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Lição 21: Como Deus Evangeliza o Mundo (Atos 8:26-40)

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William Carey, um humilde sapateiro, nasceu em 1761. Após sua conversão, aos 18 anos de idade, ele começou a pregar em pequenas capelas batistas, sustentado por seu próprio negócio. A leitura de As Viagens do Capitão Cook despertou seu interesse em missões estrangeiras. Conforme continuava estudando a Bíblia, ele se convenceu de que a principal responsabilidade da igreja deveria ser as missões estrangeiras.

Talvez essa tese não soe muito radical para nós, mas nos dias de Carey, era uma ideia revolucionária. A visão hipercalvinista predominante naquela época dizia que a Grande Comissão tinha sido dada apenas aos apóstolos. E já tinha sido cumprida. Os ímpios tinham rejeitado o evangelho, por isso, teriam de aguardar seu destino no Dia do Juízo.

Carey, no entanto, que era calvinista, ousou indagar se o mandamento de Jesus para fazer discípulos de todas as nações não seria obrigatório para todos os cristãos. Um ministro mais velho acusou-o de ser “um miserável entusiasta” (Mary Drewery, William Carey [Zondervan], p. 31). Quando ele expôs suas ideias num encontro ministerial, um dos pastores lhe disse: “Jovem, sente-se. Quando Deus quiser converter os ímpios, Ele o fará sem a sua ajuda ou a minha” (citado por Ruth Tucker em From Jerusalem to Irian Jaya [Zondervan], p. 51). Quando Carey realmente se propôs a ir à Índia como missionário, seu pai exclamou: “William está louco?” (Drewery, p. 44).

Mas William Carey foi para a Índia, onde trabalhou durante 40 anos. Ele supervisionou e editou a tradução da Bíblia para pelo menos 36 idiomas. Publicou gramáticas e dicionários, lutou para abolir a prática da queima de viúvas e o infanticídio, e estudou botânica para promover melhorias agrícolas. Em um sermão ministrado antes de deixar a Inglaterra, Carey proferiu suas hoje famosas palavras: “Espere grandes coisas de Deus; realize grandes coisas para Deus”. Com frequência, ele é chamado de o pai das missões modernas.

Em nosso estudo da expansão do evangelho em Atos, vimos Filipe levando o evangelho ao território samaritano. Deus abençoou seus esforços e muitas pessoas foram levadas à fé em Cristo e batizadas. Não sabemos ao certo quanto tempo isso durou, mas parece que, bem no meio do avivamento de Samaria, o Senhor enviou um anjo para dizer a ele para deixar aquela região. Ele devia ir para o sul, para uma estrada deserta que descia de Jerusalém a Gaza. Deus providenciou um encontro entre Filipe e certo homem, um eunuco etíope que voltava para casa depois de ter ido adorar em Jerusalém. Deus abriu o coração daquele homem e Filipe o levou à fé em Jesus Cristo.

Nos tempos bíblicos, a Etiópia se referia à região sul de Assuã, no Egito, incluindo o norte de Cartum, no Sudão. Desta forma, o homem devia ser um eunuco sudanês! E também devia ser negro. Não sabemos se ele era fisicamente eunuco ou se era apenas um título de um alto oficial da corte. Ele era o equivalente do Secretário do Tesouro da rainha. “Candace” era um título dinástico, como faraó ou César, não o nome da rainha.

Assim como a história de William Carey, esta história nos mostra que Deus é soberano na evangelização, mas que Seu povo também deve ser obediente ao Seu mandamento. Ela nos ensina que…

Deus evangeliza o mundo por intermédio de cristãos obedientes, os quais explicam o evangelho às almas carentes.

A história reflete quatro elementos na conversão de uma alma: 1) a iniciativa e a preparação do Espírito Santo; 2) a Palavra de Deus que penetra a mente e o coração dos pecadores; 3) o cristão obediente que explica a mensagem do evangelho; e 4) a resposta de fé obediente da pessoa que ouve a mensagem.             

1. Deus soberanamente toma a iniciativa na salvação das almas

A soberania de Deus na salvação do etíope é o tema principal deste texto. Deus enviou um anjo para dizer a Filipe para ir a um determinado lugar distante. Ele fez os caminhos de Filipe e do etíope se cruzarem. Ele disse a Filipe para se aproximar do carro do homem (8:29). Naquele momento, Deus também fez com que o homem estivesse lendo em voz alta (a maior parte das pessoas do mundo antigo lia dessa forma) o livro de Isaías, e não uma parte qualquer do livro, mas justamente o capítulo 53. Não há, no Antigo Testamento, uma brecha melhor que essa para a pregação do evangelho! Naquele exato instante, depois de o etíope crer em Cristo, eles encontraram água, e assim o homem foi batizado.

Naquela hora, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe (8:39). Algumas pessoas não acham que isso seja um milagre, mas para mim parece milagre. A palavra “arrebatou” é a  mesma usada para descrever a igreja sendo “arrebatada” para estar com o Senhor (1 Ts. 4:17). Portanto, Deus foi soberano para fazer Filipe ir ao encontro do etíope e também para levá-lo a outro lugar. Como toda a Escritura proclama, Deus é quem soberanamente trabalha para salvar Seus eleitos.

Observe duas coisas a esse respeito. Primeiro, Deus nem sempre age da forma que gostaríamos que Ele agisse. O etíope tinha acabado de realizar uma viagem de cerca de 1.600 km a Jerusalém. Após essa longa jornada, e considerando que ele deve ter ficado por lá durante algum tempo, por que o Senhor não enviou um dos apóstolos em Jerusalém para pregar a ele o evangelho? Ele poderia ter levado o homem a Cristo e lhe dado um curso intensivo de discipulado antes da sua partida. Enquanto isso, Filipe poderia ter continuado seu profícuo ministério em Samaria. Tempos depois, Filipe fixou residência em Cesareia, onde um centurião precisava ouvir o evangelho. No entanto, em vez de mandar Filipe, que já estava lá, Deus mandou Pedro, que não estava (capítulo 10)!

Não podemos ver as missões mundiais como um eficiente empreendimento comercial do nosso país. Os caminhos de Deus não são os nossos. Às vezes, Ele faz coisas que, a nosso ver, parecem desperdício de dinheiro ou de pessoal. Nosso trabalho não é questionar o Senhor, mas ser obedientes. William Carey deve ter lutado contra a “ineficiência” de Deus quando, depois de 19 anos de trabalho árduo, o fogo destruiu o depósito onde se encontravam 10 traduções completas da Bíblia, seu enorme dicionário multilíngue, duas gramáticas e todas as fontes de tipos tediosamente formados. Mas Deus usou a tragédia para espalhar as notícias sobre a missão e, em dois meses, chegaram doações suficientes para cobrir toda aquela grande perda. “Carey aceitou a tragédia como julgamento de Deus e começou tudo de novo com zelo ainda maior.” (Tucker, p. 120)

Em segundo lugar, note que o alvo de Deus é o mundo. Missões estrangeiras não são algo que a igreja ou algum estrategista brilhante possam forjar. Elas são projeto de Deus. Ele enviou Filipe para evangelizar aquele gentio da Etiópia. Já foi observado que, em Atos 8 temos a conversão de um filho de Cam; em Atos 9, de um filho de Sem (Paulo); e, em Atos 10, de um filho de Jafé (o centurião romano). Estes três representam as divisões da raça humana após o dilúvio. Desta forma, Lucas está nos mostrando que o evangelho alcança todas as nações, exatamente como ordenado por Jesus. Em Apocalipse 5:9, João vê diante do trono de Deus quatro seres viventes e vinte e quatro anciãos cantando: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”. Até que todos a quem Jesus comprou com Seu sangue sejam levados à salvação, nós precisamos, como Paulo coloca, “tudo suportar por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com eterna glória” (2 Tm. 2:10).              

2. Deus usa Sua Palavra para penetrar a mente e o coração dos pecadores

As pessoas podem perceber a existência de Deus e alguns de Seus atributos por meio das coisas criadas (Rm. 1:20). No entanto, elas só podem saber como ser salvas por meio da revelação da Palavra de Deus, a qual nos fala das boas novas de Jesus Cristo. O conhecimento do verdadeiro Deus talvez tenha sido levado para a pátria daquele homem quando a rainha de Sabá retornou da sua visita a Salomão, cerca de 900 anos antes. Além disso, havia uma enorme colônia judaica em Alexandria, centenas de quilômetros ao norte, junto ao rio Nilo. A verdade sobre Deus poderia ter sido difundida para o sul a partir dali.

De qualquer forma, o eunuco etíope estava interessado o suficiente em buscar a Deus para fazer aquela longa e difícil viagem a Jerusalém. Ele deve ter ficado um tanto desapontado com o que encontrou por lá. Os fariseus e saduceus controlavam uma religião extremamente legalista, ritualística e politizada. Eles não conheciam o Deus a quem professavam seguir. Como gentio, o etíope, ao entrar no templo, não podia ir além do Pátio dos Gentios. É difícil imaginar se sua experiência em Jerusalém atendeu às expectativas que o levaram a fazer aquela longa jornada.

Bem, pelo menos ele voltou de lá com um rolo do profeta Isaías na versão grega da Septuaginta. Ele estava tão interessado em lê-lo que não pôde esperar até chegar em casa. Ele começou a leitura ainda no carro, que se arrastava pela estrada deserta e acidentada rumo ao Egito. Sem dúvida, um homem da sua posição devia estar acompanhado de uma grande comitiva, o que incluía um condutor e o deixava livre para ler durante a viagem. Supondo que tenha começado do início, ele há tinha lido quase o livro todo. Quando Filipe se aproximou do carro, ele estava em Isaías 53:7-8. Depois que o texto foi explicado a ele, Deus usou as palavras proféticas a respeito de Jesus para levá-lo à salvação.

Não subestime o poder da Palavra de Deus para levar as pessoas à salvação! Conforme se encontra em 1 Pedro 1:23: “pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanente”. Tiago 1:18 diz: “Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou pela palavra da verdade”. E Paulo fala para Timóteo: “desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus” (2 Tm. 3:15). A Palavra de Deus é poderosa para salvar pecadores.

Li a respeito de um sacerdote muçulmano a quem pediram para fazer uma série de estudos sobre os grandes personagens do Alcorão: Abraão, José, Davi e o profeta Jesus. Quando foi preparar o que iria dizer sobre Jesus, ele achou que precisava de mais informações, por isso, pediu uma Bíblia emprestada e começou a ler os evangelhos. Quando compreendeu que Jesus era mais do que um profeta, seus amigos muçulmanos ficaram horrorizados e o excomungaram. Ele continuou a ler e por si mesmo veio a crer em Cristo como seu Salvador. Ele se dirigiu a uma comunidade cristã e perguntou se poderia ser batizado. Hoje, ele trabalha com a Operação Mobilização fazendo evangelismo entre seu próprio povo (Boletim OM, Verão de 1997).

Portanto, devemos encorajar as pessoas a ler a Bíblia, principalmente os evangelhos. Distribua o evangelho de João ou o Novo Testamento. Quando você compartilha o evangelho desta forma, faz com que a pessoa leia os versículos bíblicos por ela mesma. Deus usa Sua Palavra para levar os pecadores à salvação.             

3. Deus usa cristãos obedientes para explicar o evangelho da Sua Palavra às almas carentes

Embora Deus soberanamente trabalhe para levar as pessoas à salvação, Ele não costuma fazê-lo sem usar o Seu povo obediente. Lá está Filipe no meio de um avivamento emocionante, quando um anjo lhe diz para ir a um trecho deserto de uma estrada no meio do nada! Até posso imaginar o que eu mesmo pensaria: “Por que o anjo não vai lá ele mesmo?”, ou então, “E todos aqueles apóstolos sentados lá em Jerusalém? Nem de longe eles estão ocupados como eu. Além disso, eles estão mais perto. Mande um deles”. Ou ainda, “Tudo bem, Senhor, eu vou, mas só depois que as coisas derem uma acalmada por aqui”.

No entanto, até onde sabemos, Filipe não levantou qualquer objeção. O anjo disse: “Dispõe-te e vai”. O versículo seguinte (8:27) diz: “Ele se levantou e foi”. Quando chegou lá, ficou um tanto surpreso, como podemos observar pela palavra “viu” (8:27). O que será que esse oficial etíope e toda a sua comitiva estavam fazendo ali, naquela estrada no meio do nada? O Espírito levou Filipe a se juntar ao etíope e subir em seu carro. O ritmo devia ser bem lento, por isso Filipe conseguiu se aproximar com facilidade. Quando se aproximou, ele percebeu que o homem estava lendo e, para seu espanto, reconheceu a passagem de Isaías 53:7-8. Então, Filipe perguntou: “Compreendes o que vens lendo?”. O eunuco respondeu: “Como poderei entender, se alguém não me explicar?” E convidou Filipe a se juntar a ele.

A pergunta não era a respeito da interpretação das palavras, embora elas fossem um pouco difíceis de interpretar. O texto fala de um homem que foi tratado injustamente. A pergunta era mais específica: “A quem se refere o profeta. Fala de si mesmo ou de algum outro”? A interpretação judaica da época era dividida sobre a questão. Alguns diziam que a passagem se referia à nação, outros que Isaías falava de si mesmo, e outros ainda que se referia ao Messias. Mas Filipe não teve dúvidas: “começando por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe a Jesus” (8:35).

Um pouco antes, o eunuco deve ter lido: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos” (Is. 53:6). Filipe, portanto, teve de explicar que todos nós somos pecadores. Por causa do nosso pecado, ninguém pode merecer a vida eterna por esforço próprio ou boas obras. Por isso, o Senhor, a fim de satisfazer a Sua santa justiça, por amor a nós, providenciou um substituto que suportou o castigo que nós merecíamos. Jesus Cristo suportou na cruz a ira de Deus pelos nossos pecados. Talvez Filipe tenha usado também outras passagens da Escritura. No entanto, seja qual for a passagem usada, ele falou ao homem sobre Jesus Cristo, crucificado, ressuscitado e elevado ao céu como o único Salvador do justo julgamento de Deus. Ele também deve ter explicado que nós precisamos depositar a nossa fé em Jesus, como nosso Salvador pessoal. O eunuco, preparado por Deus, respondeu com fé.

Todo cristão deveria ser capaz de fazer o que Filipe fez: começar com alguma passagem da Escritura ou algum tópico espiritual; deveríamos ser capazes de falar de Jesus a uma alma necessitada. Se alguém falar sobre evolução, talvez você precise dizer: “Este assunto é bem interessante e, tanto de um lado como do outro, existe muita gente competente. Qualquer hora podemos discutir sobre isso. Mas existe uma coisa muito mais importante que preciso lhe perguntar: Você sabe quem é Jesus Cristo?” Se a pessoa levantar a questão do sofrimento ou dos pagãos que nunca ouviram falar de Jesus, ou qualquer outra coisa, fale um pouco sobre isso e depois dirija a conversa novamente para Jesus Cristo. A pessoa precisa saber quem Ele é e o que fez, como a sua própria situação é desesperadora sem Cristo e como ela pode recebê-Lo pela fé. O resto é periférico. Se Jesus Cristo é quem Ele afirmou ser, o cristianismo é verdadeiro. Se não é, então o cristianismo é uma fraude. Tudo gira em torno dEle.

Já vimos como Deus soberanamente toma a iniciativa na evangelização do mundo. Ele usa a Sua Palavra para penetrar a mente e coração dos pecadores. Ele também usa cristãos obedientes para explanar o evangelho às almas carentes. Finalmente,             

4. Deus trabalha soberanamente no coração dos pecadores para lhes dar uma nova vida e uma fé obediente

Em Romanos 3:10-11, Paulo escreve: "Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus”. Isaías 53:6 fala: “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho”. E João 3:19-20 diz: “O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más. Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras”. Nenhum de nós tem inclinação natural para o evangelho. Pecadores não buscam a Deus.

Portanto, a salvação é, do começo ao fim, obra de Deus e da Sua graça, e não de alguma inclinação boa em nosso coração para buscar a Deus. Por isso, ninguém pode se gloriar (Efésios 2:8-9). Isso significa que sempre que vemos um homem como o eunuco etíope, o qual viajou para Jerusalém para buscar a Deus e estava lendo a Sua Palavra, Deus já está trabalhando no seu coração, levando-o a Jesus (João 6:44).

Podemos, então, concluir que Deus graciosamente concedeu nova vida e fé obediente àquele homem quando ele ouviu Filipe apresentar-lhe o evangelho. Aparentemente, essa conclusão não foi suficiente para algum escriba daquela época que fazia a cópia do manuscrito de Atos. Por isso, ele inseriu o versículo 37, onde o eunuco confessa: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. O versículo não se encontra nos melhores e mais antigos manuscritos, e o estilo da escrita, de acordo com estudiosos gregos, não é o de Lucas. No entanto, mesmo que o versículo não faça parte do texto original de Atos, o eunuco deve ter feito alguma confissão da sua fé em Cristo, ou Filipe não o teria batizado. A diferença entre a fé genuína daquele homem e a fé enganosa de Simão (8:13) é que a fé do eunuco veio de Deus, enquanto a de Simão veio dele mesmo.

O ato do batismo, como vemos, é uma confissão pública daquilo que Deus faz no coração da pessoa pela fé em Cristo. Por isso, ou aquele homem conhecia o significado e a importância do batismo ou Filipe explicou a ele. Quem não acredita no batismo por imersão argumenta que não havia água suficiente no deserto para imergir um homem. No entanto, as palavras “ambos desceram à água” e “saíram da água” indicam que o local era fundo o bastante para imergi-lo. A palavra grega para “batizar” significa mergulhar, e a imersão é a melhor forma para retratar o significado do batismo, ou seja, identificação completa com Cristo na Sua morte, sepultamento e ressurreição.

Ao saírem da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe. Ele não pôde nem se despedir do eunuco! No entanto, apesar de nunca mais ver Filipe, o eunuco seguiu seu caminho cheio de júbilo. Deus tinha satisfeito o desejo do seu coração. Ele sabia que Jesus tinha perdoado seus pecados e lhe dado a vida eterna. Pela história, não sabemos se ele se tornou um evangelista entre seu povo, mas é fácil imaginar que sim. É difícil guardar só para si uma vida de alegria em Jesus! Esta é a melhor propaganda do evangelho. Quanto a Filipe, este veio a achar-se em Azoto, cerca de 30 km ao norte de Gaza. Embora não tenha recebido uma ordem direta de Deus, ele continuou fazendo o que sempre fez, pregando o evangelho nas cidades, indo para o norte até Cesareia.

Conclusão

Se evangelizar os perdidos, principalmente os de outras culturas e nacionalidades, dependesse da nossa própria capacidade, isso seria desanimador. No entanto, graças a Deus, o evangelismo depende do Seu trabalho soberano por meio da nossa obediência. No livro O Perfil do Pregador (Ed. Vida Nova), John Stott mostra que, de acordo com a Bíblia, o pecador perdido não tem vista nem vida, está cego e morto. Então, ele pergunta: “Como alcançá-lo? Será que somos tão tolos a ponto de pensar que podemos de alguma forma, por nossa retórica ou argumentação, introduzir nele entendimento ou vida espiritual? Não. Não é dado a nós conceder vista aos cegos ou vida aos mortos. Só Deus é o autor da vida e da visão” (p. 124). Depois (p. 137), ele cita Spurgeon, o qual sempre dizia para si mesmo ao subir os degraus de seu púlpito: "Creio no Espírito Santo, creio no Espírito Santo, creio no Espírito Santo". Spurgeon escreveu:

O evangelho é pregado aos ouvidos de todos; mas atinge apenas alguns com poder. O poder do evangelho não reside na eloquência do pregador; de outra forma os homens teriam o poder de converter almas. Nem na erudição do pregador; pois seria apenas sabedoria humana. Podemos pregar até gastar a língua, até secar o pulmão, mas nenhuma alma será convertida, a menos que a pregação seja acompanhada por um poder misterioso: o Espírito Santo transformando a vontade do homem. Cavalheiros! Pregar às paredes ou aos seres humanos será a mesma coisa, a menos que o Espírito Santo esteja com a Palavra, dando-lhe poder para converter as almas.

O mesmo Espírito Santo que usou Filipe para alcançar o eunuco etíope, e que usou Spurgeon para alcançar milhares de almas com o evangelho, quer usar você e eu para levar as boas novas de Jesus Cristo à nossa cidade ou qualquer outro lugar. Como William Carey, esperemos obedientemente grandes coisas de Deus e realizemos grandes coisas para Deus enquanto levamos o evangelho a um mundo perdido!

Questões para Discussão

  1. Quais são algumas das ramificações práticas de depender da soberania de Deus no processo de evangelismo?
  2. Ser missionário transcultural é um dom especial? Somente alguns são chamados para pregar o evangelho fora de seu país? Como uma pessoa pode reconhecer esse chamado?
  3. Como podemos saber se Deus está nos mandando falar de Cristo a uma pessoa em particular? Como podemos abordar o assunto?
  4. Quanto devemos pressionar as pessoas para crer em Cristo? Onde está o equilíbrio entre a urgência e deixar que o Senhor opere no Seu tempo?

Tradução: Mariza Regina de Souza

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