos atrás. Permita-me citá-lo aqui:

Diante destas duas absolutamente simples e enfáticas passagens [I Coríntios 14:33ss. e I Timóteo 2:11ss.], o que é dito em I Cor. 11:5 não pode ser apelado em atenuação ou modificação. Precisamente qual o significado em I Cor. 11:5, ninguém quase sabe. O que é dito lá é que toda mulher que ora ou profetiza sem cobrir a cabeça desonra sua cabeça. Parece razoável inferir que se ela ora ou profetiza coberta ela não desonra sua cabeça. E parece razoável indo além inferir que ela pode apropriadamente orar e profetizar se somente ela o fizer coberta. Estamos acumulando uma série de deduções. E elas não nos levaram muito longe. Não podemos inferir que seria apropriado para ela orar e profetizar na igreja se somente ela estiver coberta. Não há nada dito sobre igreja nesta passagem ou no seu contexto. A palavra “igreja” não ocorre até o versículo 16, e então não como uma referência normativa da passagem, porém somente como suprimento suporte para a injunção da passagem. Não há razão, contudo para acreditar que “orando e profetizando” na igreja é o pretendido. Nem era um exercício confinado à igreja.  B. B. Warfield, “Women Speaking In The Church,” pp. 3-4. [Reprinted by Calvary Press, as taken from The Savior of the World.]

11 Isto não é para dizer que devemos primeiro conhecer porque Deus ordenou alguma coisa antes de obedecer, porém dizer que há razões, se nós a entendemos e aceitamo-las ou não.

Related Topics: Glory, Character of God

12. A Imutabilidade De Deus

Introdução

Após decidir trocar seu automóvel, uma família que conheço determinou finalmente que a melhor decisão seria comprar uma minivan nova. Embora fosse cara, eles planejaram cuidar muito bem do veículo e fazê-lo durar por muitos anos. Enquanto ele ainda era virtualmente novo, eles fizeram uma viagem. A correia que movimenta a direção hidráulica e o alternador para a bomba d’água, quebrou, e o carro superaqueceu. Eles imaginavam quanto o superaquecimento causou de dano, e eu não fui capaz de dar a eles muito encorajamento. O vendedor garantiu para eles que uma nova correia concertaria o carro inteiramente. No caminho de volta de um piquenique para casa, eles foram pegos numa tempestade repentina e atingidos com granizo do tamanho de uma bola de golfe durante um tempo suficiente para dar ao carro inteiro uma aparência ondeada. Logo depois, enquanto dirigindo no centro da cidade, alguém bateu na traseira da minivan danificando-a ainda mais. Meu amigo me disse que chegaram ao ponto de até pararem de lavar o carro.

O carro novo do meu amigo envelheceu rapidamente em pouco tempo. As coisas mudam tão rapidamente. Muito frequentemente, mudança é uma realidade desagradável da vida que evitaríamos se pudéssemos. Recentemente encontrei uma das nossas primeiras diretorias da igreja. Puxa, ter alguns dos nossos amigos mudados!Alguns não têm mais o que eles costumavam ter, e alguns de nós têm uma quantidade maior de algumas coisas do que tínhamos antes. Uma olhada no mapa do mundo de 20 anos atrás revela a existência de nações que não eram nem concebidas 20 anos atrás. As mudanças recentes na antiga URSS vieram rápida e inesperadamente.

A tecnologia viu talvez as mais dramáticas mudanças nos tempos recentes. Computadores que uma vez sonhei de possuir agora vejo em bazares e escolho ir embora dificilmente com uma pontada de dor de tentação, mesmo embora o preço seja abaixo de dez dólares. O computador no qual estou escrevendo esta mensagem é 50 vezes mais rápido do que o primeiro computador de mesa IBM que usei, o qual custa o dobro. As coisas mudam tão depressa que não podemos confiar num jornal diário para notícias de última hora; devemos ter programas de notícias durante o dia todo. Um fazendeiro que encontrei recentemente tem um terminal de computador na sua mesa de cozinha funcionando constantemente assim ele pode se manter atualizado.

Algumas mudanças são bem vindas; outras não. Um grande conforto para os Cristãos que vivem nestes tempos turbulentos e problemáticos é a confiança que temos de que Deus não muda. Teólogos referem a este atributo de Deus como a “imutabilidade de Deus”. Deus não muda. Esta verdade é registrada inúmeras vezes nas Escrituras e mesmo nos hinos que cantamos na igreja. Reflitamos neste grande atributo, a imutabilidade de Deus, antes de considerarmos as aplicações desta verdade nas nossas vidas.

Deus Não Muda

29 - E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que se arrependa. (I Samuel 15:29).

Saul tornou-se rei de Israel. Como tal, ele teve de liderar os Israelitas na batalha contra os Amalequitas. Ele foi instruído por Deus para destruir totalmente o rei e cada criatura viva, homem, mulher, criança, e mesmo todo o gado (I Samuel 15:2-3). Saul obedeceu às instruções de Deus somente parcialmente, permitindo ao rei viver e mantendo o melhor do gado (versículos 7-9). Saul simplesmente não levou a sério a Palavra de Deus. Como resultado, Deus tirou seu reinado (versículos 22-26). Saul então expressou um pedido desesperado para Samuel, na esperança que Deus restauraria seu reinado; em lugar disto, Samuel expressou as palavras do versículo 29. Samuel informou a Saul que Deus, a Glória de Israel, não era um homem. Porém como um Deus imutável, Ele poderia e não alteraria Sua palavra ou mudaria Sua mente para reverter as consequências que Ele tinha pronunciado sobre o pecado de Saul. Saul, como muitas pessoas hoje em dia, deliberadamente desobedeceu a Palavra de Deus esperando que Deus de alguma forma deixasse de fazer como Ele disse. Saul teve muito pouca consideração pela Palavra de Deus e não viu quão sério Deus é em relação à desobediência da Sua Palavra. Ele esperava que Deus fosse levar Sua própria Palavra levemente revertendo a sentença que Ele tinha pronunciado contra o pecador. Deus sempre leva Sua Palavra muito seriamente. Ele não somente espera e requer de nós que Lhe obedeçamos, como Ele muito certamente irá manter Sua Palavra em relação à punição daqueles que a desconsideram. Deus, porque Ele é Deus, é imutável, e podemos estar certos de que Ele irá manter a Sua Palavra. Todas as demais coisas na criação estão sujeitas à mudança exceto o Criador, pois Ele, como Deus, não mudará:

12 - Mas tu, SENHOR, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração. 25 - Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. 26 - Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. 27 - Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim. 28 - Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti. (Salmo 102:12, 25-28).

6 - Porque eu, o SENHOR, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos. (Malaquias 3:6).

Em Malaquias, o profeta adverte a nação de Israel da ira vindoura de Deus. Ele fala da vinda de ambos, João Batista e de Jesus, o Messias (3:1). O dia da Sua vinda será um dia de ira, e também será um dia de libertação e salvação. Ninguém pode suportar o dia da Sua vinda, fora da divina graça (versículo 2), e assim de alguma foram Israel será purificada, e seus sacrifícios e louvores serão aceitos por Deus (versículos 3-4). Deus irá trazer Seu povo para julgamento (versículo 6). No meio destas palavras de alerta e conforto, o Senhor fala da Sua imutabilidade como a razão para Israel não ser totalmente consumida em julgamento divino (versículo 6).

Que ironia quando comparamos este texto com I Samuel 15:29. A “esperança” de Saul estava na possibilidade de que Deus pudesse mudar e não levasse adiante as consequências para o seu pecado.  A profecia de Malaquias nos diz exatamente o contrário. Como Saul, Israel pecou, e o julgamento divino é certo. A imutabilidade de Deus significa que Deus irá continuar com o julgamento. Também significa que Deus continuará com a Sua promessa de salvação. Como alguém pode achar conforto e ser assegurado de salvação enquanto também for assegurado do julgamento divino? A resposta é simples quando vista da perspectiva da cruz de Cristo. O julgamento certo de Deus caiu em Seu Filho, Jesus Cristo, e, portanto pela fé Nele, os homens são salvos dos seus pecados e da ira de Deus. Nossa esperança não é no pensamento desejando que Deus não continue com a punição do pecado; nossa esperança é na certeza de que, em Cristo, Deus julgou o pecado na carne de uma vez por todas e assim podemos ser salvos. A imutabilidade de Deus é uma parte significativa da nossa esperança, pois Ele que prometeu julgar o pecado é o mesmo Deus que prometeu nos salvar dos nossos pecados julgando o pecado na pessoa e obra de Jesus Cristo, Seu Filho.

7 - Lembrai-vos dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai, atentando para a sua maneira de viver. 8 - Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. 9 - Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram. (Hebreus 13:7-9).

O Livro de Hebreus foi escrito para os Judeus santos que estavam começando a enfrentar perseguição, provavelmente dos seus irmãos Judeus não crentes. Eles eram tentados a cair renunciando sua fé em Cristo e abraçando o Judaísmo novamente. O autor desta epístola repetidamente demonstrou que a velha aliança Mosaica nunca pretendeu salvar os homens, porém prepara-los para a nova aliança a qual foi realizada em Cristo. Esta nova aliança é “melhor”, uma palavra chave em Hebreus, e não deveria ser abandonada para retornar à velha. Estes santos eram exortados a persistirem em sua fé, mesmo no meio da perseguição. A exortação de seguir os passos dos homens fiéis através dos quais eles chegaram à salvação é seguida imediatamente por esta lembrança da imutabilidade de Jesus Cristo.

8 - Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. (Hebreus 13:8).

Esta declaração é muito importante, pois é uma alegação de divindade. Somente Deus é imutável; somente Ele não pode mudar e não muda. Para o escritor nos dizer que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente é para nos lembrar de que Ele é Deus. Não é de admirar que o Seu sacrifício é superior a qualquer um e a todos sacrifícios do Velho Testamento! Também é um incentivo à fé. Quem melhor para confiar nossa salvação e eterno bem-estar do que Ele que não é somente Deus, porém é O que não pode mudar e não muda. Nosso destino eterno não poderia estar em melhores mãos.

17 - Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. (Tiago 1:17).

Como o escritor de Hebreus, Tiago escreve para aqueles que estavam sofrendo perseguição pela sua fé. Ele instrui a eles para se regozijarem quando entrarem em provações, sabendo que isto é divinamente pretendido para aumentar nossa fé pela produção da perseverança (Tiago 1:2-4; compare Romanos 5:3-5). Se a alguém falta sabedoria para saber como responder às provações da vida, ela precisa somente pedir a Deus por sabedoria. Ela não deve duvidar, pois tal pessoa é instável em todos os seus caminhos (versículos 6-8). Aqueles que perseveram debaixo de provação irão, quando forem aprovados, receber a coroa da vida (versículo 12)

Enquanto Deus nos testa através de tribulações e provações, Ele nunca nos tenta para pecar. Tal tentação vem de outra fonte. O mundo e o demônio certamente procuram nos extraviar, porém devemos também olhar dentro de nós mesmos para a explicação pelo nosso pecado. Um homem que é tentado e então peca ele o faz porque ele deu lugar à sua própria luxuria. Não devemos certamente culpar a Deus (versículos 13-15). Deus não é certamente a fonte do mal, porém a fonte do bem. Cada coisa boa provém de Deus como uma dádiva. Somente coisas boas provêm de Deus. Desde que Ele é imutável, podemos dizer que isto é uma regra, e que não há exceções. O Deus que é bom, e a fonte de tudo o que é bom, é consistentemente bom para aqueles que são Seus (versículo 17; veja também Romanos 8:28).

Nestes quatro textos, dois dos quais são do Velho Testamento e dois do Novo, vemos que a imutabilidade de Deus é claramente ensinada na Bíblia e que ela é uma verdade intensamente prática. Antes de considerarmos as implicações práticas da imutabilidade de Deus, lidemos primeiro brevemente com duas circunstâncias com as quais alguém possa erradamente concluir que Deus não é imutável. Em várias ocasiões, as Escrituras falam de Deus se “arrependendo” ou “mudando Sua mente” (veja Gênesis 6:5-6; Êxodo 32:14; Jonas 3:10; II Samuel 24:16). Tais textos comprometem nossa confiança na imutabilidade de Deus? Certamente não! Primeiro, devemos esclarecer o que imutabilidade significa. Imutabilidade se aplica à natureza de Deus. Ele é sempre Deus, e Ele é sempre infinitamente poderoso. Nunca Deus falhará em cumprir Seu desejo devido à mudança em Seu poder para cumprir Seus propósitos. Segundo, Deus é imutável em relação ao Seu caráter ou atributos:

“… Deus é imutável em Seus atributos. Quaisquer que fossem os atributos de Deus antes da criação do universo, eles são precisamente os mesmos agora, e irão permanecer assim para sempre. Necessariamente assim; pois eles são as mesmas perfeições, as qualidades essenciais do Seu ser. Semper idem (sempre o mesmo) está escrito através de cada um deles. Seu poder é intenso. Sua sabedoria não reduzida, Sua santidade imaculada. Os atributos de Deus não podem mudar mais do que a divindade possa cessar de ser. Sua veracidade é imutável, pois Sua Palavra é “para sempre, ó SENHOR, a tua palavra permanece no céu” (Salmo 119:89).

Seu amor é eterno: “com amor eterno te amei,” (Jeremias 31:3) e, “como havia amado os seus, que estavam no mundo, amou-os até o fim”. (João 13:1).

Sua misericórdia não cessa, pois ela é “eterna” (Salmo 100:5).1

Quando Jonas protestou contra os negócios de Deus com os Ninivitas, ele deixou claro que Deus não estava agindo inconsistentemente com o Seu caráter, porém ao contrário Ele estava agindo de maneira previsível. Jonas pensou fugir da presença de Deus numa tentativa fútil de frustrar Deus de agir consistentemente com o Seu caráter:

1 - MAS isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. 2 - E orou ao SENHOR, e disse: Ah! SENHOR! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. (Jonas 4:1-2).

Quando Deus “cedeu em relação à calamidade a qual Ele declarou que Ele iria trazer sobre” os Ninivitas, Deus não estava somente agindo consistentemente com Seu caráter; Ele estava consistentemente agindo com Sua Palavra:

7 - No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, 8 - Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. (Jeremias 18:7-8).

Esta esperança incentivou o rei dos Ninivitas se arrepender, juntamente com o restante da cidade (Jonas 3:5-9). As ações de Deus são previsíveis porque Ele é imutável. Esta foi à esperança do arrependido rei dos Ninivitas e o receio do profeta Jonas.

Terceiro: os propósitos e as promessas de Deus são imutáveis (veja Romanos 11:29).2 Deus termina o que Ele começa. Esta foi a base para o apelo de Moisés a Deus em Êxodo 32 (versículos 11-14). Aqui, as ações de Deus em resposta ao apelo de Moisés não eram uma contradição à Sua imutabilidade, porém uma confirmação daquela imutabilidade.

As várias dispensações evidentes na Bíblia3 não são contradições à imutabilidade de Deus. A imutabilidade de Deus não O impede de incorporar diferentes economias no Seu plano geral de redenção. Em Romanos 9-11, o apóstolo Paulo mostra como toda a história é uma parte do plano eterno de Deus. A falha da nação de Israel e a salvação dos Gentios são parte deste plano. As Escrituras do Velho Testamento frequentemente falam de tais assuntos, embora os Judeus não fossem abertos a ouvir ou aprender. Cedo em Seu ministério terreno, Jesus lembrou Seus irmãos Judeus do propósito de Deus de abençoar os Gentios assim como os Judeus, consistente com a aliança Abrâmica (Gênesis 12:1-3) e com muitos outros textos (ver Lucas 4:16-27; Romanos 9-11).

Pedro e a Imutabilidade de Deus

Quando considerei o assunto da imutabilidade de Deus, fiquei impressionado com a ênfase de Pedro nesta realidade. A imutabilidade de Deus permeia seus pensamentos e é a base para muito do que Pedro ensina. Primeiro achamos esta doutrina referida no sermão de Pedro em Pentecoste registrada em Atos 2. Pedro estava proclamando a ressurreição de Jesus Cristo da morte, não somente como um fato histórico do qual os apóstolos eram testemunhas, porém também como cumprimento das Escrituras (veja Atos 2:22-35). Ele estava argumentando também que a ressurreição de nosso Senhor era uma necessidade teológica e prática, procedente da doutrina da imutabilidade de Deus:

22 - Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; 23 - A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos; 24 - Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela; 25 - Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido; 26 - Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança; 27 - Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; (Atos 2:22-27).

Pedro mantém que “foi impossível” para o nosso Senhor não se levantar da morte (versículo 24). Por que isto é assim? Pedro então cita o Salmo 16, versículos 8-11, onde a profecia declara, “nem permitirás que o teu Santo veja corrupção (decadência).” Decadência é uma mudança de estado, uma mudança para baixo. Desde que Jesus Cristo é Deus e Deus não pode decair, Deus não decai. Não foi impossível para Jesus levantar da morte como alguns podem argumentar. Ao contrário, foi impossível para Ele não levantar porque Ele é imutável, e decadência é mudança. Pode ter havido mau cheiro de morte no túmulo de Lázaro após três dias (ver João 11:39), porém não houve mau cheiro no túmulo onde Jesus foi colocado. Foi impossível para Ele sofrer decadência. A ressurreição de nosso Senhor foi uma necessidade teológica.

Na primeira epístola de Pedro, a imutabilidade de Deus e Suas obras são proeminentes. Em I Pedro 1:3-9, Pedro fala da nossa salvação a qual é incorruptível ao contrário da que é corruptível. Ele fala da nossa herança como incorruptível (versículo 4) e também nossa fé (versículo 7). Nos versículos 18-19, Pedro fala do derramamento de sangue de nosso Senhor como precioso porque é incorruptível. A expiação pela qual nossa salvação foi alcançada foi por meio de um sacrifício incorruptível assim que nossa salvação é da mesma forma incorruptível. Nos versículos 22-25, Pedro continua falando da Palavra de Deus como incorruptível. É esta Palavra que serve como a semente incorruptível pela qual fomos gerados. Desde nosso nascimento é através de uma semente incorruptível, não somente é a Palavra incorruptível, mas também nossa vida e nosso amor que nascem da Palavra. Finalmente, em I Pedro 5:4, Pedro fala aos anciãos da sua recompensa incorruptível, a “a incorruptível coroa de glória”. Nossa salvação é segura porque é incorruptível. Portanto nossa salvação, como Deus, é imutável.

Conclusão

A imutabilidade de Deus está longe de ser somente uma observação teológica ou uma verdade hipotética. É uma verdade transformadora de vida da qual podemos tirar um número de implicações para nossas vidas.

(1) A imutabilidade de Deus tem implicações tremendas em relação a Bíblia, a Palavra de Deus.

J.I. Packer, no seu excelente livro, Conhecendo Deus, inclui um capítulo na imutabilidade de Deus, onde ele enfatiza a relevância deste atributo para nossas vidas como Cristãos:

Onde está o senso de distância e diferença, então, entre crentes no tempo da Bíblia e nós mesmos? Está excluído. Em que termos? Em termos de que Deus não muda. Comunhão com Ele, confiar na Sua palavra, viver pela fé, “firmes nas promessas de Deus”, são essencialmente as mesmas realidades para nós hoje como eram para os crentes do Velho e Novo Testamento. Este pensamento traz conforto à medida que entramos nas perplexidades de cada dia; entre todas as mudanças e incertezas da vida numa era nuclear, Deus e Seu Cristo permanecem o mesmo – poderoso para salvar. Porém o pensamento traz um desafio também. Se nosso Deus é o mesmo Deus dos crentes do Novo Testamento, como podemos nos justificar em conteúdo restante com uma experiência de comunhão com Ele, e um nível de conduta Cristã, que fica tão abaixo deles? “Se o Deus é o mesmo, esta não é uma questão que qualquer um de nós pode evitar”.4

A imutabilidade de Deus está intimamente relacionada com a imutabilidade da Palavra de Deus (Mateus 24:35; I Pedro 1:2-25), o que significa que a Sua Palavra nunca está desatualizada, nunca irrelevante para nossas vidas ou épocas.

(2) A imutabilidade de Deus é uma certeza para os Cristãos

Certeza provê estabilidade e confiança em tempos de incerteza e circunstâncias que parecem ameaçadoras. Porque nosso Deus não muda, Suas promessas e Seus propósitos são certos; eles não podem, e eles não falharão. Temos um sacrifício incorruptível, o sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo, que consumou redenção eterna para todos aqueles que o recebem (I Pedro 1:3-9, 17-21; Hebreus 9:12). Temos um “reino que não pode ser abalado” (Hebreus 12:28). Temos um Deus que lida conosco consistentemente com Seu caráter e Sua Palavra (veja Tiago 1:12-28). Temos um Grande Sacerdote que “permanece para sempre e tem um sacerdócio perpétuo” (Hebreus 7:24). Nossa esperança e confiança não são na “incerteza dos ricos”, porém ao contrário em “ Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos” (I Timóteo 6:17). O profeta Isaías contrastou a “criação que muda com o Criador que não muda” como um encorajamento para a certeza e fidelidade, mesmo nos dias negros da história (Isaías 50:7-51:16).

(3) A imutabilidade de Deus é um padrão para os Cristãos.

Como “filhos de Deus” devemos imitar a Deus, refleti-Lo em nossas vidas diárias (veja Mateus 5:43-48). Enquanto existe muita necessidade de mudança em nossas vidas (sobre a qual falaremos num momento), há também a necessidade de não mudarmos. Não devemos permitir que o mundo nos mude conformando-nos com o seu modelo herege (Romanos 12:1-2). Não devemos mudar perdendo o coração e abandonando nossa confissão de fé (veja Hebreus 6:11-20; 10:19-25, 32-39). Não devemos mudar abandonando nossos compromissos quando os cumprindo é oneroso para nós (Salmo 15:4).

(4) A imutabilidade de Deus é também um impressionante alerta que Deus irá cumprir Sua Palavra em relação ao julgamento pelo pecado.

A imutabilidade de Deus não é somente uma certeza confortadora em relação às bênçãos que Deus tem prometido, porém também um impressionante alerta de que Deus irá cumprir Sua Palavra em relação ao julgamento pelo pecado. Quando Deus falou para Judá em relação ao julgamento prestes a vir sobre a nação pelos seus pecados, Ele falou de um julgamento que era certo, que não mudaria porque Ele não mudaria Sua mente:

27 - Porque assim diz o SENHOR: Toda esta terra será assolada; de todo, porém, não a consumirei. 28 - Por isto lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão; porquanto assim o disse, assim o propus, e não me arrependi nem me desviarei disso. (Jeremias 4:27-28).

Em Jeremias 18:7-8, Deus prometeu que Ele iria ceder do desastre que Ele pronunciou contra uma nação ímpia se ela se arrependesse. Aqui em Jeremias 4, Deus indica que o julgamento do qual Ele falou é irreversível. Há um tempo para arrependimento, e durante este tempo os homens podem se arrepender com a certeza de que Deus irá perdoar seus pecados em lugar do julgamento que Ele ameaçou. Porém o tempo para arrependimento termina, e então os homens devem enfrentar as consequências dos seus pecados. Em Jeremias 4, Deus estimula Judá para se arrepender (veja versículo 14), porém seu pleito será ignorado, e assim o julgamento virá. Quando o tempo para arrependimento passar, a ira de Deus certamente virá. Deste ponto, Deus não voltará do julgamento que Ele anunciou através dos Seus profetas. Tal foi o caso nos dias de Noé. O evangelho foi proclamado por mais de 100 anos, porém quando Deus fechou a porta da arca, o tempo para arrependimento passou e o tempo para o julgamento chegou. Deus certamente não “mudará” em relação ao julgamento, uma vez que o tempo para arrependimento passou. Não erre olhando para a graça e misericórdia de Deus ao dar um tempo para arrependimento como uma evidência de apatia divina e certeza de que Deus não julgará os homens pelos seus pecados. Julgamento é certo e seguro para os pecadores que se rebelam contra Deus.

Aqui está o terror para o ímpio. Aqueles que O desafiam, quebram Suas leis, não se preocupam com Sua glória, porém vivem suas vidas como se Ele não existisse, não devem supor que, quando finalmente eles gritarem para Ele por misericórdia, Ele irá alterar Sua vontade, revogar Sua palavra, e rescindir Suas ameaças horríveis. Não, Ele declarou, ‘Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, contudo não os ouvirei’ (Ezequiel 8:18). Deus não irá negar a Si mesmo para gratificar suas paixões. Deus é santo, imutável. Portanto Deus odeia o pecado, eternamente o odeia. Logo a eternidade da punição de todos os que morrem em seus pecados.

A imutabilidade divina, como a nuvem que se interpôs entre os Israelitas e o exército egípcio, tem um lado escuro assim como um claro. Ela assegura a execução das Suas ameaças, assim como a realização das Suas promessas; e destrói a esperança que o culpado afetuosamente estima que Ele seja todo indulgente para Suas frágeis e enganadas criaturas, e que eles serão tratados muito mais levemente do que as declarações da Sua própria Palavra lidariam como esperado. Opomo-nos a estas especulações enganadoras e presunçosas com a solene verdade, que Deus não muda em veracidade e propósito, em fidelidade e justiça (J. Dick, 1850).5

(5) O ímpio frequentemente emprega mal a imutabilidade de Deus, fazendo-a um pretexto para viver em pecado sem medo de retribuição.

Homens e mulheres pecadores frequentemente abusam da doutrina da imutabilidade de Deus. O Deus imutável é Aquele que é o sustentador de todas as coisas. Naturalmente, todas as coisas continuam como elas são desde a fundação do mundo (Colossenses 1:16-17; veja também II Pedro 3:3-4)  A constância do mundo em que vivemos é um assunto de graça comum, e é um que testifica da Sua bondade e graça. Os descrentes interpretam mal a consistência da ordem da criação, fazendo dela uma “prova” de que Deus não irá julgar o mundo pelo pecado (II Pedro 3:3-4). Como então podemos estar certos do Seu julgamento? (1) Por causa da Palavra de Deus que nos alerta do julgamento, e a Palavra de Deus, como Deus, não muda. (2) Porque a história da Bíblia está cheia de exemplos da intervenção de Deus na história humana para julgar o pecado. Este julgamento toma algumas vezes uma forma espetacular, como a vista no dilúvio (Gênesis 6-7) ou na destruição de Sodoma e Gomorra (Gênesis 19).

Outras vezes, o julgamento é adiado de forma que os homens possam se arrepender e serem salvos. E algumas vezes o julgamento de Deus chega em forma não reconhecida de imediato como julgamento divino. Este é o caso em Romanos 1:18-32. A ira de Deus está evidente em permitir aos homens sofrerem a degradação e a corrupção do pecado, portanto eles são corrompidos tanto na mente como no corpo. Ele julga pecadores permitindo que eles persistam em seus pecados sem interrupção divina, colhendo então o redemoinho de consequências pelo pecado. Hoje em nossa cultura muitos olham a imoralidade, perversão, e coisas deformadas como progresso, como uma benção. Porém deveríamos vê-la pelo que ela é – julgamento divino – uma pequena amostra do que está por vir.

(6) O Deus que não muda é o único meio pelo qual os homens pecadores podem ser mudados de forma a entrarem nas bênçãos eternas de Deus.

Enquanto Deus não muda, os homens pecadores devem mudar a fim de entrarem no reino de Deus. Esta “mudança” é de um que é um vil pecador, merecedor da ira eterna de Deus, para um pecador perdoado, que agora permanece na justiça de Deus, através da fé em Cristo. É Deus quem prove os meios pelos quais os pecadores podem ser mudados, transformados em novas criaturas, perdoados, justificados, tendo uma esperança imperecível. O que é requerido dos homens é se arrependerem, cessarem de pensar e agir como faziam anteriormente, reconhecerem seus pecados, e confiarem em Jesus Cristo.

Este não é um bom trabalho o qual os homens fazem a fim de ganhar o favor de Deus. Ao contrário, é um bom trabalho o qual Deus realiza em nossas vidas, o resultado da Sua bondade e graça. A única mudança que Deus aceita é a mudança que Ele produz em e através de nós, pelo trabalho de Cristo de do Espírito Santo.

Não há maior receio do que saber que somos pecadores, e que Deus não somente odeia pecado, porém Ele irá certamente julgar os pecadores. Não há conforto a ser achado na imutabilidade de Deus para o pecador. Porém para aqueles que confiaram na provisão de Deus pelos pecadores, não existe maior conforto do que saber de que Deus que nos escolheu, que nos chamou e que nos prometeu salvação eterna não muda.

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Arthur W. Pink, Gleanings in the Godhead (Chicago: Moody Press, 1975), pp. 35-36.

2 Alguns dos propósitos de Deus são temporais e temporários. A aliança Mosaica, por exemplo, foi uma provisão temporária que de nenhuma forma altera ou coloca de lado Sua eterna aliança com Abraão (veja Gálatas 3:17).

3 Deveria ser dito que mesmo os não dispensacionalistas creem em dispensações, que estão em certas distinções no programa de Deus sobre o curso da história bíblica. A não concordância surge não sobre o fato de tais diferenças, porém sobre a interpretação destas diferenças. Como regra, dispensacionalistas tendem a enfatizar as diferenças enquanto teólogos da aliança enfatizam a unidade de todo o plano que abrange as várias dispensações.

4 J. I. Packer, Knowing God (Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1973), p. 72.

5 Arthur W. Pink, Gleanings in the Godhead (Chicago: Moody Press, 1975), p. 37.

Related Topics: Character of God

13. A Alegria De Deus

Introdução

Devo confessar que nunca fui muito animado com a “cara sorridente” achada nos para-choques e nas cartas pessoais. Em particular nunca me importei com a “cara sorridente” como uma logomarca ou símbolo Cristão. Lamentavelmente, a maioria das pessoas pensa em Deus em termos de uma face franzida. Deus odeia o pecado, e se entendo as Escrituras corretamente, Ele até odeia os pecadores. Ele é um Deus de ira que está bravo contra os pecadores. Porém esta é somente uma das emoções de Deus, somente um aspecto do Seu caráter. Deus é também um Deus que sente grande prazer em Suas criaturas e criação. Nosso Deus tanto é alegre como é a origem da nossa alegria. Quão agradecidos deveríamos ser por este atributo do nosso grande Deus.

Quando alguém lê os muitos trabalhos sobre os atributos de Deus, o tópico da “alegria do Senhor” não é frequentemente achado. Por alguma razão, a “alegria do Senhor” parece ser um aspecto negligenciado da natureza e do caráter de Deus. Anos atrás, um dos meus professores do seminário chamou nossa atenção para isto quando se referiu a I Timóteo 1:

9 - Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores, para os profanos e irreligiosos, para os parricidas e matricidas, para os homicidas, 10 - Para os devassos, para os sodomitas, para os roubadores de homens, para os mentirosos, para os perjuros, e para o que for contrário à sã doutrina, 11 - Conforme o evangelho da glória de Deus bem-aventurado, que me foi confiado. (I Timóteo 1:9-11, ênfase do autor).

A palavra bem-aventurado usada aqui por Paulo é o mesmo termo que nosso Senhor empregou no Sermão do Monte, o qual é “bem-aventurado” na Versão King James, na Nova Versão King James, na NIV e na NASB. J.B. Phillips e numas poucas outras interpretam o termo como “feliz”. Meu professor indica que alguém poderia interpretar a expressão em I Timóteo 1:11, o “Deus feliz”, uma sugestão que me surpreendeu. O termo empregado poderia ser usado neste sentido, e a teologia bíblica não o proíbe. Por alguma razão, nós raramente pensamos de Deus como sendo feliz.

Infelizmente, a palavra “feliz” tem sido redefinida e tão trivializada em nossa cultura que é pouca surpresa que hesitamos em usá-la com referência aos Cristãos ou ao nosso Deus. Portanto creio que deveríamos redefinir e procurar recuperar o termo. Por ora, no entanto, é mais seguro usarmos o termo alegria, um termo mais frequentemente usado para Deus e os Cristãos. Em Neemias achamos esta declaração familiar:

18 “A alegria do Senhor é a nossa força” (Neemias 8:10).

Eu sempre pensei da alegria referida aqui como a alegria a qual Deus dá,e assim é. Agora percebo que isto não diz quase nada. Ela também é a alegria a qual Deus possui e experimenta. Deus nos dá alegria porque Ele é alegria. Ele é a fonte da alegria, assim como Ele é a fonte de amor, de verdade, de misericórdia, e assim por diante. Alegria é tanto uma descrição de Deus como a descrição do que Ele dá.

Iremos começar pesquisando as Escrituras procurando as evidências da satisfação e prazer de Deus (Sua alegria). Depois iremos considerar a alegria de nosso Senhor Jesus Cristo, como mostrado nas profecias do Velho Testamento e no Novo Testamento. Finalmente, tentaremos mostrar como a “alegria do Senhor” pode impactar as vidas dos homens, especialmente daqueles que são verdadeiros crentes em Jesus Cristo. Que essa lição possa ser um reflexo da alegria de Deus e uma fonte de verdadeira alegria para cada um de nós.

A Alegria de Deus o Pai

Alguns podem dizer que estou me excedendo aqui, porém parece como se Deus tivesse prazer – Ele achou alegria – em Sua criação. Repetidamente em Gênesis achamos a expressão “e viu Deus que era bom” (veja versículos 4, 10, 12, 17, 21, 25, 31). Creio que Moisés estava indicando o prazer de Deus por repetidamente dizer que Deus viu Sua criação ser boa. Quando alguém nos serve um pedaço de torta feita em casa e exclamamos, “Está gostosa” estamos expressando não somente nossa aprovação, mas também nosso prazer. Frequentemente, quando “crio” alguma coisa na minha garagem, me pego indo de volta várias vezes nos próximos dias para ver aquilo tendo prazer no que fiz. O Pai parece ter alegria no que Suas mãos fizeram. Quando os homens pecam, a alegria de Deus se torna tristeza:

5 - E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente. 6 - Então arrependeu-se o SENHOR de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. 7 - E disse o SENHOR: Destruirei o homem que criei de sobre a face da terra, desde o homem até ao animal, até ao réptil, e até à ave dos céus; porque me arrependo de havê-los feito. (Gênesis 6:5-7).

A criação de Deus entra na alegria do seu Criador:

8 - E os que habitam nos fins da terra temem os teus sinais; tu fazes alegres as saídas da manhã e da tarde. (Salmo 65:8). 13 - Os campos se vestem de rebanhos, e os vales se cobrem de trigo; eles se regozijam e cantam. (Salmo 65:13).

12 - Alegre-se o campo com tudo o que há nele; então se regozijarão todas as árvores do bosque, (Salmos 96:12). 8 - Os rios batam as palmas; regozijem-se também as montanhas, (Salmo 98:8).

Deus o Pai tem prazer em escolher e selecionar. Deus se deleita sobre a nação de Israel, selecionando seu povo como alvo das Suas bênçãos, assim como Ele também se deleita sobre Israel como alvo da Sua ira (Deuteronômio 28:63), não porque Deus tem prazer na morte dos homens, mesmo homens ímpios (Ezequiel 18:23, 32; 33:11), porém porque Deus disciplina Seu “filho” a fim de trazê-lo para a bondade (veja Provérbios 3:12; Hebreus 12:3-10).

Deus da mesma forma teve prazer em tornar Davi rei sobre Israel e então salvá-lo do perigo.

20 - E tirou-me para um lugar espaçoso, e livrou-me, porque tinha prazer em mim. (II Samuel 22:20).

9 - Bendito seja o SENHOR teu Deus, que teve agrado em ti, para te pôr no trono de Israel; porque o SENHOR ama a Israel para sempre, por isso te estabeleceu rei, para fazeres juízo e justiça. (I Reis 10:9).

A Alegria de Jesus, o Messias Prometido.

De acordo com o profeta Isaías o Messias prometido é Aquele no qual o Pai se apraz (42:1). Ele é descrito como Aquele que “deleitar-se-á no temor do Senhor” (11:3). E, Ele é Aquele que será caracterizado pela alegria, alegria que ultrapassa a de todos os Seus irmãos:

6 - O teu trono, ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu reino é um cetro de equidade. 7 - Tu amas a justiça e odeias a impiedade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo de alegria mais do que a teus companheiros. (Salmo 45:6-7).

O escritor aos Hebreus fala do Senhor Jesus como sendo motivado para levar adiante o Seu trabalho na cruz do Calvário pela alegria a qual Ele entraria pelo Seu sacrifício expiatório:

1 - PORTANTO nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, 2 - Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. 3 - Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. (Hebreus 12:1-3).

Jesus disse aos Seus discípulos que eles iriam ter grande alegria. A alegria que eles experimentariam era primeira e antes de tudo Sua alegria, a alegria na qual eles também entrariam.

11 - Tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. (João 15:11).

13 - Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos. (João 17:13).

Em Mateus 25, Jesus contou uma parábola a qual tem muito a nos ensinar sobre alegria.

14 - Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens. 15 - E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. 16 - E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco talentos. 17 - Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. 18 - Mas o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. 19 - E muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. 20 - Então aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que granjeei com eles. 21 - E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 22 - E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos. 23 - Disse-lhe o seu SENHOR: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. 24 - Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; 25 - E, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. 26 - Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? 27 - Devias então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros. 28 - Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. 29 - Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado. 30 - Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus 25:14-30).

Esta parábola tem muito a nos ensinar sobre o serviço Cristão. Devemos concluir que destes três servos, somente os dois primeiros eram verdadeiros crentes. O terceiro “escravo” foi lançado em densas trevas, um lugar onde haverá choro e ranger de dentes (versículo 30). Os dois primeiros “escravos” eram bons e fiéis, e o terceiro foi infiel e ímpio. Acho interessante e instrutivo considerar esta história da perspectiva da alegria.

Os dois primeiros escravos foram fiéis, e sua recompensa foi “entrar no gozo” do seu Senhor. Estas palavras não indicam que seu mestre era alegre e que estes escravos foram abençoados por entrarem no seu gozo com ele? O mestre era (ou seria) alegre, e seus escravos fiéis entrariam na sua alegria também. O “mestre” nesta história muito certamente representa nosso Senhor e os fiéis “servos”, Seus seguidores. As bênçãos do mestre e seus escravos são resumidas pela palavra “alegria”.

Este terceiro escravo me fascina. No passado, sempre focalizei no que este ímpio, preguiçoso escravo não fez. Agora, estou especialmente interessado em porque este escravo falhou em fazer o que ele devia fazer. Foi este escravo preguiçoso porque ele não fez o trabalho para ganhar um lucro para o seu mestre? Naturalmente. Porém ele não foi mal ao pensar erradamente do seu mestre? Ele pensou do seu mestre como um que esperava lucro onde ele não tinha feito provisões.

24 - Mas, chegando também o que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; (Mateus 25:24).

A avaliação deste escravo sobre o seu mestre estava errada. É verdade que Jesus julga este homem na base da sua avaliação do seu mestre, porém é, contudo uma percepção errada. Deus não é um mestre cruel, que espera ganhar lucro onde Ele não nos deu nenhuma provisão. Ele lida conosco em graça. Ele nos dá os meios para fazermos aquilo que Ele espera e requer. Podemos preencher nossas responsabilidades para com Ele somente pela Sua graça. Esta é a razão pela qual nós somente podemos vangloriar Nele e não naquilo que fizemos. Este escravo foi mau porque ele não viu seu mestre como gracioso e (talvez eu seja tão ousado em dizer) feliz. A recompensa dos escravos fiéis foi entrar no gozo do seu mestre. O mestre era alegre. Os servos fiéis eram para entrar na sua alegria. E o homem mau não recebeu nada da alegria de Deus. Quantos de nós tivemos esta mesma visão distorcida de Deus como um resmungão, exigente mestre ao invés de um mestre alegre em cuja alegria nós também podemos entrar? E o serviço que Ele requer de nós mesmo agora é para ser feito alegremente e não pesadamente.

Lucas 15 é ainda outro exemplo da disposição alegre de nosso Deus. A alegria de Deus (pelo arrependimento e salvação dos pecadores) é contrastada com a dureza dos escribas e Fariseus e suas queixas contra a associação do nosso Senhor com os cobradores de impostos e pecadores (15:1-2). Em resposta, Jesus conta duas parábolas, ambas apontando para a alegria de Deus sobre o fato de alguém que estava perdido e foi achado:

3 - E ele lhes propôs esta parábola, dizendo: 4 - Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove, e não vai após a perdida até que venha a achá-la? 5 - E achando-a, a põe sobre os seus ombros, gostoso; 6 - E, chegando a casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. 7 - Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 8 - Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? 9 - E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. 10 - Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. (Lucas 15:3-10 ênfase do autor).

Em ambas as histórias, algo se perdeu, foram procuradas depois, e achado. Quando o objeto perdido foi recuperado, quem procurou por ele se regozijou e convidou outros para se ajuntar em celebração na alegria desta recuperação. Os itens perdidos – uma ovelha e uma moeda – foram achadas porque o proprietário que as tinha perdido procurou por elas.

Jesus deixa claro que estas duas histórias são entendidas como ilustrativas da Sua procura pelos pecadores e então regozijo pela sua salvação. Um dos “gozo que lhe estava proposto” (Hebreus 12:2) foi a salvação dos pecadores perdidos. Outros eram esperados se regozijarem com nosso Senhor sobre o fato de pecadores perdidos estarem vindo para a fé Nele e serem “achados” Nele. Os escribas e Fariseus não podiam entrar nesta alegria porque eles ainda estavam perdidos e não queriam ser achados. Eles estavam bravos porque Jesus estava manifestando graça em relação àqueles pecadores sem valor. Eles não queriam tais pessoas em “seu” reino.

As palavras ditas aqui pelo nosso Senhor são muito familiares para mim, porém de alguma forma falhei em tomá-las a sério o suficiente. Sempre pensei que Jesus estava dizendo que eram os anjos que se regozijavam pela salvação dos pecadores perdidos. Sem dúvida os anjos se regozijam, porém esta não é a ênfase do texto. Na primeira história, Jesus disse que houve “alegria no céu” por aquele que se arrependeu (versículo 7). Na segunda história, Jesus declarou que houve “alegria na presença dos anjos”. Os anjos não estavam sozinhos no seu regozijo, os anjos estavam se regozijando junto com Deus. Deus está se regozijando no céu e na presença dos anjos. A implicação das palavras de nosso Senhor é que porque Deus se regozija sobre a salvação de um pecador perdido, os anjos o fazem da mesma forma. Nas palavras de Jesus em Mateus 25, eles “entram na alegria do seu Mestre”. O fato de que os escribas e os Fariseus não estavam se regozijando é, portanto um problema sério. Eles não estavam em harmonia com o céu e, mais do que tudo, com Deus. Por quê? Porque eles não acreditavam que eram pecadores, e eles não queriam a graça de Deus. Eles não queriam pensar deles mesmos como cidadãos que entraram no reino de Deus da mesma forma que estes cobradores de impostos e pecadores. De fato, eles não eram salvos de maneira alguma. Como o escravo ímpio de Mateus 25, eles eram descrentes, que pensavam muito mal do Mestre e que não tinham parte no Seu reino nem na Sua alegria.

A última metade de Lucas 15 é a história do filho pródigo, a qual continua a enfatizar o contraste dramático entre Deus e a hoste celestial e os escribas e Fariseus descrentes. O filho pródigo se arrepende e retorna para o seu pai. O pai se regozija e chama para um tempo de celebração e regozijo. O outro filho mais velho se regozija que o filho perdido retornou? Certamente que não! Ele está bravo com o irmão e também com seu pai. Ele não pode entender porque ele não foi permitido celebrar. Ele transpira justiça própria ao contrário de gratidão e alegria, que deveria caracterizar a resposta de um pecador à graça de Deus tanto na sua vida como na vida de outros. O pai do pródigo novamente representa a alegria do Pai Celestial pelo arrependimento e conversão dos pecadores perdidos.

O Espírito Santo e a Alegria

Para que não pensemos que alegria ou “felicidade” é um atributo somente do Pai e do Filho deixe-me chamar sua atenção para estes versículos que ligam a alegria do crente com o Espírito Santo.

52 - E os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.(Atos 13:52).

17 - Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. (Romanos 14:17).

13 - Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que abundeis em esperança pela virtude do Espírito Santo. (Romanos 15:13).

6 - E vós fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo. (I Tessalonicenses 1:6)

O Espírito Santo é o meio pelo qual a alegria do nosso Senhor, a alegria do nosso Mestre, é transmitida para a vida dos Cristãos. Devemos concluir destes versículos que aqueles que não são Cristãos, nos quais o Espírito Santo não habita, não experimentam nem podem experimentar a alegria de Deus. Isto é certamente certo dos escribas e Fariseus descritos em Lucas 15 e em outros lugares nos Evangelhos.

Conclusão

Deus é um Deus de alegria, um “Deus feliz”. Ele se regozija com a Sua criação, e Ele especialmente se regozija na salvação dos pecadores perdidos. Se somos filhos de Deus então estamos afinados com o coração e o caráter de Deus e isto deveria ser caracterizado pela alegria também. Esta alegria vem de Deus e é mediada através do Espírito Santo para cada Cristão. “A alegria do Senhor” deveria caracterizar nosso serviço e nossa adoração. É uma alegria que será ainda maior no céu, uma alegria com a qual entraremos no céu. Para o Cristão, alegria não é uma opção, pois somos mandados experimentar e expressar alegria como Cristãos:

12 - Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. (Mateus 5:12).

20 - Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus. (Lucas 10:20).

36 - E o que ceifa recebe galardão, e ajunta fruto para a vida eterna; para que, assim o que semeia como o que ceifa, ambos se regozijem. (João 4:36).

20 - Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. (João 16:20)

22 - Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas outra vez vos verei, e o vosso coração se alegrará, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará. (João 16:22)

15 - Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram; (Romanos 12:15).

10 - E outra vez diz: Alegrai-vos, gentios, com o seu povo. (Romanos 15:10)

26 - De maneira que, se um membro padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos os membros se regozijam com ele. (I Coríntios 12:26).

6 - Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; (I Coríntios 13:6)

11 - Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco. (II Coríntios 13:11).

27 - Porque está escrito: Alegra-te, estéril, que não dás à luz; Esforça-te e clama, tu que não estás de parto; Porque os filhos da solitária são mais do que os da que tem marido. (Gálatas 4:27).

18 - Mas que importa? Contanto que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo, e me regozijarei ainda. (Filipenses 1:18).

17 - E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós. 18 - E vós também regozijai-vos e alegrai-vos comigo por isto mesmo. (Filipenses 2:17-18).

1 - RESTA, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós. (Filipenses 3:1).

4 - Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos. (Filipenses 4:4).

24 - Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; (Colossenses. 1:24).

9 - Porque, que ação de graças poderemos dar a Deus por vós, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa causa diante do nosso Deus, (I Tessalonicenses 3:9).

16 - Regozijai-vos sempre. (I Tessalonicenses 5:16).

6 - Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, (I Pedro 1:6).

8 - Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; (I Pedro 1:8).

13 - Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. (I Pedro 4:13).

7 - Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. (Apocalipse 19:7).

Você pode pensar que a falta de alegria é um dos males menores, porém este não é o caso. Deus falou do pecado de Israel como sendo evidente pela sua falta de alegria:

45 - E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do SENHOR teu Deus, para guardares os seus mandamentos, e os seus estatutos, que te tem ordenado; 46 - E serão entre ti por sinal e por maravilha, como também entre a tua descendência para sempre. 47 - Porquanto não serviste ao SENHOR teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo. 48 - Assim servirás aos teus inimigos, que o SENHOR enviará contra ti, com fome e com sede, e com nudez, e com falta de tudo; e sobre o teu pescoço porá um jugo de ferro, até que te tenha destruído. (Deuteronômio 28:45-48).

A falta de um coração agradecido foi a origem do pecado de Israel e do julgamento divino. Falta de alegria leva ao pecado. E, inversamente, o pecado leva à falta de alegria:

10 - Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. 11 - Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo. 12 - Torna a dar-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. 13 - Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos, e os pecadores a ti se converterão. (Salmo 51:10-13).

Além disso, vemos que a alegria é a motivação para o Cristão testemunhar e servir. Muito frequentemente tentamos motivar os Cristãos para testemunharem fazendo-os se sentirem culpados. Este texto indica que a “alegria da Tua salvação” atua como o motivador do nosso serviço, não culpa ou medo. “A alegria do Senhor é a nossa força” (Neemias 8:10). O Espírito de Deus e a Palavra de Deus são dois meios primários pelos quais a alegria do Senhor é transmitida aos homens (veja Salmo 119:111; Jeremias 15:16; versículos sobre o Espírito Santo e a alegria acima).

Fazemos um grande desserviço para Deus e outros quando mostramos Deus de uma forma que se iguala com a falsa percepção do escravo mau de Mateus 25. O escravo mau temia o seu mestre, porém ao invés de se incentivar para servir seu mestre, o medo produziu justamente a resposta contrária. Deus tem grande prazer e acha grande alegria em Suas criações, incluindo a nova criação dos crentes em Jesus Cristo. Ele também se regozija no crescimento e bondade do Seu povo.

Alegria serve como uma tremenda fonte de orientação em relação à “vontade de Deus”. Muitos pensam e falam da “vontade de Deus” como um grande mistério, difícil de discernir e ainda mais difícil de defender. Porém a Bíblia não fala da vontade de Deus desta forma. Em Romanos 7, Paulo não disse que a vontade de Deus era difícil de conhecer; ele disse que era impossível de fazer. Ele sabia o que era certo, ele somente não o fazia. Ele sabia o que era errado, ainda assim persistia em fazê-lo. Não é o conhecer da vontade de Deus, porém o fazê-la, que é difícil.

Se você deseja saber a vontade de Deus, aborde as decisões que você deve fazer na vida por este padrão: O que agrada a Deus, o que Lhe dá alegria, e o que entristece a Deus? Esta é a forma como Paulo abordou a vida:

9 - Pois que muito desejamos também ser-lhe agradáveis, quer presentes, quer ausentes. (II Coríntios 5:9).

10 - Aprovando o que é agradável ao Senhor. (Efésios 5:10).

20 - Ora, o Deus de paz, que pelo sangue da aliança eterna tornou a trazer dos mortos a nosso Senhor Jesus Cristo, grande pastor das ovelhas, 21 - Vos aperfeiçoe em toda a boa obra, para fazerdes a sua vontade, operando em vós o que perante ele é agradável por Cristo Jesus, ao qual seja glória para todo o sempre. Amém. (Hebreus 13:20-21).

A Bíblia não deixa nenhuma dúvida sobre o que agrada e desagrada Deus. Deus se regozija em Seu povo. (Salmo 149:4). Ele acha alegria na sinceridade (1 Crônicas 29:17) e na lealdade (Oseias 6:6) e benignidade (Miquéias 7:18). Ele se agrada de beneficência, juízo e justiça (Jeremias 9:24). Ele se agrada nos “filhos” os quais ele disciplina (Provérbios 3:12; veja Hebreus 12:3-13).Ele ama pesos justos (Provérbios 11:1) e os de caminho sincero (Provérbios 11:20). Ele tem prazer naqueles que agem fielmente (Provérbios 12:22). Deus não se regozija em meros rituais religiosos, divorciados do viver santificado (Salmo 51:16-17; veja também versículos 18 e 19). Aquelas coisas que nos impressionam não causam prazer em Deus, tais como a força de um cavalo ou as pernas de um homem (Salmo 147:10-11). Ele não acha nenhuma alegria em tolos (Eclesiastes 5:4) ou na morte do ímpio (Ezequiel 18:23, 32; 33:11).

Observe cuidadosamente que a forma de “alegria” do mundo não é a mesma alegria que os Cristãos possuem. As duas “alegrias” são bastante diferentes. De fato, o Cristão pode ser distinguido do descrente por aquelas coisas as quais são origem da nossa alegria. Os homens maus se regozijam nas suas abominações (Isaías 66:3) e escolhem o que Deus não gosta (Isaías 65:12; 66:4). Eles não se deleitam na Palavra de Deus (Jeremias 6:10). Eles se satisfazem com um ladrão, e com adúlteros (Salmo 50:18) e em impiedade (II Tessalonicenses 2:12).

O filho de Deus tem uma origem diferente de prazer ou regozijo. Sua alegria está no Senhor (Salmo 37:4; 43:4), na Sua Palavra (Salmo 1:2; 112:1; 119:16, 24, 70, 77, 92, 143, 174). Ele tem alegria em fazer a vontade do Senhor (Salmo 40:8) e em louvar a Deus (Salmo 147:1). Ele escolhe o que está agradando a Deus (Isaías 56:4). Ele se regozija com a justiça (Provérbios 21:15). Seu prazer não é pessoal, egoísta, prazeres sensuais, porém ele acha prazer em Deus:

13 - Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras, 14 - Então te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse. (Isaías 58:13-14).

Tantos não Cristãos parecem pensar que se tornar um Cristão significa o final de prazer e o começo de uma vida tediosa e sem alegria. O termo “puritano” está longe de ser um cumprimento hoje para qualquer pessoa, porque os Puritanos do passado são considerados um povo sem prazer. Tal caracterização dos Puritanos simplesmente não é verdade.1 Nada poderia estar longe da verdade. Não há alegria como aquela de conhecer a Deus e serví-Lo, nenhuma alegria como aquela de conhecer que nossos pecados foram perdoados e estamos certos com Deus através do sangue derramado de Jesus Cristo. Não há alegria que suporta dor e sofrimento e perseguição como a alegria dos Cristãos, cuja esperança e alegria estão no Senhor, e não nas nossas circunstâncias.

O autor John Piper recentemente abordou o tema do prazer numa forma restauradora a qual recomendo ao leitor. Seu primeiro livro intitulado, Desejando Deus: A Meditação de um Cristão Hedonista; foi seguido do Os Prazeres de Deus, o qual aborda os atributos de Deus. Mais recentemente, ele escreveu um livro intitulado, Deixem as Nações Se Alegrarem: A supremacia de Deus em Missões. Piper algumas vezes tende a contrastar prazer ou alegria com tarefa, quando as duas deveriam ser vistas juntas. Nossa tarefa deveria ser nosso prazer. Contudo, recomendo fortemente os seus escritos como uma fonte de edificação e estímulo para a busca da alegria.

Piper diz algo muito importante sobre alegria ou prazer. Ele insiste que não é errado para o Cristão ter prazer ou procurar prazer; é somente errado procurar prazer no lugar errado. Vamos procurar alegria em Deus e no serviço e adoração a Ele. A alegria do Senhor é a nossa força.

Traduzido por Césio J. de Moura.


1 Recomendo para seu entendimento dos Puritanos o excelente livro de J.I. Packer, A Quest For Godliness, um estudo dos Puritanos que corrige muitas concepções contemporâneas errôneas (Wheaton: Crossway Books, 1990). Também recomendo Worldly Saints, com o sub-título: “The Puritans As They Really Were,” by Leland Ryken (Grand Rapids: Academie Books, 1986).

Related Topics: Character of God

14. A Invisibilidade de Deus (Gênesis 32: 22-30; Êxodo 24:9-11; I Timóteo 1:17)

Introdução

Acha-se pouco no assunto da invisibilidade de Deus entre os livros dos atributos de Deus. Alguns podem achar que a invisibilidade de Deus é óbvia. Já que não podemos ver Deus por que tentar provar que Ele é invisível? Outros podem achar a invisibilidade de Deus um problema, um constrangimento, talvez até um impedimento à fé e o viver santificado. Porém isto não é simplesmente assim. Deveríamos nos lembrar das palavras de Jesus referente à Sua partida desta terra, e então Sua invisibilidade, quando começamos nosso estudo:

18 - Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. 19 - Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. 20 - Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. 21 - Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. (João 14:18-21).

7 - Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. 8 - E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. 9 - Do pecado, porque não creem em mim; 10 - Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; 11 - E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. (João 16:7-11).

16 - Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai. (João 16:16).

Podemos erradamente supor que Jesus está dizendo para Seus discípulos que eles O veem agora, porém daqui a pouco Ele será invisível por três dias, e então visível de novo após Sua ressurreição. Não acredito que Ele tenha dito isto absolutamente. Jesus está dizendo que Seus discípulos O veem fisicamente no momento, porém após Sua morte, sepultamento, ascensão, e a vinda do Espírito Santo prometido, eles O “verão” de uma forma muito mais clara. Ele irá falar a eles claramente e abertamente, e eles irão entender (alguma coisa não verdadeira de Seu ensinamento enquanto na terra com eles - veja Mateus 15:17; 16:11; Lucas 2:50; 9:45; João 10:6; 20:9). E enquanto Ele for invisível para o mundo após Sua ascensão, Ele será bem evidente para aqueles que creem Nele. Eles sentirão Sua presença mais seguramente, e Ele não mais estará entre eles, porém neles. A presença “invisível” de nosso Senhor é melhor do que era Sua presença visível. Somos privilegiados por conhecermos Deus mais intimamente agora após a morte do nosso Senhor, ressurreição e ascensão, do que os homens jamais o conheceram antes.

Alguns podem acreditar que a Bíblia esta se contradizendo em relação a invisibilidade de Deus. Alguns textos claramente indicam que Deus é invisível, que Ele não pode ser visto:

18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. (João 1:18).

17 - Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus sábio, seja honra e glória para todo o sempre. Amém. (I Timóteo 1:17).

Porém há textos também que os homens alegam ter visto Deus:

30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. (Gênesis 32:30).

11 - E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer fala com o seu amigo; depois tornava-se ao arraial; mas o seu servidor, o jovem Josué, filho de Num, nunca se apartava do meio da tenda.(Êxodo 33:11).

14 - E dirão aos moradores desta terra, os quais ouviram que tu, ó SENHOR, estás no meio deste povo, que face a face, ó SENHOR, lhes apareces, que tua nuvem está sobre ele e que vais adiante dele numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite. (Números 14:14).

Deveriam os Cristãos agitar suas mãos em desespero? Está a Bíblia “cheia de erros e inconsistências”, como alguns céticos alegaram? Começaremos considerando estas aparentes contradições. Então iremos considerar a invisibilidade de Deus e a encarnação visível do Senhor Jesus Cristo. Finalmente, consideraremos algumas das numerosas implicações da doutrina da invisibilidade de Deus.

Considerando Aparentes Contradições

À luz das declarações de alguns textos de que Deus é invisível e outros de que Deus foi visto pelos homens, vamos colocar verdades bíblicas aplicáveis para nos ajudar resolver estas aparentes contradições.

(1) Deus não tem forma física.

12 - Então o SENHOR vos falou do meio do fogo; a voz das palavras ouvistes; porém, além da voz, não vistes figura alguma. (Deuteronômio 4:12).

37 - E o Pai, que me enviou, ele mesmo testificou de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes o seu parecer.

Tanto o Velho como o Novo nos indica que Deus não tem forma, isto é, Deus não tem corpo físico.

(2) Deus é espírito.

A razão para isto é explicada pelo nosso Senhor em Suas palavras para a mulher do poço:

24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. (João 4:24).

Esta mulher fez referências para a disputa entre os Judeus e os Samaritanos sobre o lugar onde Deus deveria ser adorado. Os Judeus eram para adorar Deus em Jerusalém, e Jesus poderia te-la corrigido apontando isto. Porém Ele não fez isto. Jesus informou-a de que por causa da Sua encarnação, adoração não seria mais a mesma. Especificamente, adoração não mais seria restrita para qualquer lugar. Os homens eram para adorar a Deus em Jerusalém porque foi onde Deus escolheu para Sua presença habitar. Porém quando Deus quando se tornou ser humano na encarnação (a vinda de Cristo à terra), Ele escolheu habitar não somente entre Seu povo, porem no Seu povo. Quando Jesus ascendeu ao céu e o Santo Espírito veio para habitar na igreja, a igreja pôde adorar a Deus em qualquer lugar porque a presença de Deus entre os homens é espiritual, não física. Deus é espírito, assim Ele não está restrito a um lugar nem é a adoração restrita a um lugar. Deus é invisível porque Ele é espirito, não carne.

(3) Quando Deus aparece para os homens, Ele aparece numa variedade de “formas”.

Alguém pode pensar que esta declaração contradiz o que tem sido dito previamente, porém não contradiz. Deus não tem forma física, porém na Bíblia, Ele aparece aos homens em várias formas. Estas “formas” são ambas vagas e variadas.

Quando Deus aparece para os homens, as descrições da Sua aparição são algumas vezes vagas. Em Gênesis 32, lemos o relato de uma luta muito estranha. Da descrição do “homem” com quem Jacó lutou, não esperaríamos este ser outro do que um homem:

24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 25 - E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26 - E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste. 29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. (Gênesis 32:24-30).

O que mudou a mente de Jacó para leva-lo a concluir que este “homem” não era outro do que o próprio Deus? Não parece ser de alguma coisa não usual sobre a aparência desta pessoa. Não parece certamente ser devido ao infinito poder desta pessoa. A única indicação que este ser é Deus está contida nas palavras faladas para Jacó:

28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste. 29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali.(Gênesis 32:28-29).

Quase posso ver as rodas da mente de Jacó começar a rodar: “Quando eu jamais lutei com Deus? E como pode esta ‘pessoa’ me abençoar sem mesmo dar-me seu nome?” De repente ele soube. Ele tinha estado lutando com Deus. Aqui havia alguma coisa que ele iria ponderar por um longo tempo. Como tinha ele estado lutando com Deus?

Como estamos estudando a invisibilidade de Deus, a coisa importante a observar aqui é que quando Deus aparece para Jacó, como Ele fez, Sua aparência era a de um homem. Nenhuma menção é feita de vestes brancas fulgurantes ou uma luz brilhante. Não saberíamos que foi Deus pela mera aparência. Porém das palavras que Deus falou, Sua identidade tornou-se evidente.

Outras aparências ou manifestações de Deus para os homens são mais espetaculares e mostram mais indicações da Sua majestade e glória. Contudo, as “descrições” de Deus como Ele apareceu estão longe de ser detalhadas:

9 - E subiram Moisés e Arão, Nadabe e Abiú, e setenta dos anciãos de Israel. 10 - E viram o Deus de Israel, e debaixo de seus pés havia como que uma pavimentação de pedra de safira, que se parecia com o céu na sua claridade. 11 - Porém não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de Israel, mas viram a Deus, e comeram e beberam. (Êxodo 24:9-11).

Este é mesmo um incidente mais raro escondido no meio do Livro de Êxodo. Setenta e quatro homens contemplaram a Deus e comeram uma refeição festiva em Sua presença. Não há questão de que era Deus e que estes homens todos olharam para Ele de alguma forma. A admiração é que eles viveram para falar sobre isto. Porém se alguém fosse descrever Deus somente na base desta descrição de um encontro muito pouco usual com Deus, quanto você saberia a respeito da forma como Deus parece? A única coisa que este texto nos fala é que quando eles viram Deus, eles viram os pés (versículo 10). Foi nos dito mais sobre o que estava debaixo dos pés de Deus do que qualquer outra coisa. Esta é certamente uma descrição muito vaga. Deus pode ter sido visível aqui, porém não totalmente assim.

Um dos grandes textos do Velho Testamento descrevendo uma aparência de Deus para os homens é achado nos capítulos iniciais do Livro de Isaías:

1 - No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi também ao Senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. 2 - Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas; com duas cobriam os seus rostos, e com duas cobriam os seus pés, e com duas voavam. 3 - E clamavam uns aos outros, dizendo: Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. 4 - E os umbrais das portas se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. 5 - Então disse eu: Ai de mim! Pois estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos. 6 - Porém um dos serafins voou para mim, trazendo na sua mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; (Isaias 6:1-6 ).

Isaías certamente viu o Deus de Israel, e isto teve um impacto tremendo nele. Porém o que sabemos sobre como Deus se parece desta passagem? Como você descreveria Deus baseado na descrição de Isaías sobre Ele? Isaías mesmo tem mais a dizer sobre a aparência dos anjos do que sobre a aparência de Deus. Deus estava assentado no trono, e Ele usava um manto. Os anjos não proclamavam como Deus se parecia, porém o que Ele parecia. Eles proclamaram o caráter de Deus. Eles falaram da Sua santidade e da Sua glória. O impacto de Isaías foi uma conscientização ampliada da sua própria miserabilidade como um pecador. A revelação do caráter de Deus levou Isaías a ver como lamentavelmente falto da glória de Deus ele estava. À medida que Isaías cresceu no seu conhecimento do caráter de Deus, ele cresceu no conhecimento de si mesmo. A figura que Isaías viu de si mesmo não foi bonita.

(4) Ver a “face” de Deus seria fatal.

Naqueles casos onde os homens disseram ter visto a Deus, é expressa surpresa que eles viveram para falar a respeito disso. Jacó ficou maravilhado que a sua vida tenha sido preservada (Gênesis 32:30). Moisés notou que Deus “não estendeu Sua mão” contra os 74 homens que disseram que viram a Deus de Israel (Êxodo 24:10-11) Deus informou Moisés que Ele não poderia vê-Lo e viver (Êxodo 33:20). Quando Gideão percebeu que ele tinha visto o “o anjo do Senhor face a face” (Juízes 6:22), ele foi encorajado com a certeza de que ele não iria morrer (versículo 23).

Manoá e sua esposa, logo ao se tornarem os pais de Sansão, estavam surpresos que não morreram por ter visto a Deus como o “anjo do Senhor” (Juízes 13:21-23).Paulo parece dizer que os homens não podem ver a Deus e viverem quando ele declara que Deus habita em uma “luz inacessível” (I Timóteo 6:16). Chegar perto de Deus é como se aproximar de uma fornalha acessa. É perigoso para a saúde (veja também Êxodo 33:2-5).

(5) Há uma diferença entre ver Deus “face a face” e “ver a face de Deus”.

A expressão, “face a face” é uma figura de linguagem. Está claro nas Escrituras que ver Deus “face a face” não é a mesma coisa que ver a face de Deus. Considere o exemplo de Moisés, quando, na porção inicial de Êxodo 33, Moisés diz ter falado com Deus “face a face”:

9 - E sucedia que, entrando Moisés na tenda, descia a coluna de nuvem, e punha-se à porta da tenda; e o SENHOR falava com Moisés. 10 - E, vendo todo o povo a coluna de nuvem que estava à porta da tenda, todo o povo se levantava e cada um, à porta da sua tenda, adorava. 11 - E falava o SENHOR a Moisés face a face, como qualquer um fala com o seu amigo; depois tornava-se ao arraial; mas o seu servidor, o jovem Josué, filho de Num, nunca se apartava do meio da tenda. (Êxodo 33:9-11 ênfase do autor)

O ponto destas palavras não é que Moisés realmente viu a face de Deus, porém que ele falou intimamente com Deus. Isto se torna particularmente claro nos versículos seguintes:

18 - Então ele disse: Rogo-te que me mostres a tua glória. 19 - Porém ele disse: Eu farei passar toda a minha bondade por diante de ti, e proclamarei o nome do SENHOR diante de ti; e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia, e me compadecerei de quem eu me compadecer. 20 - E disse mais: Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face, e viverá. 21 - Disse mais o SENHOR: Eis aqui um lugar junto a mim; aqui te porás sobre a penha. 22 - E acontecerá que, quando a minha glória passar, pôr-te-ei numa fenda da penha, e te cobrirei com a minha mão, até que eu haja passado. 23 - E, havendo eu tirado a minha mão, me verás pelas costas; mas a minha face não se verá. (Êxodo 33:18-23 ênfase do autor).

Deus falou com Moisés “face a face”, porém Ele não permitiu Moisés “ver Sua face”. Portanto, ver Deus “face a face” não é a mesma coisa do que ver a face de Deus. Falar “face a face” significa falar com alguém numa base pessoal, íntima como um amigo fala para um amigo. Uma figura de linguagem similar é achada em Números 14:13 - E disse Moisés ao SENHOR: Assim os egípcios o ouvirão; porquanto com a tua força fizeste subir este povo do meio deles. 14 - E dirão aos moradores desta terra, os quais ouviram que tu, ó SENHOR, estás no meio deste povo, que face a face, ó SENHOR, lhes apareces, que tua nuvem está sobre ele e que vais adiante dele numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de noite. (Números 14:13-14).

Deus foi “visto olho no olho” pelos Israelitas. Neste contexto, isto significa que Deus fez Sua presença ser conhecida para os Israelitas através da nuvem que os guiou e a qual se tornou uma chama de fogo à noite. Não significa que Deus tem olhos físicos e que os Israelitas viram estes olhos. A presença de Deus estava com Seu povo, e Ele fez esta presença conhecida. Porém em nenhum lugar alguém vê a face de Deus, porque Deus não tem face. Deus é Espírito e não é feito de carne. Ele é invisível aos homens porque Ele não tem corpo, e Ele se torna visível para os homens por vários meios: Ele apareceu como um mero homem, o qual era o anjo do Senhor. Ele se fez conhecido por meio de uma nuvem e através de várias outras aparências, porém nenhuma destas foi a revelação total de Deus. E nenhuma foi uma ocasião quando os homens viram a face de Deus.

A Invisibilidade e a Aparência de Cristo

As mesmas tensões achadas no Velho Testamento em relação à invisibilidade de Deus e a aparência de Deus para os homens aparecem novamente no Novo Testamento com a aparência de Jesus Cristo. Jesus é o Único que viu o Pai e que agora fala por Ele:

1 - Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, 2 - A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. 3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, (Hebreus 1:1-3 a.).

1 - Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2 - Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 - Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; 4 - Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade? (Hebreus 2:1-4)

18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. (João 1:18).

46 - Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai. (João 6:46).

38 - Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. (João 8:38).

Jesus estava com o Pai desde o começo (João 1:1-2). Somente Ele verdadeiramente viu o Pai (6:46), e Ele falou as coisas que Ele viu quando estava com o Pai (8:38). Ele é a revelação final e total de Deus para os homens (Hebreus 1:1-3a.). Nós faríamos bem em prestar atenção ao que Ele falou e ao que foi registrado por aqueles que O viram, cuja veracidade como testemunhas foi confirmada pelos sinais e prodígios que Deus fez através deles (Hebreus 2:1-4).

Jesus tomou a carne humana, no entanto sem diminuir sua divindade:

14 - E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. (João 1:14).

5 - De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, 6 - Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, 7 - Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; 8 - E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. (Filipenses 2:5-8).

14 - E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; 15 - E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. (Hebreus 2:14-15).

Este corpo de carne o qual o Senhor em toda a Sua divindade tomou, não foi feito tão fisicamente atrativo que os homens e mulheres fossem atraídos para Ele numa forma carnal, como Isaías tornou claro:

1 - Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR? 2 - Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos. (Isaías 53:1-2).

Quando os discípulos finalmente concluíram que Jesus era realmente o Messias prometido de Deus, o Filho de Deus, Jesus disse para Simão Pedro, o representante dos discípulos, que ele era abençoado porque ele não chegou a aquela conclusão através da “carne e sangue”.

17 - E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. (Mateus 16:17).

Jesus foi reconhecido espiritualmente através de meios espirituais. Não foi dedução humana, mas divina revelação que possibilitou aos discípulos “verem” que Jesus era o Messias prometido do Velho Testamento, para o qual os Judeus olhavam, porém não viam.

Mesmo embora Deus tenha aparecido para os homens em carne humana, os homens não viam nem podiam vê-Lo como tal fora da obra divina em seus corações:

36 - Mas já vos disse que também vós me vistes, e contudo não credes. (João 6:36).

38 - Para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías, que diz: SENHOR, quem creu na nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor? 39 - Por isso não podiam crer, então Isaías disse outra vez: 40 - Cegou-lhes os olhos, e endureceu-lhes o coração, A fim de que não vejam com os olhos, e compreendam no coração, E se convertam, E eu os cure. 41 - Isaías disse isto quando viu a sua glória e falou dele. 42 - Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos da sinagoga. (João 12:38-42).

44 - Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. 45 - Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. 46 - Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus; este tem visto ao Pai. 47 - Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna. (João 6:44-47).

65 - E dizia: Por isso eu vos disse que ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido. (João 6:65).

Para os descrentes, ver não era crer. Eles viram numerosos sinais e prodígios. Porém isto não os convenceu de que Jesus era o Messias. Ao invés disso, eles pediram por mais e mais sinais:

38 - Então alguns dos escribas e dos fariseus tomaram a palavra, dizendo: Mestre, quiséramos ver da tua parte algum sinal. 39 - Mas ele lhes respondeu, e disse: Uma geração má e adúltera pede um sinal, porém, não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas; 40 - Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. (Mateus 12:38-40).

Não foi por falta de evidência que os homens recusaram acreditar em Jesus como o Messias de Deus. Os seus corações eram tão duros que eles até negaram evidência que era irrefutável (João 9:18). Quando Lázaro levantou dos mortos, os Judeus não podiam negar isto, e assim eles procuraram mata-Lo (João 11:47-53; 12:9-10). Sua rejeição da evidência os tornaram ainda mais culpados:

24 - Se eu entre eles não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas agora, viram-nas e me odiaram a mim e a meu Pai. (João 15:24).

Mesmo aqueles que acreditaram em Jesus não viram Sua glória total. Aquela glória foi velada em Sua encarnação (Filipenses 2:6-7). Somente ocasionalmente foram relances desta grande glória revelada para uns poucos dos Seus seguidores. Na transfiguração, algo da futura glória do nosso Senhor foi revelado por um momento diante dos olhos de Pedro, Tiago e João:

1 - Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2 - E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 - E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. (Mateus 17:1-3).

Porém esta glória parece faltar da grande glória a qual está ainda para ser revelada para os seguidores do nosso Senhor no reino de Deus. Em Sua oração sacerdotal, Jesus orou para que os Seus discípulos vissem esta glória:

24 - Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo. (João 17:24).

Devemos compreender que enquanto nosso Senhor veio para manifestar a presença de Deus entre os homens, Ele não foi visto em Sua totalidade. Vê-Lo totalmente, ver Sua “face” como ela é, é alguma coisa a qual ainda aguardamos ver.

12 - Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido. (I Coríntios 13:12).

2 - Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. (I João 3:2).

Uma observação final deve ser feita em relação à “visibilidade” de Deus na pessoa de Jesus Cristo. Ele era visível na carne, porém por um breve período de tempo. Desde o tempo da Sua ressurreição e ascensão, Jesus não foi mais visível para os homens. Jesus disse aos Seus discípulos do Seu retorno para o Pai, e que isto significaria que eles não mais o veriam. Esta invisibilidade do Senhor Jesus reteve a promessa de numerosos benefícios, contudo:

15 - Se me amais, guardai os meus mandamentos. 16 - E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; 17 - O Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós. 18 - Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. 19 - Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais, mas vós me vereis; porque eu vivo, e vós vivereis. 20 - Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. (João 14:15-20).

7 - Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei. 8 - E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. 9 - Do pecado, porque não crêem em mim; 10 - Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; 11 - E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado. 12 - Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. 13 - Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. 14 - Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar. 15 - Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso vos disse que há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar. 16 - Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; porquanto vou para o Pai. 17 - Então alguns dos seus discípulos disseram uns aos outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai? 18 - Diziam, pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não sabemos o que diz. 19 - Conheceu, pois, Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis, e outra vez um pouco, e ver-me-eis? 20 - Na verdade, na verdade vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, e o mundo se alegrará, e vós estareis tristes, mas a vossa tristeza se converterá em alegria. 21 - A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo prazer de haver nascido um homem no mundo. (João 16:7-21).

Os benefícios da ausência física de Jesus, e Sua vinda e presença através do Espírito Santo (como descrito nos versículos acima), podem ser resumidos nestas declarações:

(1) A ausência física de Jesus resultou no envio do Espírito Santo, que será nosso Auxiliador e irá estar conosco para sempre (14:16).

(2) O mundo não pode ver ou conhecer o Espírito Santo, porém nós podemos (14:17).

(3) Enquanto Jesus habitou entre os homens durante a Sua vida terrena, Ele agora habita dentro de cada crente através do Espírito Santo (14:17).

(4) O Espírito Santo trará uma intimidade com Deus maior do que qualquer outra experimentada previamente pelos homens (14:20).

(5) O Espírito Santo é o “Espírito da verdade” (14:17). Ele não somente irá transmitir a presença de Cristo aos santos e revelar para a Sua igreja tudo o que necessitamos para saber a respeito de Deus (16:12-15), Ele convencerá os pecadores das verdades que são essenciais para a sua salvação (16:8-11).

(6) Embora o mundo não mais “verá” Jesus em Seu corpo físico, Ele será “visto” pelos Seus santos. Este “ver” não é físico ou literal, porém espiritual. Nos “vemos” Jesus pela fé, sendo assegurados de que Ele está conosco e em nós (14:19; 16:16).

Conclusão

O Deus que é Espírito, e que é então invisível, graciosamente escolheu se manifestar para os homens de várias formas através da história. Deus se mostrou finalmente e totalmente em Jesus Cristo (Hebreus 1:1-3a.; 2:1-4). Nós adoramos um Deus que não podemos ver um Deus que é invisível. Esta verdade pode parecer como um “mosquito” teológico, uma verdade encoberta por muitos “camelos” teológicos práticos. Porém a doutrina da invisibilidade de Deus é uma verdade com muitas implicações e aplicações significativas. Ao concluirmos, gostaria de apontar algumas das ramificações práticas da invisibilidade de Deus.

(1) A invisibilidade de Deus é inseparavelmente ligada à nossa fé, nossa esperança, e nosso amor.

Fé, esperança e amor são os três temas proeminentes da Bíblia. Paulo fala deles em I Coríntios 13:13. Note como os escritores do Novo Testamento ligam cada um destes três elementos cruciais de nossa fé Cristã e vida à invisibilidade de Deus.

1 - Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, 2 - A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. 3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; (Hebreus 11:1-3).

24 - Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? 25 - Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos. (Romanos 8:24-25).

8 - Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; (I Pedro 1:8).

(2) A invisibilidade de Deus, um dos atributos de Deus, é um atributo fundamental de muitas bênçãos que temos como Cristãos.

Enquanto já tenhamos enfatizado esta verdade nesta mensagem, certamente vale repetir. A invisibilidade de Deus não é uma responsabilidade que deveríamos procurar para negar ou superar. Nas próprias palavras de Jesus, “convém que eu vá...” (João 16:7). Ele não está mais presente entre nós porque Ele foi e não é fisicamente visível. Ele está mais presente, através do Seu Espírito, o qual ele enviou para nós. O Santo Espírito traz a presença de Cristo. O Espírito Santo habita nos crentes e, portanto na igreja. O Espírito Santo inspirou os apóstolos a lembrarem de e registrarem as palavras e ensinos do nosso Senhor. O Espírito Santo regenera e converte os descrentes e Ele ilumina e dá poder aos crentes. Não somos espiritualmente mais pobres, porém mais ricos pela Sua invisibilidade.

(3) A invisibilidade De Deus pode também ser um problema para os santos.

Infelizmente, os Cristãos nem sempre apreciam os benefícios que temos por causa da presença invisível do nosso Senhor conosco através do Espírito Santo. Há vezes quando queremos ser assegurados de que Ele está conosco. Quando perdemos de vista os benefícios da invisibilidade de Deus (desculpe o trocadilho), começamos a procura-Lo através de meios visíveis. Podemos estar inclinados a “olhar as coisas como elas são externamente” (II Coríntios 10:7), ao invés de focalizar nas coisas que não vemos as coisas invisíveis as quais são eternas.

16 - Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. 17 - Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18 - Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não veem são eternas. (II Coríntios 4:16-18).

Pior ainda, podemos ser tentados a colocar Deus num teste, pedindo que Deus prove Sua presença realizando algum milagre visível, como os Israelitas fizeram no deserto (Êxodo 17:1-7; Números 14:1-25). Isto é exatamente o que Moisés alertou aos Israelitas para não fazerem (Deuteronômio 6:16). Isto é também o que Satanás procurou tentar nosso Senhor a fazer (Mateus 4:5-7). E é o que Paulo exortou os Coríntios a não fazerem (I Coríntios 10:9).

(4) A invisibilidade de Deus nos indica que procuramos por outras coisas do que aquelas que são vistas.

Tenho amigos que são cegos. Porque eles são cegos, eles não devem confiar na visão; ao contrário, eles devem confiar mais nos seus outros sentidos. A invisibilidade de Deus (e muito do que faz nossa caminhada e guerra espirituais) significa que devemos confiar em outros sentidos do que nossa visão física. Devemos nas palavras de Paulo, “andar pela fé e não pela vista” (II Coríntios 5:7). O escritor aos Hebreus evidencia a relação entre fé e o que não é visto:

1 - ORA, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem. 2 - Porque por ela os antigos alcançaram testemunho. 3 - Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. (Hebreus 11:1-3).

7 - Pela fé Noé, divinamente avisado das coisas que ainda não se viam, temeu e, para salvação da sua família, preparou a arca, pela qual condenou o mundo, e foi feito herdeiro da justiça que é segundo a fé. (Hebreus 11:7).

13 - Todos estes morreram na fé, sem terem recebido as promessas; mas vendo-as de longe, e crendo-as e abraçando-as, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. (Hebreus 11:13).

Em que então nós baseamos nossa fé se não é pela vista? Baseamos nossa fé na Palavra de Deus. Este é o caminho sempre indicado. Foi a palavra de Deus que Adão e Eva escolheram desobedecer. Eles confiaram na serpente, ao invés de Deus, e comeram do fruto proibido porque parecia bom. Como resultado, seus olhos foram abertos, porém o que eles “viram” não foi bom (Gênesis 3:1-7).

As evidências espetaculares visíveis da presença de Deus no Monte Sinai não foram uma revelação da forma de Deus. Os Israelitas queriam “ver” seu Deus, assim eles fizeram uma imagem de ouro, representando Deus na forma de um novilho de ouro. Deus, contudo, queria representar a Si mesmo através da Sua Palavra. Foi a Palavra de Deus que foi inscrita na pedra, não Sua imagem física. Foi a posse da Palavra de Deus que distinguiu os Israelitas de todas as outras nações, e Deus confirmou Suas Palavras com os poderosos trabalhos que Ele realizou às suas vistas (Deuteronômio 4:1-8). As coisas que os Israelitas testemunharam no Monte Sinai foram feitas de forma que este povo confiaria e obedeceria a Palavra de Deus (Deuteronômio 4:9-18). Deus puniu os Israelitas por desobedecerem à Sua Palavra apesar das evidências visíveis da Sua presença, poder e verdade da Sua Palavra (Números 14:22).

Interessante que não foi apenas a revelação visual de Deus que demonstrou o poder e a presença de Deus. Não foi apenas chegar tão perto e ver demais da glória de Deus que mataria quem se aproximasse demais. Foi também o ouvir da Palavra de Deus. Deus se manifestou através da Sua Palavra, e os Israelitas temeram a Sua Palavra – e justamente assim de acordo com as próprias palavras de Deus:

16 - Conforme a tudo o que pediste ao SENHOR teu Deus em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do SENHOR teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. 17 - Então o SENHOR me disse: Falaram bem naquilo que disseram (Deuteronômio 18;16-17)

No contexto destes dois versículos, Deus está advertindo Seu povo sobre o perigo dos falsos profetas, e Ele está também prometendo o aparecimento daquele que, como Moisés, revelará a palavra de Deus para os homens. Esta pessoa não é outra senão o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é “a Palavra” (João 1:1-2), a revelação total e final de Deus para os homens para a qual deveríamos prestar atenção (Hebreus 1:1-3 a; 2:1-4). Quando os três discípulos Pedro, Tiago e João, viram a demonstração da glória e a transfiguração de nosso Senhor, foi com um propósito, um propósito o qual Deus claramente indicou a eles:

1 - SEIS dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2 - E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 - E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 - E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. 5 - E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. (Mateus 17:1-5, ênfase do autor).

A glória de Deus foi revelada no Monte Sinai afim de que os Israelitas tomassem a Palavra de Deus seriamente. A glória do nosso Senhor foi revelada a Pedro, Tiago e João, a fim de que eles tomassem as palavras de Jesus seriamente. E assim eles fizeram:

16 - Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. 17 - Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. 18 - E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; 19 - E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. 20 - Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 21 - Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo. (II Pedro 1:16-21).

Quando o tempo da morte, ressurreição e ascensão de Jesus se aproximava, Ele começou a falar mais abertamente aos Seus discípulos sobre aquelas coisas que eram cruciais para eles nos dias da Sua ausência física e invisibilidade. Vemos isto especialmente no Discurso no Cenáculo e na oração sacerdotal de nosso Senhor em João 14-17.O Senhor Jesus constantemente fala da Sua Palavra e do Seu Santo Espírito. Através destes, nosso Senhor perseverará nos Seus santos. E seus santos perseverarão Nele assim como eles perseveram na Sua Palavra. Deus se revelou a si mesmo em Sua inspirada e infalível Palavra. Eis aqui a base para nossa fé. Eis aqui o meio pelo qual os homens serão salvos. Eis aqui o meio pelo qual os crentes crescerão. Eis aqui o padrão para nossa conduta e a luz que guiará o nosso caminho. Através da Sua Palavra e através do Santo Espírito, Deus está presente e conhecido neste mundo onde os homens não O veem.

É a Palavra de Deus que nos incita a não olhar para as coisas que são visíveis, porém para as coisas que são invisíveis (II Coríntios 17-18). Quando realizamos atos de serviço e adoração, não o fazemos para os homens, procurando a sua aprovação ou aplauso; o fazemos, entretanto para servir a Ele que é invisível:

2 - Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 3 - Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; 4 - Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. 5 - E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. 6 - Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus 6:2-6).

O Deus invisível, o Deus “que está em secreto”, nos exorta a realizar nossos atos de justiça de uma forma consistente com Sua invisibilidade. Não é para procurarmos uma plataforma pública para servirmos a Deus; é para fazermos nossos atos de adoração e serviço tão secretamente quanto possível, sabendo que Deus que está “em secreto” vê o que estamos fazendo e nos recompensará no Seu tempo.

Nossa batalha spiritual envolve muito mais do que aquilo que é visto (Efésios 6:10-12). Da mesma forma, a provisão de Deus para nossa proteção é também não vista, a menos que nossos olhos sejam abertos miraculosamente para olhar o invisível:

8 - E o rei da Síria fazia guerra a Israel; e consultou com os seus servos, dizendo: Em tal e tal lugar estará o meu acampamento. 9 - Mas o homem de Deus enviou ao rei de Israel, dizendo: Guarda-te de passares por tal lugar; porque os sírios desceram ali. 10 - Por isso o rei de Israel enviou àquele lugar, de que o homem de Deus lhe dissera, e de que o tinha avisado, e se guardou ali, não uma nem duas vezes. 11 - Então se turbou com este incidente o coração do rei da Síria, chamou os seus servos, e lhes disse: Não me fareis saber quem dos nossos é pelo rei de Israel? 12 - E disse um dos servos: Não, ó rei meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de Israel as palavras que tu falas no teu quarto de dormir. 13 - E ele disse: Vai, e vê onde ele está, para que envie, e mande trazê-lo. E fizeram-lhe saber, dizendo: Eis que está em Dotã. 14 - Então enviou para lá cavalos, e carros, e um grande exército, os quais chegaram de noite, e cercaram a cidade. 15 - E o servo do homem de Deus se levantou muito cedo e saiu, e eis que um exército tinha cercado a cidade com cavalos e carros; então o seu servo lhe disse: Ai, meu senhor! Que faremos? 16 - E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. 17 - E orou Eliseu, e disse: SENHOR, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o SENHOR abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu. 18 - E, como desceram a ele, Eliseu orou ao SENHOR e disse: Fere, peço-te, esta gente de cegueira. E feriu-a de cegueira, conforme a palavra de Eliseu. 19 - Então Eliseu lhes disse: Não é este o caminho, nem é esta a cidade; segui-me, e guiar-vos-ei ao homem que buscais. E os guiou a Samaria. 20 - E sucedeu que, chegando eles a Samaria, disse Eliseu: Ó SENHOR, abre a estes os olhos para que vejam. O SENHOR lhes abriu os olhos, para que vissem, e eis que estavam no meio de Samaria. 21 - E, quando o rei de Israel os viu, disse a Eliseu: Feri-los-ei, feri-los-ei, meu pai? 22 - Mas ele disse: Não os ferirás; feririas tu os que tomasses prisioneiros com a tua espada e com o teu arco? Põe-lhes diante pão e água, para que comam e bebam, e se vão para seu senhor. 23 - E apresentou-lhes um grande banquete, e comeram e beberam; e os despediu e foram para seu senhor; e não entraram mais tropas de sírios na terra de Israel. (II Reis 6:8-23).

Nossa adoração deve tomar nota daqueles anjos não vistos que estão presente e olhando e aprendendo (I Coríntios 11:10). As mulheres são advertidas contra colocar muita ênfase na sua aparência exterior; ao invés, elas devem dar prioridade para o seu ser interior.

1 - SEMELHANTEMENTE, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos sem palavra; 2 - Considerando a vossa vida casta, em temor. 3 - O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; 4 - Mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. 5 - Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; (I Pedro 3:1-5).

O não visto joga uma parte muito significativa na vida do Cristão, na qual Deus não é visto pelo olho humano, porém é visto pelo olho da fé.

(5) A invisibilidade de Deus se torna visível através da Sua igreja e dos Seus santos.

Como Deus, que é invisível, é manifestado para aqueles que não acreditam? Em Romanos 1, Paulo nos diz que Deus é revelado através da Sua criação:

20 - Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; (Romanos 1:20).

Deus também se torna visível para os homens através da igreja, o corpo de Cristo. O que Deus começou a fazer e ensinar através do Seu Filho, Ele continua a fazer e ensinar através da igreja (Atos 1:1 ss.). A igreja é o Seu corpo e Seus meios para trabalhar e testemunhar para os homens neste mundo:

9 - Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz; (I Pedro 2:9).

É nosso chamado e privilégio manifestar as virtudes de Deus para o mundo perdido e que está morrendo.

(6) A invisibilidade de Deus é uma das barreiras intransponíveis que permanece entre os descrentes e a fé em Deus.

Muitos supõem que ver é acreditar. Eles, como o incrédulo Thomas, se recusam a acreditar no que eles não podem ver (veja João 20:25). O fato é que ver nunca é base suficiente para a fé, porque fé está enraizada na convicção relativa ao que não é visto. (Hebreus 11:1-2). Os Judeus viram Jesus, que manifestou Deus para os homens – Deus encarnado. Quanto mais sinais eles viram, mais eles pediram (Mateus 12:38-45). Somente quando Deus abre os olhos espirituais dos incrédulos eles estarão aptos para “vê-Lo” que é invisível.

Quando considero o assunto da invisibilidade de Deus e suas implicações para o perdido, minha mente se lembra do encontro de Jesus com Nicodemos em João 3;

1 - E HAVIA entre os fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus. 2 - Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre, vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não for com ele. 3 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. 4 - Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? 5 - Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. 6 - O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. 7 - Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. 8 - O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito. 9 - Nicodemos respondeu, e disse-lhe: Como pode ser isso? 10 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? 11 - Na verdade, na verdade te digo que nós dizemos o que sabemos, e testificamos o que vimos; e não aceitais o nosso testemunho. 12 - Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais? 13 - Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu. 14 - E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; 15 - Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (João 3:1-15).

Como um Judeu, Nicodemos era um homem cuja vida operava na base do que ele via. O Judaísmo era obcecado com rituais e atos visíveis de justiça. Eles não davam muita importância para assuntos do coração, assuntos não vistos (veja Lucas 16:15). Na base dos sinais e prodígios de Jesus, Nicodemos teve de admitir que Jesus estava em contato com Deus. Porém Jesus pressionou este professor dos Judeus a ir mais adiante do visível para o invisível. Salvação não é algo sobre o que é visto, porém sobre o que não é visto. A concepção de uma criança não é vista, porém com o tempo os resultados deste evento são evidentes no nascimento da criança. Assim é com a salvação. Salvação não é o resultado do empenho e esforço, porém o resultado do trabalho invisível de Deus (veja João 1:12-13).

Salvação é o trabalho não visto do Espírito Santo, um trabalho realizado no coração do homem. Se Nicodemos era para “ver o reino de Deus” (João 3:3; veja também versículo 5), Deus tinha de realizar o novo nascimento no coração dele, um evento não visível para os homens e muito certamente não um trabalho dos homens.

Jesus ligou este maravilhoso, porém não visto trabalho de Deus com os efeitos do vento. Ninguém vê o vento, porém nem ninguém questiona a sua existência. Sabemos que o vento está presente porque sentimos os seus efeitos. Assim é com o Espírito Santo. Não podemos ver o Espírito Santo, porém podemos ver as evidências do Seu trabalho nas vidas dos homens, homens como Pedro e Paulo, e – se você é um nascido de novo filho de Deus – você. Este professor das Escrituras devia saber do seu estudo das Escrituras que o trabalho fora do homem não o salva, porém a renovação interna do Espírito Santo, um trabalho não visto, os efeitos dos quais serão evidentes logo.

Podemos estar pensando que este proeminente professor de Israel deveria saber melhor, porém antes de nos tornarmos muito convencidos, vamos considerar o assunto à luz de nosso próprio pensamento e prática. Somos culpados de sugerirmos (se não declarando) que as pessoas são salvas por preencher um cartão, levantar sua mão, indo à frente, ou sendo batizado? Vamos ser bem claros que o trabalho da salvação é a ação do Deus invisível, cujos efeitos são visíveis.

Frequentemente ouço Cristãos falarem como se seus amados amigos incrédulos acreditariam se Deus apenas se revelasse a eles numa forma espetacular. Isto simplesmente não é assim. O que mais o Senhor Jesus teria de fazer para provar que Ele era o Messias, o Filho de Deus? Como Jesus disse somente aqueles que o Pai atrai para Si mesmo acreditarão. Para aqueles de nós que temos uma confiança indevida nas nossas habilidades apologéticas, nossa habilidade de convencer homens e mulheres da verdade, eu lembraria você que é a Palavra de Deus e é o Espírito de Deus que convence e converte os homens. Não nos enganemos ao pensarmos que se nós fizermos o evangelho claro ou convincente o suficiente os homens acreditarão. Isto ignora a doutrina da depravação dos homens, a invisibilidade de Deus, e a inabilidade de alguém “ver” Deus fora da iluminação divina.

Falar é nossa responsabilidade como Cristãos, e ver é trabalho de Deus:

15 - Por isso, ouvindo eu também a fé que entre vós há no Senhor Jesus, e o vosso amor para com todos os santos, 16 - Não cesso de dar graças a Deus por vós, lembrando-me de vós nas minhas orações: 17 - Para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação; 18 - Tendo iluminados os olhos do vosso entendimento, para que saibais qual seja a esperança da sua vocação, e quais as riquezas da glória da sua herança nos santos; 19 - E qual a sobre-excelente grandeza do seu poder sobre nós, os que cremos, segundo a operação da força do seu poder, 20 - Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. 21 - Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; 22 - E sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, 23 - Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos. (Efésios 1:15-23).

Que Deus abra nossos olhos espirituais para que contemplemos as coisas maravilhosas que Ele tem reservados para nós:

6 - Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; 7 - Mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; 8 - A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. 9 - Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. 10 - Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. (I Coríntios 2:6-10).

Traduzido por Césio J. de Moura

Related Topics: Character of God

16. A Verdade De Deus

Introdução

Logo após ceder à pressão da multidão e ordenar a crucificação de nosso Senhor Jesus Cristo, Pilatos fez uma das mais trágicas perguntas da Bíblia:

37 - Disse-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Jesus respondeu: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz. 38 - Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, tornou a ir ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum. (João 18:37-38).

Porque a pergunta de Pilatos é a resposta para as palavras de nosso Senhor, é ainda mais perturbadora. Quando Pilatos perguntou a Jesus se Ele era um rei, Jesus disse que era. Ele não poderia responder de outra maneira por causa da Sua natureza. Jesus é “a verdade” (veja João 14:6), e Ele não poderia responder a pergunta de Pilatos inveridicamente. Porém Jesus indicou que Sua alegação, enquanto verdade, não seria aceita por aqueles que não eram “da verdade”. Aqueles que eram “da verdade” ouviriam Sua voz e O receberiam como seu Rei.

A resposta de Pilatos é angustiante. Ele estava servindo como juiz que deveria julgar nosso Senhor. Jesus era um revolucionário perigoso que tinha a intenção de derrubar a lei Romana e estabelecer Seu próprio reino? Julgamento deve ser de acordo com a verdade:

16 - Estas são as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas. (Zacarias 8:16).

Que triste ouvir o próprio juiz desdenhar a verdade. Pior ainda, apesar de ele discernir a inocência de Jesus como a verdade, ele permitiu a crucificação de nosso Senhor. Seu julgamento não foi certamente de acordo com a verdade.

As palavras de Pilatos mostram que ele não era “da verdade”. Note que ele não pergunta “Qual é a verdade”? Fazendo esta pergunta teria indicado o desejo de conhecer a verdade e agir de acordo com ela. Ao invés, sua pergunta, “Que é verdade?” indica seu cinismo. Pilatos parece duvidar que alguém possa saber a verdade ou mesmo que a verdade existe. Verdade para Pilatos era o que alguém quisesse acreditar ser verdade. Jesus acreditava que Ele era um Rei, os escribas e os Fariseus alegavam que Ele era uma fraude e um traidor, uma ameaça ao Judaísmo e a Roma. Pilatos duvidava que a verdade pudesse ser conhecida ou que ela realmente interessa.

Alguém pretende que a visão de Pilatos sobre a “verdade” era somente sua própria, ou ao menos limitada ao povo dos seus dias e cultura. Tristemente, devo reconhecer que este é também o ponto de vista da nossa própria época. Recentemente estive lendo sobre o assunto “verdade” e meus achados estão longe de serem encorajadores. David Wells escreveu um excelente livro, No Place For Truth com sub-título, Whatever Happened To Evangelical Theology. Outro excelente trabalho é o Made in America: The Shaping of Modern American Evangelicalism,1 de Michael Scott Horton, dos quais citei várias anotações angustiantes. Horton nos lembra de que o mundo secular tem chegado a confiar mais na ciência do que nas Escrituras quando discernindo a verdade, porém a ciência nunca pode preencher a tarefa de responder as questões mais profundas pelas quais os homens precisam aprender sobre a verdade:

Sir John Eccles, um ganhador do Prêmio Nobel em pesquisa do cérebro, observa que a ciência ao tentar responder questões além da sua competência, se reduz a superstição. ‘Ciência’ ele diz, ‘não pode explicar a existência de cada um de nós como um único ser, nem pode responder a perguntas fundamentais como: Quem sou eu? Porque estou aqui? Como cheguei a estar num certo lugar e tempo? O que acontece após a morte? Estes são todos mistérios além da ciência’ Com o Iluminismo, ciência deslocou o Cristianismo como autoridade intelectual, porém quando a ciência falha a dar respostas definitivas ela mesma, relativismo substitui a ciência.2

Relativismo substituiu agora o absolutismo o qual estava enraizado em confiança quanto à nossa habilidade em saber a verdade das Escrituras. Este relativismo está especialmente evidente no domínio da educação:

‘O propósito da educação’ em nossos dias, diz Bloom, ‘não é formar eruditos, porém provê-los com uma virtude moral: abertura. Há uma coisa que o professor pode estar absolutamente certo de’, de acordo com Bloom: ‘quase todo estudante entrando na universidade acredita, ou diz que acredita, que a verdade é relativa.’ Estudantes tem causas sem conteúdo. A razão foi substituída pelo compromisso insensato, elevação da consciência e sentimentalismo barato’ Não podemos dizer o mesmo da subcultura evangélica contemporânea?3

‘No portal da universidade’ escreve Bloom, ‘está escrito de várias formas, e em várias línguas, “Não há verdade – ao menos aqui”. Numa cultura de narcisismo, ‘verdade deu lugar a credibilidade, fato a declarações que soam “com autoridade” sem transmitir qualquer informação “com autoridade”.4

E.D. Hirsch Jr, refere-se à educação corrente pública como ‘educação estilo cafeteria’. Não existe mais um núcleo de conhecimento ou opinião geralmente aceito. Olhando os catálogos correntes para seminários e colégios evangélicos, se descobre uma surpreendente similaridade com a ‘educação estilo cafeteria’. Se os evangélicos não podem vir com um núcleo de convicções, e defende-los, como podemos criticar o mundo pelo mesmo? Lembremos a observação de Marty sobre os evangélicos que ‘pegam e escolhem verdades como numa linha de cafeteria’.5

Não é surpresa que o mundo secular tem chegado a um ponto de desespero no conhecimento da verdade, ou mesmo se existe tal coisa como verdade universal, imutável. Porém Horton aponta a verdade trágica que mesmo os evangélicos sucumbiram às pressões culturais e agora veem a verdade da mesma forma relativista como o mundo secular:

Francis A. Schaeffer notou, ‘T.H. Huxley falou como profeta… quando disse que chegaria um dia quando a fé seria separada de todos os fatos, e a fé iria continuar triunfante para sempre’. Afinal de contas, isto foi o que Immanuel Kant propôs e Soren Kierkegaard interpretou – o famoso salto de fé. ‘Isto é onde’, Schaeffer acautelou, ‘não somente os teólogos liberais estão, porém também os evangélicos, teólogos ortodoxos que começam rebaixar a verdade, a verdade proposicional da Escritura, a qual Deus nos deu’.6

A maioria dos estudantes evangélicos dos colégios e seminários – mais da metade, de acordo com James Davison Hunter – creem que ‘a Bíblia é a Palavra Inspirada de Deus, não enganada em seus ensinamentos, porém não é sempre para ser tomada literalmente em suas declarações referentes a assuntos da ciência, relatórios históricos, etc.’. Além disso, ‘Alguém não pode falar da verdade final per se, somente verdade final para cada crente. Em outras palavras, a maioria dos estudantes nas instituições evangélicas já aceitaram o relativismo da sua cultura, e com isto, a concessão liberal e neo-ortodoxa que fé em Cristo é um assunto espiritual, não dependente de fatos externos, objetivos da história.7

A Reforma ocorreu porque uns poucos bons homens estavam firmemente convictos de que a Palavra de Deus é a verdade, e que as visões dos indivíduos, de culturas, e mesmo da igreja não podem e não devem professar e praticar qualquer “verdade” outra que não aquela que pode ser defendida pelas Escrituras. A pregação trôpega, emasculada tão típica dos nossos dias era também a norma nos dias pouco antes da Reforma. A paráfrase de Horton de Lutero e Calvino, e sua referência à declaração de Calvino da pregação do seu dia, são cômicas:

Martinho Lutero e João Calvino, parafraseados, colocados nestas palavras: ‘A Bíblia em si não é ambígua sobre estes assuntos que estamos falando - a igreja é!’ Relutante de ser vulnerável aos ensinos perigosos das Escrituras, a igreja recusou tomar padrões teológicos - até a Reforma a deixou com nenhuma opção. De fato, na véspera da Reforma, havia doze escolas teológicas de pensamento competindo para controlar a Universidade de Paris. Calvino disse, ‘Raramente um ministrou assumiu o púlpito para ensinar... Não, que sermão foi este que velhas esposas não devem ter mais caprichos do que elas podem criar no seu ambiente familiar em um mês?’8

Precisamos de outra Reforma. Precisamos de um comprometimento renovado com a verdade como a achada nas Escrituras e como sumarizada nas proposições teológicas e doutrinárias. Verdade acha sua origem em Deus, sua encarnação em Jesus Cristo, e sua presente manifestação na Palavra escrita de Deus, a Bíblia. Nossa lição irá considerar o fato de que a verdade vem somente de Deus, porque Deus é a verdade e a origem de toda a verdade.

A Verdade de Deus e a Queda do Homem

Sempre pensei que a questão fundamental implícita na queda do homem no Jardim do Éden era a autoridade. Autoridade joga um papel significativo na queda, e a criação (I Coríntios 11:7-10) e a queda (I Timóteo 2:9-15) serve como base para os princípios de autoridade de Deus no Novo Testamento. A “cadeia de comando” de Deus foi claramente invertida na queda, pois a criatura (a serpente) guia a mulher, e a mulher guia o homem. Contudo, agora vejo que a questão fundamental na queda do homem no Jardim do Éden (para Eva ao menos)9 foi a questão da verdade. Quem falou a verdade, Deus ou Satanás? Em quem acreditar? A quem obedecer? As respostas a estas perguntas dependem de quem se achava que estava falando a verdade.

Quão incrível que Eva acreditaria na serpente e não em Deus! No primeiro capítulo do Livro de Gênesis, a história da criação é dada com as expressões repetidas, “E Deus disse...” seguidas por, “ e assim foi” (ou palavras similares):

9 - E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi. (Gênesis 1:9).

Satanás tomou a forma da serpente, um ser criado. Ele começou questionando a ordem de Deus referente ao comer do fruto das árvores do jardim. Ele distorceu a ordem, e assim fazendo sugeriu que Deus estava retendo mais que era desejável. Por inferência, ele levantou a questão relativa à bondade de Deus. “Como pode Deus ser bom e reter tanto do que é bom?” Finalmente, ele virtualmente chama Deus de mentiroso por assegurar a Eva, “certamente não morrereis” (Gênesis 3:4). E assim Eva deve escolher em quem acreditar – quem está falando a verdade. Eva fez a escolha errada. Deus é a origem da verdade; Satanás é a fonte de mentiras e decepção.

Achamos logo no começo da Bíblia uma lição a ser aprendida. Deus é verdade, e Ele sempre fala a verdade. Satanás é um mentiroso, que pode ser confiado para mentir. Satanás é o grande enganador, que desde o Jardim do Éden em diante tem procurado guiar os homens e mulheres extraviados, levando-os para longe da verdade, e enganando-os para acreditar em suas mentiras.

A Lei do Velho Testamento e a Verdade de Deus.

No Velho Testamento, Deus raramente fala para os homens audivelmente e pessoalmente. Quando Ele fala, o tempo prova que Suas promessas são verdade e confiáveis. Abraão e Sara tiveram um filho em sua idade avançada, assim como Deus havia dito (Gênesis 12:1-3; 13:16; 15:1-6; 17:1-8; 18:9-15; 21:1-5). Israel levou 400 anos na escravidão Egípcia, assim como Deus dissera para Abraão (Gênesis 15:13-14: Êxodo 12:40-41)

Logo após a passagem pelo Mar Vermelho, Deus deu para a nação de Israel a Lei. Esta Lei foi revelada para os homens como a verdade de Deus. A resposta do homem para esta verdade era uma questão de vida e morte (Veja Deuteronômio 30:15, 19). Quando Deus revelou Sua glória para Moisés, Ele proclamou que Ele era a abundante fonte da verdade:

6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; (Êxodo 34:6).

Portanto, quando a Lei foi dada através de Moisés, ela foi dada como a verdade de Deus, e esta era a forma como os reverentes Judeus a viam:

142 - A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade. 151 - Tu estás perto, ó SENHOR, e todos os teus mandamentos são a verdade. 160 - A tua palavra é a verdade desde o princípio, e cada um dos teus juízos dura para sempre. (Salmo 119:142, 151, 160).

13 - Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não suplicamos à face do SENHOR nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades, e para nos aplicarmos à tua verdade. (Daniel 9:13).

A Lei de Deus é a Sua verdade, revelada para o Seu povo. Os profetas foram enviados por Deus, não para somente dar revelações posteriores referentes aos eventos futuros, porém para interpretar a Lei e para mostrar aos homens como a Lei era para ser aplicada. Satanás, o grande enganador, também tem seus porta-vozes, os falsos profetas, que procuram levar o povo de Deus para longe da verdade pervertendo a Palavra de Deus. Moisés advertiu os Israelitas sobre tais falsos profetas. Na verdade, ele indicou que as respostas dos Israelitas aos falsos profetas era um teste do seu amor por Deus:

1 - QUANDO profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, 2 - E suceder o tal sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses, que não conheceste, e sirvamo-los; 3 - Não ouvirás as palavras daquele profeta ou sonhador de sonhos; porquanto o SENHOR vosso Deus vos prova, para saber se amais o SENHOR vosso Deus com todo o vosso coração, e com toda a vossa alma. 4 - Após o SENHOR vosso Deus andareis, e a ele temereis, e os seus mandamentos guardareis, e a sua voz ouvireis, e a ele servireis, e a ele vos achegareis. 5 - E aquele profeta ou sonhador de sonhos morrerá, pois falou rebeldia contra o SENHOR vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito, e vos resgatou da casa da servidão, para te apartar do caminho que te ordenou o SENHOR teu Deus, para andares nele: assim tirarás o mal do meio de ti. (Deuteronômio 13:1-5)

Foi assumido que alguns falsos profetas teriam a habilidade de realizar falsos sinais e prodígios. Pode-se concluir disto que o profeta deve ser um porta-voz enviado por Deus, porém Moisés indica que isto não é necessariamente assim. Um profeta não deve somente ser capaz de preencher as coisas que ele prometeu, sua revelação deve estar conforme a Lei a qual Deus já tinha revelado. Os profetas podem dar na verdade nova revelação, porém devem sempre estar conforme a velha, a qual Deus já havia revelado. De fato, a Lei prove o largo esboço para o programa de Deus na história, e os últimos profetas simplesmente preenchem com detalhes posteriores. Se a palavra do profeta contradiz a Lei, ele era um falso profeta e devia ser morto. Nenhum profeta que leva os homens a não amar e servir a Deus é um profeta verdadeiro, e nenhum Israelita verdadeiro ousa falhar de ver que um falso profeta deve ser morto. Aqueles que verdadeiramente amam a Deus com todo o seu coração e alma irão odiar a falsidade, e irão odiar todos aqueles que proclamam a falsidade num esforço de levar o povo de Deus longe Dele. Amor a Deus significa odiar o maligno. (veja Romanos 12:9).

Um pouco depois no Livro de Deuteronômio, Moisés tem mais a dizer sobre os profetas. Deus revelou verdade através de Moisés, o grande profeta através de quem a Lei foi dada, porém Deus estava para revelar ainda maiores coisas através do Messias, um profeta como Moisés, que estava ainda por vir:

14 - Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o SENHOR teu Deus não permitiu tal coisa. 15 - O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis; 16 - Conforme a tudo o que pediste ao SENHOR teu Deus em Horebe, no dia da assembleia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do SENHOR teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. 17 - Então o SENHOR me disse: Falaram bem naquilo que disseram. 18 - Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. 19 - E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele. 20 - Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. 21 - E, se disseres no teu coração: Como conhecerei a palavra que o SENHOR não falou? 22 - Quando o profeta falar em nome do SENHOR, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o SENHOR não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele. (Deuteronômio 18:14-22).

Ouçam é uma palavra chave nesta passagem. Os pagãos ouvem aos seus falsos profetas, e eles são guiados extraviados. O povo de Deus não é para ouvir os falsos mensageiros. E como o povo de Deus pode saber as diferenças entre o falso e o verdadeiro? Nos versículos 21-22, Moisés diz que o teste de um profeta é quando suas palavras se cumprirem.

Aqueles cujas profecias não se cumprem são falsos profetas. Se as palavras do profeta se cumprem, isto não prova que ele é um verdadeiro profeta, pois suas palavras devem também ser consistentes com a revelação da verdade de Deus na Lei (Deuteronômio 13:1-5).

A pessoa central desta passagem é nosso Senhor Jesus Cristo. Sua vinda está predita pela comparação Dele com Moisés, Seu predecessor. Assim como Moisés foi aquele através do qual Deus revelou Sua Lei e através de quem Ele estabeleceu Sua (Mosaica) Aliança, Deus irá falar através do Messias, que irá introduzir e implementar a Nova Aliança. Ele é Aquele que é ainda maior do que Moisés. Quando Ele aparecer, levantado por Deus, o povo é para ouvi-LO.

Esta passagem 18 de Deuteronômio é fascinante. Moisés lembra os Israelitas o que seus pais solicitaram na base do Monte Sinais. Eles não estavam somente receosos de ver a glória de Deus (como manifestada no grande fogo, 18:16), eles estavam mesmo receosos de ouvir Deus, afim de que não morressem. As palavras de Deus eram na verdade poderosas e impressionantes para este povo! Eles pediram que eles não ouvissem Deus falar e que Moisés fosse intercessor. Deixe Moisés falar com Deus face a face e então dizer a eles o que ele ouviu. Estou admirado que Deus elogiasse o povo por fazer tal pedido (veja 18:17) e então passar a falar do que virá para alguém como Moisés, que falará em Seu nome e a quem os homens são para ouvir (Deuteronômio 18:15-19).

O grande contexto de Deuteronômio ajuda a explicar a profecia dos versículos 15-19. Em Deuteronômio 18:15-19, Moisés está se referindo ao passado aos eventos descritos em Êxodo 20:18-19, as coisas na história de Israel as quais Moisés se refere para a segunda geração de Israelitas em Deuteronômio 5:23-27. Porém em ambos os textos anteriores, nada é dito de um “profeta como Moisés”, que Deus irá levantar. E ainda Moisés indica que Deus falou Dele naquele tempo (Deuteronômio 18:16-19). Aqui está ainda outro exemplo de revelação progressiva, mesmo dentro do Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia). As palavras de Moisés no capítulo 18 lançam muita luz no que lemos em Deuteronômio 5:29, e depois, no capítulo 30, versículos 1-6. É o Senhor Jesus Cristo o “profeta como Moisés”, que irá “circuncidar os corações” do povo de Deus, e que dará a eles um coração temente a Ele e obediente aos Seus mandamentos. Isto devermos ver agora cumprido à medida que passamos o resto do Velho Testamento e focalizamos nossa atenção na vinda de Jesus como o Messias prometido no Novo Testamento.

Jesus Cristo, A Verdade de Deus Encarnada.

À medida que nos aproximamos da apresentação formal do Senhor Jesus nos Evangelhos, vamos ter em mente várias especificações em relação ao Messias, o qual Moisés e outros profetas do Velho Testamento indicaram descreveria Aquele que Deus levantaria como um “profeta como Moisés”.

(1) Ele era para ser um profeta (Deuteronômio 18:15).

(2) Ele era para ser um profeta como Moisés (18:15)

(3) Levantado por Deus de entre eles (18:15)

(4) Ele seria um mediador entre os homens e Deus, falando aos homens do Deus e do que Ele ouviu quando na presença de Deus (18:16-18).

(5) Ele daria ao povo de Deus um novo coração, para amar e obedecer a Deus (Deuteronômio 5:29; 29:4; 30:1-6).

(6) Ele não aboliria a Lei, porém ao invés disto escreveria a Lei nos corações dos homens (5:29; 29:4; 30:1-6; Jeremias 31:31-34)

(7) Ele iria introduzir e implementar uma aliança com Deus (Êxodo 34: 10ss.; Jeremias 31:31-34)

(8) Os homens O reconheceriam pelo fato de que o que Ele disse aconteceria – por sinais e prodígios realizados pelas Suas mãos (Deuteronômio 18:21-22)

(9) Ele foi Aquele a quem os homens deveriam ouvir (18:15, 19).

O Senhor Jesus cumpriu perfeitamente todos estes requerimentos proféticos. Considere alguns paralelos os quais o Novo Testamento tirou entre o Senhor Jesus Cristo e Moisés:

(1) Moisés foi divinamente salvo da morte na sua infância, assim como o Senhor Jesus (Êxodo 2:1-10; Mateus 2:1-15).

(2) Ambos foram trazidos do Egito (Êxodo 12-14; Mateus 2:13-15).

(3) Moisés também subiu numa montanha e recebeu a Lei e então ensinou o povo o seu significado (Êxodo 18:19-20); Jesus também subiu uma montanha e ensinou o significado da Lei (Mateus 5-7).

(4) Através de Moisés, Deus deu aos Israelitas pão para comer; Jesus falou do pão e da água, que dariam a vida eterna, e realizou o sinal alimentando 5.000 (Êxodo 15-17; João 4:1-14; 6:1-14).10 Quando Moisés desceu da montanha, sua face brilhava com a glória de Deus (Êxodo 34:29-35); quando Jesus estava no monte da transfiguração, Seu corpo inteiro brilhava com a glória de Deus (Mateus 17:2). No monte da transfiguração, quem apareceria lá, com Jesus, senão Moisés e Elias? (Mateus 17:3).

Considerem em grande detalhe outras formas nas quais o Senhor Jesus claramente cumpriu a profecia de Deuteronômio 18. Moisés falou ao povo que quando o profeta como ele aparecesse, Ele seria levantado por Deus. O relato milagroso do nascimento virginal de nosso Senhor torna claro que Jesus foi levantado por Deus. O apóstolo João quer que saibamos que Jesus é a verdade, que foi enviado por Deus:

1 - NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. 2 - Ele estava no princípio com Deus. 3 - Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. 4 - Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5 - E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam. 6 - Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João. 7 - Este veio para testemunho, para que testificasse da luz, para que todos cressem por ele. 8 - Não era ele a luz, mas para que testificasse da luz. 9 - Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. 10 - Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. 11 - Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. 12 - Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que crêem no seu nome; 13 - Os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus. 14 - E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade. 15 - João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aquele de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de mim, porque foi primeiro do que eu. 16 - E todos nós recebemos também da sua plenitude, e graça por graça. 17 - Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo. 18 - Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou. (João 1:1-18)

Jesus é a Palavra de Deus, a Palavra que existiu com Deus desde a eternidade, e que então foi enviado para os homens por Deus. Ele é o Criador de todas as coisas. Ele é a origem da vida. Ele é a “luz”. Eu considero aqui que “luz” é um símbolo para verdade. João o Batista não era a “luz”, porém uma testemunha do fato de que Jesus Cristo era a “luz” do mundo. Os homens não recebem Jesus como a verdade porque Sua “luz” (Sua verdade) revela seu caráter. Os pecadores amam a escuridão (erro, falsidade), porque eles supõem que ela esconde seus pecados. Embora Ele tenha feito o mundo, o mundo não O reconhece porque os homens são maus e desprezam a luz da verdade, a qual revela nosso pecado. Foi o Senhor Jesus, João testifica que personificou “graça e verdade”. Embora nenhum homem tenha visto Deus em qualquer tempo, Deus apareceu em carne humana, na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo. É Ele quem explica ou revela o Pai para os homens.

Quando Jesus desceu do Seu caminho para passar através de Samaria (João 4:3-4), Ele encontrou uma mulher Samaritana no poço onde Ele parou para descansar e refrescar. Ele falou com ela sobre a “água da vida”, porém ela realmente não entendeu nem percebeu quem Ele era. E então Jesus falou estas palavras:

16 - Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. 17 - A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; 18 - Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade. 19 - Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta. (João 4:16-19).

O que fez esta mulher parecer diferente para Jesus? Porque ela agora percebeu que Ele era um profeta? Foi porque Jesus disse a ela algo que Ele, como um estrangeiro, possivelmente não poderia saber. Ele sabia a verdade sobre ela, toda a feia, sórdida verdade. Profetas falam a verdade, e Jesus falou a verdade sobre ela. Jesus, ela corretamente raciocinou, era um profeta. E assim Ele era o Profeta.

Um pouco depois em Sua conversação com esta “mulher do poço” Jesus falou sobre a verdade:

23 - Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24 - Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. (João 4:23-24).

Jesus falou para esta mulher que Deus estava procurando “verdadeiros adoradores”. Verdadeiros adoradores devem adorar o Pai “em espírito e em verdade”. Deus é Espírito, e Ele é verdade. Deus requer que a adoração dos homens seja compatível com Sua natureza. Então, os homens devem adorar a Deus no Espírito Santo e de acordo com a verdade. E desde que Jesus é o Filho de Deus, desde que Ele é divino, Ele, como Deus, é também a verdade:

6 - Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. (João 14:6).

Ninguém pode chegar ao Pai – para salvação ou para adorar – exceto através de Jesus Cristo, que é a Verdade de Deus Encarnado.

Como Moisés falou para os Israelitas, comunicando a eles o que ele ouviu de Deus enquanto em Sua presença, nosso Senhor Jesus é o Único que viu a Deus, em Sua presença, e Ele fala aos homens por Deus o que Ele ouviu do Pai:

25 - Disseram-lhe, pois: Quem és tu? Jesus lhes disse: Isso mesmo que já desde o princípio vos disse. 26 - Muito tenho que dizer e julgar de vós, mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele tenho ouvido, isso falo ao mundo. 27 - Mas não entenderam que ele lhes falava do Pai. 28 - Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como meu Pai me ensinou. 29 - E aquele que me enviou está comigo. O Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. 30 - Dizendo ele estas coisas, muitos creram nele. 31 - Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; 32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 33 - Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres? 34 - Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado. 35 - Ora o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre. 36 - Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. 37 - Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. 38 - Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. 39 - Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. 40 - Mas agora procurais matar-me, a mim, homem que vos tem dito a verdade que de Deus tem ouvido; Abraão não fez isto. 41 - Vós fazeis as obras de vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus. 42 - Disse-lhes, pois, Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. 43 - Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. 44 - Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. 45 - Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. 46 - Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? 47 - Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus. (João 8:25-47)

Central para a mensagem destes versículos é o conceito de verdade. Jesus é filho de Seu Pai, Ele é, por natureza, verdade, e então Ele fala somente a verdade. Seus oponentes tem o demônio como seu pai. O demônio é um mentiroso, e nenhuma verdade habita nele, assim eles estão predispostos a mentir e não dizer a verdade. Eles se opõem a Jesus porque Ele fala a verdade, e eles desdenham a verdade. As obras de Jesus dão crédito às Suas palavras, que são palavras do Seu Pai e palavras completamente consistentes com a Lei. Ele não veio para deixar de lado a Lei ou para anular a Lei, porém para cumpri-la (Mateus 5:17).

Como Moisés deu aos homens mandamentos de Deus, assim o Senhor Jesus dá mandamentos também:

34 - Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. 35 - Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. (João 13:34-35).

12 - O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. (João 15:12; compare Mateus 28:20).

Jesus disse aos Seus discípulos que após Ele partir Ele viria para eles através do Seu Espírito, o Espírito o qual Ele identificou como o “Espírito da verdade” (veja João 14:17; 15:26; 16:13). Através da Sua Palavra e Seu Espírito, os homens se converterão e serão levados à maturidade em Cristo.

Os escritores do Novo Testamento, sem hesitação, declaram Jesus como a fonte da verdade, então o evangelho é a verdade, a verdade a qual os homens devem ouvir ou rejeitar:

25 - Mas ele disse: Não deliro, ó potentíssimo Festo; antes digo palavras de verdade e de um são juízo. (Atos 26:25).

18 - Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça. (Romanos 1:18).

25 - Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. (Romanos 1:25).

7 - A vida eterna aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, honra e incorrupção; 8 - Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade e obedientes à iniquidade; (Romanos 2:7-8).

1 - EM Cristo digo a verdade, não minto (dando-me testemunho a minha consciência no Espírito Santo): (Romanos 9:1).

8 - Digo, pois, que Jesus Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus, para que confirmasse as promessas feitas aos pais; (Romanos 15:8).

10 - Como a verdade de Cristo está em mim, esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia. (II Coríntios 11:10)

5 - Aos quais nem ainda por uma hora cedemos com sujeição, para que a verdade do evangelho permanecesse entre vós. (Gálatas 2:5).

13 - Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. (Efésios 1:13).

21 - Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; (Efésios 4:21).

5 - Por causa da esperança que vos está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela palavra da verdade do evangelho, 6 - Que já chegou a vós, como também está em todo o mundo; e já vai frutificando, como também entre vós, desde o dia em que ouvistes e conhecestes a graça de Deus em verdade; (Colossenses 1:5-6)

12 - Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade. 13 - Mas devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados do SENHOR, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito, e fé da verdade; (II Tessalonicenses 2:12-13).

Conclusão

Deus é a origem de toda a verdade. Seu Filho, Jesus Cristo, Personifica a verdade. O que isto tem a ver conosco? Moisés nos disse:

15 - O SENHOR teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis; 16 - Conforme a tudo o que pediste ao SENHOR teu Deus em Horebe, no dia da assembléia, dizendo: Não ouvirei mais a voz do SENHOR teu Deus, nem mais verei este grande fogo, para que não morra. 17 - Então o SENHOR me disse: Falaram bem naquilo que disseram. 18 - Eis lhes suscitarei um profeta do meio de seus irmãos, como tu, e porei as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. 19 - E será que qualquer que não ouvir as minhas palavras, que ele falar em meu nome, eu o requererei dele. (Deuteronômio 18:15-19).

Deus levantou um profeta, como Moisés. Este “profeta” é o Messias, o Senhor Jesus Cristo. As implicações disto são claras e simples: devemos ouvir a Ele. E se não ouvirmos, devemos colher as consequências que Deus requererá de nós.

Quando o Senhor Jesus foi transfigurado, Deus claramente declarou aos três discípulos que testemunhavam o evento o que significava para eles:

1 - SEIS dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, seu irmão, e os conduziu em particular a um alto monte, 2 - E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz. 3 - E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele. 4 - E Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para ti, um para Moisés, e um para Elias. 5 - E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o. (Mateus 17:1-5, ênfase do autor)

Quando Jesus estava preparando Seus discípulos para Sua ausência, Ele deu a eles um mandamento relativo à Sua Palavra:

31 - Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; (João 8:31).

15 - Se me amais, guardai os meus mandamentos. (João 14:15).

21 - Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele. (João 14:21).

23 - Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada. (João 14:23).

10 - Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. (João 15:10).

O escritor aos Hebreus enfatiza a importância de prestar atenção à Palavra de Deus, assim como Pedro e João enfatizaram:

1 - HAVENDO Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, 2 - A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. 3 - O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hebreus 1:1-3a.)

1 - PORTANTO, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas. 2 - Porque, se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda a transgressão e desobediência recebeu a justa retribuição, 3 - Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; 4 - Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade? (Hebreus 2:1-4, ênfase do autor).

16 - Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. 17 - Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. 18 - E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo; 19 - E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. (II Pedro 1:16-19, ênfase do autor).

6 - Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro. (I João 4:6).

Devemos ouvir a Deus quando Ele fala através do Seu Filho e continua a falar através da Sua Palavra, a Bíblia. Devemos ouvir porque Deus nos instruiu para ouvir. Porém deveríamos também ouvir porque compreendemos que a Palavra de Deus, Sua verdade, é de vital importância para cada aspecto do nosso caminhar Cristão diário.

(1) A verdade da Palavra de Deus é a mensagem que devemos crer para sermos salvos (Veja Salmo 31:5; 57:3; 61:7;69:13; Provérbios 16:6;11 Colossenses 1:5-6; I Timóteo 2:4; II Timóteo 2:15; Hebreus 10:26; Tiago 1:18; I Pedro 1:22).

(2) A verdade da Palavra de Deus é a base para nossa fé (veja Romanos 10:8; Hebreus 11).

(3) A verdade da Palavra de Deus (do evangelho) é a mensagem que proclamamos para os pecadores perdidos para que eles possam ser salvos (Romanos 1:16; Gálatas 2:5; Efésios 1:13; 1 Pedro 1:22-25).

(4) A verdade da Palavra de Deus é também a base para a condenação daqueles descrentes que rejeitam a verdade do evangelho (II Tessalonicenses 2:12-13).

(5) A verdade da Palavra de Deus é essencial para nossa santificação (João 17:17; Efésios 4:14-24; II Pedro 1:4).

Permanecer na Palavra de Deus.

Permanecer na Palavra de Deus é essencial para o discipulado, e resulta em conhecer a verdade, que nos liberta. Devemos elaborar este princípio de importância vital. Jesus disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”. (João 8:32). A verdade nos libertará, ela nos diz como podemos estar livres do poder do pecado e da punição da morte. Porém como nós “conhecemos a verdade”? Permita-me apontar um fato assaz óbvio, porém frequentemente negligenciado: João 8:32 começa com a palavra “e”, o que nos indica que João 8:32 é uma continuação e conclusão de João 8:31. Vejamos estes dois versículos juntos:

31 - Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; 32 - E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. (João 8:31-32).

Como sabemos a verdade? Permanecendo na Palavra de nosso Senhor, permanecendo nas palavras das Escrituras. Assim fazendo, somos verdadeiramente Seus discípulos, e somos livres. Pedro diz virtualmente a mesma coisa:

4 - Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo. (II Pedro 1:4).

E Paulo diz também a mesma coisa:

17 - E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente. 18 - Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; 19 - Os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza. 20 - Mas vós não aprendestes assim a Cristo, 21 - Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus;22 - Que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano;23 - E vos renoveis no espírito da vossa mente;24 - E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade. (Efésios 4:17-24, ênfase do autor).

(1) A verdade da Palavra de Deus descreve a vida como ela é realmente (veja Provérbios 20:14).

(2) A verdade da Palavra de Deus é o conteúdo que edifica os santos (Zacarias 8:16; Efésios 4:15, 24-25).

(3) A verdade da Palavra de Deus é a base para adoração e louvor (João 4:23-24; I Coríntios 5:8).

(4) A verdade da Palavra de Deus é a origem da sabedoria (Salmo 119:98-100, 130)

(5) A verdade da Palavra de Deus é o primeiro meio pelo qual Deus nos guia. (Salmo 25:5, 10; 26:3; 43:3; 86:11; 119:105).

(6) A verdade da Palavra de Deus é a primeira arma na batalha espiritual (Salmo 40:10-11; II Coríntios 6:7; Efésios 6:14).

(7) Verdade é o que Deus deseja achar em nós (Salmo 51:6).

(8) A vida Cristã é chamada “o caminho da verdade” (II Pedro 2:2. Nós devemos “andar na verdade” (II João 1:4; III João 1:3-4).

(9) Nós não devemos mentir, devemos falar a verdade (Efésios 4:15).

(10) O Espírito Santo, que habita em nós, é o “Espírito da verdade” (João 14:17; 15:26: 16:13), e mentindo ou enganando os santos é “mentir para o Espírito Santo” – uma ofensa muito séria (Atos 5:1-11).

(11) Arrogância é chamada “mentindo contra a verdade” – não é viver de acordo com a realidade (Tiago 3:14).

(12) Santidade está intimamente associada com um conhecimento da verdade (Tito 1:1-2).

(13) A verdade é uma das bases para a unidade de todos os crentes – “uma fé” (Efésios 4:5).

(14) Conhecer a verdade nos livra de proibições legalistas e nos capacita para gozar a vida mais totalmente (I Timóteo 4:3).

(15) A igreja é o “pilar e o chão da verdade” (I Timóteo 3:5).

Com isto, podemos ver que a verdade da Palavra de Deus é nossa linha da vida; é vital para nossa salvação e para nosso caminhar diário. É o pão da vida para aqueles que o comerão.

Finalmente, vamos considerar várias características importantes da verdade e suas implicações para nós.

A Verdade é Eterna

2 - Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do SENHOR dura para sempre. Louvai ao SENHOR. (Salmo 117:2).

35 - O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar. (Mateus 24:35).

A verdade não sai da moda, ela não muda com o tempo. Dispensacionalistas em particular devem tomar cuidado de não pensar do Velho Testamento, incluindo a Lei, como algo obsoleto, não mais aplicável. Os escritores do Novo Testamento fazem um bom trabalho usando o Velho Testamento incluindo a Lei (veja, por exemplo, 1 Coríntios 9:8-11; 10:1-13; 14:34; Romanos 15:4). Foi Paulo quem falou para Timóteo que “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa...” (II Timóteo 3:16). A verdade de Deus nunca está desatualizada. Ela é aplicável para nós no século vinte assim como foi para os homens de séculos atrás.

A Verdade é Universal.

17 - Por esta causa vos mandei Timóteo, que é meu filho amado, e fiel no Senhor, o qual vos lembrará os meus caminhos em Cristo, como por toda a parte ensino em cada igreja. (I Coríntios 4:17).

Alguns pensam que quando Paulo escreveu para os Coríntios sobre o papel das mulheres na igreja, ele estava falando somente para aqueles santos naquela cultura naquele tempo e lugar. Isto não é o que Paulo indica no capítulo 4, versículo 17. Ele fala aos Coríntios que seus ensinos se ajustam à sua prática, e que isto é consistente em qualquer lugar que ele vá.12

Tendo viajado bastante através dos anos com a oportunidade de observar algumas igrejas na Europa, Ásia e África, não foi surpresa nenhuma ver o ensino, princípios e práticas do Novo Testamento, em todos os lugares que visitei. A verdade é universal; é aplicável em qualquer lugar, a qualquer tempo, e em qualquer grupo de pessoas. Quando ouço ensinos ou métodos que funcionam somente em certos lugares e entre certas pessoas, eu sei que não estou lidando com a verdade, porém com uma moda passageira. Um livro que não será vendido nas ruas da Índia, porém somente em lugares como North Dallas, é um livro que contém ideias humanas. A Bíblia atua em qualquer lugar, qualquer tempo, e entre qualquer povo, porque a Bíblia é a verdade. Gastamos muito tempo e dinheiro em livros que não lidam o suficiente com a verdade.13

A Verdade Vem De Deus.

A única verdade absoluta vem de Deus e é transmitida através da Bíblia, a Palavra de Deus.

É nos dito, “Toda verdade é verdade de Deus”. Há um senso de que isto é verdade. Não há verdade que é contrária a Deus ou da qual Deus não é o autor. Tendo reconhecido isto, a única verdade que conheço com certeza ser verdade é a verdade que Deus revelou na Bíblia. Todas as outras verdades são verdades aparentes, e devo concluir que porque elas não são achadas na Bíblia, elas não são essenciais para “vida e santidade” (II Pedro 1:3; veja também II Timóteo 3:16-17). Estas verdades são, portanto secundárias e subordinadas às verdades bíblicas. Porque então tantos líderes Cristãos falam de “integrar certas teorias seculares com revelação bíblica”? Especialmente popular é o conceito de “integrar psicologia e teologia”. Não tomarei parte em tal conversa. Quem teria coragem de chamar as teorias psicológicas de “verdade”? E quem teria coragem de falar destas teorias como se elas estivessem a par com as Escrituras? É tempo de subordinar todas as verdades não bíblicas à verdade de Deus, a Palavra de Deus.

Verdade Precisa Ser Integrada com Nossas Vidas.

A Bíblia nos chama a integrar teologia (verdade de Deus) e moralidade. Existe uma ligação muito próxima entre verdade e moralidade. A imoralidade nos cega para a verdade. Verdade nos liga à moralidade. Verdade e justiça são estreitamente interligadas. Aquelas verdades que não tem implicações práticas morais são de alguma forma suspeitas, pois Deus não revela Sua verdade para encher nossos notebooks ou mentes, porém para transformar nossas vidas (veja Romanos 12:1-2; Efésios 4:17-24).

A Verdade é Infinita.

10 - Pois a tua misericórdia é grande até aos céus, e a tua verdade até às nuvens.(Salmo 57:10).

4 - Porque a tua benignidade se estende até aos céus, e a tua verdade chega até às mais altas nuvens.(Salmo 108:4).

Isto significa que buscar a verdade nunca cessa. Isto significa que nunca saberemos toda a verdade nesta vida. Somente arranhamos a superfície do vasto oceano da verdade, a qual ainda é desconhecida e não revelada. Porém saibamos que as verdades que precisamos saber foram reveladas, e nos acautelemos de tudo o mais. Estas verdades reveladas são as verdades que deveríamos aprender e implementar.

29 - As coisas encobertas pertencem ao SENHOR nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 29:29).

Devemos procurar aprender aquela verdade que Deus revelou claramente, enfaticamente e repetidamente em Sua Palavra, e não nos desviemos por buscas especulativas e teóricas.

5 - Ora, o fim do mandamento é o amor de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida. 6 - Do que, desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas; 7 - Querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam. (I Timóteo 1:5-7).

7 - Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade; (I Timóteo 4:7).

4 - E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. (II Timóteo 4:4).

14 - Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade. (Tito 1:14).

A Verdade Está Centrada em Cristo.

Quando nos desviamos de Cristo, nos desviamos da verdade.

21 - Se é que o tendes ouvido, e nele fostes ensinados, como está a verdade em Jesus; (Efésios 4:21).

1 - PORQUE quero que saibais quão grande combate tenho por vós, e pelos que estão em Laodicéia, e por quantos não viram o meu rosto em carne; 2 - Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em amor, e enriquecidos da plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus e Pai, e de Cristo, 3 - Em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. 4 - E digo isto, para que ninguém vos engane com palavras persuasivas. 5 - Porque, ainda que esteja ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito estou convosco, regozijando-me e vendo a vossa ordem e a firmeza da vossa fé em Cristo. 6 - Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim também andai nele, 7 - Arraigados e edificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes ensinados, nela abundando em ação de graças. 8 - Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo; (Colossenses 2:1-8).

A Verdade é Exclusiva.

Eis aqui uma diferença significativa entre Cristianismo e politeísmo ou culturas pluralísticas. Outros sistemas religiosos não tem problema com incompatibilidade da verdade. Eles irão frequentemente abraçar diferentes “deuses” e permitir ao indivíduo abraçar qualquer sistema que ele ou ela preferir. Verdade Bíblica, verdade de Deus, é exclusiva. Ela é incompatível com qualquer suposta verdade que contradiz as Escrituras. Os Cristãos podem ser rotulados de “intolerantes” por tal convicção, porém não existe mais do que um sistema verdadeiro.

A Verdade é Doutrinária e Proposicional.

Se a Palavra de Deus é a verdade, então a verdade pode ser colocada em palavras e deve se originar da Palavra. Ousamos não aprender nossa verdade existencialmente, fora da Palavra escrita de Deus. E ousamos não desprezar doutrina nem teologia. Verdade é um sistema, não é apenas uma compilação de fatos aleatórios.

Considere esta ilustração de um evento contemporâneo. Recentemente, o caso O. J. Simpson tem sido ventilado diariamente. As pessoas realmente querem saber a verdade; elas querem saber o que aconteceu. A polícia levantou uma grande quantidade de evidências, algumas das quais serão aceitas pelo Juiz e algumas serão rejeitadas.

Porém todas estas evidências não explicam o que aconteceu a estes dois seres humanos. A promotoria irá apresentar seu caso, o qual eles apresentarão como a “verdade” para o júri. A defesa pegará a mesma evidência e dará uma explicação inteiramente diferente, uma tentativa inteiramente diferente de explicar a verdade do que aconteceu. Idealmente, um lado ou o outro transmite a verdade. Falando praticamente, nenhum lado terá a verdade total. A tarefa do júri é determinar, da melhor forma possível, qual é a verdade.

A Bíblia é assim. Ela não é apenas uma lista de fatos sobre Deus e os homens. Existe um número de declarações proposicionais, porém devem ser harmonizadas, colocadas juntas, a fim de ganharmos um sentido completo do que a Bíblia ensina. A verdade das Escrituras, portanto resulta em um gênero de doutrina. Existem diferentes posições doutrinárias (cada uma das quais gosta de pensar que está o mais próximo da verdade), e podemos diferir das conclusões de outros. Porém não se pode pensar ou falar da verdade fora da doutrina.

Algumas vezes ouvimos alguém dizer, “Nós não adoramos doutrina, adoramos Jesus”. Que Jesus você adora? Lembre-se, você deve adorar a Deus “em Espírito e em verdade” (João 4:24).

A conversa entre Jesus e a mulher no poço foi sobre diferenças doutrinárias, e Jesus deixou claro que a doutrina desta mulher (a doutrina dos Samaritanos) estava errada. Paulo diz que alguém pode vir, pregando “outro Jesus” (II Coríntios 11:4). Doutrina descreve e define o “Jesus da Bíblia” assim podemos adorar em Espírito e verdade. Você não pode ter verdade fora da doutrina. Desdenhar doutrina não é somente tolo, é perigoso.

14 - Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente. (Efésios 4:14).

6 - Propondo estas coisas aos irmãos, será bom ministro de Jesus Cristo, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tens seguido. (I Timóteo 4:6).

1 - TODOS os servos que estão debaixo do jugo estimem os seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados. (I Timóteo 6:1).

3 - Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, (I Timóteo 6:3).

3 - Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; (II Timóteo 4:3).

9 - Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contra dizentes. (Tito 1:9)

1 - TU, porém, fala o que convém à sã doutrina. (Tito 2:1).

7 - Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, (Tito 2:7).

10 - Não defraudando, antes mostrando toda a boa lealdade, para que em tudo sejam ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador. (Tito 2:10).

A verdade de Deus, revelada em Cristo e na Palavra escrita de Deus, a Bíblia, deve ser prioridade em nossas vidas. Vamos procurar, pela Sua graça, ser povo da Palavra, povo que ama a verdade e que procura nas Escrituras para acha-la. E vamos ser aqueles que encarnam a verdade, colocando-a em prática em nosso viver diário, para Sua glória.

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Michael Scott Horton, Made In America: The Shaping of Modern American Evangelicalism (Grand Rapids: Baker Book House, 1991).

2 Horton, pp. 143-144.

3 Horton, p. 145.

4 Horton, p. 148.

5 Horton, pp. 146-147.

6 Horton, pp. 141-142.

7 Horton, p. 151, citing James Davison Hunter, Evangelicals: The Coming Generation (Chicago: University of Chicago, 1987), p. 25.

8 Horton, pp. 148-149.

9 É necessário fazer uma distinção aqui entre Adão e Eva. Eva foi enganada, enquanto Adão não (I Timóteo 2:14). Eva foi enganada acreditando que Satanás falou a verdade, ao contrário de Deus. Adão por outro lado, não foi enganado. Com ele parece ser mais uma desobediência determinada, em que ele acreditava em Deus porém desobedeceu de qualquer forma.

10 Quando o povo testemunhou o sinal de Jesus alimentando os 5.000, eles entenderam que isto significava que Jesus era realmente “o profeta que era para vir ao mundo” (João 6:14). Certamente eles estavam pensando do “profeta” de Deuteronômio 18:15-18).

11 Neste texto não se está falando de nosso Senhor Jesus Cristo, o Messias que era para vir, no qual misericórdia e verdade estão juntas? E então é Nele que nossos pecados são expiados.

12 Algumas pessoas de pensamento rápido podem voltar a I Coríntios 9, versículos 19-23. Deixe-me lembrar de que Paulo está falando aqui da sua prática pessoal com respeito às liberdades Cristãs. Porém quando chega ao ensino apostólico e conduta, Paulo é consistente.

13 Não quero ser entendido como tendo dito que deveríamos somente ler a Bíblia, embora a maioria de nós pudesse levar muito mais tempo fazendo assim. O que estou dizendo é que os livros que compramos e lemos deveriam lidar com termos bíblicos, verdades bíblicas, e mesmo textos bíblicos. Um livro sobre casamento Cristão com apenas duas ou três referências bíblicas dificilmente é um livro de casamento Cristão. Onde podemos aprender a verdade sobre casamento se não da Bíblia?

Related Topics: Character of God

Pages