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Resurrection Message

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This sermon was given on April 8, 2007. The transcript will be posted when it becomes available.

Related Topics: Resurrection

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Personal Spiritual Growth

We at bible.org pledge to offer “biblical encouragement to women so that they walk more closely with God.” In this section you will find resources that encourage the pursuit of spiritual maturity toward a life of godliness and effective ministry for Christ in everyday life. A life of holiness is possible as we submit to the teachings of Scripture and the work of the Spirit in our lives.


FEATURED AUDIO LESSON

by Susie Hawkins
 
All believers are equipped with gifts that enable them to function in the body of Christ. This message is an overview of how spiritual gifts demonstrate the ministry of the Holy Spirit.
 

FEATURED BOOK

by Vicki Kraft
 
Sometimes women who want to grow spiritually are slowed by unresolved emotional issues. In this book Vicki explains that the process of developing emotional maturity is entwined with the process of growing spiritually.

RESOURCES

Meet Our Authors:

Susie Hawkins

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Kathie Keathley 

Vickie Kraft

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A Woman's Life

In this section you will find resources on issues unique to women or the family. The women who have contributed material to this page are dedicated to the study and communication of biblical truth in these areas. We hope their insight and wisdom will instruct, encourage and comfort you as you face similar issues in your own life or as you minister to other women struggling in the respective areas. This month we are featuring a new series addressing unplanned pregnancies.  Articles on this and other issues are listed in the columns on the right.

We also encourage you to visit the “Women’s Forum,” a safe place for Christian women to converse with one another about topics important to them.

FEATURED SERIES

by Julie Parton, Ph.D.
 
“Mom, I’m pregnant” can either be the most joyous words a grandmother-to-be can hear, or the most devastating. If her daughter is 19 and an unmarried college sophomore, her world comes crashing down. When that mother and daughter come to you seeking help, what do you
do or say? 
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FEATURED STUDY

by Julie Parton, Ph.D.   
   
John 14:6 is very familiar to most of us, where Jesus replies to Thomas’ question with the profound statement “I am the way, and the truth, and the life.” We may be guilty of skipping over the ramifications of the last part of that statement, where He proclaims that He IS “the life.” The very existence of human life itself is wrapped up in who Jesus is.     

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Sandra Glahn

Micki Maris

Julie Parton

Sue Sewell

 

 











Three Warnings From Jesus

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This is an audio sermon delivered on May 27, 2007. The transcript will be posted when it is available.

Related Topics: Spiritual Life

Who do you say that Jesus is?

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This is an audio sermon delivered on June 3, 2007. The transcript will be posted when it is available.

Related Topics: Christology

Falhas Fatais da Religião: n: 1 - Secularismo (Mateus 5:1-16)

Introdução

Há muitos anos atrás Joseph Lupo, um padre católico romano, fez uma pesquisa de mercado que acabou com a colocação de um anúncio de página inteira na edição da Costa Leste da Revista Playboy, para candidatos ao sacerdócio. Mais de 600 jovens responderam ao anúncio, e, pelo menos 28 deles foram examinados como prováveis candidatos ao sacerdócio. Nos anos anteriores, o melhor que ele poderia esperar era, no máximo, uns 10 candidatos. A resposta do público à sua abordagem também foi esclarecedora. Os elogios ganharam de 7 a 1 das reclamações. Mas, de qualquer forma, ele não estava preocupado com as críticas. O principal é - ele conseguiu resultados.

A fim de não sermos muito rápidos para criticar, deixe-me lembrar que nós, que somos chamados de evangélicos protestantes fundamentalistas, somos culpados do mesmo tipo de abordagem para o ministério cristão. Nós empacotamos e promovemos o cristianismo sem nenhuma diferença da Av. Madison vendendo pasta de dente ou desodorante. Administramos nossas igrejas de tal forma que, se Deus tivesse morrido há 20 anos atrás, ninguém ainda teria descoberto.

O mal sobre o qual estou falando é chamado de secularismo. Os cristãos são culpados de secularismo quando pensam e agem como as pessoas do mundo. Caímos no mal do secularismo quando tentamos cuidar do trabalho de Deus à maneira do mundo. Sucumbimos ao secularismo quando adotamos as mesmas atitudes, valores e metas que aqueles que não conhecem a Jesus como Senhor e Salvador adotam. É para este assunto do secularismo que nosso Senhor primeiramente dirige Sua atenção no Sermão do Monte.

Uma Olhada Mais Ampla no Sermão do Monte

Antes de mergulharmos no ensinamento de nosso Senhor sobre o secularismo, precisamos tratar da interpretação e aplicação do Sermão do Monte para nós do século 20. Antes de começarmos a interpretá-lo, ou de fazer a aplicação, precisamos responder a duas questões: (1) O que é o Sermão do Monte? (2) Como deve ser interpretado?

O Que é o Sermão do Monte?

A ocasião do sermão é descrita por Mateus. João Batista tinha sido preso recentemente (4:12). Jesus tinha deixado a Galiléia e estabelecido Seu quartel-general em Cafarnaum (4:12-13). Daí em diante Jesus pregou abertamente sobre o Reino de Deus (4:17, 23-25). Depois de passar uma noite em oração, nosso Senhor chamou os 12 que seriam Seus apóstolos (Lucas 6:12-13, Mt. 4:18-22).

As circunstâncias deste sermão indicavam que o ensinamento de nosso Senhor era dirigido àqueles que verdadeiramente seriam Seus discípulos. Nosso Senhor sentou-se para ensinar, assumindo uma postura autoritária, característica dos rabis de Seus dias. Quando nosso Senhor ensinava, ensinava como alguém qualificado a interpretar as Escrituras do Velho Testamento. Muitas características do ensinamento do Sermão do Monte emergem desses três capítulos:

(1) O Sermão do Monte foi a condensação de todo o ensino de Jesus ao longo de Sua vida e de Seu ministério. Apesar de Mateus e Lucas afirmarem claramente que este foi um sermão pregado em uma ocasião determinada, é possível que possa ter se estendido pelo período de alguns dias, tema de alguma espécie de retiro. Deduzindo que este foi realmente um sermão (ainda que um tanto prolongado), devemos continuar dizendo que este sermão se apresenta para nós com uma espécie de filtro do ensino de nosso Senhor. Barclay mostra como os temas deste sermão (pelo relato de Mateus) são um resumo do relato inteiro de Lucas. Diversos dos principais temas do ensino de nosso Senhor são encontrados neste único sermão.

Apesar de Mateus e Lucas afirmarem claramente que este foi um sermão pregado em uma ocasião determinada, é possível que possa ter se estendido pelo período de alguns dias, tema de alguma espécie de retiro. Deduzindo que este foi realmente um sermão (ainda que um tanto prolongado), devemos continuar dizendo que este sermão se apresenta para nós com uma espécie de filtro do ensino de nosso Senhor. Barclay mostra como os temas deste sermão (pelo relato de Mateus) são um resumo do relato inteiro de Lucas. Diversos dos principais temas do ensino de nosso Senhor são encontrados neste único sermão.

(2) O sermão é um esclarecimento do ensino de nosso Senhor sobre o Reino que Ele estabeleceria. Jesus saíra do anonimato retomando a pregação de João Batista e proclamando o evangelho do Reino (Mateus 4:17-23). Havia muitas concepções erradas e exageradas a respeito do que seria este reino. Nosso Senhor, neste sermão, tornou claro o ensino sobre este assunto para aqueles que seriam Seus discípulos.

Jesus saíra do anonimato retomando a pregação de João Batista e proclamando o evangelho do Reino (Mateus 4:17-23). Havia muitas concepções erradas e exageradas a respeito do que seria este reino. Nosso Senhor, neste sermão, tornou claro o ensino sobre este assunto para aqueles que seriam Seus discípulos.

(3) O Sermão do Monte contrasta a verdadeira religião de Jesus com as falsas religiões do paganismo, e especialmente com o Judaísmo de sua época. Talvez o versículo chave de todo o sermão seja Mateus 5:20, quando Jesus disse: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus."

Talvez o versículo chave de todo o sermão seja Mateus 5:20, quando Jesus disse: "Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus."

As bem-aventuranças descrevem o caráter daquele que é verdadeiramente justo e que experimentará o reino milenar de Cristo. É um contraste absoluto com o caráter dos escribas e fariseus. O ensino de nosso Senhor e Sua interpretação das Escrituras do Velho Testamento eram radicalmente diferentes das tradições judaicas e dos ensinos dos rabinos.

(4) O Sermão da Monte foi uma palavra de conforto e consolação ao remanescente fiel de Israel. Aqueles que estiveram ouvindo este sermão eram representantes daqueles que verdadeiramente buscavam e adoravam a Deus em Israel. Enquanto há severa condenação para os líderes judaicos, há encorajamento e consolo para aqueles que aguardavam "a consolação de Israel" (cf. Lucas 2:25). As primeiras palavras de nosso Senhor neste sermão são: "Bem-aventurados..."

Aqueles que estiveram ouvindo este sermão eram representantes daqueles que verdadeiramente buscavam e adoravam a Deus em Israel. Enquanto há severa condenação para os líderes judaicos, há encorajamento e consolo para aqueles que aguardavam "a consolação de Israel" (cf. Lucas 2:25). As primeiras palavras de nosso Senhor neste sermão são: "Bem-aventurados..."

Como Deve Ser Interpretado?

Tenho o maior interesse em considerar as diversas formas que as pessoas têm de interpretar e aplicar o mais conhecido sermão de nosso Senhor. Estranhamente é o não crente que parece aplicá-lo pessoalmente, enquanto muitos cristãos tentam evitar seus ensinamentos.

Ouve-se muitas vezes o não crente dizer: "Tento viver de acordo com o Sermão do Monte".

Isto parece querer dizer algo como: "Tento viver pela regra de ouro". Duvido que a maior parte desses que dizem tais coisas sequer tenham lido o Sermão do Monte inteiro. Com certeza não estabeleceriam padrões tão altos para si mesmos.

O Cristianismo liberal também dá muita importância ao Sermão do Monte. Eles consideram as palavras de Cristo como modelo para uma sociedade ideal. Eles desejam e lutam para estabelecer uma sociedade perfeita, na qual possam transmitir tais qualificações.

Outros vêem o sermão como a descrição do tipo de obras que alguém deveria se esforçar por fazer para alcançar a vida eterna. O erro aqui é que, aqueles que são chamados de bem-aventurados por nosso Senhor, devem ser presumidos como crentes verdadeiros. Suas obras são conseqüência da graça de Deus e não meios para obter a salvação eterna. Como o Dr. S. Lewis Johnson disse, quando Paulo foi argüido pelo carcereiro de Filipos: "Que devo fazer para herdar a vida eterna?" Paulo não respondeu: "Bem-aventurados os pobres de espírito: porque deles é o Reino dos céus."

Em minha opinião, o Evangelho não é pregado neste sermão por duas razões principais: primeiro, nosso Senhor estava falando àqueles que faziam parte do remanescente justo de Israel. Estes eram aqueles que aguardavam a salvação de Deus através do Seu Messias. Segundo, a obra expiatória de Cristo na cruz do Calvário ainda estava no futuro. Até que fosse completada, que mais poderia nosso Senhor dizer além daquilo que já tinha sido falado pelos escritores do Velho Testamento (e crido por seus ouvintes)?

Alguns cristãos têm interpretado este sermão como se referindo diretamente à igreja, ignorando completamente o contexto judaico no qual foi entregue. Outros, virtualmente, colocam de lado o sermão inteiro por causa do dispensacionalismo. Crêem que foi dado como uma espécie de Constituição para o Reino de Deus. Uma vez que ele dita a Lei do Reino de Deus para Israel, nós que somos da era da igreja (eles dizem) não estamos debaixo de seus requisitos. Esta opinião falha por ir de encontro ao fato de que nosso Senhor falava de um Reino até então no futuro ("herdarão a terra", Mt. 5:5), e que a experiência no presente daqueles a quem se destinava incluiria perseguição e rejeição.

O ponto principal, creio, é que não desejamos nos sujeitar ao ensino de Cristo. "Dar a outra face" não é o que a velha natureza deseja fazer. Posso me lembrar de um de meus professores dizendo, a respeito de Mateus 5:42 ("Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes."): "Se hoje um homem de negócios fosse seguir esta instrução, ele iria à falência."

Eu diria muitas coisas em reposta a esse tipo de evasão dispensacionalista. Primeiro, Deus nos chama a viver o tipo de vida ousada e impossível que precisa de fé no tipo de Deus que faz o impossível. A vida de fé é irracional para o homem do mundo. Segundo, ainda que este sermão tenha sido pregado aos judeus, ele tem aplicação para todos os cristãos. Se estou correto em presumir que a igreja é um reflexo do reino de Deus em miniatura, então devemos levar este sermão a sério. Finalmente, nunca devemos aplicar e interpretar qualquer versículo fora do ensinamento de outra parte das Escrituras. Não podemos tomar a promessa de que se dois ou três concordarem com alguma coisa em oração, nós a teremos (Mt. 18:19), isoladamente, sem considerar todo o ensino das Escrituras sobre oração. Assim também não podemos tomar um versículo do Sermão da Monte, interpretá-lo e aplicá-lo isoladamente. As Escrituras sempre interpretam as Escrituras.

Ainda que o Sermão da Monte tenha sido dirigido aos judeus, ele também fala aos cristãos de hoje. Ele nos diz quais devem ser nossas ações e atitudes. Ele nos desafia a viver uma vida excitantemente distinta, colocando sabor em nossa sociedade. Ele nos alerta sobre os perigos de uma religião falsa que se insinua dentro da teologia e da prática cristã. Ele nos instrui como devemos interpretar e aplicar as Escrituras do Velho Testamento. Ele coloca diante de nós as medidas do homem ou da mulher de Deus.

O Relacionamento do Crente Com Deus e Com o Homem (5:1-9)

Os 10 Mandamentos prescreveram o relacionamento de Israel com seu Deus e também o relacionamento com o seu próximo. Nosso Senhor resumiu assim os mandamentos: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e... amarás o teu próximo como a ti mesmo." (Mt. 22:37, 39);

Da mesma forma, nas bem-aventuranças, nosso Senhor nos dá a descrição ou as características do verdadeiro crente, no que se refere a seu relacionamento tanto com Deus quanto com o homem. Cada bem-aventurança deve caracterizar cada crente verdadeiro. Cada bem-aventurança é um contraste marcante ao caráter e à conduta dos escribas e fariseus.

Você verá que cada atribuição é acompanhado pela expressão "bem-aventurado". Embora este termo possa ser legitimamente traduzido dessa forma (e J. B. Phillips assim o faz), certamente este é o sentido errado aqui. Felicidade implica mais em um sentimento passageiro que, normalmente, depende de circunstâncias favoráveis. A palavra grega (markarios) era usada para descrever a felicidade celestial dos deuses, uma vida livre de trabalho e das preocupações do mundo. Usada para o homens, inicialmente sugeria a mesma espécie de felicidade, de ser retirado dos cuidados da vida. Assim foi usada com relação à morte daqueles de quem se pensava terem passado para uma existência melhor. Mais precisamente, "bem-aventurado" aqui se refere à bênção e à alegria do homem que é contente, independentemente das circunstâncias que o cercam. Como Barclay nos lembra, "felicidade" (happiness) vem da raiz "hap" que significa acaso. A felicidade humana é dada pelo acaso, quando "tudo está correndo do nosso jeito". A bem-aventurança divina é a alegria interna, a serenidade, e a postura que vem do saber que somos retos diante de Deus, que nosso contentamento e bem-estar não são produto do acaso, mas da graça infinita.

Os Pobres em Espírito (verso 3)

Das duas palavras gregas que são usadas para descrever a pobreza, a que é usada aqui por nosso Senhor (pto,,chos) é a que se refere à pobreza mais extrema e sem recursos. Literalmente, a raiz significa encolher-se ou contrair-se. Esta pobreza do homem o coloca de joelhos. No Velho Testamento a palavra pobre evoluiu pelo uso constante. Primeiro, significava simplesmente pobre. Depois, indicava não ter nenhuma influência, prestígio ou, como diríamos, um trapo sequer. Uma vez que o pobre não tinha um trapo sequer, ele era oprimido e abusado pelos homens. Finalmente, como ele não poderia contar com mais ninguém, ele vinha a confiar em Deus. Cada vez mais a expressão "pobre" falava do homem que reconhecia sua própria incapacidade e confiava somente em Deus: "Clamou este aflito, e o Senhor o ouviu e o livrou de todas as suas tribulações." (Salmo 34:6, cf. 9:18, 35:10, 68:10, 72:4, 107:41, 132:15).

Isaías falou muitas vezes deste tipo de pobreza, e prometeu a estes "pobres" a salvação do Senhor (Isaías 41:17-18, 57:15, 61:1, 66:1-2).

Nosso Senhor não está glorificando a pobreza, mas aquele espírito de humildade que ela freqüentemente produz. Aqueles que herdarão o Reino dos Céus são aqueles que estão completamente cientes de que nada possuem que os recomende diante de Deus. Eles reconhecem que são espiritualmente sem recursos e esperam em Deus por sua libertação e salvação. Como são diferentes os fartos dos bens deste mundo que "confiam nas falsas riquezas" (I Timóteo 6:17)

Como eram orgulhosos e pomposos os escribas e fariseus que podiam orar: "Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho." (Lucas 18:11-12)

Os Que Choram (verso 4)

Este forte termo de luto expressava, com freqüência, o pesar de uma pessoa pela perda de alguém amado (cf. Gn. 37:34 LXX). Somado a isso, era usado para aqueles que sofriam por causa do pecado, tanto deles quanto dos outros. Este, certamente, é o sentido principal do uso deste termo aqui. Não deve haver somente admissão do pecado, mas um genuíno senso de arrependimento sobre ele. Há pouca conversa hoje em dia, mesmo nas igrejas cristãs, sobre arrependimento e tristeza pelos pecados. Para alguns, devemos apenas nos "confessar" com Deus. Falamos demais sobre I Jo. 1:9, como se fosse um "sabonete de Deus". Que Deus nos livre dessa atitude negligente diante do pecado (cf. Esdras 10:1, Salmo 119:135, Ezequiel 9:4, Filipenses 3:18).

Há conforto para aqueles que choram. Para os que choram pela morte física e a separação que ela traz, podemos ser consolados porque Jesus venceu o pecado, a morte e o túmulo. Àqueles a quem deixamos prá trás (ou melhor, que nos deixaram prá trás) no Senhor, nós veremos outra vez (I Tessalonicenses 4:13-18).

Há, da mesma forma, conforto para aqueles que choram devido ao pecado. A obra expiatória de Jesus na cruz obteve para todos os cristãos a liberdade da pena do pecado (Romanos 6:23, 8:1), do poder do pecado (Romanos 6:14), e, finalmente, da presença do pecado (Romanos 8:18 e ss).

Os Mansos (verso 5)

A mansidão nunca foi uma qualidade invejada. Geralmente pensamos em mansidão em termos de fraqueza. É uma qualidade que nenhum dos filmes de Burt Reynolds retrata (assim me dizem). É uma qualidade de Casper Milquetoast, ou assim supomos.

Devemos relembrar que Moisés foi chamado de "o homem mais manso que havia sobre a face da terra" (Números 12:3). Nosso Senhor Jesus também referiu-se a Si mesmo como sendo manso (Mateus 11:29). A mansidão muitas vezes implicava em autocontrole; era o controle da força.

O Dr. Lloyd-Jones ressalta que a mansidão falada por nosso Senhor é impulsionada por um alerta da nossa própria pecaminosidade. É difícil ser grosseiro com os outros numa área onde nós mesmos falhamos. Uma vez que chegamos a admitir a nossa própria perversidade e pecaminosidade, seremos menos rápidos em criticar os outros. Há um provérbio que diz: "O pobre fala com súplicas, porém o rico responde com durezas." (Pv. 18:23)

A nossa visão de nós mesmos é refletida no tratamento dispensado aos outros. Os ricos podem ser rudes, grosseiros e insensíveis. Podem escoicear os outros, porque podem se dar a esse luxo. O pobre deve tratar a todos com gentileza. Ele não está em posição de fazer outra coisa.

Certa vez trabalhei para um homem que tinha um temperamento explosivo e incontrolável. Sua fúria poderia entrar em erupção como um vulcão flamejante e todos os empregados tinham que se preparar para seus ataques verbais. Mas, na frente de um cliente, ele era doce e suave.

Encontro nas palavras de Paulo em Gálatas 6:1 muita coisa a esse respeito:

"Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que dois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guardais para que não sejais também tentados."

Você vê a questão? A visão que alguém tem de si mesmo determina ou modifica seu relacionamento com os outros. Uma pessoa mansa é alguém que se controla, totalmente ciente de que também é pecador.

Certa noite estive num Banquete dos Fundadores do Seminário de Dallas. Foi um evento adorável e o Dr. Charles Swindoll trouxe uma excelente mensagem sobre servidão. No caminho de casa pensava numa característica extra de um servo: o servo não vê como seu objetivo criticar outros servos. Nas palavras de Paulo: "Quem és tu que julgas o servo alheio?" (Romanos 14:4)

Os servos não fazem julgamento; os senhores sim. Se vemos a nós mesmos como servos, preocupamo-nos com nosso serviço, não com o dos outros. A mansidão (poderei dizer servidão?) deriva da minha atitude para comigo mesmo e de minha postura diante de Deus e dos homens.

Os Que Têm Fome e Sede de Justiça (verso 6)

Séculos antes da vinda de Cristo à terra na forma de homem o profeta Isaías escrevera: "Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas; e vós, os que não tendes dinheiro, vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite." (Isaías 55:1)

Os remanescentes justos de Israel sempre ansiaram pelo estabelecimento da retidão e da justiça sobre a terra. Eles clamavam a Deus em sua aflição; agonizavam sobre a prosperidade dos maus (cf. Salmo 37). A promessa foi sempre a mesma: "Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais Ele fará. Fará sobressair a tua justiça como a luz e o teu direito, como sol ao meio dia." (Salmo 37:5-6)

Aqueles que vieram a reconhecer sua pobreza e indignidade espiritual (verso 3) e que estão genuinamente contritos pelos seus pecados e dos outros (verso 4) esperam a época em que a justiça será estabelecida sobre a terra. Esta justiça é parte integrante da vinda do Messias e de Seu Reino milenar.

Poucos americanos têm qualquer idéia sobre a intensidade da fome e da sede a que se referia Jesus nas bem-aventuranças. Somos condicionados a sentir sede, mais ou menos como os cães de Pavlov, pela televisão e pelos anúncios da mídia, que produzem a sensação de sede para vender seus produtos. A fome e sede aqui mencionadas são algo insaciável, resultado de uma prolongada privação.

Aqueles que verdadeiramente desejam justiça serão satisfeitos. Em primeiro lugar os cristãos são revestidos da justiça pessoal do Senhor Jesus Cristo (Zacarias 3; Romanos 3:21-22; 10:4; I Coríntios 1:30; II Coríntios 5:21). Os trapos de imundícia da justiça decorrente das nossas boas obras são descartados (Isaías 64:6), e a justiça de Cristo é imputada a nós quando confiamos nEle. E ainda, quando nosso Senhor retornar, a justiça prevalecerá. "Nós, porém, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça." (II Pedro 3:13)

A suposição de que aqueles que têm fome e sede de justiça reconhecem que isso é algo que não possuem em si mesmos está implícita nesta bem-aventurança. Antes, é algo que lhes falta, mas que, desesperadamente desejam. Os escribas e fariseus estavam convencidos de que possuíam toda a justiça necessária para entrar no reino de Deus. A resposta de nosso Senhor aos fanáticos religiosos de Israel tornou claro um fato: "... os sãos não precisam de médico, e sim os doentes; não vim chamar justos, e sim pecadores." (Marcos 2:17)

Os Misericordiosos (verso 7)

Um outro traço característico do verdadeiro crente é a misericórdia. A misericórdia como atitude tem uma relação muito próxima com a piedade. É a resposta aflita de um coração caloroso à tragédia e à miséria, à dor e ao sofrimento. Esta atitude se manifesta em atos de bondade que tencionam aliviar o sofrimento. A misericórdia vê o feio e o grotesco e estende a mão para ajudar em vez de olhar para o outro lado e bater em retirada.

A misericórdia é um dos magníficos atributos de Deus, através do qual Ele olha para o homem em seu estado patético de pecado e rebelião e vem em sua ajuda. O supremo ato de misericórdia foi a morte de Cristo na cruz do Calvário. Esta misericórdia é, então, uma característica de todo verdadeiro crente.

Os escribas e fariseus nada sabiam sobre a verdadeira misericórdia. Qualquer ato de caridade era simplesmente uma tentativa de obter aprovação pública (cf. Mateus 6:2-4). Na realidade, os escribas e fariseus olhavam para o desamparado e rejeitado como uma presa em potencial: "Ai de vós escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações..." (Mateus 23:14)

Não só o crente pode olhar prá trás para os atos de misericórdia de Deus no passado, mas também pode esperar que Deus continue a tratá-lo com misericórdia. Assim todo cristão pode esperar ansiosamente por receber misericórdia no futuro. (Não podemos nos esquecer que o supremo ato de misericórdia de Deus, a expiação substitutiva de Cristo na cruz, ainda estava no futuro para aqueles a quem Jesus falou este sermão.)

Os Puros de Coração (verso 8)

Pureza interna é uma outra faceta do caráter do verdadeiro crente. Os escribas e fariseus ocuparam-se com a limpeza externa, exterior. Eles eram meticulosos, por exemplo, na lavagem cerimonial de suas mãos, mas, ao mesmo tempo eram corruptos por dentro: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança." (Mateus 23:25)

A pureza deve começar internamente, e então se manifestar através de atitudes visíveis (cf. Mateus 23:26). O povo de Deus sempre foi marcado pela pureza interna (Salmo 24:4; 51:10; 73:1).

São eles que têm a esperança de permanecer na presença do Deus vivo. E é isto o que nosso Senhor prometeu: "pois verão a Deus" (verso 8b).

A pureza de coração, esta sinceridade e franqueza absoluta diante de Deus e dos homens, não é obra do homem. Como Davi escreveu: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável" (Salmo 51:10). Pureza de coração é obra do próprio Deus.

Os Pacificadores (verso 9)

Existem muitos tipos de paz nestes dias. Existe o tipo "guerra fria", que significa a ausência da flagrante hostilidade da batalha. Este tipo existe internamente nas nações e é característico de muitos casamentos. Alguém já descreveu esses casamentos como "irreverentes becos sem saída". Existe a paz apática e aquiescente. Esta pode ser chamada de "paz a qualquer custo". Esta é a paz daqueles que dizem: "antes comunista do que morto".

Mas este não é o tipo de paz que Jesus fala. Aqueles que vêm a ter fé em Jesus como o Salvador que suportou seus pecados, experimentam a paz com Deus. Esta paz expressa a nossa reconciliação com Deus, mas também envolve a reconciliação do homem com o homem (cf. Efésios 2). Aqueles que experimentam esta paz provarão ser reconciliadores de homens (II Coríntios 5:18-19).

Embora devamos ser pacificadores, não somos apaziguadores de homens. Não buscamos paz a qualquer custo, mas buscamos compartilhar a paz alcançada pelo precioso sangue de Jesus Cristo. A despeito de nossos esforços em perseguir o caminho da paz (cf. Romanos 12:18), nossa fé inevitavelmente nos trará reação, perseguição e conflito. Os discípulos foram avisados por nosso Senhor de que isso também devia ser conseqüência de Seu ministério:

"Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra." (Mateus 10:34-35)

A proclamação do evangelho, combinada com uma vida vivida de acordo com a Palavra de Deus, coloca os homens frente a uma escolha. Ou irão alegremente aceitá-la, ou veementemente rejeitá-la. Essas são as conseqüências naturais (apesar de não intencionais) do discipulado cristão.

A Resposta do Mundo ao Modo de Viver Cristão

(5:10-12)

Já vimos que, ainda que o verdadeiro crente possa viver uma vida exemplar (como nosso Senhor o fez - sem pecar), haverá rejeição e até mesmo perseguição. Jesus não registrou a perseguição no campo de contas a pagar do livro-caixa, mas no das bênçãos do discipulado. Assim, Ele começou "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça..." (Mateus 5:10)

Perseguição é reação natural à retidão. Pedro explicou desta forma:

"Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade dos gentios, tendo andado em dissoluções, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias. Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão." (I Pedro 4:3-4)

O mundo é ameaçado pelo modo de vida cristão. Ele os convence do pecado, e condena seu estilo de vida. A reposta natural à ameaça é a retaliação. Eis aqui a fonte de nossa perseguição.

Nosso Senhor dá três razões que explicam porque esta perseguição pode ser percebida como bênção. Em primeiro lugar, é sofrer por Sua causa. É um nítido privilégio sofrer por causa de Cristo. "E eles se retiraram do Sinédrio regozijando-se por terem sido considerados dignos de sofrer afrontas por esse Nome." (Atos 5:41, cf. Filipenses 1:29; 3:10; Colossenses 1:24-29)

Segundo, sofrer no presente traz a promessa de galardão no futuro: "Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus..." (Mateus 5:12)

O escritor aos Hebreus disse a respeito de Moisés: "Pela fé, Moisés, quando homem já feito, recusou ser chamado de filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado." (Hebreus 11:24-25) A ordem divina é sempre o sofrimento, depois a glória.

Terceiro, podemos nos regozijar porque a perseguição por causa de Cristo nos coloca em companhia dos antigos profetas que, por seu testemunho, também foram perseguidos (Mateus 5:12b).

A Razão para Viver Retamente

(5:13-16)

Percebendo que a vida vivida de acordo com as bem-aventuranças certamente levará à rejeição e à perseguição, alguns cristãos podem ficar tentados a se dissimular dentro da sociedade. Para combater esta tentação nosso Senhor explicou o propósito para as atitudes e ações justas nos versos 13-16. Essencialmente, a razão é: somente ao viver distintivamente como cristão, um verdadeiro crente pode glorificar a Deus e contribuir positivamente para sua sociedade. Para exemplificar esse ponto, o Senhor Jesus usou duas ilustrações, ou figuras: sal e luz.

O sal era um produto tão comum nos tempos bíblicos quanto o é ainda hoje. No Velho Testamento o sal era usado como tempero (Jó 6:6) e para acompanhar muitos dos sacrifícios que eram oferecidos (Levítico 2:13). Também era usado pelos orientais para selar um acordo (como, segundo me disseram, ainda é usado pelos Árabes atuais) e era usado nas alianças entre Deus e Israel (Números 18:19, II Crônicas 13:5). O sal, portanto, era um ingrediente que dava sabor, um símbolo de pureza e perpetuidade.

Havia grandes quantidades de sal nas encostas do Mar Morto, que eram formadas por uma espécie de rocha ou fóssil. Por causa das impurezas e da contaminação, muitas camadas externas desse sal eram inúteis como tempero. A referência de nosso Senhor ao "sal" em Mateus 5:13 pode muito bem se referir a esse "sal" contaminado, que era virtualmente inútil. Nesse caso, Ele está dizendo que o cristão que se compromete com o mundo a seu redor perde sua pureza e, ao mesmo tempo, sua utilidade para Deus e para a sociedade.

A luz também é uma das necessidades fundamentais do homem. O mundo, de forma geral, está em trevas espirituais (Salmo 82:5; Provérbios 4:19; Efésios 6:12, etc.). Nosso Senhor veio como a "luz" deste mundo (João 1:5 e ss, 8:12) e para chamar os homens das trevas para a luz (Efésios 5:8; Colossenses 1:13, I Tessalonicenses 5:4-5). Agora refletimos a luz de Sua glória ao mundo ao nosso redor através das nossas boas obras (as quais Ele coloca em nós). Como luzes, expomos as más obras das trevas e iluminamos o caminho divino, que Deus prescreveu para os homens andarem em justiça. O propósito da luz é iluminar, brilhar intensamente na escuridão (Mateus 5:15). Assim, o cristão só pode realizar seu propósito ao ser notável em seu inconfundível estilo de vida.

O estilo de vida cristão é, por sua própria natureza, algo distinto. Qualquer um que tente viver de acordo com o Sermão do Monte somente será capaz de fazê-lo pelo poder do Espírito Santo. É a vida do cristão, pois só ele deseja viver assim, e só ele pode viver desta maneira. Um estilo de vida inconfundível trará, inevitavelmente, reações adversas, e assim, devemos nos preparar para a perseguição. Mesmo nisto podemos nos regozijar, sabendo que é por causa de nosso Senhor, que nosso galardão nos espera no céu, e que estamos na companhia dos antigos profetas. Exceto pelo modo de vida cristão, o cristão não pode glorificar a Deus ou contribuir com a sociedade.

Conclusão

Muitas conclusões são difíceis de evitar como resultado de nosso estudo das bem-aventuranças. Em primeiro lugar, devo ressaltar o fato de que, ainda que estas bem-aventuranças constituam a medida de Deus para o homem e a mulher do mundo, certamente elas não se conformam aos padrões do mundo. O modelo que nossa mídia retrata para homens e mulheres não é o de Deus. Humildade, arrependimento, mansidão, pureza interna, e assim por diante, não são aquilo que o mundo considera marcas de maturidade, ou de masculinidade. Que Deus nos ajude a perceber isto claramente e reagir às situações como deveríamos.

Segundo, fico impressionado com o fato de que as circunstâncias que trazem alguns homens às bênçãos de Deus são idênticas àquelas que levam outros a amaldiçoarem a Deus. Como pode um Deus bondoso permitir a fome e a pobreza? Alguém já disse que, ou somos como uma batata, ou como um ovo. A água fervente endurece os ovos e amacia as batatas. Exatamente as mesmas circunstâncias resultam em efeitos opostos. Se você tem experimentado muitas situações humilhantes, pode muito bem ser que Deus esteja trazendo você ao ponto de ser um "pobre em espírito", e um verdadeiro lamentador, que busca a justiça de Deus. As adversidades levam alguns homens a não confiar em si mesmos e a se voltarem para Deus para a salvação eterna. Você já percebeu sua bancarrota espiritual? Você odeia seu pecado e anseia pela justiça que você mesmo não pode produzir? Então você deve se voltar para Jesus Cristo através da fé. Ele morreu pelos pecadores. Ele lhe oferece a justiça que Deus requer para entrar em Seu Reino.

Terceiro, temo que muitos cristãos estejam desesperadamente tentando camuflar suas convicções, e seu chamado como discípulos, para evitar a rejeição e a perseguição. O secularismo insinua-se dentro da igreja de uma forma aterradora. Os cristãos chegam a pensar e a agir como o mundo a seu redor. Procuramos até evangelizar com a metodologia do mundo e atrair com a mentalidade secular.

Muitas vezes nossa conformidade é indireta. Quando o mundo decide que está na hora de usar vestidos com a barra na altura da coxa, a igreja levanta a barra de suas saias acima dos joelhos. Quando o mundo decide ir à praia de "topless", os cristãos decidem ir de maiô de suas peças. E assim vai. A igreja não está ditando o ritmo ou o padrão; eles esperam o mundo agir e seguem dois passos atrás. Que patético!

Nossos filhos desejam desesperante a aceitação de seus colegas. Desejam ser o "Joe Cool". Farão quase qualquer coisa para evitar serem diferentes. E nós adultos não somos diferentes. Damos um jeitinho em nossos impostos e excedemos o limite de velocidade, porque "todo mundo faz". Mesmo o divórcio está ficando desenfreado entre cristãos e líderes cristãos. Somos muito parecidos com a igreja de Laodicéia, que não era "nem fria nem quente" (Apocalipse 3:14 e ss). Como Deus odeia tal mediocridade! Possa Deus nos capacitar a viver distintivamente para Sua glória, e para o benefício de nossa sociedade.

 

Tradução: Mariza Regina de Souza

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Jesus, a Religião e a Verdadeira Espiritualidade: Uma Olhada em Quatro Bem-Aventuranças

Você ficará feliz em saber que Sonny Bono está ótimo, que está passando muito bem. Pergunte-me como sei disso. Bem, sei disso por causa de uma entrevista com a Cher transmitida há pouco tempo pela TV Guide. A atriz disse aos entrevistadores que fizera contato com seu ex, agora falecido, marido. Ela afirma ter falado com Sonny através de um médium - um sujeito bem conhecido - James Van Praagh, autor de Conversando com o Céu: Uma Mensagem Mediúnica de Vida Após a Morte. Sonny rapidamente assegurou-lhe que estava feliz e passando muito bem. Ninguém devia se preocupar com ele.

Ah! Sim, meus amigos, bem-vindos à Nova Era - ou, nas palavras de Ruth Tucker, o Oculto se tornou respeitável. Apenas para ver o quanto certos seguimentos do movimento tiram das classes cristãs conservadoras e depois devolvem com idéias antibíblicas, alguém só precisa ler com atenção o livro Um Curso em Milagres.

A Religião Nova Era: um caleidoscópio virtual de: "manias, fantasias e tolices". O movimento ostenta celebridades bem conhecidas como Shirley MacLaine, Judy Knight, e o falecido John Denver. É possível que você se recorde da venda de livros muito populares como Minhas Vidas e Inteligência ColetivaNT. O próprio Al Gore não pôde deixar escapar a chance de se apoderar daquilo a que esses gurus chamam de "consciência global" quando publicou seu livro ecologicamente correto A Terra na Balança: A Ecologia e o Espírito HumanoNT. A Nova Era é habilmente descrita como "uma agradável selva de espiritualidade exótica", incluindo o uso de cristais, canalização de entidades espirituais, uso de ervas medicinais, e fascinação por OVNIs e astrologia.

De acordo com o colunista de religião do Los Angeles Times Russel Chandler, em seu livro de 1988 Entendendo a Nova Era, mais de 42% dos Americanos crêem que estão em contato com alguém que já morreu. 67% disseram que têm alguma forma de ESP (percepção extrasensorial) e 14% aprovam o trabalho dos médiuns espíritas (por volta do final dos anos 80).

Em 1988, o antigo chefe da casa branca, Donald T. Regan, deixou todo mundo alarmado quando revelou num livro que o Presidente e a Sra. Regan liam regularmente as previsões astrológicas e que Nancy Regan consultava astrólogos para ajudá-la a planejar a agenda do marido. Mas isto não deveria ter preocupado os Americanos uma vez que, de acordo com Chandler, 67% dos Americanos de qualquer forma lêem o horóscopo e 36% crêem que seja científico.

A Nova Era, com sua combinação de marketing americano e misticismo oriental, e a natural inclusão do modelo de suas crenças, está crescendo rapidamente nos Estados Unidos. As pessoas estão fugindo da realidade e isso parece lhes oferecer aquilo que estão procurando. Ela proclama respostas definitivas - num mundo menos definitivo - para questões profundas sobre o que significa ser espiritual e gozar uma vida mística/espiritual.

Mas se toda essa tralha da Nova Era, com seus cristais e médiuns espíritas, é demais para sua sensibilidade, você pode escolher entre uma miríade de outras opções na vida religiosa Americana. Os aperitivos incluem: Mormonismo, Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, Novo Pensamento e Unidade, A Igreja Universal de Deus, O Caminho Internacional, Os Filhos de Deus, A Igreja da Unificação, Hare Krishnas, A Fé Bahai, Cientologia, as principais correntes da Igreja Protestante e da Igreja Católica, etc.

Todas estas religiões, incluindo a Nova Era, ainda que tenham muitas diferenças, têm uma assertiva em comum, em outras palavras, declaram oferecer conhecimento sobre uma realidade final. Todas elas declaram oferecer uma espiritualidade verdadeira e duradoura. "Tão escassa quanto a verdade, a fonte parece ser sempre maior que a demanda." Mas enquanto as doutrinas básicas dessas religiões mudam com as tendências culturais, o fato é que poucas pessoas reconhecem, numa América sem precedentes, que Jesus fala dentro da nossa escuridão com a eterna verdade de Deus. Há uma grande diferença, talvez tão grande quanto o próprio Grand Canyon, entre os "médiuns" de Holywood e o Jesus das Escrituras. E não é só na questão de princípios.

Vivemos num país onde a vida das pessoas está se desmantelando. As famílias estão se desintegrando. "A mãe odeia o pai e o pai odeia a mãe." Eles processam um ao outro. Em certos estados os filhos processam uns aos outros também. E falando em filhos, o que fazer com a violência nas escolas, tal como a da Columbine High School e inúmeros incidentes antes e depois desse? A lista dos males sociais que infectam nosso país é longa. Os psiquiatras e sociólogos têm muito com o que se preocupar, assim como o restante de nós. Meu propósito não é enunciar as diversas razões socioeconômicas, políticas e espirituais do atual estado da união, mas simplesmente mostrar que as pessoas estão procurando e estão famintas - famintas por provar a realidade. A Nova Era e as outras religiões estão tentando falar a essas necessidades.

Contudo, não é nada estranho, à luz da dissolução da família, etc., etc., etc., que as pessoas estejam ansiando por verdadeiras ligações espirituais - ligações que transcendam nossa vida apressada, e pelas quais alcancemos um sentido de permanência e invariabilidade. E também queremos algo pessoal. Mas o problema é, vivemos numa cultura que, apesar de procurar realidades espirituais - como sugere a popularidade da Nova Era - é, apesar disso, rápida em alegar que "não há verdade", ainda que essa mesma afirmação traia tal ilusão. Deleitamo-nos em nossa franqueza e relativismo - "abrindo nossas mentes" à guisa de liberalidade, apenas para descobrir que nossos cérebros se tornaram mais parecidos com marsh mellow do que com músculo. Também descobrimos que o liberalismo tampouco foi totalmente neutro quanto às suas reivindicações! Foi apenas uma mudança ingênua. Caso algum "profeta", seja ele ou ela quem for, se levante e diga que "a verdade sobre nós é isto e não aquilo", é, rápida e hereticamente estigmatizado e escolhido para uma "recompensa" de profeta. Sim, nos profetas do mundo, encontramos uma força oculta, como a do Popeye depois do espinafre. A questão é que ansiamos por uma experiência espiritual significativa, mas só até onde nossa imaginação possa dominá-la e controlá-la. Temos pouco tempo para a verdade, especialmente a verdade sobre nós mesmos. Simplesmente não podemos aceitar alguém falando à nossa própria pecaminosidade. Mas, certamente em face desse mal tão enraizado na sociedade e nos relacionamentos pessoais não podemos mais negar essas acusações tão sérias. Certamente devemos querer entender nossa contribuição pessoal à bagunça.

Mas somos tão irremediavelmente tolos quanto somos incuravelmente religiosos. Procuramos a luz, mas quando nos aproximamos, reclamamos que a verdade é demais para nós. E assim recuamos. Voltamos à escuridão para nos sentirmos confortáveis. Ah, sim... voltamos à escuridão - onde ninguém pode ver, nem mesmo Deus - estamos ocupados descobrindo uma nova terapia, uma nova esperança, uma nova poção ou crença religiosa - uma panacéia, por assim dizer, investida de divindade e dessa forma garantida para nos dar a crença que incessantemente buscamos. E estamos dispostos a apostar qualquer quantia para que possamos tê-la, ou não tê-la, conforme o caso (sempre tem jeito!). Mas quando a agonia volta à superfície, como o tubarão do filme, da mesma forma que os nadadores ao seu alcance, mais uma vez ficamos presos em seus dentes. Em geral somos puxados pelas brigas em família, adolescentes, chefes, impostos do Governo, etc. Por que a vida não funciona como nos foi prometida? Ficamos apavorados diante da falência dos deuses moldados por nossas próprias mãos. Mas há um outro caminho.

Existe alguém que conhece você e que o ama. Há alguém que, definitivamente, fala dentro da escuridão. Ele conhece os jogos que jogamos e as vielas escuras que preferimos. Apesar disso, para aqueles que querem ouvir, Jesus quer falar. Sua voz é ouvida pelos humildes, aqueles que estão prontos para deixar o martelo e os pregos de sua própria construção (ou destruição), e ouvir o que Ele tem a dizer. Aqueles que têm um machado para o trabalho duro da sua própria bondade nunca o ouvirão falar. Então vá, ponha o machado de lado, se precisar, e ouça-O. Ironicamente, as primeiras palavras que Ele diz, são: Você te razão! Você tem razão em voltar à realidade espiritual para dar sustento à sua alma ressequida e enfatuada. Mas você está errado ao passar por cima de sua própria pecaminosidade. Primeiro, preciso conversar com você sobre "você". De fato, isto é como Jesus começa um de seus mais impressionantes sermões, chamado de "O Sermão da Monte", encontrado em Mateus cap. 5 a 7. Quero enfocar especialmente as primeiras quatro bem-aventuranças em 5:1-6, de forma a responder a questão sobre a verdadeira espiritualidade. Você tem razão em procurar por ela, mas eu o incentivo a escutar o que Cristo tem a dizer sobre isso. Aperte os cintos. A estrada é tortuosa, mas penso que você a julgará verdadeira. Finalmente, algum lugar para pousar os pés do seu coração.

Quando se vem a compreender a verdadeira espiritualidade, começa-se primeiro, pelo menos de acordo com Cristo, com um profundo entendimento de nós mesmos enquanto permanecemos diante de Deus. Pois Jesus Deus é o único que não é apenas santo, justo e distinto de Sua criação (que Ele ama e sustenta), mas Ele é também o Deus com a humildade no coração, aquele que ama os impossíveis de serem amados. Em Mateus 5:1-2 Jesus viu a multidão e então subiu a um monte e se assentou. A postura de um rabi se sentando indicava que ele ia ensinar. Reconhecendo isto, seus discípulos foram até Ele para ouvi-lO. Mais uma vez Jesus está tentando obter uma audiência conosco, para "sentar-se conosco" como fez, para que Ele possa conversar sobre nossa condição e a esperança que Ele oferece. A primeira bem-aventurança está em Mateus 5:3 e teria impacto sobre seus ouvintes originais - aqueles que sofriam sob a opressão romana - como um míssil disparado de algum lugar.

Ele diz Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o reino dos céus. A palavra bem-aventurado nesta bem-aventurança significa possuir e participar do reino dos céus, o reino de Deus, em seu viver diário. É maravilhar-se no dom da vida do poder transformador de Deus em seu passeio de cada dia pelo mundo. "Mas", diz Jesus - e esta é a parte onde todo bom pregador compartilhando esta verdade deve ter um pé no estribo - este tipo de poder e de experiência pessoal com Deus vem apenas para certo tipo de pessoa. Só aqueles que são pobres em espírito participam do reino dos céus. Então, o que Ele quer dizer quando fala "pobre em espírito"? Este é um assunto difícil.

Deixe-me começar por responder esta pergunta com uma negativa. Ser "pobre em espírito" não significa se tímido, retraído, ou desprovido de coragem. Não, de jeito nenhum! Coragem é aquela qualidade que dá confiabilidade à verdade, e propicia gestos valorosos no mundo. Não, pobre em espírito não pode ser traduzido por "desprovido de coragem". Aqueles que entendem dessa maneira, e muitos o fazem, fazem de si mesmos camundongos. Essas pessoas devem se lembrar daquelas palavras de alerta de Aneurian Bevan: "Não faça de si mesmo um camundongo, ou o gato o comerá."

E nem "pobre em espírito" é referência a algum tipo de falsa (ou diferente) humildade cristã. Indubitavelmente você já ouviu algum cara dizer que ele não tem tempo para comer, dormir, ou mesmo assistir TV com sua família. Tudo para o que ele tem tempo é para ler a Bíblia e orar. Este tipo de falsa humildade não é, de modo algum, aquilo que Jesus tem em mente por "pobre em espírito".

Ser "pobre em espírito" é enfrentar um fato importantíssimo, ainda que perturbador. O mui penoso reconhecimento de minha condição espiritual diante de Deus. Posso ter sido feito para um jardim, mas estou vivendo num deserto! De fabricação própria!

A Associated Press, em 04 de junho de 1961, contou a história de um submarino nuclear soviético que estava com problemas. O K-19, como era chamado, estava numa missão rotineira de treinamento no Atlântico Norte quando o tubo de resfriamento do reator quebrou. Imediatamente a temperatura do reator subiu a 140 graus e estava em perigo iminente de explodir e causar um desastre nuclear. O capitão Nicolai Zateyev imediatamente chamou voluntários. Equipados apenas com capas de chuva e máscaras de gás os primeiros voluntários entraram. Depois de cinco minutos o primeiro saiu, livrou-se de sua máscara, caiu no chão e vomitou. Várias equipes foram enviadas e, finalmente, o tubo foi selado.

Mas a radiação fizera seus estragos. A aparência dos homens que entraram no reator mudou. Suas peles ficaram avermelhadas e inchadas. Seus rostos foram queimados em enormes proporções. Gotas de sangue brotavam de suas testas. Os rostos dos marinheiros ficaram tão desfigurados que, dentro de duas horas, eles estavam repugnantes e irreconhecíveis a seus companheiros de navio. Eles ficaram desfigurados além da identificação.

É sobre isso que Jesus está falando. À vista de Deus, nossa falência espiritual, diametralmente oposto ao que pensa Shirley MacLaine, é abominável e repugnante. Não somos deuses. Somos a coisa mais distante disso. Nós estamos falidos. O pecado desfigurou nossas almas e fez uma completa devastação em nossas vidas.

A palavra "pobre" aqui evoca a idéia de um cego mendigo se escondendo nas sombras das ruas das cidades da Palestina. Diante de Deus, eu faço a mesma coisa. Estou falido, pura e simplesmente. É justamente como o profeta Isaías angustiantemente clamou: "Senhor, sou homem de lábios impuros e habito no meio dum povo de impuros lábios". Ou, nas palavras do apóstolo Paulo: "Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em minha carne." (NVI) Jesus diz que a verdadeira espiritualidade, participar e possuir o reino de Deus, significa reconhecer minha verdadeira condição.

Se conhecêssemos nossa condição miserável, poderíamos pensar duas vezes sobre os joguinhos que fazemos com Deus e nossos programas de auto-ajuda. A cruz - e com isso quero diz tudo: a morte/ressurreição/ascensão/descida do Espírito Santo - é a única solução. Deus não está no ramo de tornar homens bons em homens melhores, mas de tornar homens mortos em homens vivos! Vemos esse tipo de pecaminosidade ao qual Jesus se refere em nossa própria experiência. Vemos isso em nossas vidas pessoais e em nossos relacionamentos com os outros, os quais geralmente são tão cheios de stress que dificilmente alguém os chamaria de relacionamento.

Algum tempo atrás uma de nossas amigas esteve numa verdadeira enrascada. Ela nos contou sobre seu enteado que se metera numa grande confusão financeira. Seu marido, o pai biológico do garoto, percebeu a situação perigosa em que andava o filho, mas se sentiu impotente para fazer qualquer coisa a respeito. Além do mais o filho jogara dinheiro fora da mesma forma que contraíra uma dívida impressionante no cartão de crédito para alguém com menos de 20 anos. Mais ainda, simplesmente não podiam confiar nele. Em certa ocasião ele pegou o carro de sua madrasta sem pedir e o danificou - afirmando o tempo todo que a culpa não era sua. Mas, depois, mudou bruscamente e lhes pediu que assinassem junto com ele um contrato de aluguel para que pudesse arranjar um apartamento. Oh, esqueci de lhes dizer que ele foi despejado de seu apartamento anterior porque recentemente perdera outro emprego. Você assinaria o contrato? Exatamente. No entanto, ele não conseguia compreender, pois a vida era dele, por que eles não assinariam o contrato, sem mencionar o fato de que se ele saísse do contrato, eles não poderiam usufruir do apartamento durante a locação. E assim vai o rosário de exemplos sobre relacionamentos.

Nossa confusão acerca da natureza da verdadeira espiritualidade é tão reveladora quanto a confusão sobre relacionamentos mostrada pelo enteado de minha amiga. Para nós, a espiritualidade é mais uma questão de superstição, à la Nova Era, ou de alguma religião abracadabra, do que de fé genuína. Contra esta cultura transitória permanece a afirmação das Escrituras de que Cristo ressurgiu da morte e oferece vida e verdadeira experiência espiritual, mas isso começa com a percepção de que não apenas em minhas relações humanas estou falido, mas também em minha relação com Deus. Se Deus fosse cobrar Seus empréstimos, minha farsa seria mostrada como realmente é - uma casa em ruínas. Estou numa condição desesperadora. Não deixe que qualquer sensação de bem-estar por viver numa América confortável e unida o induza a pensar que está tudo bem. Não está tudo bem; alguma coisa está horrivelmente errada entre você e Deus, entre eu e Deus. Mesmo que você já seja cristão, há um sentido no qual você agrada a Deus agora, ou deveria, mas o pecado, uma vez que ainda tem influência sobre você, nos relembra de que a salvação ainda não foi concluída. Sua conclusão aguarda o glorioso dia em que Cristo porá um fim ao pecado de uma vez por todas.

Mas a verdadeira espiritualidade não acaba aqui. Não acaba com o reconhecimento de meu estado irremediável diante de um Deus santo. Isto é só o começo, mas um começo importante. Comece errado aqui, e você fará todo o restante errado. Essa é a razão pela qual a doutrina principal da filosofia da Nova Era, com seu foco em "somos deuses e não sabemos", é incrivelmente errada. Não é nada mais do que um gnosticismo um pouco mais público. Não tem nenhum poder explicativo quando chega à desordem de nossas vidas. Alguém se pergunta se a Nova Era e a religião popular não são justamente outras formas de escapismo. De qualquer modo este é o ponto onde Jesus inicia, mas, como digo, Ele não termina ali. Então Jesus passa para o verso quatro com outra receita de bênção.

Em Mateus 5:4 Jesus diz Bem aventurados os que choram, porque serão consolados. Você vê a ligação com aquilo que Jesus acabou de dizer no verso 3 sobre a nossa condição falida? Aqueles que reconhecem a natureza insidiosa de sua condição espiritual diante de Deus chorarão. Mas eles choram a respeito do quê exatamente? Chorar também é coerente com a solidão ou com a perda de alguma coisa. Primeiro, deixe-me dizer que não estamos falando sobre a espécie de tristeza que terei se o Dallas Stars perder na final do campeonato... outra vez. Lembra-se da grande Babilônia de Apocalipse 18 e de como o mundo lamentará sua destruição na grande tribulação? Este também não o tipo de pranto sobre o qual estamos falando.

Estamos falando sobre o pranto da minha situação espiritual diante de Deus. Ela está dizendo: Oh! Deus, não olhe para mim. É como Pedro: "Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador!" Todos nós ressoamos as palavras do Apóstolo Paulo: "Desventurado homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte? Senhor, não entendo o que faço. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço." Esse é o tipo de pranto que Jesus tem em mente.

Dwight D. Eisenhower é citado por dizer: "Não existe nada de errado com a América que a fé, o amor à liberdade, a inteligência e a força de seus cidadãos não possam curar." Certa vez alguém disse: "Quando a princípio você não for bem sucedido, lembre-se das últimas letras de American!NT" Vivemos no mundo do "posso fazer", mas quando isso se refere a modificar nossa condição espiritual somos impotentes. Só podemos chorar. Nenhuma folha de figueira cobrirá a culpa de nosso pecado e com isso somos instruídos a não nos esconder. Sem mais esconderijos. A verdade é: "Caímos e não podemos nos levantar!" Mas repare: Não é simplesmente uma questão de estar quebrado, mas estar quebrado no lugar certo, que é experimentar nossa corrupção à vista de um Deus santo.

Há uma foto assustadora de Alain Keler, matéria da Revista Life de outubro de 1993. É de um garoto tocando uma flauta. Apesar do garoto, chamado Jensen, ter apenas 10 anos de idade, mesmo assim ele consegue tocar algumas canções muito tristes. Pois quando você olha para seus olhos, ou onde quer que seus olhos estejam debaixo de sua longa franja escura  você vê apenas vermelhidão, buracos vazios. Jensen vive numa instituição de caridade em Bogotá, Colômbia.

A cegueira é sempre trágica, mas a causa da cegueira neste caso apenas aumenta a tristeza. No texto ao lado da foto Robert Sullivan explica que o garoto provavelmente foi vítima de "seqüestradores de órgãos". Ladrões de olhos.

Quando Jensen tinha 10 meses de idade, conta sua mãe, ela o levou ao hospital com uma diarréia aguda. Quando ela retornou no dia seguinte, bandagens cobriam os olhos de Jensen. Havia sangue seco respingado em seu corpo. Horrorizada, ela perguntou ao médico o que tinha acontecido.

Ele respondeu asperamente: "Não vê que seu filho está morrendo?" e a despachou.

Rapidamente ela levou Jensen a outro hospital em Bogotá. Depois de examiná-lo, o outro médico deu-lhe a fria notícia: "Roubaram os olhos dele". Indubitavelmente sua mãe foi tomada pela dor. Uma trágica história verdadeira.

Posso sugerir a vocês que, apesar disso não ter acontecido conosco, ainda assim fazemos parte desta história de pelo menos duas maneiras. Primeiro, somos como aquele garotinho que teve seus olhos roubados. O fato é que não podemos ver, o pecado roubou de nós essa habilidade. Segundo, somos como a mãe que, indubitavelmente, lamentou por seu filho, e assim também devemos lamentar com a mesma emoção sobre a nossa condição espiritual. Somos espiritualmente cegos e incapazes de compreender a extensão de nossa depravação. Quando encaramos nossa falência e, pela graça de Deus, chegamos a ver nossa condição desesperadora, devemos lamentar, não nos regozijar. Definitivamente não devemos correr e nos esconder atrás da religião, do cristianismo ou de qualquer outra coisa.

Você diz "Bem, sou cristão, Deus tomou conta de tudo isso e você está diminuindo a cruz e a obra do Espírito ao negar essa verdade!" Realmente, mas então por que você ainda luta contra o pecado? Por que é que tudo nos Evangelhos do Novo Testamento e nas cartas foi escrito para igrejas que lutavam contra pensamentos e atitudes pecaminosas e outras coisas relacionadas? Somos necessariamente melhores do que eles foram? Por que a história da igreja relata mais lutas que vitórias? Deixe-me lhes mostrar algo nas bem-aventuranças que talvez não tenham visto antes. A primeira e a última bem-aventuranças, nos versos 3 e 10, estão no tempo presente. Em relação àqueles que confiam em Cristo, que admitem sua própria bancarrota e se voltam para Ele, eles tomam posse do reino dos céus agora. Contudo, inerente ao conceito de "reino dos céus", é a sua completa realização no futuro (cf. Mateus 8:10-12). Ainda que agora tomemos posse do reino de maneira limitada, algum dia experimentaremos a consumação do reino e será então que toda lágrima será removida e as primeiras coisas (debaixo do pecado) finalmente serão tratadas (Apocalipse 21:3-4). Assim, ainda lutamos no presente. Certas bênçãos como "herdar a terra", "ver a Deus", e "entender nossos plenos direitos como "filhos de Deus", podem ser claramente entendidas ao se ter uma compreensão significativa do futuro no reino de Deus. De fato, todos elas!

Jesus diz que aqueles que choram por causa de sua pecaminosidade serão consolados. Quando admitimos nossa pecaminosidade, Jesus diz que há "consolo". Para aquele que reconhece seu pecado e sua falência espiritual, e lamenta sobre ela, esta pessoa experimentará o primeiro aspecto do reino, chamado consolo - consolo de Deus por meio do Espírito Santo que verdadeiramente conhece nossa desesperadora necessidade. É aqui que encontramos o benefício da cruz antecipado no sermão do monte. É aqui que entra a idéia de perdão. "Perdão", diz Mark Twain, "é a fragrância que a violeta derrama no calcanhar ferido". Sentiremos isso através do perdão de nossos pecados. Na Bíblia, não tem outro jeito.

Vamos rever. Verdadeira espiritualidade, diz Jesus, começa por abraçar nossa falência espiritual diante de um Deus santo. Isso está em Mateus 5:3. Não há nada que possamos fazer ou realizar por nós mesmos que seja espiritualmente aceitável para Deus, nem há qualquer coisa que nós possamos fazer para saciar Sua ira. Jesus diz que chorar combina com aqueles que estão nesta condição e que então Deus nos consolará. Isso está em Mateus 5:4. Aqueles que conhecem sua pecaminosidade e lamentam sobre ela serão mansos. Este é o ponto

Em Mateus 5:5 Jesus diz: "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra." Mas, mansidão se refere a quê? Um pastor foi cumprimentado por uma mulher à porta da igreja após o culto, a qual o agradeceu pelo bom sermão, ao que ele respondeu muito humildemente: "Não me agradeça, agradeça a Deus." Isso não é mansidão. De fato, acho que a mulher percebeu que sua presunção não era verdadeira mansidão, pois rapidamente respondeu: "Bem, não foi esse bom." Mansidão e docilidade são idéias próximas desde que a docilidade seja caracterizada como força sob controle. Há muitos exemplos nas Escrituras dessa almejada característica.

O primeiro exemplo vem da vida de Abraão. Em Gênesis capítulo 13, ele e Ló tiveram um conflito. Realmente suas manadas e rebanhos estavam se ficando muito grandes e a terra não podia suportá-los. Além disso, os cananeus e os ferezeus também estavam vivendo na terra naquela época. Sobreveio uma disputa entre os pastores de Abraão e de Ló. Ora, Abraão deveria ter ido a Ló, sendo o mais velho, e dito: "Você não sabe que Deus prometeu essa terra prá mim? Então, fico com esta terra (quer dizer, a melhor parte), e você pode ter qualquer coisa que eu não precise." Mas, isso foi exatamente o que Abraão não fez. Em vez disso ele foi até Ló e pediu que não houvesse disputa entre eles, porque eram irmãos (Gênesis 13:8). Basicamente, Abraão lhe disse, em 13:9: "pegue o que quiser e eu ficarei com o que sobrar." Assim, naturalmente, Ló pegou toda a planície bem regada próxima ao Jordão. A atitude de Abraão, em conseqüência de sua confiança em Deus, foi de mansidão. Ele preferiu não exercer aquilo que parecia ser sua prerrogativa.

Penso também no exemplo de Davi quando teve uma grande oportunidade para destruir seu inimigo, Saul. Contudo, ele preferiu não fazê-lo. Há também um profundo exemplo do próprio Jesus, que afirmou em Mateus 11:28-30:

"Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve."

Quando Jesus se refere a Si mesmo como dócil, é o mesmo termo grego encontrado em Mateus 5:5. Jesus é manso e humilde de coração. Quando Mateus quer caracterizar a pessoa e o ministério de Jesus, ele cita Isaías 42:1-4, onde o texto diz:

"Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele, ele trará justiça sobre as nações. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua. A cana trilhada, não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em verdade trará a justiça; não faltará nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas aguardarão a sua lei."

Que belo retrato de nosso Senhor e de Seu jeito com as pessoas. Jesus coloca este tipo de mansidão sobre nós e esse é o significado da mansidão que é dita por nosso Senhor em Mateus 5:5. Assim, a mansidão é uma conseqüência nas vidas daqueles que podem ser descritos pelas duas primeiras bem-aventuranças. E, aqueles que são mansos, herdarão a terra. Enfim, isto provavelmente se refere aos novos céus e a nova terra, como o exemplo antecipado em 19:28, a regeneração de todas as coisas. A idéia de que aqueles que fossem mansos herdariam o reino desta forma teria causado espanto aos ouvintes de Jesus, tanto quanto nos espanta quando a ouvimos. O reino de Deus e suas maneiras são, em muitos aspectos, estranhos aos nossos pensamentos.

Mas Jesus ainda vai adiante com outra bem-aventurança, e a última que veremos neste debate: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos." Fome e sede são uma poderosa metáfora conduzindo à mais profunda justiça. Elas expressam um clamor interno de cada alma pela própria vida. Aqui o Mestre pega uma experiência da vida diária dos palestinos (de fato, da vida comum de todos os tempos e de todas as épocas, num grau ou outro), que é a dolorosa experiência da fome e da sede, e as usas como uma luz para esclarecer os anseios da alma por um significativo contato com Deus e Sua vontade em suas vidas. Jesus já relacionou o desejo por comida com o desejo por Deus em Mateus 4:4: "Nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus." Essa é uma experiência dolorosa para os realmente famintos e sedentos. Mas Jesus diz para a pessoa que compreendeu sua falência, lamentou sobre ela e recebeu o perdão, que ela será mansa e faminta por mais disso, mais justiça, tanto em sua própria vida quanto na dos outros. O salmista clamou: "A minha alma tem sede do Deus vivo." (42:2, 63:1), e Amós no capítulo 8 fala sobre a fome pela Palavra de Deus.

Vemos esta atitude no apóstolo Paulo em Filipenses 3:7-11:

"Quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível. Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos."

Que paixão por Deus! Que emoção conhecê-lo através de Seu Filho! Que fome e sede pela justiça de Deus, a justiça que vem através de Cristo e é imputada e transmitida pela fé.

Depois de dois anos de casamento minha esposa e eu estávamos prontos para ter um filho. Como todos os novos casais, aprendemos mais tarde que apenas pensávamos que estávamos prontos para ter um filho. De qualquer forma, não foi antes de nossa trouxinha de alegria de 3,240 kg vir ao mundo. Nunca vou me recuperar por assistir ao nascimento (e dos outros três subseqüentes). Que milagre de Deus! Chamamos nossa pequenina de faces rosadas de Emily. Bem, um dia  um sábado  "mamãe" precisava de uma trégua e então decidiu ir às compras com sua sogra. Fiquei em casa para olhar Emily, agora uma bem desenvolvida garotinha de 3 semanas!

Por favor, não me entendam mal, eu amo meus filhos; eu os amo desde o dia em que nasceram. Mas esta era minha primeira filha. Assim, quando minha esposa quis me deixar sozinho com ela, pensei comigo mesmo "Não sei se isso é uma boa idéia. Quero dizer, não sou expert nesse tipo de coisa, você sabe." Mas minha esposa me acalmou e finalmente pensei: "O que poderia machucá-la?" Afinal, de qualquer forma, Emily dorme o tempo todo. Certamente não posso bagunçar tudo e fazer algo errado. Então minha esposa me deu todas as instruções, disse adeus, e me deixou a sós com Emily. Puxei o pequeno berço onde ela ficava para perto de minha cadeira, liguei a TV, e continuei a assistir ao golfe. Era uma tarde monótona de sábado e achei que só me sentaria ali e assistiria ao golfe. Amo assistir jogo de golfe. Todo mundo não ama?

De qualquer maneira, mais ou menos uns 30 minutos depois que minha esposa saiu, ouvi um pequeno soluço vindo do berço de Emily. Um soluço de recém-nascido, eu acho. Um minuto mais tarde ouvi outro soluço. Logo os soluços se tornaram cada vez mais próximos, um após o outro. Começaram a ficar mais e mais altos, soando mais como choro mesmo. Estendi as mãos para pegar Emily e consolá-la. Segurei-a em meus abraços e gentilmente embalei-a prá cima e prá baixo. Bem, foi pior. Então embalei-a para os lados. Bem, não funcionou também. Logo ela estava chorando muito forte, seus lábios estavam roxos, e eles estavam realmente "fazendo onda". Finalmente "caiu a ficha" e entendi o que estava acontecendo. Ela estava com fome. E não havia nada que eu pudesse fazer por ela. Minha esposa a alimentara mais cedo pensando que Emily ficaria bem até que ela voltasse das compras. Mas ela não ficou e aos olhos de Emily fui carinhosamente intitulado de "não é a mamãe". E não ia ser.

Recordo-me dessa experiência feliz por dizer que tanto Emily quanto eu passamos por ela, e me lembro da paixão que Emily tinha por seu "alimento" da "mamãe". Pergunto-me quantos de nós têm esse tipo de paixão quando pede pelo "alimento" de Deus, para ouvir Sua voz e desejar que Ele crie em nós um coração justo. Pedro diz que devemos ser como bebês recém-nascidos desejando o genuíno leite espiritual da Palavra de Deus para que através dele possamos crescer em nossa salvação, agora que experimentamos que o Senhor é bondoso (I Pedro 2:1-3). Vamos ser famintos e sedentos de justiça para que possamos receber ampla provisão de Deus. Ele nos fartará de justiça se a desejarmos (cf. Mateus 6:33).

Assim, o que é a verdadeira espiritualidade, de acordo com Jesus e seu ensino no Sermão do Monte, ou seja, as quatro primeiras bem-aventuranças? Bem, em resumo, envolve um relacionamento com um Deus santo que nos ama. Mas, este amor não pode ser experimentado longe de certos reconhecimentos. Primeiro, precisamos nos lembrar de nossa condição irremediável diante Dele. Não estou dizendo que você não pode ser um bom banqueiro, advogado, médico, engenheiro ou qualquer outra coisa longe de Cristo. Você pode. Mas você não pode desfrutar do conhecimento pessoal de Deus a não ser através de Cristo (João 14:6). E isto vem pelo reconhecimento de nossa falência espiritual. Não posso ter a Deus em meus próprios termos. Devo chegar a Ele em Seus termos.

Segundo, de acordo com Jesus, a coisa espiritualmente natural a fazer quando reconheço meu estado pecaminoso é lamentar sobre ele e não tentar me esconder de alguma forma, isto é, sendo uma boa pessoa, indo à igreja, desistindo de todas as coisas, mas dispensando a Cristo, não importa o que seja. Deus nos ajude a encarar quem somos e a responder apropriadamente com fé.

Terceiro, abraçar quem sou diante de Deus leva à mansidão e a mais fome e sede de justiça. Não podemos divorciar a verdadeira espiritualidade do princípio da mansidão e da justiça pessoal e para com as outras pessoas.

Esta é a verdadeira espiritualidade. Pelo menos, o começo dela. Jesus também continua, falando sobre ser "puro de coração", "misericordioso", "pacificador" e "perseguido por causa da fé". Talvez possamos discutir estes da próxima vez.

 

Tradução: Mariza Regina de Souza

Related Topics: Spiritual Life, Incarnation

O Tabernáculo - O lugar da morada de Deus (Êxodo 35:8 - 39:43)

A importância dos capítulos de Êxodo que tratam do Tabernáculo é bem expressa por Witsius: "Deus criou o mundo inteiro em seis dias, mas Ele usou 40 dias para instruir Moisés sobre o Tabernáculo. Pouco mais de um capítulo foi necessário para descrever a estrutura do mundo, mas seis foram usados para o Tabernáculo."

Embora a maioria dos evangélicos reconheça prontamente a importância do Tabernáculo, ao longo da história da igreja há pouca concordância a respeito de sua interpretação. Recomendaria que o leitor fizesse um esforço para pesquisar a história da interpretação do tabernáculo, o qual é objeto de nosso estudo. Ao longo dos séculos muitas pessoas têm procurado encontrar o significado do tabernáculo de seu ponto de vista simbólico.

Já no período helênico... eram feitas tentativas para entender a função do tabernáculo do Velho Testamento como algo basicamente simbólico. Pela linguagem bíblica fica evidente a razão pela qual esta interpretação parecia algo tão natural. Primeiro, a dimensão do tabernáculo e todas as suas partes refletem um projeto cuidadosamente planejado e um conjunto harmonioso. Os números 3, 4 e 10 predominam com cubos e retângulos proporcionais. As diversas partes  o santo lugar separado, a tenda, o átrio  todos têm numa relação numérica exata. O uso dos metais  ouro, prata e cobre  é cuidadosamente selecionado de acordo com sua proximidade do Santo dos Santos. Da mesma forma, cores específicas mostram ter uma relação íntima com sua finalidade, quer branco, azul ou carmesim. Há igualmente uma gradação na qualidade dos tecidos usados. Finalmente, muita ênfase é colocada na posição e na orientação adequadas, com o lado oriental recebendo o lugar de honra.

Os primeiros intérpretes não tinham dúvida de que a importância do tabernáculo repousava em seu simbolismo oculto, e a questão em jogo era justamente decifrar seu significado. ... Para Philo o tabernáculo era uma representação do universo, a tenda significando o mundo espiritual, e o átrio o material. Além disso, as quatro cores significavam os quatro elementos, o candelabro com suas sete lâmpadas, os sete planetas, e os doze pães da proposição os doze signos do Zodíaco e os doze meses do ano.

Orígenes, em sua nona Homilia de Êxodo, faz referência à abordagem de Philo, mas depois toma outro rumo. Ele viu o tabernáculo como indicação do mistério de Cristo e sua igreja. Suas analogias morais em termos das virtudes da vida cristã - a fé comparada ao ouro, a pregação da palavra à prata, a paciência ao bronze (9:3)  foram estudadas e aperfeiçoadas ao longo dos anos da Idade Média...

O problema com as tentativas de se interpretar o tabernáculo simbolicamente é que não há linhas de direção de aceitação universal ou padrões que determinem qualquer tipo de correspondência espiritual entre as partes do tabernáculo e alguma outra coisa. Por isso os "significados espirituais" nunca tiveram consenso entre os diversos intérpretes.

Em meu estudo inicial do tabernáculo, era minha intenção interpretar e aplicar os textos referentes a ele de forma um tanto direta. Uma vez que ambos, o edifício do tabernáculo e o edifício da igreja, possam ser pensados como lugares de reunião dos santos, acho que poderíamos aprender muito sobre os edifícios das igrejas do Novo Testamento pelo estudo do edifício do tabernáculo do Velho Testamento. Creio que o tabernáculo poderia nos dar alguns princípios que poderiam nortear nosso entendimento do projeto e da finalidade do edifício das igrejas. Vi que esta abordagem também tem sérios problemas.

Isto quer dizer que todo este material no livro de Êxodo, tratando do tabernáculo, não tem nenhuma aplicação clara para nós? Acho que não. Deus sempre teve um lugar de morada em meio a Seu povo. Primeiro foi no tabernáculo, e mais tarde, ainda no período de Velho Testamento, no templo. Nos evangelhos, Deus habitava (literalmente "tabernaculava") entre Seu povo na pessoa de Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo. Agora, na era da igreja, Deus habita na igreja.

É meu entendimento que existem certos elementos comuns em todas essas maneiras pelas quais Deus habitou (ou habita) entre os homens. Assim, a descrição do tabernáculo nos dá a primeira revelação bíblica de como Deus habita entre os homens, e o que isto requer ou sugere à igreja hoje, na qual Deus habita.

Nossa abordagem consistirá primeiramente em estudar algumas das características do tabernáculo, como descritas em Êxodo. Em seguida, analisaremos brevemente os textos que descrevem a construção do(s) templo(s), enfocando aqueles aspectos nos quais o templo é similar ou distinto do tabernáculo. Finalmente, passaremos ao Novo Testamento, para relacionar as características comuns do tabernáculo e do templo com a morada de Deus entre os homens através de "Seu Corpo". Creio que encontraremos uma correspondência muito próxima entre todos os meios que Deus usa para habitar entre Seu povo.

Características do Tabernáculo

(1) O tabernáculo era um aparato muito funcional. O tabernáculo servia como lugar de encontro entre Deus e os homens, e desta forma ficou conhecido como a "tenda da congregação"133 (cf. 35:21). Esta não era uma tarefa fácil, pois ter Deus tão próximo era uma coisa muito perigosa. Quando Moisés suplicou a Deus para habitar em meio a Seu povo, Deus o avisou que isto poderia ser fatal para um povo tão pecaminoso: "Porquanto o Senhor tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei." (Ex. 33:5a)

. O tabernáculo servia como lugar de encontro entre Deus e os homens, e desta forma ficou conhecido como a "tenda da congregação"133 (cf. 35:21). Esta não era uma tarefa fácil, pois ter Deus tão próximo era uma coisa muito perigosa. Quando Moisés suplicou a Deus para habitar em meio a Seu povo, Deus o avisou que isto poderia ser fatal para um povo tão pecaminoso: "Porquanto o Senhor tinha dito a Moisés: Dize aos filhos de Israel: És povo de dura cerviz; se por um momento eu subir no meio de ti, te consumirei." (Ex. 33:5a)

O tabernáculo resolveu o problema de se ter um Deus santo habitando em meio a um povo pecaminoso. A solução inclui duas medidas.

O tabernáculo resolveu um dos problemas por ser portátil. Deus tinha Se revelado a Seu povo de cima do Monte Sinai. Quando o povo deixasse o Sinai em direção à terra prometida de Canaã, precisariam de algum lugar portátil para a presença de Deus ser manifestada. Como o tabernáculo era um tenda, o problema foi solucionado.

. Deus tinha Se revelado a Seu povo de cima do Monte Sinai. Quando o povo deixasse o Sinai em direção à terra prometida de Canaã, precisariam de algum lugar portátil para a presença de Deus ser manifestada. Como o tabernáculo era um tenda, o problema foi solucionado.

O tabernáculo também resolveu o problema de um Deus santo habitando em meio a um povo pecaminoso. As cortinas da tenda, e especialmente o espesso véu do Santo dos Santos, serviam como separadores, uma barreira divisória, entre Deus e o povo. Além disso, o tabernáculo era santificado e separado como um lugar santo. Isto poupava o povo de uma explosão de Deus que os teria destruído. O tabernáculo também era um lugar de sacrifício, para que os pecados dos israelitas pudessem ser expiados. Ainda que a solução não fosse permanente, realmente facilitava a comunhão entre Deus e Seu povo.

. As cortinas da tenda, e especialmente o espesso véu do Santo dos Santos, serviam como separadores, uma barreira divisória, entre Deus e o povo. Além disso, o tabernáculo era santificado e separado como um lugar santo. Isto poupava o povo de uma explosão de Deus que os teria destruído. O tabernáculo também era um lugar de sacrifício, para que os pecados dos israelitas pudessem ser expiados. Ainda que a solução não fosse permanente, realmente facilitava a comunhão entre Deus e Seu povo.

(2) O tabernáculo foi um aparato que revelava fabulosa riqueza e beleza. Não é preciso mais que uma leitura casual do texto para aprender que o tabernáculo foi um projeto muito caro.

. Não é preciso mais que uma leitura casual do texto para aprender que o tabernáculo foi um projeto muito caro.

Os estudos mais recentes das medidas hebraicas feitos por R. B. Y. Scott (Peake4s Commentary on the Bible, Londres e Nova Iorque 1962, sec. 35) calculam o talento em torno de 64 libras (29 kg) e o siclo do santuário em 1/3 de uma onça, ou 9,7 gr. De acordo com estes cálculos haveria algo em torno de 1.900 libras de ouro (862 kg), 6.437 libras de prata (2.923 kg), e 4.522 libras de bronze (2.053 kg).

O projeto envolvia não apenas materiais muito caros, mas estes materiais foram trabalhados de tal forma a criar grandes obras de arte: "... Deus... ordenou a Moisés que construísse um tabernáculo de uma forma que envolveria quase todas as formas de arte representativa que os homens conheciam." O tabernáculo e seus utensílios foram concedidos aos israelitas tanto para "glória" quanto para "beleza" (cf. 28:2, 40).

(3) A construção do tabernáculo envolveu todo o povo. Todo o povo se beneficiaria do tabernáculo, e assim a todos foi permitido participar de sua construção, ou pela doação dos materiais, ou pela habilidade no trabalho, ou por ambos.

. Todo o povo se beneficiaria do tabernáculo, e assim a todos foi permitido participar de sua construção, ou pela doação dos materiais, ou pela habilidade no trabalho, ou por ambos.

(4) O tabernáculo testemunhava o caráter de Deus. A excelência do tabernáculo, tanto em seus materiais como em sua mão de obra, era um reflexo da excelência de Deus. O tabernáculo também foi um lugar santo, porque habitando nele estava um Deus santo (cf. 30:37, 38).

A excelência do tabernáculo, tanto em seus materiais como em sua mão de obra, era um reflexo da excelência de Deus. O tabernáculo também foi um lugar santo, porque habitando nele estava um Deus santo (cf. 30:37, 38).

O tabernáculo testifica em sua estrutura e finalidade a santidade de Deus. Arão usava gravado no diadema "Santidade ao Senhor" (28:36). Os sacerdotes são alertados na própria administração de seu ofício "para que não morram" (30:21), e a morte de Nadabe e Abiú (Lv. 10:1) deixou clara a seriedade de uma ofensa que foi considerada ultrajante por Deus.

(5) O tabernáculo era composto de vários elementos, mas em tudo foi ressaltada a unidade, no projeto, na função e no propósito. "Fizeram cinqüenta colchetes de ouro, com os quais prenderam as cortinas uma à outra; e o tabernáculo passou a ser um todo." (Ex. 36:13). "Fizeram também cinqüenta colchetes de bronze para ajuntar a tenda, para que viesse a ser um todo." (Ex. 36:18).

. "Fizeram cinqüenta colchetes de ouro, com os quais prenderam as cortinas uma à outra; e o tabernáculo passou a ser um todo." (Ex. 36:13). "Fizeram também cinqüenta colchetes de bronze para ajuntar a tenda, para que viesse a ser um todo." (Ex. 36:18).

O que Schaeffer escreveu acerca to templo também pode ser dito a respeito do tabernáculo:

"Devemos reparar que, com relação ao templo, toda a arte foi trabalhada para formar uma unidade. O templo inteiro foi um trabalho singular de arquitetura, um todo unificado com colunas livres, estátuas, baixo relevo, música e poesia, pedras gigantescas e belas madeiras trazidas de muito longe. Tudo está lá. Um trabalho de arte completamente unificado para o louvor de Deus."

Não havia apenas unidade na arquitetura e na estrutura, mas havia também unidade na finalidade do tabernáculo. O propósito do tabernáculo foi prover um lugar onde Deus pudesse habitar em meio aos homens. Todos os seus utensílios facilitavam as ministrações e cerimônias que contribuíam para que este lugar único fosse a "tenda da congregação".

(6) O tabernáculo foi projetado como um aparato permanente. Repetidamente encontramos expressões tais como: "perpétuo" e "pelas gerações" (cf. 30:8, 16, 21, 31). A tenda foi usada diariamente por muito mais de 40 anos, parecia como se Deus o tivesse projetado para ser usado ao longo da história de Israel. Plagiando a afirmação dos construtores de automóveis, o tabernáculo não foi somente "construído para durar", mas foi projetado para durar.

. Repetidamente encontramos expressões tais como: "perpétuo" e "pelas gerações" (cf. 30:8, 16, 21, 31). A tenda foi usada diariamente por muito mais de 40 anos, parecia como se Deus o tivesse projetado para ser usado ao longo da história de Israel. Plagiando a afirmação dos construtores de automóveis, o tabernáculo não foi somente "construído para durar", mas foi projetado para durar.

(7) O tabernáculo foi idéia de Deus, iniciativa de Deus, projeto de Deus.

De onde veio o modelo? Veio de Deus... Deus foi o arquiteto, não o homem. No relato de como o tabernáculo foi feito repetidamente aparece esta frase: "E farás..." Isto é, Deus disse a Moisés o que fazer, em detalhes. Estas foram ordens, ordens do mesmo Deus que deu os 10 Mandamentos.

O tabernáculo foi feito depois do modelo divino ser mostrado a Moisés (25:9). As... instruções enfatizavam que cada detalhe do projeto foi feito de acordo com a explícita ordem de Deus (35:1, 4, 10, etc). Bezalel e Aoliabe foram dotados com o espírito de Deus e com o conhecimento da habilidade para executar a tarefa (21:2 e ss). Para o escritor do Velho Testamento a forma concreta do tabernáculo é inseparável de seu significado espiritual. Cada detalhe da estrutura reflete a vontade divina e nada fica para decisões "ad hoc" dos construtores humanos. ... Além do mais, o tabernáculo não foi concebido como medida temporária para um tempo limitado, mas algo no qual o sacerdócio permanente de Arão servisse ao longo de todas as gerações. (27:20 s).

O Templo como Lugar da Morada de Deus

Uma vez que Israel tomou posse da terra de Canaã, não havia necessidade de um aparato portátil para guardar a arca da aliança e os outros utensílios do tabernáculo. A arca, você se recordará, tinha sido usada pelos israelitas como uma espécie de "pé de coelho" gigante, que eles levaram consigo quando lutaram contra os filisteus, sob a liderança do rei Saul, e seu filho Jônatas. Os israelitas perderam esta batalha e a arca foi capturada pelos filisteus. Depois de repetidas dificuldades diretamente relacionadas com a arca, os filisteus a mandaram de volta à Israel. O retorno da arca e o fato de Davi residir numa casa suntuosa parecem ter propiciado a ele o propósito para a construção de um lugar diferente para guardar a arca: "Sucedeu que, habitando Davi em sua própria casa, disse ao profeta Natã: Eis que moro em casa de cedro, mas a arca da aliança do Senhor se acha numa tenda." (I Cr. 17:1)

Natã rapidamente (e aparentemente sem consultar a Deus) encorajou Davi a construir um templo (I Cr. 17:2). No entanto, Deus tinha planos diferentes, pois Davi era um homem de guerra e derramara muito sangue. Deus de fato permitiria a construção de um templo, mas seria construído por Salomão, filho de Davi, um homem de paz. Enquanto Davi queria construir uma casa para Deus, Deus prometeu dar a Davi uma casa; portanto, é neste contexto do pedido de Davi para a construção do templo que Deus proclama o que se tornou conhecido como a Aliança Davídica, a promessa de que o descendente de Davi governará para sempre, e assim se tornou conhecido que o Messias de Israel seria o "Filho de Davi" (I Cr. 17:4-15).

Da mesma forma que a vitória de Deus sobre os egípcios, as vitórias militares de Davi contra as nações (hostis) em derredor forneceram muitos dos materiais necessários à construção do templo (cf. I Crônicas 18-21). Apesar de não ser permitido a Davi construir o templo, ele fez extensos preparativos para isso. No capítulo 22 de I Crônicas Davi começou a reunir os materiais necessários para o templo. As instruções referentes à construção do templo foram dadas a Salomão. O povo foi encorajado a ajudar neste projeto. Também foram designados aqueles que ministrariam no templo (capítulos 24-26). Os planos que Davi deu a Salomão foram inspirados por Deus (I Cr. 28:11-12, 19), e desta forma divinamente providenciados, como o foram os planos para o tabernáculo.

Davi generosamente cedeu os materiais necessários à construção do templo, como o povo o fez quando foi solicitado (I Cr. 29:1-9). Para celebrar, foram oferecidos sacrifícios e todo o povo comeu e bebeu na presença de Deus (I Cr. 29:21-22) de modo a recordar a ratificação da aliança Mosaica (Ex. 24:5-11). Salomão reinou sobre Israel (II Cr. 1) após a morte de Davi (I Cr. 29:28) e construiu o templo (II Cr. 2-4). Era elegante em material e mão-de-obra, exatamente como o foi o tabernáculo (II Cr. 2:7; 3:8-17, etc). Quando ficou pronto a nação foi congregada e a arca trazida para dentro do templo (II Cr. 5:2-10). Como no tabernáculo (Ex. 40:34 e ss), uma nuvem desceu sobre o templo e a glória de Deus encheu o lugar (II Cr. 5:11-14). O templo foi dedicado, e Israel foi instruído sobre o propósito do lugar, superior entre todos aqueles que deviam ser um lugar de oração (II Cr. 6). Depois que Salomão terminara de falar, Deus falou ao povo, prometendo bênçãos e maldições, dependendo da fidelidade de Israel à aliança que Deus fizera com eles (II Cr. 7). Se Israel não fosse fiel à aliança, o templo seria destruído, e o povo disperso. No entanto, se o povo se arrependesse e orasse (em direção ao templo), Deus os ouviria e os restauraria.

A história de Israel confirma a veracidade das palavras de Deus. O povo não foi fiel a Deus e eles foram levados da terra e o templo deixado em ruínas. Os livros de Esdras e Neemias descrevem o retorno do cativeiro do remanescente fiel à terra de Canaã, onde reconstruíram o templo e a cidade de Jerusalém, guiados e encorajados pelos profetas menores Ageu, Zacarias e Malaquias. Quando o templo foi reconstruído, ele não tinha o esplendor do primeiro templo, e assim alguns "veteranos" choraram à sua vista (Ed. 3:12). O profeta Ageu, no entanto, fala uma palavra de encorajamento, assegurando ao povo que o templo é glorioso porque Deus está com eles, que Seu Espírito está habitando em seu meio (Ag. 2:4-5), e que no futuro Deus encherá Sua casa com muito maior glória e esplendor (Ag. 2:7-9).

O profeta Ezequiel também falou do templo no tempo futuro (capítulo 40 e ss). A promessa do futuro retorno da nação de Israel à terra de Canaã e sua restauração espiritual são assegurados com a descrição de um templo milenar que é considerado e descrito em detalhes por Ezequiel.

O lugar da Habitação de Deus no Novo Testamento

No Evangelho de João o Senhor Jesus Cristo é apresentado como o Filho de Deus que habitou entre os homens (Jo. 1:14). O Senhor Jesus foi desta forma o lugar da morada de Deus entre os homens durante Sua jornada na terra. Assim Ele pôde dizer à mulher samaritana que estava chegando a época em que o lugar de adoração não é a preocupação principal (Jo. 4:20-21). Da época da vinda de Cristo até o presente o lugar da morada de Deus entre os homens não é concebido em termos de edifícios.

Num ligeiro aparte: o edifício físico (o templo) tornara-se uma espécie de ídolo para muitos legalistas, judeus descrentes da época de Jesus. Para eles a presença do templo era prova de que Deus estava com eles e de que eles eram agradáveis à Sua vista. Mesmo os discípulos ficaram impressionados com a beleza da estrutura do templo, ainda que Jesus os prevenisse sobre tal entusiasmo, sabendo que o templo seria brevemente destruído (Mt. 24:1-2). Você pode muito bem imaginar como os escribas e fariseus ficaram transtornados quando Nosso Senhor falou sobre a destruição do templo (não sabendo, é claro, que Ele era esse templo). A destruição do templo em 70 d.C. foi o cumprimento dos avisos das Escrituras do Velho Testamento, prova da desobediência de Israel e do peso da mão de Deus sobre a nação, mais uma vez.

Após a crucificação, sepultamento e ressurreição de Nosso Senhor, Estêvão foi levado a julgamento por aqueles que colocaram o Senhor na cruz. Uma das acusações contra ele era de que falara contra o templo (At. 6:13). A resposta de Estêvão, em sua defesa, deixou claro, como as Escrituras do Velho Testamento já tinham feito, que Deus não habita em lugares feitos por mãos humanas (At. 7:47-50; cf. II Cr. 2:5-6; 6:18, 30).

As epístolas do Novo Testamento continuam a nos ensinar que o lugar da morada de Deus agora é na igreja, não o edifício igreja, mas o povo que compõe o corpo de Cristo:

"Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor, no qual também vós juntamente estais sendo edificados para habitação de Deus no Espírito." (Ef. 2:19-22)

"Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo. ... Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz." (I Pe. 2:4-5, 9).

Conclusão

Há uma porção de maneiras pelas quais a construção do tabernáculo é aplicável às nossas vidas, mesmo que estejamos separados dos israelitas da época de Moisés por muitos séculos e pelo menos uma dispensação.

Primeiro, creio que podemos legitimamente aprender o valor da arte pelas tremendas contribuições artísticas desta estrutura. São muitos aqueles que apontam para as diversas formas de arte que podem ser encontradas em relação direta com o tabernáculo. É bem verdade que nos tornamos utilitários demais, vendo apenas tais coisas como importantes se tiverem uma grande utilidade. A arte tem um valor claro em nossa adoração e na expressão de nossa devoção a Deus. Este tema tem sido bem desenvolvido por vários artistas cristãos e é digno de nossas sérias considerações. No entanto, não acho que este seja o objetivo principal de nosso texto.

. São muitos aqueles que apontam para as diversas formas de arte que podem ser encontradas em relação direta com o tabernáculo. É bem verdade que nos tornamos utilitários demais, vendo apenas tais coisas como importantes se tiverem uma grande utilidade. A arte tem um valor claro em nossa adoração e na expressão de nossa devoção a Deus. Este tema tem sido bem desenvolvido por vários artistas cristãos e é digno de nossas sérias considerações. No entanto, não acho que este seja o objetivo principal de nosso texto.

Segundo, devemos aprender que não devemos pensar em Deus como habitando em edifícios feitos por mãos humanas, mas sim habitando dentro da igreja, dentro do corpo daqueles que verdadeiramente crêem em Jesus Cristo. Estamos errados ao dizer a nossos filhos "silêncio" quando entram na igreja porque é "a casa de Deus", o que sugere a eles que Deus mora num edifício, e que O visitamos uma vez por semana.

Estamos errados ao dizer a nossos filhos "silêncio" quando entram na igreja porque é "a casa de Deus", o que sugere a eles que Deus mora num edifício, e que O visitamos uma vez por semana.

Se Deus ocupa a igreja como corpo, como as Escrituras ensinam, então a maneira como nos conduzimos como membros da igreja é extremamente importante. Se Deus é santo, então Sua igreja também deve ser santa (cf. I Pe. 1:16). Isto nos dá razões muito fortes para exercer a disciplina na igreja (cf. Mt. 18, I Co. 5, 11), pois a igreja deve ser santa se Deus habita nela.

Mais ainda, se Deus habita na igreja como corpo e Se manifesta dentro e através da igreja, então a maneira pela qual conduzimos a igreja é extremamente importante para uma representação adequada de Deus. É por essa razão que o apóstolo Paulo escreveu: "Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te em breve; para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade." (I Tm. 3:14-15).

É nesta primeira epístola a Timóteo que Paulo fala sobre a pureza doutrinária na igreja (capítulo 1), sobre o ministério público (capítulo 2), sobre os líderes da igreja (capítulo 3), sobre a falsa e a verdadeira santidade (capítulo 4), sobre a responsabilidade da igreja pelas viúvas e outros (capítulo 5), e sobre a busca pela prosperidade à guisa de procurar maior piedade (capítulo 6). Como nos conduzimos na igreja é extremamente importante, meu amigo, pois o próprio Deus habita na igreja hoje.

Sejamos tão cautelosos na maneira de edificar a igreja como o foram os antigos israelitas na construção do tabernáculo, para que a glória de Deus possa ser manifesta aos homens.

 

Tradução: Mariza Regina de Souza

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Por que os Homens Não Falam

Lição 1

Há uns dois meses atrás li um livro que realmente mudou meu modo de pensar sobre algumas coisas e me ajudou a entender muita coisa sobre mim mesmo. O livro era O Silêncio de Adão de Larry Crabb. Foi tão bom, que o li duas vezes. É chamado O silêncio de Adão porque o autor começa perguntando onde estava Adão enquanto Eva estava conversando com a serpente.

A tradição sempre ensinou, e eu sempre presumi, que Eva estivesse sozinha naquela ocasião, e que depois de ser enganada e comer do fruto, saísse à procura de Adão e lhe desse o fruto para comer. Mas Crabb mostra que Adão estava exatamente ali com Eva durante a conversa com a serpente. Quando li isso, imediatamente me levantei da poltrona e fui pegar minha Bíblia para ler o versículo pessoalmente.

Gênesis 3:6 diz:

"Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido (com ela), e ele comeu." (ARA)

Uau! Adão estava com ela! Não sei quanto a você, mas isso dissipa todas as minhas pressuposições. Sempre conversamos a respeito de como Eva foi enganada (de fato, há três semanas atrás lemos isso em I Timóteo 2:14 aqui mesmo na classe). Sinceramente penso que preferimos culpar a Eva por nos meter em toda essa bagunça, mesmo sabendo que, tecnicamente, Adão foi o responsável.

Mas, e se Adão esteve exatamente ali o tempo todo em que Eva esteve conversando com a serpente? Penso que isso lança nova luz sobre o quanto Adão foi responsável pelo que aconteceu. O que isso nos diz a respeito de não fazer nada quando não estamos absolutamente certos do que deveríamos dizer ou fazer? Com certeza faz a inatividade parecer muito mais pecaminosa prá mim.

Se Adão estava lá, então por que não disse alguma coisa? Por que não disse à serpente prá se mandar? Por que não corrigiu Eva quando ela citou erroneamente a ordem de Deus de não comer do fruto da árvore? Por que não sugeriu que fossem a algum outro lugar prá conversarem sobre a situação? Por que não impediu Eva quando ela estendeu a mão para pegar o fruto?

Por que Adão ficou calado? Não vou responder a isso agora. A resposta se tornará óbvia conforme trabalharmos através de diversos conceitos.

Vamos dividir nosso estudo nos seguintes tópicos:

     

  • A Procura pelos Homens de Verdade

     

     

  • O Modelo do Homem: o papel de Deus na criação, pois o homem é criado à imagem de Deus e precisamos ver o que isso acarreta

     

     

  • A Responsabilidade do Homem: andar segundo a imagem de Deus

     

     

  • A Tendência Natural do Homem: ficar calado

     

..............................

     

  • O Que Falar Não É

     

     

  • As Razões para o Silêncio

     

     

  • A Solução

     

     

  • A Responsabilidade da Mulher

     

A Procura pelos "Homens de Verdade"

Acho que a primeira vez que ouvi qualquer coisa sobre "homens de verdade" foi na Faculdade, quando alguém disse: "homens de verdade não comem pastelão". Acho que na época havia uma porção de piadas que circulavam sobre os "homens de verdade", mas é só isso que me lembro.

A opinião tradicional sobre o "homem de verdade" é de alguém que é grandalhão, cheio de si, durão, bem sucedido e sem emoções. Se você já leu qualquer um dos livros de Louis L4Amour, as principais características são sempre moreno, alto e invulnerável, e não muito falante. John Wayne e Clint Eastwood sempre interpretaram esse tipo de homem em seus filmes.

Mas nos últimos dez anos, os homens têm sido solicitados a serem mais sensíveis, a serem vulneráveis, a dividirem seus sentimentos, a chorarem mais. Espera-se que os homens sejam mais preocupados com sua ligação com os outros do que com tentar ganhar e conquistar o mundo. Lembro-me de meu pai certa vez fazendo um comentário de que não parecia estar surgindo em cena nenhum ator para tomar o lugar de John Wayne e de Clint Eastwood. Talvez essa seja a razão. O gênero deles estava fora de moda. John Wayne foi trocado por Billy Crystal.

Acho que a imagem do cara durão interpretado por John Wayne é um modelo distorcido do que um homem deveria ser. No entanto, também acho que a imagem delicada, vulnerável, quase homossexual com que somos bombardeados na mídia secular é um pêndulo oscilando longe demais na direção contrária.

Obviamente existe um problema mas, qual é a solução? Qual a essência de um homem de verdade?

No mundo cristão estamos tentando propor uma resposta. Temos os seminários da Vida Familiar, as convenções dos Guardiães da Promessa, e centenas de livros de auto-ajuda sobre como ser um bom pai, como ser um bom marido, como ser bom em seja lá o que for. A lista de livros de auto-ajuda é interminável.

Acho que a expressão "auto-ajuda" é bastante significativa. Com isso não quero dizer para se desconfiar de qualquer dessas coisas que já mencionei, porque todas elas têm seu lugar. Na realidade muitas delas foram iniciadas porque as pessoas sentiram que as igrejas não estavam tratando desses assuntos. Mas nossa tendência, quando percebemos que existe algum problema, é ir procurar as respostas nalgum livro escrito por algum perito, ou ir a algum "conselheiro profissional", ou a alguma conferência para aprender os passos certos a seguir ou princípios a aplicar, para motivar o trabalho duro; e então vamos prá casa e realmente tentamos seguir esses passos. E assim fazemos durante as próximas semanas ou meses. Mas no final das contas escorregamos mais uma vez de volta aos velhos hábitos e aguardamos a próxima conferência. Talvez essa seja a razão pela qual os Guardiães da Promessa tenham que voltar a cada ano. Não mantemos nossas promessas. O problema é que estivemos fazendo todas estas coisas por nossa conta, não pelo poder de Deus.

Em nossos dias homens demais estão buscando mais a sua masculinidade do que a Deus. No entanto, se você ler as biografias dos grandes cristãos do passado, como Dwight L. Moody, Hudson Taylor, etc., ficará evidente que eles buscavam a Deus em primeiro lugar. Eles gastavam horas na Palavra de Deus e em oração. Eles foram homens muito tementes a Deus. E veja o que Deus fez através deles. São lembrados como grandes homens. Assim, acho que é certo dizer que "A única maneira de ser viril é sendo temente a Deus." (Crabb, p. 32).

Como nos tornamos tementes a Deus? Ao refletir a imagem de Deus. Não podemos fazer isso a menos que saibamos como Deus é. Assim, precisamos estudar como Deus é. Aliás, isso é teologia. Quase hesito ao dizer isso, porque a maioria das pessoas pensa que teologia é muito chato, mas você verá que é muito relevante. É relevante porque, se devemos ser tementes a Deus, temos que saber como Deus é.

O Modelo: O Papel de Deus na Criação

Gênesis 1:2 diz que a terra era sem forma e vazia e que a escuridão estava sobre a face do abismo. Em outras palavras, tudo era um caos. Então, quando tudo era caos e escuridão, Deus falou na escuridão e criou vida e beleza.

Há anos as pessoas discutem sobre a "Teoria do Hiato" ou "Teoria da Restituição", a qual propõe que houve duas criações. Satanás bagunçou a terra após a primeira criação, e então Deus teve que reconstruí-la. Supõe-se que tudo isto tenha acontecido em algum lugar entre Gênesis 1:1 e Gênesis 1:3.

Acho que a única razão pela qual esta idéia tornou-se popular foi para tentar explicar por que havia o caos. A pergunta que as pessoas se fizeram foi "Por que a princípio Deus criaria uma terra caótica, para depois ter que voltar atrás e consertá-la?" A Teoria do Hiato também ganhou popularidade quando a ciência começou a dizer que a terra tinha milhões de anos. O "intervalo" entre a primeira e a segunda criação saiu de cena por causa disso. O fato de a terra parecer ter milhões de anos pode ser explicado sem a Teoria do Hiato. Se Deus criasse uma árvore, e nós a cortássemos no dia seguinte, quantos anéis ela teria? 50? 100? Deus criou as árvores, o homem, tudo, incluindo a terra, com uma idade visível. Assim, não precisamos da teoria do hiato como resposta à evolução.

Além disso, um bom entendimento de Hebreus mostra que não há nenhuma referência a um intervalo de tempo em Gênesis 1:3.

Assim, qual o motivo da parte sobre a terra ser sem forma e vazia no verso 2? Deixe-me propor uma outra razão - uma teológica.

Quando Moisés escreveu Gênesis, ele deixou de fora uma porção de coisas. Ele cobriu 6.000 anos em apenas poucas páginas, e então se concentrou em Abraão, Isaque, Jacó e José. Penso que Moisés foi muito seletivo naqueles eventos que registrou. Só registrou as coisas que registrou porque provam seu ponto de vista teológico. Por isso Gênesis 1:2 é tanto uma afirmação teológica quanto histórica. Não está dando somente uma ordem cronológica dos acontecimentos.

Quando digo que é uma afirmação teológica quero dizer que, a parte sobre a terra ser sem forma e vazia está lá para fazer uma afirmação sobre Deus - para nos fazer saber como Deus é. O que ela está dizendo sobre Deus é que Deus se move na escuridão e no caos e cria ordem e vida. A afirmação está lá para que o homem, que é criado para andar segundo a imagem de Deus, saiba o que isso envolve. Envolve mover-se dentro do caos e criar ordem e vida.

Isso nos leva ao próximo ponto.

A Responsabilidade do Homem: Andar Segundo a Imagem de Deus

Gênesis 1:26 diz que o homem foi criado à imagem de Deus e um dos propósitos era governar sobre o restante da criação. Era para o homem ajudar a manter a ordem. Uma das primeiras coisas que Adão fez foi dar nomes aos animais. Isso mostrava três coisas:

     

  • demonstrava sua superioridade sobre eles, e cumpria a ordem de governar sobre a criação;

     

     

  • ajudava a cumprir seu papel de ser à imagem de Deus e participar da colocação de ordem no caos;

     

Lori e eu estávamos conversando sobre isso outro dia. Se os animais não tivessem nomes, você se acharia dizendo coisas como... hoje vi um daqueles animais amarelos e peludos perto do riacho. Outra pessoa diria: "Aquele de pescoço comprido?" Então você diria: "Não, ele tinha pescoço curto." E então a outra pessoa diria: "Aquele com listras?" "Não, aquele com manchas..." e assim por diante. Essa, definitivamente, seria uma situação caótica.

     

  • Adão também era "como" Deus porque dar nome aos animais envolvia falar dentro da desordem.

     

Imagino que dar nomes a todos aqueles animais não foi fácil. Imagine se alguém lhe trouxesse algumas centenas de espécies de animais e lhe pedisse para você lhes dar nomes. Você ficaria sobrecarregado? Claro que ficaria. Provavelmente tudo o que você poderia fazer seria pensar num nome para o seu bebê. E se você fosse como nós, não decidiria até a mãe e o bebê estarem fora do hospital.

Assim, Gênesis 1:3 diz que Deus falou e então em Gênesis 2:19-20 o homem falou. Existe uma conexão lógica entre as duas passagens. O homem estava refletindo a imagem de Deus ao falar dentro do caos e criar ordem.

Essa é a base teológica para nosso estudo. Deus falou dentro do caos e criou vida e ordem. O homem é criado à imagem de Deus e parte de sua responsabilidade é falar dentro do caos e criar vida e ordem.

Como isso é aplicado a nós hoje? Nós não precisamos dar nomes aos animais.

Para mim, isso significa que, quando a vida está caótica, preciso falar. Preciso dizer algo e preciso fazer algo. Preciso me envolver. Não devo ficar em silêncio. Se fico em silêncio, sou como Adão no jardim. Estou pecando.

Mas a tendência natural do homem é permanecer calado. Isso nos leva ao próximo tópico.

A Tendência Natural do Homem: Ficar em Silêncio

Se Adão fosse o único homem da Bíblia que permaneceu em silêncio, então talvez alguém pudesse dizer que esta conclusão é duvidosa. Mas há muitos exemplos na Bíblia de homens que ficaram em silêncio. Vamos olhar para eles e ver onde isso se encaixa neles.

O Exemplo de Adão

Já vimos este, mas só queria torná-lo parte da lista para que pudesse perguntar a você quais foram as conseqüências do silêncio de Adão. A conseqüência é que bilhões de pessoas têm vidas miseráveis e depois morrem, e a maioria delas vai para o inferno.

O Exemplo de Abraão

Provavelmente todo mundo saiba da promessa de Deus a Abraão (Gn. 15) - de que ele teria um filho e seria pai de uma multidão, e através de quem Deus abençoaria o mundo. Após 10 anos, e nenhum filho, Sara chega a Abraão e lhe diz: toma minha serva, Agar, e tenha filhos com ela para que a promessa de Deus possa se tornar realidade. O que disse Abraão a isso? Nada. Gn. 16:2 diz que ele atendeu à voz de Sara.

Então, mais tarde, depois de Agar ter Ismael, Sara fica com ciúmes e Abraão lhe diz para fazer o que quisesse com sua serva. E ele a deixa tratar Agar rudemente.

Assim, Abraão ficou em silêncio e fez o que Sara disse. Qual foi a conseqüência? O conflito árabe/israelita que se alastra até hoje.

O Exemplo de Ló

Sabemos por II Pedro 2:7 e versos seguintes que Ló foi um homem justo, mas você nunca saberia disso pelo relato de Gênesis. Ele permaneceu em Sodoma e Gomorra e ficou em silêncio sobre o mal ao seu redor. Quando ofereceu suas duas filhas para uma porção de homens, a fim de proteger os mensageiros de Deus, essa não foi a atitude de um homem forte. No final do relato, quando eles estão fugindo da cidade, e a esposa de Ló olha prá trás para Sodoma e vira uma estátua de sal, fica evidente quem era que queria viver em Sodoma e Gomorra, e quem na realidade estava dirigindo a família. Se Ló ficava atormentado em sua alma pelo mal ao seu redor (II Pe. 2:8), então por que não partiu? Porque sua esposa não queria. Ló ficou passivo e em silêncio.

Algum tempo depois as filhas de Ló cometem incesto com ele enquanto estava bêbado, e ficam grávidas. Assim, vemos ainda mais danos resultantes da vida passiva e silenciosa de Ló.

O Exemplo de Betuel

Você se lembra da história de como Isaque conseguiu sua esposa? Seu pai, Abraão, mandou um servo à sua terra natal para arranjar uma esposa para seu filho, Isaque. No relato de Gênesis 24, o servo chega a um poço, encontra Rebeca, segue-a até sua casa, e então começa a barganhar com o irmão dela, Labão, para que ela se case com Isaque. No final do relato (Gn. 24:50) é dito que Betuel concordou com o arranjo. Parece-me que Labão foi o único que esteve envolvido, e que Betuel estava dando um passeio. Não posso afirmar com certeza, mas nada é dito a seu respeito, e ele não fala até o final do relato.

Qual foi o resultado? Ele tinha dois filhos extremamente controladores, Labão e Rebeca. Sabemos que Rebeca esteve bastante envolvida na farsa contra Isaque, quando Jacó tapeou seu pai por causa da bênção de família. E sabemos que Labão tornou miserável a vida de Jacó, quando este tentou se casar com Raquel e em vez disso acabou ficando com Lia. Assim, por ser um pai calado e ausente, Betuel ajudou a criar pelo menos dois filhos controladores e bastante manipuladores.

O Exemplo de Isaque

Não temos que ler muito mais em Gênesis antes de chegarmos ao próximo homem calado - Isaque. Ele foi um homem muito passivo. Se você ler Gênesis inteiro, verá que ele não fez nada certo, exceto permitir que seu pai quase o sacrificasse.

Isaque conhecia a profecia de Deus de que seu filho mais velho, Esaú, serviria ao mais novo, Jacó, mas ele preferia Esaú que aparentava ser um homem forte, viril, e que estava sempre caçando. E no final de sua vida ele foi em frente e abençoou Esaú a despeito da profecia. Por que? Acho que era mais fácil seguir a tradição de abençoar o filho mais velho do que confiar em Deus e abençoar Jacó. Por que? Quem sabe ficasse com medo da reação de Esaú. Afinal, Esaú era caçador. Talvez ficasse com medo do que os outros poderiam dizer quando descobrissem. Porque ficou com medo de agir, sua esposa resolveu assumir o comando e cuidar do problema. O tiro saiu pela culatra e a família se separou, e Isaque e Rebeca nunca mais viram Jacó outra vez.

Conclusão

Aqui temos cinco exemplos de homens que ficaram em silêncio. Em cada situação a conseqüência foi um prejuízo muito grande para os outros. Podemos dizer que a conseqüência foi um caos.

Quando Deus falou, Ele colocou ordem no caos. Quando o homem falha em agir, e falar, segundo à imagem de Deus, a conseqüência é mais caos. E é muito importante reconhecer: causa o rompimento do relacionamento. E é sobre isso que tudo isto é - relacionamentos. Como meu silêncio vai afetar meu relacionamentos com os outros? A Bíblia mostra que certamente os destruirá.

       

    • O silêncio de Adão destruiu seu relacionamento com Deus e com sua esposa.

       

       

    • O silêncio de Abraão resultou no conflito árabe/israelita.

       

       

    • O relacionamento de Ló com suas filhas e com sua esposa não era bom.

       

       

    • Isaque quase não tinha nenhum relacionamento com sua esposa e com seu filho Jacó. Isso fica evidente quando lemos a história do engano de Isaque na hora da bênção. Isaque não conversa com Rebeca. Não conversa com Jacó (exceto quando pensa que ele é Esaú). Rebeca não conversa com Esaú. E Jacó não conversa com Esaú. Você vê uma família dividida ao meio.

       

Repare também que em cada uma destas situações, quando o homem ficou quieto, a mulher se intrometeu e assumiu o controle. Deus disse que essa ia ser a tendência natural da mulher em Gênesis 3:16, e podemos vê-la acontecendo vezes e mais vezes.

Assim, a tendência natural do homem é ficar calado. Mas, o que vimos até aqui deve acabar com a descrição do homem como alguém "Forte e Calado". Quando você entende estes princípios, isso faz você querer mudar para "Fracote e Calado".

Sumário

       

    • O que vimos é que Deus fala dentro da desordem e cria ordem e vida;

       

       

    • O homem é criado à imagem de Deus e também deve falar dentro da desordem e criar ordem e vida;

       

       

    • Mas a tendência natural do homem é evitar o caos e ficar calado;

       

       

    • Quando ele faz isso, cria mais caos e destrói os relacionamentos.

       

 

  • O que vimos é que Deus fala dentro da desordem e cria ordem e vida;

     

     

  • O homem é criado à imagem de Deus e também deve falar dentro da desordem e criar ordem e vida;

     

     

  • Mas a tendência natural do homem é evitar o caos e ficar calado;

     

     

  • Quando ele faz isso, cria mais caos e destrói os relacionamentos.

     

  • Lição de Casa

    O que quero que você faça como lição de casa esta semana é que esteja consciente de suas ações e de sua inércia. Quando a vida se apresenta com alguma situação confusa ou caótica, o que você faz? Faz greve emocional? Bate em retirada e vai fazer alguma outra coisa? Domina-se e tenta controlar a situação? Pense em como você reage à desordem em sua vida, e então na próxima semana quando discutirmos as razões para o silêncio, ele baterá muito mais próximo de casa.

    Lição 2

    Semana passada começamos nosso estudo sobre por que os homens não falam.

       

    • A primeira coisa que vimos foi que há um desejo entre a maioria dos homens de ser "um homem de verdade", mas aquilo que geralmente fazemos é ir procurar uma lista de coisas a fazer ou passos a seguir, os quais ajudarão a nos tornarmos homens de verdade. Estamos sempre tentando dar esses passos por contra própria e isso geralmente falha. Concluímos que, para sermos homens de verdade, é preciso preocuparmo-nos menos em seguir uma porção de passos e, ao invés disso, esforçarmo-nos mais para sermos tementes a Deus.

       

       

    • Ser temente a Deus significa ser semelhante a Deus, assim precisamos ver como Deus é. Em Gênesis 1:2 vimos que Deus se moveu dentro da escuridão e do caos e, ao falar, criou vida e ordem.

       

       

    • Se o homem é criado à imagem de Deus, então ele precisa fazer o mesmo. Os homens precisam se mover dentro do caos e da escuridão e criar vida e ordem. Fazemos isso ao falar ou fazer - ao nos envolvermos emocionalmente.

       

       

    • Mas a tendência natural do homem é evitar a escuridão. Nossa tendência natural é evitar situações bagunçadas. Vimos cinco exemplos em Gênesis de homens que ficaram quietos, que evitaram situações bagunçadas - Adão, Abraão, Ló, Betuel e Isaque. Em todos os nossos exemplos, os homens foram presenteados por uma situação que era de caos ou de desordem. Na verdade era apenas a vida real. Mas eles não fizeram nada, e assim suas esposas se intrometeram com sugestões, ou com engano ou tomaram o controle. Em cada exemplo, a conseqüência foi mais caos e relacionamentos rompidos.

       

       

    • Assim, para resumir a última semana: quando Deus falou, ele colocou ordem no caos. Quando o homem falha em agir, e falar, segundo a imagem de Deus, a conseqüência é mais caos. E é muito importante reconhecer: causa o rompimento dos relacionamentos.

       

    Esta semana vamos falar sobre por que os homens ficam calados.

    A Realidade do Mistério

    Há muitas coisas na vida que dão prazer, tais como poder, influência, dinheiro, status, ligações, realizações, sucesso, posses, comida, sexo, recreações, etc. Todas essas coisas são boas quando no seu devido lugar, mas temos a tendência de pensar que elas são a fonte da felicidade. Elas nos fazem sentir bem, mas não trazem a verdadeira felicidade. Não trazem satisfação.

       

    • Se você estiver procurando pela felicidade no dinheiro, poderá jamais conseguir o suficiente. Sei que já ouviu a ilustração sobre John D. Rockefeller quando foi perguntado a respeito de quanto dinheiro é suficiente, e ele respondeu: "só um pouquinho mais". Não dá prá acreditar que, se fôssemos milionários, desejaríamos mais, mas se é nisso que estamos procurando felicidade, ou segurança, então desejaríamos.

       

       

    • Se é no sexo que você está tentando achar a felicidade, sua esposa nunca o satisfará.

       

       

    • Se é no poder que você está buscando a felicidade, então nunca terá o suficiente.

       

       

    • Se é nos bens materiais que você tenta encontrar a felicidade, então sua casa nunca será grande o suficiente e seu carro nunca será novo o suficiente.

       

       

    • Se é nisto que você está procurando felicidade, quando estas coisas se forem, você ficará arrasado.

       

    Deus quer que desfrutemos destas coisas, mas desfrutá-las não é a razão pela qual Deus nos colocou aqui. Deus nos criou com um propósito. A Bíblia toda é resumida em dois mandamentos - Amar a Deus e Amar ao Próximo. E Paulo resume toda a lei com a afirmação: ame a seu próximo; assim o propósito de Deus para nós é amar aos outros - construir relacionamentos, nos aproximarmos da vida de outras pessoas e ajudá-las a se aproximarem de Deus. Encontraremos as maiores alegrias da vida quando fizermos isso. Mas os relacionamentos estão uma bagunça. Conversamos muito sobre caos na semana passada. Bagunça = caos. Relacionamentos = caos. Os relacionamentos envolvem um mistério.

    Odiamos o caos e o mistério. O que realmente queremos na vida é ter certeza.

       

    • Isso é verdade com relação à nossa religião. Queremos ter certeza em nossa religião. Queremos tudo preto no branco. Queremos pensar que há respostas diretas e conhecidas, de modo a discutirmos sobre pontos doutrinários e igrejas divididas, e assim podermos estar em companhia daqueles que crêem da mesma maneira que nós, e que reforçarão nossas opiniões, fazendo-nos sentir que estamos certos. Para muitas pessoas é difícil reconhecer que Deus é infinito e que nós somos finitos, e que há algumas coisas que simplesmente não podemos compreender. Há muitas coisas na Bíblia que simplesmente não são claras.

       

       

    • Isso é verdade no processo de tomar decisões. Queremos saber se a decisão que estamos para tomar é a certa. Queremos que Deus nos mostre exatamente o que devemos fazer. Mas as decisões são cheias de mistério. Há mistério envolvido em decidir com quem casar, que emprego aceitar, se reformamos ou não nossa casa, que carro comprar, em que títulos investir, etc. Muitos de nós ficam paralisados pelo processo de tomar decisões e cometer erros. Não conseguimos decidir o que fazer, e assim não fazemos nada.

       

       

    • Isso é verdade em nossos relacionamentos. Não há certeza nos relacionamentos. Há somente caos e mistério. As pessoas desapontam. Elas nos decepcionam, nos machucam... Como a pessoa reagirá se eu fizer isto ou aquilo? Minha esposa ainda me amará se souber que estou com medo de...? Por que minha esposa está deprimida? Por que meu filho é briguento na escola?

       

    Assim, o que tentamos fazer é encontrar uma maneira de eliminar o mistério. Como eliminamos ou dissipamos o mistério?

    Em Busca de Certeza

    A Teologia da Receita

    Muitas pessoas usam a teologia da receita. A teologia da receita resiste às falsas promessas de certeza. Por teologia da receita quero dizer a crença de que se pudermos encontrar um determinado conjunto de passos ou princípios, e então segui-los corretamente, eles farão todo o trabalho por nós. Nós realmente gostamos de passos para seguir. Essa é uma das razões pelas quais os livros de auto-ajuda, as convenções dos guardiães da promessa e as conferências sobre vida familiar são tão populares. Geralmente saímos delas com uma lista de coisas a fazer. Algumas pessoas lêem os livros, vão às conferências e saem convictas de seu pecado e com uma nova determinação de confiar mais em Deus à medida em que avançam na vida. Mas outros saem dessas conferências apenas com um novo conjunto de passos a seguir. A teologia da receita diz: "Se eu pegar minhas meias, arrumar a cozinha prá minha esposa e desistir do futebol de segunda à noite, então meu casamento será ótimo." Quando isso não funciona, nossa conclusão é que esses eram os passos errados e assim vamos à procura de outra lista. Jamais entendemos que aquilo que realmente precisamos fazer é aprender como nos relacionar com nossas esposas.

    Acho que uma das melhores e mais mal-usadas passagens da Bíblia a esse respeito está em Efésios 5:25. Ela diz que os maridos devem amar suas esposas como Cristo amou sua igreja e a Si mesmo se entregou por ela. Tenho ouvido as pessoas ensinarem sobre esta passagem e o que entendem é que precisamos nos sacrificar pelas nossas esposas. Então dão sua lista de coisas que podemos fazer para nos sacrificar. Mas o conceito todo por trás desta passagem é que Cristo veio à terra para construir relacionamentos com os homens. Nós O rejeitamos e O matamos. O que isto significa para o marido é que ele precisa se aproximar de sua esposa e construir um relacionamento com ela. No processo, ela vai rejeitá-lo, desapontá-lo, machucá-lo, vai argumentar com ele, não vai reagir a ele, etc. E é aí que o sacrifício entra - em estar disposto a ser machucado no processo de se aproximar de sua esposa. O sacrifício entra ao se estar disposto a penetrar o caos e o mistério dos relacionamentos.

    A Vida Continua

    Outro jeito que podemos adotar para dissipar o mistério é tentar ignorar as necessidades dos relacionamentos e concluir que, de qualquer forma, "a vida continua". Assim, fugimos das pessoas e dedicamos nossa energia às coisas controláveis, coisas em que somos bons. Habilidades como talento atlético, dons acadêmicos, ou jeito com máquinas, muitas vezes vêm à tona para nos dar um sentimento de poder, competência, apreciação, etc. Quando os relacionamentos estão por demais confusos e desanimadores, nos voltamos para aquelas coisas que nos trazem esses prazeres passageiros de que já falamos. No entanto, são passageiros, e assim gastamos mais e mais tempo no trabalho ou enterrados em nossos hobbies, ou consertando coisas na garagem, tentando satisfazer os anseios de nossas almas.

    Por exemplo, se você é programador de computadores, acho que seria correto dizer que seu trabalho nunca se acaba, e se as coisas estão ruins em casa, seria muito fácil sempre trabalhar até tarde. Você poderia honestamente dizer à sua esposa que seu serviço está atrasado, pois nesse tipo serviço você está sempre atrasado. E fazer isso muito é mais atrativo mesmo; programação de computadores é um lugar seguro onde se esconder das pessoas. Um computador é apenas uma caixa estúpida que faz exatamente aquilo que você lhe diz. Assim você está no controle. E quando você está programando ou desenhando um gráfico ou qualquer outra coisa, você está sendo criativo. Isso atrai ao homem e satisfaz de forma ilusória aquilo que Deus pretendia que ele fosse.

    Ou talvez sua solução seja ir jogar golfe ou pescar. Essas atividades são divertidas, desafiadoras e, mais importante, não exigem tanto que atrapalhe os relacionamentos.

    Sendo Ditador

    Outra maneira de tentar dissipar o mistério é sendo ditador. Se você é categórico e autoritário, com freqüência poderá sujeitar os outros onde não o questionem, ou poderá pelo menos mantê-los a uma distância segura, a fim de que não tenha que tratar do assunto.

    Aplacando a Dor

    Outros tentam dissipar o mistério ao tentar aplacar a dor através do álcool, da pornografia, etc. Das quatro formas, esta é, socialmente, a menos aceitável, mas os outros métodos são, da mesma forma, mal e pecaminosidade.

    Você pode pensar em outras maneiras que adotamos para dissipar o mistério?

    Três Modos de Se Relacionar

    Precisamos entender o princípio que move cada homem. O movimento define a vida de um homem. Se não estamos nos movendo na direção certa, então nos moveremos na direção errada. Bom movimento significa atravessar a miséria pessoal em direção a Deus. Mau movimento é o movimento direcionado para nada mais do que o alívio da miséria pessoal. As coisas sobre as quais acabamos de falar, entorpecer a dor, ser ditador, continuar a vida, e a teologia da receita, todas são exemplos de mau movimento - tentativas de aliviar a dor.

    Uma vez que os homens são fundamentalmente seres que se relacionam, todos os movimentos serão vistos mais claramente na maneira de um homem se relacionar.

    O Homem Carente

    O homem carente sabe que precisa dos relacionamentos para ser feliz, mas sua visão dos relacionamentos é distorcida. O que ele quer é que os outros venham até ele e conheçam suas necessidades, sem que exijam algo de bom de sua parte. Na verdade, ele está procurando a felicidade nas pessoas, não em Deus. Ele está esperando que as pessoas lhe dêem aqueles prazeres de que falamos anteriormente.

    Este é o homem que chega em casa todas as noites e solta um profundo suspiro ao entrar pela porta, a fim de que a família saiba o quanto ele esteve trabalhando o dia todo por eles (Isso é mentira. Ele está trabalhando para si mesmo.) Ele quer que cuidem dele, mas está enviando um sinal na expectativa de que não esperem nada dele.

    Este é o homem que se sente como um mártir porque está casado com uma mulher que não se interessa por sexo. A verdade é que ela não reage porque ele não está se dirigindo a ela e então não há nada a que reagir. Quando ela não atende às suas necessidades, ele se sente como um mártir e se sente justificado ao cobiçar outra mulher ou ter um romance, pois é seu direito ter suas necessidades sexuais satisfeitas, e sua esposa não as está atendendo.

    O que este homem precisa fazer é perceber sua atitude infeliz - ver o seu mal - e se arrepender. Mas o homem carente não vê isso.

    O Rei Saul é um bom exemplo. Ele tinha necessidade de respeito. Quando falhou em exterminar os amalequitas e seus animais como Deus ordenara (deixou vivo o rei, o gado e o rebanho) e foi pego por Samuel, começa a se embananar e diz que deixou-os vivos para sacrificar a Deus. Quando Samuel diz que é melhor obedecer do que sacrificar, Saul diz, pequei, mas então, imediatamente, pede a Samuel que volte com ele à capital e fique a seu lado na adoração pública. Quando Samuel se vira para partir, Saul agarra a orla de seu manto e o rasga. Então Samuel diz que o rasgo em seu manto é uma ilustração de que Deus vai retirar o reino de Saul. Saul diz novamente "pequei", mas rapidamente acrescenta "honra-me, pois, agora, diante dos anciãos e do povo de Israel..." Ele estava mais preocupado com as aparências e em manter o respeito do povo do que com seu pecado. I Sm. 15:13-30.

    O Homem Durão

    Superficial mas inflexível descreve este homem. Ele tem a postura "a vida continua", que já discutimos. Este é o tipo "grandalhão silencioso" sobre o qual falamos na semana passada. Raramente fala sobre suas lutas pessoais e tende a "resolver" rapidamente qualquer tensão nas relações que não puder evitar ou dispensar. Ele canaliza sua força para as coisas em que é bom e se recusa, mesmo que por um momento, a mostrar-se envolvido em qualquer coisa em que não seja bom - isto é, nos relacionamentos. Quer ficar onde se sente confortável. Quer dissipar o mistério.

    Ser durão não significa necessariamente ser malvado ou cruel. Ele não tem que ser grosseiro. Pode ser cordial o tempo todo - e geralmente é. Ele é legal, acima de reprovação, só não tem envolvimento emocional. Ele tem uma porção de colegas, mas nenhum amigo chegado.

    Ele somente não se permite sentir qualquer coisa. O homem carente sente a dor, e se preocupa com ela. O durão a ignora.

    O Homem Temente a Deus

    O homem temente a Deus é sensível, mas isso não o leva à preocupação ou à queixa. Ele é magoado pelos relacionamentos rompidos, mas em vez de fugir ou exigir que os outros venham até ele, usa essa mágoa para dar mais definição e energia à sua responsabilidade nos relacionamentos. Ele está disposto a sacrificar seu prazer (legítimo ou ilegítimo) a fim de poder ajudar aos outros. Ele liberta os outros de seu controle e os encoraja, a fim que sejam livres para lutar com a sua própria solidão, dor e egoísmo. Ele esteve em meio às batalhas e atravessou para o outro lado - para o lado de Deus. Ele quer ajudar os outros a encontrarem a Deus também.

    Assim, há três modos de se relacionar: você pode ser um homem carente, sempre arrastando os outros de encontro às suas necessidades. Ou pode ser do tipo durão e ignorar seus sentimentos, e os dos outros, canalizando sua energia para as coisas em que é bom. Ou pode ser um homem temente a Deus, e sentir sua própria dor, e a dos outros, e usar isso para crescer pessoalmente, e depois usar seu crescimento para ajudar os outros a crescerem.

    O Que Falar Não É

    Na última semana começamos falando sobre o silêncio de Adão. Ao mesmo tempo mostramos que ficar em silêncio não é bom. Fugir de nossos relacionamentos não é bom.

    Provavelmente você também chegou à conclusão de que isto significa que precisamos falar claramente.

    Como geralmente é o caso, quando aprendemos aquilo que não deveríamos estar fazendo, pulamos o problema e decidimos que vamos resolvê-lo depois. No entanto, geralmente vamos para o extremo oposto. Assim, precisamos compreender com o que temos que tomar cuidado. Precisamos compreender o que falar não é.

    Falar não é dizer coisas sem sentido

    Você pode falar muito e nunca tocar em assuntos importantes. Talvez você fale o tempo todo sobre esportes ou computadores e nunca tenha qualquer conversa significativa. Menciono computadores porque essa é a minha fraqueza. Quando fazemos isto, ainda estamos ficando calados sobre coisas importantes, mesmo que nossas bocas estejam completamente abertas.

    Paulo diz em I Coríntios 13:1 que quando falamos sem amor somos como o bronze que soa e como o címbalo que retine. O alvo principal de nosso estudo na última semana, e o de hoje também, é como realmente ter relacionamentos melhores. É sobre como amar. Assim, a afirmação de Paulo em I Coríntios é muito apropriada. Efésios 4:15s também está relacionado, onde Paulo fala sobre dizer a verdade em amor.

    Falar não é só conversar

    Digo isto outra vez porque desta vez quero mostrar que, para o propósito de nosso estudo, falar também envolve ações. Envolve tanto palavras quanto obras. Se você só diz que vai fazer algo e não faz, então isso não tem valor. Tiago fala sobre isso no capítulo 2. Falar significa envolver-se. E acho que devo ressaltar que significa envolver-se emocionalmente.

    Falar não é dominar

    Falar não é controlar uma situação aos berros ou submeter os outros à humilhação ou à obediência. Isso apenas torna uma pessoa introspectiva e distante de Deus. Você também imporá aos outros a resignação ou os incitará à rebelião para se preservarem. Você pode ver isto em seus filhos. Se é assim que você se relaciona, um filho pode ser complacente e cordato e o outro sempre metido em encrencas na escola.

    O que quero deixar claro é que não estou dizendo que os homens devam começar a dominar todas as situações e relacionamentos à sua volta. Não estou dizendo que precisamos ser categóricos e simplesmente dizer às nossas esposas para calarem a boca quando discordarem de nós.

    Quando você faz isso, não está sendo um homem forte. Está somente tentando tomar o controle (através da carne) e impor ordem à situação e fazer com que os outros recuem para que você não tenha que tratar do assunto. Você está se escondendo outra vez, como Adão fez no jardim do Éden.

    Conclusão

    Todas estas coisas são exemplos do que falar não é. Então, o que é falar?

    Falar é dizer ou fazer qualquer coisa que seja necessária para me aproximar de outra pessoa e levar a mim mesmo e a essa outra pessoa a confiar em Deus em meio às situações da vida, em meio ao caos.

    Com o Que o Silêncio se Parece: Alguns Exemplos Atuais:

    Exemplo 1

    Testemunho é um bom exemplo de caos. Quando você está no meio de uma conversa com alguém e o assunto gira em torno de algo que você poderia facilmente usar para perguntar à pessoa sobre suas crenças pessoais, o que você faz? Você fala? Ou ignora o empurrão do Espírito Santo porque teme que a reação da pessoa possa ser de rejeição a você? O que você precisa fazer é ir em frente e fazer-lhe a pergunta, e confiar os resultados a Deus. Precisamos nos mover dentro do caos e falar. No entanto, com muita freqüência, ficamos com medo e permanecemos calados.

    Exemplo 2

    Recentemente estive lendo outro livro sobre relacionamentos baseados em vergonha e percebi que o que eu estava lendo naquele livro se relacionava com nosso assunto. O livro dizia que se você cresceu numa família onde ouvia coisas como "você não vai vestir isso, vai..." ou "não acredito que fez isso...", etc. Então uma das maneiras como seus pais o controlavam era através da vergonha. Alguns chamam isso de relacionamentos baseados em vergonha. Alguém que cresce nesse tipo de ambiente vai ter uma opinião muito baixa sobre suas idéias e sobre sua capacidade.

    Com isso em mente, pense na seguinte situação: Um marido e sua esposa têm diferentes opiniões sobre alguma coisa. O que isso significa? Significa simplesmente que cada um deles tem uma opinião diferente. Não significa que um esteja certo e o outro errado. Se um homem é casado com uma mulher de opinião e de fortes convicções, ela poderá presumir que o marido está errado sempre que a opinião dele diferir da dela. Se o marido cresceu debaixo de um relacionamento baseado em vergonha, ele sentirá que sua opinião está errada quando esta diferir da opinião de sua esposa. Se ele seguir sua inclinação natural de ficar em silêncio, apenas se calará e deixará que a opinião de sua esposa dite a política da família. Isso não é liderança. Não estou dizendo que o marido precise sempre seguir sua própria opinião porque ele é o líder. Estou dizendo que ele precisa avaliar aberta e honestamente ambas as opiniões e então seguir aquela que pensa ser a melhor para sua família.

    Mas, o que acontecerá se o marido ficar diante de sua esposa e disser "Querida, não acho que devamos fazer isso. Acho que devemos fazer aquilo em vez disso."? Ela pode seguir sua liderança. Ela também pode questioná-lo ou enlouquecê-lo, ou magoá-lo e evitá-lo. E se a decisão dele revelar ser ruim? Então ela pode dizer "Eu disse." Mesmo que ela não diga isso, certamente pensará.

    Essa é a vida real e é um caos. Isso pode descrever por que Ló concordou com o desejo de sua esposa de viver em Sodoma e Gomorra.

    Exemplo 3

    O que você diz ou faz quando o professor da escola de seu filho ou da Escola Dominical chega para você e lhe diz que Johnny estava sendo cruel com outro garoto ou estava colando numa prova, etc.? Você lhe dá a maior surra de sua vida quando ele volta prá casa ou o tranca em casa por um mês? ou conversa com ele para tentar descobrir o que está acontecendo com seu cérebro imaturo, que o faz querer fazer essas coisas? Talvez ele esteja buscando a atenção que não tem em casa. Ele pode precisar ser disciplinado, mas só disciplinar muitas vezes é simplesmente um esforço para controlar a situação e a criança enquanto ela está sob seu teto. Você pode disciplinar sem nunca realmente estar envolvido. Se você não trabalhar no relacionamento e descobrir a razão pela qual ele se comporta mal, quando ele sair de casa, vai fazer aquilo que seu coração desejar.

    Isso é o caos. Esses tipos de situações fazem muitos homens congelar, ficar em silêncio, e fugir para algo em que são bons, ou atacar violentamente os outros e tentar forçá-los a entrar nos eixos.

    A Solução

    Não posso lhe dar qualquer passo a seguir. Você tem apenas que entender suas tendências e reconhecer quando está deslizando prá esse tipo de coisa e então voltar-se para Deus e seguir em frente. A solução é confiar em Deus e se aproximar dos outros dentro do caos.

    Com freqüência há muitas verdades contidas nessas listas e passos, mas colocamos o carro adiante dos bois. Na verdade, as listas e passos são mais como um bom relacionamento se parece do que meios para se chegar lá.

    O homem viril, temente a Deus, é aquele que, diante de situações caóticas, diz: "Não sei o que fazer Senhor, mas penso que isto seja o melhor para minha família e vou fazê-lo e confiar a Ti as conseqüências."

    A Responsabilidade da Mulher

    Entender essa luta nos homens e em si mesmas.

       

    • Entender sua tendência natural de intrometer-se e assumir o controle (Gn. 3:16);

       

       

    • Não tentar isso; parecerá funcionar por algum tempo, mas no final, o caos reinará (a mensagem de Juízes);

       

       

    • Confiar em Deus e esperar;

       

       

    • Isso é o oposto da responsabilidade do homem, que é:

       

         

      • Confiar em Deus e agir. A responsabilidade do homem é confiar em Deus e falar.

         

       

    • A responsabilidade da mulher é confiar em Deus em ficar em silêncio.

       

     

    Tradução: Mariza Regina de Souza

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