Os ateístas modernos veem o ateísmo como justificável e científico enquanto o Cristianismo é descartado como um pensamento ansioso. Ciência e razão têm nos livrado da autoridade religiosa dogmática e da ignorância da fé cega, eles dizem. “Deus” como um conforto para o medroso e a explicação de todas as coisas para a mente simples não é mais necessário. A Ciência expôs esta muleta conveniente como mera fantasia. Pessoas sensatas examinam os fatos do universo para tirar conclusões científicas, deixando a noção obsoleta de um Deus soberano nas prateleiras de livros com outros contos de fadas.
No nosso breve estudo, portanto, iremos examinar as alegações “sensatas” e “científicas” do ateísta e do agnóstico comparadas à fé “insensata” e “cega” dos Cristãos. Poderia o reverso realmente ser verdade? Poderia ser que a fé Cristã não é nem cega nem insensata, enquanto os melhores argumentos do ateísmo e agnosticismo serem construídos de passos sem base, de uma fé cega?
Os resultados poderão surpreendê-lo.
© Craig Biehl, 2011
Traduzido por Césio Johansen de Moura
Este pequeno livreto apresenta uma aplicação simples dos aspectos centrais do método apologético de Cornelius Van Til. Dado o volume e a complexidade dos escritos de Van Til, entender e simplificar seu método são um desafio. Nesta consideração, o excelente trabalho de Greg Bahnsen e K.Scott Oliphint tem sido de grande ajuda para mim. Também, muitos agradecimentos para os vários amigos e colegas que leram este pequeno livro e fizeram comentários, vocês tem sido uma rica benção. A Deus toda glória.
Alguns anos atrás eu vi um artigo no Jornal “Wall Street” intitulado, “O Livro de Hitchens Menosprezando A Divindade É Um Êxito Surpreendente.” Menosprezar Deus, parece ser um grande negócio.1 Títulos recentes, como “A Ilusão de Deus”, “Deus Não é Grande: Como a Religião Envenena Tudo” e “Carta a uma Nação Cristã, são amplamente populares”.
Os ateístas modernos veem o ateísmo como justificável e científico enquanto o Cristianismo é descartado como um pensamento ansioso. Ciência e razão têm nos livrado da autoridade religiosa dogmática e da ignorância da fé cega, eles dizem. “Deus” como um conforto para o medroso e a explicação de todas as coisas para a mente simples não é mais necessário. A Ciência expôs esta muleta conveniente como mera fantasia. Pessoas sensatas examinam os fatos do universo para tirar conclusões científicas, deixando a noção obsoleta de um Deus soberano nas prateleiras de livros com outros contos de fadas.
Talvez isto soe familiar? Para o estudante universitário moderno pode ter sido a aula da manhã. Imagine jovens Cristãos no colégio com tudo o que acreditam e prezam, sendo ridicularizado e descartado como irrelevante. “Você crê seriamente que Jonas esteve dentro de uma baleia por três dias e sobreviveu, ou que todas as pessoas e animais são descendentes dos passageiros da arca de Noé? Você pode razoavelmente e cientificamente crer que a terra foi criada em seis dias, que Eva foi formada da costela do Adão, e que a teoria da evolução universalmente aceita é falsa?” E acima de tudo isto (com uma voz baixa, levantando a sobrancelha, e olhando por cima dos óculos), “você não toma reeealmente a Bíblia literalmente, toma?”
Pode ser um pouco intimidador. Corretamente ou erradamente, ninguém gosta de ser visto como um ignorante não científico. Em resposta à pressão somos tentados a modificar a verdade e a história bíblica para fazer mais aceitável para as sensibilidades modernas, especialmente se procuramos o favor da comunidade acadêmica ou da opinião pública. Somos tentados a apresentar o Deus infinito das Escrituras como limitado pelas leis do universo como nós, e não como aquele que criou, sustenta e transcende todas as coisas.
No nosso breve estudo, portanto, iremos examinar as alegações “sensatas” e “científicas” do ateísta e do agnóstico comparadas à fé “insensata” e “cega” dos Cristãos. Poderia o reverso realmente ser verdade? Poderia ser que a fé Cristã não é nem cega nem insensata, enquanto os melhores argumentos do ateísmo e agnosticismo serem construídos de passos sem base, de uma fé cega?
Os resultados poderão surpreendê-lo.
© Craig Biehl, 2011
Traduzido por Césio Johansen de Moura
1 By Jeffrey A. Trachtenberg, June22, 2007, p. B1.
À primeira vista, a alegação do ateísta de que “Deus não existe” parece ser uma simples declaração sobre a existência de Deus. Na verdade, é muito mais.
Dizer que Deus não existe implica muitas coisas referentes à natureza da humanidade e do universo, assim como de Deus. Por exemplo, dizer que Deus não existe é dizer que a humanidade e todas as coisas não são criadas, ou tiveram o seu começo, ordem e existência continuadas por si mesmas.
Dizer que Deus não existe é dizer que as leis da física e da biologia não foram criadas, ordenadas e sustentadas por Deus, porém operam com ordem precisa e padrões estabelecidos (leis) por elas mesmas. Dizer que Deus não existe é dizer que todo o amor, pensamento e existência física das pessoas existem por si mesmos à parte da sabedoria e poder de Deus.
Dizer que Deus não existe é dizer que qualquer coisa e tudo tem seu começo, existência e propósito à parte de Deus. O “Big Bang” ou diferentemente, de qualquer forma que o ateísta possa tentar explicar a origem, ordem, e magnificência do universo, não tem nada haver com “Deus”.
Portanto, a afirmação “Deus não existe” é muito mais ampla que parece a princípio, já que ela se refere à natureza de tudo que existe agora, sempre existiu ou sempre existirá. É uma alegação dogmática do que pode ou não pode ser verdade ou realidade última. E enquanto o ateísta possa humildemente admitir ignorância de muitas coisas neste mundo, isto ele sabe por certo: o universo e tudo nele não são criados, ordenados e sustentados por Deus, pois Deus não existe.
Em adição às declarações gerais relativas à natureza de Deus, humanidade e toda realidade, alegações semelhantes são subentendidas em relação à natureza do conhecimento, verdade e autoridade suprema. Como os ateístas alegam existir independentemente de Deus, assim eles creem que podem observar interpretar e fazer declarações verdadeiras sobre a natureza do universo a parte de Deus. Conhecimento verdadeiro, verdade absoluta e autoridade suprema para saber e falar a verdade existe à parte de Deus. A explanação de Deus da origem e natureza da realidade não é necessária, já que a realidade pode ser observada e interpretada com autoridade desde a limitada perspectiva do intérprete humano. E enquanto o ateísta possa admitir a possibilidade de ter falsas opiniões, ao negar a existência de Deus ele declara sua própria opinião ou interpretação da realidade como verdade com autoridade. Por exemplo, assegurar que toda vida existe à parte do Deus criador e sustentador é presumir a própria capacidade de alguém fazer uma interpretação verdadeira e com autoridade da origem e da existência final da vida.
Naturalmente, poucos teriam coragem de chamar para si mesmos a autoridade final e determinante da verdade e a sua própria interpretação da realidade como absoluta verdade. No entanto, os ateístas fazem exatamente isto.1 Como a existência de Deus e a explicação do universo são negadas, o limitado ponto de vista do intérprete humano é presumido ser o último lugar de autoridade. E enquanto os ateístas adequadamente admitem sua ignorância em relação a muitas coisas, eles permanecem certos de que Deus não existe e que nada da realidade é criado, ordenado e sustentado por Deus e que o limitado ponto de vista de um ser humano finito é suficiente para fazer tais declarações autoritárias de “verdade”.2 Se esta suposição é sensata ou não discutiremos depois, porém veja bem que o objetivo das alegações ateístas em relação a Deus, homem e realidade, também se aplica à natureza do conhecimento, verdade e autoridade final. Para assegurar a própria interpretação de alguém em relação à origem e natureza da realidade como verdade é se colocar como a autoridade final e determinante da verdade. Neste caso o ateísta assumiu o lugar de Deus.
Naturalmente segue que o juiz final da natureza de Deus, humanidade, realidade, conhecimento, verdade e autoridade final será o juiz final do certo e do errado. Assumir nenhuma responsabilidade para Deus é assumir a opinião humana como a maior autoridade moral e a vontade humana como livre para fazer o que quiser (submetida às restrições feitas pelo homem). À parte de Deus, a humanidade faz as regras.3 Isto não quer dizer que todos os ateístas vivem vidas imorais comparados com o não ateísta, ou que os ateístas não têm suas próprias razões para viver uma vida “moral”.4 Quer dizer que uma negação da existência de Deus é uma alegação de independência das leis e julgamento de Deus. “Sem Deus” significa nenhum padrão definitivo de certo ou errado, nenhuma responsabilidade final e nenhum julgamento supremo. Portanto, as alegações do ateísta são amplas em sua ética, estendendo para o governo moral do universo, o destino final da humanidade após a morte e a existência da responsabilidade final daí em diante para o mau comportamento na presente vida. Dizer que Deus não existe é dizer muitas coisas.
Cristãos fiéis de cada época são confrontados com argumentos inacreditáveis de algumas das maiores mentes da história. Oponentes contemporâneos do Cristianismo frequentemente têm graduações avançadas e podem ser especialistas nos seus campos. Para a média dos Cristãos ensinados na Escola Dominical pode ser um tanto intimidante. Devem os Cristãos ser Ph.D para responderem um Ph.D? Contudo, o número e a diversidade de argumentos a favor e contra o Cristianismo são ilimitados. Como pode o Cristão ocupado começar a apreender o grande volume de material? O só pensar é desalentador. E enquanto Deus não necessita de defesa (Sua vontade e propósito serão realizados), os Cristãos têm sido ordenados a participar do privilégio de declarar e defender sua fé. Como, então, podem os crentes adequadamente defenderem sua fé em Cristo diante de tão pesada e sofisticada oposição?
Felizmente, tão variados e sofisticados quanto os argumentos contra o Cristão possam ser, eles são surpreendentemente uniformes e simples nas suposições nas quais eles são construídos. Realmente, grandes argumentos são como bonitos edifícios, eles são tão bons como as suas fundações. Se o início das suposições de um argumento contra a existência de Deus é sem valor, a conclusão será sem valor, apesar da sofisticação do argumento. Interessantemente, muitos falsos argumentos contra o Cristianismo são bastante lógicos porque suas conclusões logicamente seguem suas suposições iniciais. Combater tais argumentos sem desafiar as suposições iniciais é fútil. Deixar as suposições iniciais sem desafio quando a conclusão segue aquelas suposições apenas encoraja descrença dando a impressão que argumentos incrédulos não podem ser logicamente refutados. Em contraste, qualquer argumento lógico será exposto como falso se as suposições iniciais são demonstradas serem falsas. Então, se as suposições falsas da argumentação ateísta puderem ser facilmente identificadas e mostradas como inverdades, a capacidade de refutar os mais sofisticados argumentos pode se tornar disponível para todos os Cristãos.5
A natureza destas suposições básicas ou fundamentais será explicada depois nos capítulos seguintes, porém uma introdução neste ponto será útil. Brevemente, todas as pessoas interpretam o que elas vêm, ouvem, sentem, tocam, cheiram e pensam a respeito de acordo com um padrão de verdade ou autoridade. Elas confiam (tem fé) nesta autoridade para o significado final das coisas. Por exemplo, Cristãos e cientistas ateístas podem concordar nas leis observadas na física, enquanto uns as veem como o resultado do tempo e mudanças e os outros como um trabalho de Deus. Enquanto vendo os mesmos fatos, eles confiam em diferentes padrões de verdade ou autoridade pela qual os interpretam. As Escrituras, como a Palavra de Deus, é a autoridade final e objeto de fé para o cientista crente, enquanto a autoridade final e objeto da fé do ateísta estão em algum lugar (a ser discutido abaixo). Em cada caso, a sensatez e a credibilidade da autoridade final ou objeto da fé de alguém está em questão. Como a bela construção numa fundação defeituosa, se a autoridade assumida na qual os ateístas constroem seus argumentos é insensata e não confiável, assim serão os argumentos construídos sobre ela.
Identificando e demonstrando que os argumentos sofisticados do ateísmo são construídos em suposições insensatas de fé envolve fazer a seguinte pergunta: “Como você sabe o que você alega que sabe?”. A aplicação cuidadosa e graciosa desta pergunta é a essência de expor o ateísmo como insensato e não científico. Naturalmente, pode ser fácil aprender os princípios enquanto o seu uso efetivo em diversas situações pode requerer tempo e experiência (como com o beisebol, violino e apologética). Contudo, como ilustrado pelo diálogo imaginário entre o Sr. Cristão (“C”) e o Sr. Ateísta (“A”),6 este método simples é fácil de aprender e efetivo quando usado com sabedoria e graça. Também, veremos que os ateístas presumem uma medida de conhecimento somente possuído pelo próprio Deus que eles negam. Ouçamos...
C: Sr. A, bom vê-lo, você está bem?
A: Estou obrigado, e você?
C: Estou bem, obrigado. Posso lhe fazer uma pergunta, Sr.A?
A: Naturalmente, Sr.C, porém sem dúvida você irá até mim de novo pelo meu ateísmo.
C: Você é meu amigo, Sr.A, e gostaria que esta amizade se estendesse na eternidade.
A: Aprecio sua atitude.
C: Eis a minha pergunta. Eu tenho na minha escrivaninha uma bonita caixa de madeira, com ornamentos entalhados e uma linda pérola incrustada. Você pode me dizer o que está dentro da minha caixa de madeira, Sr.A?
A: Quem sabe joias?
C: Receio que não. Tem outro palpite?
A: Eu não vi a caixa e não a abri como poderia saber o que está na caixa?
C: Sua resposta é bem sensata, Sr; A. Que tal sobre a minha garagem? Você sabe o que está nela?
A: Você sabe que nunca estive na sua garagem. Não tenho ideia do que está nela, embora saiba que ela não contém os seus carros.
C: Bastante cheia, receio. Diga-me, você viajou através do espaço lá fora recentemente, ou deixou o seu corpo físico vagar ao redor em outra dimensão?
A: Eu me pareço com o Dr. Who, Sr. C?
C: Você concorda, então, que está correntemente limitado às três dimensões da existência?
A: Naturalmente estou limitado. Também estou limitado segundo minhas habilidades físicas e na minha habilidade de entender sua escolha de questões, devo acrescentar.
C: Existem mais do que três dimensões? Mais do que quatro, cinco, dez ou uma centena?
A: Diga-me Sr. C, como possivelmente eu poderia saber? Nunca estive além da minha atual existência tridimensional para declarar um palpite. Você está me fazendo pergunta que eu não posso responder possivelmente. Diga-me seu propósito, Sr. C.
C: Sr. A, Deus existe?
A: Naturalmente não, sou um ateísta.
C: Eu sei que você é um ateísta, e até agora você tem sido sensato ao admitir suas limitações como um ser humano finito. Porque você deixou de ser inteiramente sensato para ser um absolutamente irracional?
A: O que você quer dizer com, absolutamente irracional? Não existe absolutamente evidência para a existência de Deus. Você é um que diz que alguém que não podemos ver existe, talvez o peso esteja sobre você para provar para mim que Deus existe.
C: Sou incapaz de provar para sua satisfação de que Deus existe.
A: Este é exatamente o meu ponto, Sr.C, não existe evidência para Deus, e você o admitiu ao dizer que não pode provar para mim que Ele existe. Estou surpreso que você desistiu tão cedo.
C: Eu não disse que não há evidência para Deus, Sr. A. O que eu quis dizer é que eu não posso por argumento somente convencer você para sua satisfação que Deus existe como você é confrontado com a evidência da Sua existência em qualquer lugar e em todo o tempo, embora ainda não acredite na Sua existência. Se o universo inteiro declara a glória de Deus, incluindo o modelo e a ordem de toda a existência criada, a provisão de todas as boas coisas, e sua própria consciência e conhecimento,7 como poderei trazer para você alguma prova nova ou adicional que o convencerá de que Ele existe? Desta forma eu não posso provar para você que Ele existe, embora a evidência para a Sua existência seja clara, evidente, detalhada e convincente, em tal extensão que a Bíblia diz que você é indesculpável por não acreditar em Deus e não dar a Ele honra e gratidão.8
A: Eu sei, eu sei, esta foi a discussão da semana passada. Assim, por que as perguntas?
C: Você está desejando admitir que suas limitações humanas com respeito a minha caixa de madeira e garagem, assim como as suas limitações humanas das três dimensões. Como é que ao mesmo tempo você alega saber sobre todas as coisas no universo?
A: Saber todas as coisas no universo? Eu não aleguei tal coisa, Sr.C. O que você tem fumado? Eu sei que você era um hippie nos anos 60, não era Sr.C?
C: Muito engraçado. Porém me diga o que você deveria saber para me dizer com certeza que Deus não existe? Você não teria de saber tudo o que pode ser conhecido no universo inteiro e além antes que você possa com certeza dizer que Deus não existe?
A: Não estou certo, nunca pensei nisto desta forma.
C: A fim de alguém dizer que Deus não existe com certeza, alguém teria de saber tudo que pudesse ser conhecido sobre cada coisa no universo e além, inclusive cada possível dimensão. Ao dizer que Deus não existe você está sugerindo que você é onisciente e que tem suficiente informação e habilidade para saber com certeza de que Deus não existe.
A: Não estou fazendo tal coisa.
C: Eu sei que você nunca claramente alegaria o atributo da onisciência de Deus. Contudo, alguém ainda precisaria ser onisciente para dizer que Deus não existe, um atributo de Deus que os ateístas dizem não existir. E enquanto você tem sido muito sensato admitindo sua limitação em não conhecer o que está na minha caixinha de madeira e garagem, você está ao mesmo tempo desejando fazer uma alegação que requer um conhecimento e habilidade infinitamente maior do que é requerido para saber os conteúdos da minha caixa de madeira e garagem. Você parece ter ido de uma posição muito racional, admitindo suas limitações humanas com respeito ao universo, para uma muito irracional que fala como se você soubesse todas as coisas, as quais você admite não conhecer.
A: Eu olho para o universo e não vejo a evidência para Deus, assim não há Deus.
C: Você está me dizendo que o que você não pode ver não pode existir? Não é isto tomar o lugar de Deus dizendo, com efeito, que o que você não pode ver ou saber não pode existir? Você está dizendo que o que pode e não pode existir no universo é determinado pelo seu limitado entendimento dele? É isto sensato?
A: Eu sei que você apenas quer que eu vá para o céu, porém estou muito cansado para discutir isto além hoje, e minhas limitações humanas requerem que eu vá comer.
C: Assim Deus nos criou Sr. A. Espero pela nossa próxima conversação.
A: Espero por ela também, Sr. C.
Esta simples ilustração revela a falha básica da alegação do ateísta. Por outro lado, o Sr.A é sensato ao admitir os limites do seu conhecimento e admitir a sua ignorância do conteúdo da caixa de madeira e garagem do Sr. C. Por outro lado ele é insensato em alegar que Deus não existe, pois ele teria de conhecer tudo sobre o universo inteiro e além para legitimamente fazer tal alegação. Ele teria de ser Deus para negar Deus, o qual ele diz que não existe. E enquanto ele reconhece sua limitada habilidade para saber muitos aspectos do universo (incluindo a caixa e a garage), ele sabe por certo que tudo é não criado, auto-existente, auto-ordenado, e não relacionado a Deus, pois Deus não existe.9 A habilidade assumida de fazer declarações com autoridade sobre o que não pode ser conhecido fora da onisciência ou direta revelação de Deus é básica a todos os argumentos ateístas. Esta é a fundação ou suposição de fé sobre a qual os argumentos ateístas são construídos. Em resumo, o ateísta tem fé em sua própria habilidade de conhecer o que não pode ser conhecido fora da onisciência ou direta revelação de Deus. O ateísta presume que a autoridade final ou padrão de verdade seja a sua própria opinião. A questão é se esta é ou não uma fundação fidedigna e sensata para os argumentos dos ateístas. Como temos visto, se a fundação é falha assim são os argumentos construídos sobre ela. Isto será visto além na discussão seguinte em relação a existência de milagres.
Ateístas tipicamente negam a existência histórica de milagres e eventos extraordinários nas Escrituras. Seus argumentos têm influenciado os círculos acadêmicos onde os estudiosos oferecem explicações alternativas das narrações da Bíblia a tempo tido como literais e históricas. Alguns rotulam narrações, consideradas históricas pelo próprio Cristo, como fábulas e mitos. Particularmente embaraçantes para alguns são as narrações históricas como Jonas na barriga de um peixe e Noé salvando o reino animal e a raça humana numa arca.Tais “estórias de crianças” são um pouco melhores do que contos de fadas para muitos. Porém como é para vermos estas narrações? Pode um Cristão no contexto moderno sensatamente manter estes eventos como históricos diante do criticismo duro e o desdém intelectual? Retornemos para a discussão em andamento entre o Sr. A e o Sr.C para mostrarmos que os crentes nunca deveriam ser intimidados pelos argumentos contra a historicidade dos milagres e eventos extraordinários das Escrituras. Ateístas usando estes argumentos operam na mesma suposição insensata de onisciência como ilustrado acima.
A: Sr. C, tem estado bem?
C: Sim, obrigado Sr. A, e você?
A: Estou bem obrigado. Tenho feito algumas leituras; eu poderia lhe fazer algumas perguntas?
A: Você crê que a Bíblia é verdade?
C: Sim, naturalmente.
A: Você crê que Jonas realmente esteve na barriga de um peixe por três dias, foi vomitado numa praia e pregou em boa saúde?
C: Sim, naturalmente.
A: (rindo) Muito engraçado Sr. C.
C: Eu realmente acredito que o evento aconteceu exatamente como escrito.
A: Meu querido Sr.C. certamente você graceja. Deveria eu também propor que uma rena voa e que uma real fada do dente ganha dinheiro para um programa de dentes molares? Eu mal posso, não posso, estou...
C: Você precisa se sentar Sr. A? Não somente acredito, é muito sensato que Jonas possa estar na barriga de um peixe por três dias no seu caminho para um compromisso de pregar. Na verdade, todos os milagres da Bíblia são muito sensatos e lógicos.
A: Hum. Sou todo ouvido nisto. Enquanto eu posso entender que, contra a razão, você deve acreditar nisto pela fé, porém como pode você dizer que todos os milagres são lógicos?
C: Bem, primeiro, não acredito que os milagres deveriam ser aceitos pela fé que seja contrária à razão ou evidência. Fé verdadeira é sensata e justificada. Tudo depende do seu ponto de partida. Como Deus tem poder infinito e criou todas as coisas, inclusive todas as leis, Ele está acima de todas as leis da “natureza” e não está sujeito às suas limitações. É sensato, portanto que um Deus com tal poder e controle sobre o universo inteiro possa ter Jonas na barriga de um peixe por três dias, ou trezentos anos, se Ele assim o desejar. Assim é que Cristo pode andar por sobre as águas, ressuscitar mortos, etc.
A: Então, você acredita que Noé realmente construiu uma arca e que todas as espécies de vida existentes são derivadas dos habitantes da arca? E como você pensa que Noé e sua família foram capazes de alimentá-los e limpar as consequências de tantos animais? Ele tinha uma arca adicional ou duas para carregar alimento suficiente para alimentar tal zoo? Isto é tão inaceitável que não posso acreditar que o estou discutindo.
C: Você se esqueceu do problema adicional de como ele fez para pegar dois de cada espécie das criaturas viventes e tê-los livremente e em boa ordem entrarem na arca para tomarem os seus lugares nas suas respectivas vagas. “Desculpe-me Sr. Leão? Você poderia pegar sua companheira e entrar na arca às 08:00 horas? E não se preocupe teremos suficiente alimento fresco para você comer, assim fique longe dos unicórnios”. “Oh querida, os tatus estão atrasados e onde estão os elefantes?” Existem mais dificuldades do que você mencionou Sr. A.
A: E você ainda acredita que seja sensato e lógico acreditar nisto?
C: Sim.
A: Certo. Ainda estou todo ouvido. Atônito, porém todo ouvido.
C: Assim como com Jonas, um Deus todo poderoso, que criou e mantém todas as coisas, pode fazer todas as coisas. A arca é brincadeira de criança para Deus. Nosso problema com a narração da arca é que tentamos explica-la de acordo com os princípios “naturais” de acordo com nossas próprias limitações, sem Deus. Noé construiu a arca, porém foi preciso o poder infinito de Deus para enchê-la e povoar a terra com animais. O Deus que pode falar e fazer um universo do nada pode certamente trabalhar com Noé para cuidar e preservar os animais.
A: Você acredita que Cristo nasceu de uma virgem?
C: Absolutamente. As Escrituras claramente ensinam que Deu o Filho tomou Ele mesmo a forma humana para agir como nosso substituto, para pagar a pena pelos nossos pecados em nosso lugar.10 Como Deus criou e mantêm todas as coisas, inclusive a procriação, Ele não está sujeito às suas limitações. Como com todos os milagres, Deus não está sujeito às restrições das leis físicas que Ele criou e mantém. Nada é impossível para Deus.
A: Porém Deus não existe, Sr.C, assim tais milagres não existem.
C: Então estamos de volta à estaca zero com nossa conversação original. A fim de você provar para mim que milagres não existem você deve provar para mim que Deus não existe, o que, como discutimos, requereria de você saber tudo sobre cada aspecto do universo e além. A mesma onipresença requerida para você negar a existência de Deus é requerida para você negar os milagres.
A: Certo, então por que alguns que se chamam Cristãos admitem que a estória de Jonas, Noé e a arca, ou o dilúvio não são fatos históricos, porém meras estórias usadas para provar um ponto teológico?
C: Boa pergunta. Se o seu ponto inicial ao interpretar as Escrituras for a pessoa e natureza de Deus assim como Ele Se revelou a Si mesmo nas Escrituras, eles não recorreriam a tais coisas. Talvez eles precisem aprender alguma teologia e apologética apropriada, Sr. A.
A: Bem, devo dizer que eles não são úteis para sua causa, pois eles parecem validar meus próprios pontos de vista. Você pensaria que se eles acreditassem em Deus como a origem de todas as coisas e tão poderoso e no controle do universo como você crê, eles saberiam que não estão em condições de questionar o que Deus pode ou não pode fazer, e não haveria problema com Jonas num peixe ou Noé e a arca como história.
C: Confesso, Sr. A, você está absolutamente correto.
A: De qualquer forma, estou grato por eles, pois eles encorajam minha descrença.
C: Talvez você pudesse falar com eles e convencê-los de serem um pouco mais consistentes com a teologia que alegam abraçar.
A: Não obrigado, Sr. C, este é seu trabalho. Falaremos de novo!
No segundo encontro dos nossos vizinhos amigáveis vemos o princípio estabelecido no seu primeiro encontro funcionando novamente, embora não pareça tão diretamente óbvio. Vemos que a rejeição dos milagres do Sr. A está baseada na sua negação da existência de Deus. Como Deus não existe não pode haver milagres. Naturalmente, isto ignora o problema real de como definir milagres num universo onde Deus não sustenta as “leis da natureza”, o que então evita uma “lei” mudar de um dia para o outro num mundo fundado na chance ao acaso?11
Para o Sr.C, milagres são tanto sensatos quanto lógicos. Um Deus infinitamente poderoso não é limitado pelas leis que Ele criou e sustenta. Milagres é meramente o poder de Deus exercido de uma maneira diferente da que Ele exerce em sustentando as leis do universo que Ele criou. Tanto as leis uniformes da “natureza” como os milagres contrários àquelas leis, igualmente requerem o poder infinito de Deus para a sua existência. Então, a visão de alguém sobre Deus determina a visão de alguém sobre os milagres e os eventos extraordinários das Escrituras. Para negar a possibilidade dos milagres alguém deve primeiro provar de que Deus não existe. E, como vimos anteriormente, alguém precisaria possuir conhecimento exaustivo de todo o universo e além para legitimamente negar a existência de Deus. Aqueles que não podem saber o conteúdo da caixa de madeira e da garagem do Sr. C não possuem tal conhecimento. Contudo, à luz de Deus como a origem de todas as coisas e determinante do que é possível no universo, é pena que alguns que professam conhecer a Deus presumem determinar o que Ele fez ou não na história, contrário ao testemunho claro das Escrituras.12 Com isto o crente professante age de acordo com os princípios do ateísta e assiste o descrente ao justificar não crer.
Assim, como na primeira ilustração, vemos que o problema final com o ateísmo são as alegações não autorizadas e irracionais sobre as quais ele se baseia. E com respeito aos milagres, até que alguém possa provar que Deus não existe, ninguém pode provar que Jonas não poderia estar na barriga do peixe por três dias, ou que leões e tigres e ursos não poderiam acompanhar Noé num cruzeiro prolongado. Deus pode falar e fazer o universo, então qual é o problema com Jonas num peixe e Noé na Arca?
Porém que tal aqueles argumentos que pretendem mostrar contradições no conteúdo das Escrituras, a fundação da fé Cristã? Como veremos abaixo, estes tipos de argumentos se baseiam nas mesmas suposições de fé fundamentando as alegações do ateísta de que Deus não existe e que os milagres das Escrituras não são verdadeiros. Ouçamos o Sr. A e o Sr. C discutirem o que é conhecido como o “problema do mal”.
A: Sr. C, tem visto alguns milagres ultimamente?
C: Você ainda está respirando, não está, Sr.A?
A: Processo natural, Sr. C, processo natural. Tenho lido alguma coisa. Poderia lhe fazer algumas perguntas?
C: Por favor, faça, estou interessando no que você descobriu.
A: A Bíblia ensina que Deus é infinitamente bom, e fará o que é bom em cada situação, correto?
C: Sim, é verdade.
A: E a Bíblia diz que Deus é todo poderoso e pode fazer qualquer coisa que deseje?
C: Sim, isto também é verdade.
A: Então o seu Deus não pode existir, pois se Deus é todo poderoso, Ele poderia evitar o mal, e se Ele é perfeitamente bom, Ele certamente evitaria o mal. Dado que o mal existe, Deus ou é menos do que perfeitamente bom ou menos do que infinitamente poderoso. Portanto, Deus, como a Bíblia O descreve, não pode existir.
C: Sr. A, você declarou absolutamente bem o que é alguma vezes chamado “o problema do mal”. Eu o elogio na sua pesquisa.13
A: Então você irá se juntar ao meu clube de ateísmo nesta noite?
C: Obrigado, talvez não. Posso lhe fazer algumas perguntas antes de você ir?
A: Certamente.
C: A forma como você colocou o problema do mal não apresenta dificuldade.
A: Sim, é um argumento logicamente válido, assim como a conclusão segue as premissas.
C: A conclusão parece seguir as premissas como você colocou, porém isto não faz a conclusão verdadeira, se as premissas podem não ser verdadeiras. Por exemplo, como sabemos que um bom Deus irá necessariamente sempre evitar o mal? Os bons pais sempre evitam toda coisa mal que uma criança possa fazer, por razões não entendidas pela criança?
A: Certamente, porém estamos falando aqui sobre Deus.
C: Sim, e os caminhos de Deus são infinitamente acima dos nossos caminhos. Suas premissas excluem a possibilidade de que Deus tenha permitido o mal por razões além da nossa compreensão. Isaías 55: 8-9 diz: “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Agora, se Deus e Seus caminhos são infinitamente mais altos do que os nossos caminhos, não é razoável que Ele conheceria coisas que não conhecemos e não poderíamos saber como seres humanos finitos?
A: Certamente.
C: Está certo dizer que você nega a existência de Deus por que você não pode entender como o mal pode existir num mundo criado por um Deus infinitamente bom e onipotente?
A: Correto.
C: Confesso que não entendo totalmente a origem do mal no mundo. Muitas explicações para a sua origem parecem inadequadas, ou parecem fazer Deus depender do mal para cumprir Seus propósitos, o que é contrário ao que as Escrituras dizem em relação ao Seu caráter santo. Porém, assim como com os milagres, dado que Deus é infinito e eu sou finito, necessariamente não entenderei tudo sobre Deus e Sua palavra. Somente posso saber o que Ele escolheu me revelar.
A: Isto não é tirar o corpo fora, Sr. C?
C: Não, é meramente uma aceitação das minhas limitações e dependência de Deus para todas as coisas, incluindo Sua explicação de Si mesmo e Seu universo. É razoável que nos contentássemos em não ter respostas para todas as questões ou soluções da vida para as coisas que não podemos conciliar em nossa mente.
//Se eu pudesse revelar todos os mistérios, eu seria Deus. Faço bem em lembrar a repreensão de Deus para Jó: “Onde você estava quando eu coloquei os fundamentos da terra?”14
A: Bem, isto não me satisfaz. Podemos não ter todas as respostas, porém se continuarmos procurando, finalmente nós as teremos.15 No presente caso, se não posso conciliar o caráter de Deus com a existência do mal no mundo,
C: Parece que voltamos ao ponto zero, Sr. A. Você esta dizendo que se não pode conciliar em sua mente limitada alguma coisa que Deus revelou sobre Si nas Escrituras, não pode ser verdade?
A: Sim.
C: Assim seu entendimento é o padrão final do que é verdade ou do que pode ou não pode existir? Poderia existir uma razão que está além da nossa atual capacidade de entender, uma que Deus sabe que não foi incluída em como você coloca o problema do mal? Toda possibilidade no universo está esgotada pela forma como você declarou o problema do mal? Poderia Deus saber alguma coisa que não sabemos?
A: Se Ele existe e é infinito, então Ele saberia mais do que nós sabemos, e não teríamos todas as respostas.
C: Você previamente admitiu as limitações do seu conhecimento ao não saber o que está na minha caixa de madeira ou garagem, e logo em seguida falou como se conhecesse tudo sobre cada aspecto do universo negando a existência de Deus. E agora, embora permaneça limitado em conhecimento, você negou a possibilidade de mistério com respeito ao mal, e fez o seu próprio entendimento o juiz final do que pode ser verdade.16 Você novamente assumiu o lugar de Deus, no qual estão todas as respostas aos mistérios do universo. Sr. A, a Bíblia nos diz que este foi o primeiro pecado da humanidade, a tentativa de tomar o lugar de Deus.
A: Certo, Sr. C, qual é então a resposta ao problema do mal?
C: Somente Deus sabe a resposta, definitivamente. Porém eu sei isto: Ele revelou Seu caráter na pessoa de Cristo, em Seu infinito amor pelos pecadores levando a pena infinita do nosso pecado sobre Si mesmo na cruz no Calvário, em Seu infinito ódio ao pecado, requerendo sua pena ser paga que nós podemos ser livres da sua condenação. Sabemos que o mal moral teve o seu começo no livre desejo da criatura e que ela não existe fora do desejo da criatura. Sabemos que o mundo é condenado porque o mal e todo o sofrimento pode, em última análise, ser seguido até o pecado e suas consequências. Sabemos que Deus proveu uma infinita solução para o mal, e que Ele a proveu a um custo infinito e sofrimento de Si mesmo.
A: Tantas pessoas parecem sofrer pelo do mal de outra pessoa. É doloroso experimentar e doloroso olhar, enquanto algumas das respostas parecem para mim como simplistas ou superficiais.
C: A dor e as dificuldades desta vida são profundas e eu seria negligente em meu próprio bem estar trata-las superficialmente ou insensivelmente. Porém apesar da profundidade do problema, posso, como um Cristão, ter grande conforto no caráter perfeito de Deus como revelado em Cristo, em Sua promessa de que a retidão irá finalmente prevalecer e que a verdadeira justiça será feita, e que todo sofrimento injusto será mais do que recompensado, e todo o mal suficientemente punido.
A: Embora eu não creia em Deus, devo admitir que aguardo que haverá justiça final para aqueles como Hitler, Stalin e Mao. Porém ainda acho sua explanação menos do que satisfatória.
C: Sim, muito permanece um mistério, porém não devemos ousar tomar o lugar de Deus alegando ter todas as respostas. Apesar das dificuldades envolvidas não podemos negar nossas limitações humanas. Podemos, contudo aceitar nosso lugar como criação de Deus e confiar Nele que tem todas as respostas. Deus sozinho rege todo o universo e deveríamos estar felizes deixando esta responsabilidade para Ele. Talvez Ele me explique a origem final do mal quando eu O vir no céu. Ele revelou claramente Sua bondade e onipotência para nós na pessoa e obra de Cristo. Ao mesmo tempo, por razões além da nossa compreensão atual, Ele permitiu o mal existir. Sei que a forma como Deus lida com o mal mostra a excelência do Seu caráter. Também sei que liberdade não requer a existência do mal, assim como seremos mais livres no céu onde o mal não será uma opção. Assim, estamos de volta onde começamos.17
A: Deixe-me saber quando você tiver a resposta.
C: Minha esperança é que seremos capazes de perguntar a Ele juntos.
A: Oh não, lá vem de novo. O jantar está chamando. Conversaremos novamente.
C: Estarei esperando.
Para recapitular, o “problema do mal” como declarado pelo Sr. A certamente é uma questão difícil para o Cristão. Na verdade, as Escrituras confrontam nosso limitado entendimento com muitas questões difíceis, como a natureza da Trindade (como será abordado abaixo), ou a predeterminação dos eventos do universo por Deus e a responsabilidade do homem por suas ações.
Aqui como com todas tais questões, o entendimento humano limitado não pode ser o juiz final do que pode ou não ser verdade. A criação do universo do nada, a pessoa de Cristo como cem por cento Deus e cem por cento homem, a Trindade, são mistérios divinos que nenhuma lógica pode explicar (embora eles sejam lógicos, dada a grandeza infinita e transcendente de Deus como revelado nas Escrituras). O ser finito criado não tem o conhecimento infinito e exaustivo de Deus e Seu universo, nem nosso entendimento constitui o determinante final da verdade. Assim é o problema do mal realmente um problema? Sim e não. O sofrimento desta vida alcança o fundo da nossa alma e nos desafia de uma forma profunda. Assim, temos grande conforto no caráter perfeito de Deus como demonstrado na pessoa e obra redentora de Cristo derrotando a morte e o mal, e na justiça final de Deus reinando e dirigindo o universo fazendo todas as coisas direito. E se as Escrituras são claras sobre todas as coisas, está claro que Deus é infinitamente bom e infinitamente poderoso e que os Seus caminhos são infinitamente mais altos do que os nossos. Se o problema do mal demonstra alguma coisa, é que não somos Deus, uma difícil verdade para a humanidade pecadora aceitar. Dizer que Deus não existe porque não posso entender o problema do mal é fazer meu entendimento limitado a autoridade final do que é verdade ou do que pode ou não existir. Fazer assim é tomar o lugar do próprio Deus, o primeiro pecado das Escrituras, e o âmago de cada pecado desde então. O ateísta pode escolher repetir o erro de Lúcifer, porém o Cristão não precisa ser intimidado por isto, pois isto é meramente a validação do que as Escrituras dizem da natureza pecadora e decaída da humanidade.
Vejamos dar agora uma breve olhada na doutrina da natureza Triuna de Deus, outra questão difícil utilizada pelos ateístas para negarem a existência de Deus.
A: Sr. C, Deus é um ou três?
C: Ambos.
A: Se entendo corretamente a visão Cristã, é errado acreditar em três deuses, porém também é errado acreditar em um Deus que meramente Se manifesta em três diferentes formas em diferentes tempos.
C: Isto é correto.
A: Então, está refutando a existência do seu Deus tão simplesmente como conhecendo a aritmética básica?
C: Para alguns poderia parecer assim, porém isto está longe de ser tão simples. As escrituras ensinam que Deus é uma pessoa que existe eternamente como três pessoas. Assim, Ele não é três deuses, porém um.
A: Nossa! Isto esclarece as coisas. Como posso possivelmente aceitar algo que soa tão irracional?
C: Relembre o que parece ser irracional para você, dada as suas limitações, não é irracional em Deus. Deus é perfeito. Ele não está sujeito às leis que Ele criou para ordenar o universo, Ele as transcende.
A: Assim chegamos à outra tirada de corpo fora: só alegue que Deus é muito alto e o argumento acaba.
C: Você está dizendo por que não pode entender como Deus pode ser ambos três e um, Ele não pode existir? Ou porque você não pode captar ou entender alguma coisa, ela não pode ser verdade? Seu limitado entender é realmente o último determinante da verdade?
A: Não posso ver como Deus pode ser uma e três pessoas ao mesmo tempo. Os Credos de Nicéia e de Atanásio parecem-me completamente sem sentido.
C: Deus como uma Trindade é realmente um mistério para nós, porém não para Deus, assim como Ele não é contido pelo nosso entendimento ou pelas limitações criadas do universo. Como Ele é infinitamente mais alto do que nós não podemos conhecer a Ele a menos que Ele conceda Se revelar para nós, e Ele se revelou para nós nas Escrituras como um Deus pessoal, subsistindo eternamente como três pessoas, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.
A: Você está me pedindo para esquecer a razão?
C: Não, somente para admitir suas limitações como um ser finito, criado, que não pode esgotar o conhecimento do nosso infinito Deus. A Trindade é Deus, e se nós pudéssemos entendê-Lo Ele não seria muito de um Deus. Infelizmente, muitos que alegam serem Cristãos concordam com sua abordagem, rejeitando doutrinas porque não podem totalmente entende-las ou explaná-las.
A: Devo admitir que eles ajudam a minha causa.
C: E, por favor, entenda, não estou negando o uso da lógica ou da razão. Deus nos deu mente para usar e lógica para ordenar nosso pensamento. Porém Ele nunca nos deu elas para negar Sua transcendência. Este seria um uso irreverente da lógica, aquele que não reconhece Deus como infinitamente maior do que somos. Devemos nos submeter à autoridade de Deus em que Ele nos falou sobre Si mesmo. Mesmo que não gostemos de admitir nossas fraquezas e limitações nós devemos aprender como pensar de uma maneira que totalmente honre a Deus e Sua infinita supremacia sobre nós.
A: Interessantemente, um Cristão uma vez me disse que a lei da não contradição é o determinante final da verdade. Isto me convenceu ainda mais que eu poderia explicar Deus inexistente, desde que a Trindade é claramente um conceito que me parece violar aquela lei.
C: É uma lei de lógica válida e útil, porém deve dobrar os joelhos à transcendência de Deus. Verdade é o que Deus diz e conhecemos a Deus pelo o que Ele escolheu revelar para nós.
A: Devo admitir, quando meus argumentos em relação aos milagres ou aparentes contradições nas Escrituras são vistas de acordo com a infinita grandeza de Deus como revelada nas Escrituras, ela tira o vento dos meus barcos. Ainda tenho dificuldade em aceitar a ideia de que eu tomo o lugar de Deus com a minha argumentação, porém vou pensar mais a respeito.
Como com o “problema do mal” a Trindade como revelada nas Escrituras é realmente um mistério além dos limites do entendimento humano. Na Trindade encontramos Deus que é infinitamente acima e além de todas as coisas (e que condescendeu claramente e pessoalmente Se revelar no tempo e no espaço para Suas criaturas). Dizer que Deus não pode existir como Ele se revelou a Si mesmo que existe é dizer que Ele não pode ser além do que podemos entender ou acima do que sabemos serem as leis do universo. Porém com que autoridade pode alguém limitar a Deus? É nossa finita compreensão que determina o que pode ou não existir? É nossa limitada perspectiva o determinante final da verdade? Nisto o ateísta está novamente operando fé não autorizada em sua habilidade de saber o que não pode possivelmente ser conhecido fora da revelação de Deus. Recusando aceitar o testemunho de Deus sobre Si mesmo, o ateísta faz declarações dogmáticas sobre a natureza final de Deus e do universo quando eles nem sequer sabem o que está na caixa de madeira ou garagem do seu vizinho. Eles declaram o que Deus pode ou não ser do ponto de vista dos cinco sentidos, três dimensões e setenta ou tantos anos na terra, quando o conhecimento de cada aspecto do universo e além é requerido para justificar sua alegação. Somente Deus possui tal conhecimento e somente Ele pode revelar para nós com autoridade o que Ele é.
Embora tenhamos visto poucos exemplos, a simples técnica de perguntar: “Como você sabe o que você alega saber?” pode ser usada com qualquer argumento ateísta. Por exemplo, alguns argumentam que Deus não pode agir no tempo e no espaço a menos que esteja confinado e limitado pelo tempo e espaço, ao contrário aos ensinamentos das Escrituras que Deus transcende o tempo e o espaço e que também atua dentro deles. Como pode a limitada perspectiva do descrente, que ele mesmo é limitado pelo tempo e espaço, concluir que o Deus infinito do universo é assim limitado? Como para lógica, matemática ou outros argumentos “científicos” negando a existência de Deus, Deus criou, sustenta e transcende todas as coisas. Ele não está limitado pelas leis “naturais” que Ele criou. Novamente, como posso conhecer que Deus é tão restringido a menos que Ele condescendesse no dizer? Ao contrário, Ele nos disse que Ele é infinitamente além do nosso entendimento, embora possamos saber que Ele escolheu revelar para nós sobre Si mesmo.
Entretanto, muitos fazem declarações injustificadas sobre Deus baseada na fé em seu próprio limitado entendimento, apesar do fato de que eles não podem possivelmente saber tais coisas fora da revelação de Deus.
Outros pontos do mal perpetrado no mundo “em nome de Deus” como prova de que Deus não existe, pois como Deus poderia ser tão bom como as Escrituras O descrevem se as suas criaturas são tão más? Fora do fato de que as Escrituras nos dizem que o homem pecador irá usar o nome de Deus para perpetrar o mal, e que estreito é o caminho da salvação e que poucos entrarão nele, tais pronunciamentos presumem conhecimento do coração de cada pessoa em cada idade, e faz a grande suposição de que Deus não tem estado trabalhando em qualquer um deles. É seguro dizer que Ele não está trabalhando nos corações daqueles que negam Sua existência, porém além de casos óbvios, as Escrituras nos dizem que é difícil separar o trigo do joio (o verdadeiro do falso crente). Entender o coração de uma pessoa já é difícil, quanto mais o coração de cada um que já existiu.18 Aqui de novo, a suposição irracional da onisciência permeando muitos argumentos ateístas está em atividade. E somente por brincadeira, talvez você esteja familiarizado com a pergunta, se Deus é tão poderoso, Ele poderia fazer uma pedra tão pesada que Ele não pudesse levantar? O suposto problema é que se Ele pudesse fazer tal pedra Ele não é onipotente porque Ele não pode levantá-la, ou se Ele não pudesse fazer tal pedra, há alguma coisa que Ele é incapaz de fazer. A simples resposta é que Deus pode fazer uma rocha de peso infinito e Ele pode levantá-la. Ele não pode ser definido fora da existência por tais supostos problemas.
No nosso breve tratamento da fé cega insensata do ateísta observamos que a declaração de que “Deus não existe” é uma alegação generalizada em relação à natureza final do homem, realidade, conhecimento, verdade, autoridade e ética. Entendendo o objetivo abrangente da alegação, somos confrontados como o ateísta é mal equipado para fazê-la. Além disso, vemos que a negação da existência de Deus está fundamentada sobre a fé insensata do ateísta em sua própria opinião e uma suposição implícita de onisciência.
Também temos visto que os milagres são sensatos e são para serem esperados considerando-se o infinito poder de Deus e Seu controle sobre as leis que Ele criou e sustenta. Para negar os milagres alguém precisa primeiro provar que Deus não existe, já que a visão de alguém sobre Deus determina a sua visão sobre os milagres. Também, negar a existência de Deus porque não podemos reconciliar o poder e a bondade de Deus com a existência do mal é reduzir Deus àquilo que podemos compreender completamente. Fazendo assim tornamos o nosso entendimento o juiz final do que Deus pode ou não pode ser e tomamos o lugar de Deus como a autoridade suprema e determinante da verdade. O mesmo se aplica aos argumentos contra a possibilidade de Deus ser uma Trindade.
Estes poucos exemplos revelam as falsas suposições que permeiam todos os argumentos contra a existência de Deus. Ao examinar a autoridade do ateísta de fazer declarações sobre a natureza final de Deus e do universo, fazemos a pergunta: “Como você sabe o que você alega saber?”. Observamos que todos os argumentos ateístas se baseiam na fé insensata da opinião humana. Alguém limitado aos cinco sentidos, três dimensões, setenta e tantos anos na terra e incapaz de conhecer o conteúdo da caixa de madeira e da garagem do seu vizinho não pode fazer declarações verdadeiras sobre a natureza final de Deus e do universo, fora da revelação de Deus que ele alega não existir. Este é um problema para o ateísta. Com boa razão as Escrituras nos dizem: “O tolo disse no seu coração”, “não há Deus” (Salmo 53:1).
Agora nos voltamos para o agnosticismo. Tendo observado que um ser humano finito é incapaz de fazer declarações verdadeiras sobre a natureza final de um Deus transcendente e Seu universo (fora da revelação de Deus) não seria o agnosticismo uma alternativa sensata dada a sua alegação de ignorância? Nossa crítica ao ateísmo confirma o agnosticismo? Vejamos.
© Craig Biehl, 2011
Traduzido por Césio Johansen de Moura
1 Mesmo que o ateísta admitisse que sua opinião não fosse mais válida do que a opinião de outro, assumindo de que Deus não existe concede autoridade final para a própria interpretação de alguém da realidade, contudo.
2 Naturalmente, muitos hoje negariam que alguém possa fazer declarações com autoridade da verdade embora tal declaração seja ela mesma um alegação auto contraditória da verdade. A contradição é facilmente ilustrada pela declaração exagerada: “não existe tal coisa como a verdade, e esta é a verdade!”
3 Friedrich Nietzsche, um filósofo germânico do século 19 e ardente oponente do Cristianismo escreveu que: “a virtude necessita ser nossa própria invenção, nossa própria maior necessidade pessoal e autodefesa: em qualquer outro sentido, uma virtude é um perigo”. “As leis mais básicas de preservação e crescimento requerem... que cada um inventasse suas próprias virtudes” [sua ênfase]. Friedrich Nietzsche, The Anti-Christ: A Curse on Christianity, in The Anti-Christ, Ecce Homo, Twilight of the Idols, and Other Writings. Ed. Aaron Ridley and Judith Norman, trans. Judith Norman. Cambridge Texts in the History of Philosophy (Cambridge: Cambridge University Press, 2005), 9-10, §11. Consistente com os princípios da teoria da evolução, o ateísmo de Nietzsche levou à exaltação do poder: “Bom” é “tudo o que aumenta a sensação de poder da pessoa, desejo do poder, do poder e si” enquanto o “mal” é “tudo que é derivado da fraqueza”. “Felicidade” é “a sensação de que o poder está crescendo, que alguma resistência foi vencida”. Não satisfação, porém mais poder, não paz, porém guerra; não virtude, porém proeza... O fraco e as falhas deveriam perecer: primeiro princípio do nosso amor à humanidade. E eles deveriam ser ajudados a fazer isso. O que é mais prejudicial do que qualquer vício? – Pena ativa para todas as falhas e fraquezas – Cristianismo (4, parágrafo 2). “A ideia Cristã de Deus – Deus como um Deus do fraco (doente)... é uma das concepções mais corruptas de Deus que o mundo jamais viu” (15, parágrafo 18).
4 Nietzsche desprezou a moralidade Cristã, porém nem todos os ateístas são tão consistentes com as implicações morais do seu ponto de vista como Nietzsche. Muitos alegam uma base para a moralidade que reflete de perto a moralidade Cristã mesmo quando sua visão de mundo afirma a seleção natural evolucionaria e sobrevivência do mais adaptado. Eles presumem a visão de mundo Cristã mesmo quando a negam. O mesmo é verdade da sua condução da ciência, filosofia ou outra coisa. A verdade da visão de mundo Cristã é suposta como o universo é presumido ser ordenado de acordo com leis uniformes e consistentes e não de acordo com caos aleatório e imprevisível. Uma discussão adequada deste ponto está além do objetivo deste livreto. Porém observe que o ateísta não vive e não pode viver de acordo com uma aplicação consistente dos seus próprios princípios professados. Ele necessariamente vive como se Deus existisse enquanto nega Sua existência.
5 Responder argumentos altamente técnicos construídos naquelas suposições pode ser deixado para os “experts”. Isto não quer dizer que os Cristãos não precisam estudar argumentos apologéticos específicos e detalhados em defesa da fé Cristã, nem é por para baixo o trabalho excelente dos cientistas e filósofos Cristãos em sua defesa do Cristianismo. Quer dizer apenas que os Cristãos não necessitam ter um Ph.D. em filosofia para responder às objeções filosóficas básicas ao Cristianismo, ou um Ph.D. em biologia ou genética para adequadamente responder às objeções do seu professor de biologia.
6 A técnica de usar diálogos ilustrativos era frequentemente utilizada por Cornelius Van Til em seus escritos. Embora a sofisticação e a perspicácia dos diálogos escritos por Van Til excedem em muito aquele que eu escrevi, de qualquer forma eu emprestei a sua técnica.
7 Veja Salmo 19:1-6, Atos 14:17, Romanos 1:19-21, 2:14-15. Os teólogos chamam a isto de revelação “geral” para distinguir da revelação “especial”, as Escrituras.
8 Todas as pessoas tem um “senso de divindade”, um conhecimento de Deus. Romanos 1:18-21 nos diz que todas as pessoas “conhecem” a Deus porque Deus Se revelou a eles, embora os descrentes pecaminosamente suprimem este conhecimento. Os crentes conhecem a Deus de uma forma diferente do que os descrentes, pois seu conhecimento inclui um verdadeiro entendimento e amor por Deus, enquanto os descrentes suprimem e distorcem o conhecimento de Deus a fim de negá-Lo. Quando as Escrituras falam dos incrédulos como não conhecendo a Deus elas se referem ao conhecimento íntimo e pessoal de Deus possuído pelos crentes.
9 Na verdade, nenhum argumento ou evidência poderia ser apresentado para convencê-lo de outra forma fora do poder e obra do Espírito Santo e das Escrituras. A Bíblia claramente ensina que os incrédulos são “hostis” a Deus (Colossenses 1:21, Romanos 8:7), eles “não podem entender” e “não podem aceitar as coisas do Espírito de Deus” (I Coríntios 2:14), eles são “obscurecidos de entendimento” (Efésios 4:18), e espiritualmente “mortos” de tal forma que as coisas excelentes de Deus e Cristo são vistas como “tolice” (Efésios 2:1, I Coríntios 1:18-23). Em todos os lugares eles são confrontados com a evidência e conhecimento de Deus em seus corações e na beleza e bênçãos do universo criado, assim eles “detém a verdade” de Deus “pela injustiça” (Romanos 1:18-22). Por conseguinte, incrédulos não são nem objetivos nem neutros no seu entendimento e interpretação de Deus e Seu universo criado.
10 As Escrituras não somente ensina o nascimento virginal como algo realizado pelo poder infinito de Deus, como também sua necessidade teológica. Cristo não poderia ser nosso salvador sem pecado se Ele estivesse sujeito ao pecado original como um descendente físico de Adão através de um pai humano. Além disso, dada a maldição sobre Jeconias da linha real de Davi (Jeremias 22:30), nenhum descendente físico de Jeconias poderia sentar no trono de Davi. José, o pai terreno de Cristo, era um descendente direto da linha real através de Jeconias (veja Mateus 1:1-17), assim Cristo era da linha real. Porém Cristo não estava sujeito à maldição sobre a “semente” ou descendentes físicos de Jeconias porque Ele foi nascido de uma virgem. Ele não era um descendente físico de Jeconias. Além disso, devido à maldição sobre os descendentes de Jeconias, Cristo é a única pessoa que poderia sentar no trono Davídico em cumprimento da aliança Davídica. O nascimento virginal, portanto, é uma absoluta necessidade teológica e uma maravilhosa figura da providência de Deus.
11 Fora de Deus, nenhuma base racional para a uniformidade ou existência das “leis da natureza” é possível, pois toda a existência e eventos seriam de acordo com chance aleatória. Entretanto, os ateístas assumem a visão Cristã de um universo ordenado em todas as áreas da vida, incluindo a ciência. Porém a única base para tal universo ordenado é o Deus que eles negam. E os milagres das Escrituras, divinamente previstos partidos daquela ordem, eles também rejeitam, então afirmando a visão Cristã do mundo que eles tentam negar.
12 Ninguém age inteiramente de forma consistente com os seus princípios aceitos. Na verdade, cada vez que pecamos negamos nossa afirmação professada do Senhorio de Cristo. Quando os crentes professos afirmam somente Deus como não criado e eterno, a origem de todas as coisas, eles não deveriam tentar explicar Suas obras na história de uma maneira aceitável para os princípios daqueles que negam que Deus é a base de toda a realidade. Isto seria negar o próprio Deus que eles professam. Nisto ou eles falham ao aplicar seus princípios declarados ou eles tem uma visão imprópria de Deus e agem de acordo com sua visão imprópria. A atitude apropriada para abordar as Escrituras é achada em Isaías 66:2, “Porque a minha mão fez todas estas coisas, e assim todas elas foram feitas, diz o SENHOR; mas para esse olharei, para o pobre e abatido de espírito, e que treme da minha palavra”.
13 Observe que o “problema do mal” vai além da existência de calamidades no mundo que são diretamente ou indiretamente o resultado do julgamento de Deus com o pecado moral, incluindo a maldição do mundo em Gênesis 3.
14 Jó 38:4, Jó 38-42 é uma passagem muito valiosa para desenvolver a humildade apropriada ao se aproximar de Deus e Sua explanação da história e realidade à luz de nossas limitações.
15 A perspectiva Cristã é que nós nunca podemos ter conhecimento infinitamente exaustivo de Deus e do universo, mesmo do céu, já que não somos e nunca seremos Deus. É somente porque o Sr. A nega a existência de Deus, e não pode conceber a vasta diferença entre o Deus da Bíblia e Suas criaturas, que ele argumenta que a humanidade irá algum dia ter todas as respostas.
16 Observe como o ateísta é tanto sensato como insensato ao mesmo tempo. Ele é sensato ao admitir suas limitações, porém insensato ao presumir conhecer o que possivelmente não pode conhecer. Ele admite e nega suas limitações ao mesmo tempo. Esta é uma característica de toda descrença. As pessoas vivem como seres criados num universo criado, sustentado e ordenado por Deus, abrangido pelo conhecimento de Deus em todo lugar, mesmo em seus próprios corações. Contudo eles presumem um conhecimento que eles não poderiam possivelmente possuir, negando a realidade que os cerca e a verdade que os confronta a cada instante. Eles fazem isto em tudo da vida, negando Deus enquanto assumem e vivem de acordo com uma realidade que eles somente podem ter pela infinitamente sábia criação do universo, mantido e ordenado pelo Deus da Bíblia que eles negam.
17 Um adequado tratamento das várias tentativas de resolver o problema do mal está além do objetivo deste pequeno livreto. Para uma apresentação concisa e crítica das soluções propostas para o problema do mal veja John M. Frame, Apologetics to the Glory of God (Phillipsburg, NJ: P&R Publishing, 1994) 149-190.
18 Aqui de novo, a repreensão de Deus a Jó é instrutiva: “Porventura também tornarás tu vão o meu juízo, ou tu me condenarás, para te justificares?” (Jó 40:8).
Agnosticismo varia da alegação mais dogmática de que “a existência de Deus não pode ser conhecida,” até a “amável e gentil” versão que alega uma “falta de evidência” para afirmá-la ou negá-la. À primeira vista, estas alegações parecem como simples reconhecimento das limitações do conhecimento humano. Numa análise mais profunda, contudo, elas dizem muito sobre Deus e o universo inteiro. Por exemplo, elas dizem que Deus não existe, ou se Ele existe, Ele é ou incapaz de se fazer conhecido ou escolheu não Se fazer conhecido, ambas afirmam algo sobre a natureza ou intenções de Deus o qual os agnósticos dizem não poder ser conhecido (mais sobre isto depois).
Também, alegações de que a existência de Deus não pode ser conhecida ou que está faltando evidência sugere que nada no universo conhecido sustenta as marcas claras da origem divina: Cristo, as Escrituras, consciência, razão, amor, lei da física e biologia, etc. Elas também sugerem que toda a “miraculosa”1 beleza e desenho do universo não mostra evidência da grande sabedoria de um planejador. As alegações intencionais ou não do agnóstico são mais detalhadas do que parece inicialmente. Elas dizem respeito à natureza de tudo que existe ou que existiu em qualquer momento, e assegura que pode ou não ser verdade de acordo com a realidade final. E enquanto os agnósticos admitem ignorância de muitas coisas, eles sabem com certeza que nada no universo conhecido mostra evidências da natureza ou existência de Deus.
Além das declarações relativas à natureza de Deus, humanidade e realidade, os agnósticos sugerem alegações similares com respeito à natureza do conhecimento, verdade, e autoridade suprema. Com as alegações agnósticas de que elas existem independentemente de Deus, ou pelo menos de que Deus não é necessário para suas existências e conhecimento, eles creem que podem observar interpretar e fazer declarações verdadeiras sobre a natureza final do universo fora da explanação de Deus sobre ele. Em outras palavras, alguém pode ter verdadeiro conhecimento, verdade absoluta e autoridade suprema para conhecer e falar a verdade sem qualquer dependência de Deus.
Como o ateísta, o agnóstico nega a necessidade da explanação de Deus para a origem e a natureza da realidade. Apesar da considerável limitação humana, ele presume sua própria habilidade para conhecer e explicar a natureza final do universo. Assim, declarando a existência e a natureza de Deus como não conhecível, e, portanto desnecessária para uma explicação adequada da realidade, os agnósticos declaram sua própria opinião ou interpretação da realidade como verdadeira e autoridade final. Poucos seriam tão audaciosos de declarar sua própria interpretação da realidade como determinante final da verdade, porém isto é exatamente o que o agnosticismo sugere.
Como a explanação de Deus sobre o universo é considerada desnecessária, o limitado ponto de observação do intérprete humano funciona como a posição final de autoridade, se isto é admitido ou não pelo agnóstico. Enquanto os agnósticos admitem livremente sua ignorância em relação a muitas coisas, como fazem os ateístas, eles, contudo permanecem absolutamente certos de que Deus não revela ou não pode revelar Sua existência e natureza para a humanidade. A realidade não tem necessidade do poder de Deus para seu começo ou contínua existência. Não sustenta marcas do Seu desenho e atividade criativa, e o limitado ponto de observação de um ser humano finito é suficiente para fazer estas declarações competentes e verdadeiras.
Que justificativas o agnóstico tem para fazer tais alegações discutiremos mais adiante, porém observe bem o objetivo das suas alegações. Eles não somente consideram Deus, homem e realidade, porém estendem também para conhecimento, verdade e autoridade final, apesar de afirmações ao contrário.
Segue, então, que se o agnóstico é o árbitro final da natureza de Deus, humanidade, e realidade, assim como do conhecimento, verdade e autoridade final, ele ou ela é, portanto o juiz supremo do certo ou errado. Se não podemos saber a natureza de Deus, ou mesmo estar seguro da Sua existência, que alegação poderia ter tal Deus (se Ele existe) sobre a humanidade? Para qual autoridade maior pode a humanidade olhar, ou para qual padrão de moralidade está a humanidade obrigada, se a existência e natureza de Deus é desconhecida? Ausente o amor e o temor de Deus, o agnóstico, juntamente com o ateísta, está livre para fazer qualquer coisa que parecer certo aos seus próprios olhos. Mesmo quando um “deus” ou ser superior é visto como uma base necessária (embora imaginária) de moralidade, a humanidade permanece como a autoridade moral suprema. E se nenhuma autoridade superior pode ser conhecida, nenhuma responsabilidade final para as ações de alguém pode ser conhecida. Novamente, isto não quer dizer que todos os agnósticos vivem vidas aparentemente imorais em relação aos Cristãos. É simplesmente dizer que a afirmação de que a existência e a natureza de Deus não podem ser conhecidas é uma alegação de independência das leis e do juízo supremo de Deus. A alegação de que Deus não pode ser conhecido implica em nenhum padrão final de certo ou errado, nenhuma responsabilidade final e nenhum juízo final. Portanto, as alegações dos agnósticos são abrangentes em sua ética, como elas se estendem para o governo moral do universo, o destino final da humanidade após a morte e a existência da responsabilidade final no daqui para frente por má conduta na vida presente. Dizer que a existência e a natureza de Deus não podem ser conhecidas é dizer muita coisa.
Ilustrando as suposições comuns subjacentes ao agnosticismo e ateísmo, retornamos à nossa conversação em andamento entre o senhor Cristão (“C”) e o senhor Agnóstico (“A”), que tem desde então trocado sua profissão de ateísmo por agnosticismo.
A: Saudações, senhor C, tenho boas notícias para você!
C: Saudações para você, senhor A, Estou ansioso para ouvi-las.
A: Não sou mais um ateísta e devo isto a você!
C: Estou emocionado, senhor A. Você virá ao nosso estudo Bíblico nesta Quinta-feira?
A: Oh, não, senhor C, nada disso. Nossa discussão sobre o ateísmo me convenceu que não tenho a onisciência necessária para declarar a não existência de Deus, pois afinal de contas, sou apenas humano. Como pode alguém com limitações mentais e físicas possivelmente saber o suficiente de cada aspecto do universo e, além disso, declarar que Deus não existe?
C: Excelente, senhor A.
A: Sim, senhor C, você me convenceu a ser um agnóstico.
C: O que?
A: Você sabe: um agnóstico. Seus argumentos foram tão convincentes que fui forçado a admitir minhas limitações como um ser humano. Constrangido por estes limites, não consigo possivelmente saber se Deus existe ou não, e é completa arrogância para alguém alegar tal conhecimento, não concorda senhor C? Além disso, Deus é tão maior que nós, não é? Você mesmo não diz isto?
C: Hum…
A: Eu era arrogante, porém eu tenho sido humilde. Eu era insensato presumindo saber o que não podia saber, assim agora sou sensato em admitir minhas limitações.
C: Isto parece uma completa transformação, senhor A. Posso fazer mais algumas perguntas?
A: Por favor, faça. Talvez desta vez você me convença a ser um Budista com sua erudição.
C: Humilde de fato, senhor A.
A: Estou brincando, faça suas perguntas.
C: Você alega que é impossível para qualquer ser humano saber se Deus existe ou não?
A: Sim.
C: Você também está dizendo que nenhum ser humano poderia saber como Deus é, mesmo que Ele existisse?
A: Certo. É sensato que não possamos saber como Deus é e se Ele existe ou não.
C: Se Deus existisse, poderia Ele Se fazer conhecido para Suas criaturas?
A: Não.
C: Eu pensei que você disse que não podemos saber como Deus é?
A: Não podemos.
C: Então porque você está me dizendo agora como Deus é?
A: Não estou lhe dizendo como Deus é.
C: Você está me dizendo que ou Ele não existe ou se Ele existe, Ele ou não tem poder ou sabedoria para Se revelar para Suas criaturas ou Ele voluntariamente escolheu não fazer isto. Como você sabe isto?
A: Porque Ele não Se revelou.
C: Como você sabe que Ele não se revelou ou não poderia se revelar?
A: Eu sei aonde você quer chegar com isto Sr. C. Certo, sou incapaz como um ser humano finito saber com certeza que Deus não poderia Se revelar e que Ele não pode possivelmente ser conhecido. Eu precisaria ter conhecimento sobre Deus para dizer tais coisas, e eu já disse que não podemos conhecer Deus. Entendi, estou me contradizendo, sendo sensato e insensato ao mesmo tempo. É a isto que você quer chegar?
C: Correto. Alegar que Deus pode ou não fazer alguma coisa é alegar conhecimento de Deus do qual você diz que não podemos ter conhecimento, uma contradição. E o que alguém teria de saber para legitimamente alegar que um Deus transcendente pode ou não fazer, independentemente de Deus falar a ele?
A: Creio que Ele teria de ser o próprio Deus, de que outra forma ele poderia saber sobre o que Deus pode ou não fazer?
C: Correto. Como discutimos antes, para dizer o que Deus pode ou não ser e o que Ele pode ou não fazer, independentemente de Ele revelar isto para você, é ter fé em sua própria opinião em relação à natureza final de Deus e do universo. Somos finitos e mal equipados para dizer tais coisas, ao menos com autoridade legítima. Você se faz novamente a autoridade final com respeito a interpretar a natureza de Deus e do universo não possuindo a capacidade para fazê-lo.
A: Quem disse alguma coisa sobre o universo?
C: Dizendo que Deus não pode Se revelar, você diz essencialmente que nada que sabemos sobre o universo dá evidência da Sua existência ou demonstra alguma coisa da Sua natureza.
A: Certo, não diz.
C: Porém como você sabe?
A: Porque olho para o universo e não vejo qualquer evidência de Deus. Pego o seu ponto original de que não posso dizer que Deus não pode ser conhecido, porque isto é me contradizer dizendo como é Deus enquanto digo que Ele não pode ser conhecido. É me fazer como Deus definindo a natureza final de Deus em que Ele pode ou não ser ou fazer, mesmo embora eu não tenha a capacidade para fazer isto. Assim, estou revisando minha posição agora.
C: Certo, pode falar.
A: Pode ser que Ele exista, pode ser que não. Simplesmente não sei. Não vou arriscar dizer se Ele pode ou não ser conhecido, ou o que Ele pode ou não fazer, já que não tenho condições para isto e somente estaria me contradizendo se o fizesse. Portanto, vou dizer isto, simplesmente não sei.
C: Você está dizendo que não há evidência?
A: Eu sei o que você vai dizer se eu disser que não há evidência. Você dirá que devo ser onisciente para dizer isto, que eu devo saber tudo o que há para saber no universo para dizer que não há evidência absolutamente. Assim vou dizer isto, talvez haja evidência, talvez não, porém eu não vi pessoalmente qualquer evidência da existência de Deus, assim simplesmente não sei.
C: Sei.
A: Sr. C, ao menos fique tranquilo que você não me convenceu a me tornar um Budista. Porém parece que ainda sou um agnóstico, embora mais esperto e mais sensato, graças a você. Agora, com toda humildade, não sei se Deus existe, porém sei que o valor da minha casa e da opinião favorável duramente conquistada dos meus vizinhos diminuirá se eu não terminar a pintura que comecei nesta manhã. Grato de novo pelas suas ideias Sr. C. É sempre um prazer.
C: Seja bem-vindo.
Parece que as coisas não saíram exatamente como o Sr. C gostaria, embora ele tenha exposto o agnosticismo dogmático inicial do Sr. A como sem base, obrigando-o a revisar sua posição. Também, o Sr. C reiterou os princípios que responderam o ateísmo inicial do Sr .A, um fundamento que por fim irá se mostrar útil ao responder ao novo e melhorado agnosticismo do Sr. A. Observamos que a afirmação dogmática, “a existência e os atributos de Deus não podem ser conhecidos” está baseada na mesma equivocada suposição do ateísmo que presume a perspectiva finita do ser humano como suficiente para saber o que só a onisciência pode saber. Contudo, a alegação do Sr. A que a existência e a natureza de Deus não pode ser conhecida é realmente uma alegação para saber o que Deus é capaz ou deseja fazer (como fazer-Se conhecido para Suas criaturas), embora o Sr. A alegue que Deus não pode ser conhecido. Isto, naturalmente, é uma contradição autoderrotada, uma alegação para saber o que o agnóstico diz que não pode ser conhecido. Contudo, assumindo a autoridade final do próprio Deus definindo o que Deus pode e não pode ser, o Sr.A colocou uma fé não justificada em sua própria habilidade de saber que ele afirmou não poder ser conhecido (e não poderia ser conhecido independentemente de uma direta revelação de Deus).
Assim, ao perguntar aos agnósticos como eles sabem o que eles dizem que sabem vemos a fé insensata e autocontraditória nas suposições implícitas nas suas alegações. Isto declara sem valor seus melhores e mais sofisticados argumentos, desde que eles estão construídos sob estas suposições. Para reiterar, como pode alguém que não sabe o que está na minha garagem ou caixa de madeira me dizer o que o transcendente Deus do universo pode ou não ser ou fazer?
Previamente eu mencionei dois tipos de agnosticismo, um que dogmaticamente assegura que a natureza e a existência de Deus não podem ser conhecidas (a versão expressada acima) e um “agnosticismo mais suave e gentil” que meramente admite uma falta de evidência. No intercâmbio mais recente vimos o Sr. A passar do primeiro para o último quando confrontado com a irracionalidade da sua alegação de que a existência e natureza de Deus não pode ser conhecida. Então, o Sr.A parece ter trocado seu agnosticismo dogmático e injustificado (aquele de definir o que Deus pode ou não ser ou fazer) para um admissão da sua própria inadequação. Ele agora admite que a evidência da natureza e existência de Deus pode existir, embora ele alegue nunca a ter visto. O Sr. A finalmente se tornou sensato em suas alegações em relação à existência e aos atributos de Deus? Seu agnosticismo “mais suave e gentil” é uma forma sensata de descrença? Ele levou mais satisfatoriamente em consideração as limitações do ponto de vista e conhecimento humano? Ouçamos...
C: Bom dia Sr. A. Sua casa parece ótima.
A: Obrigado, Sr. C, você é um cavalheiro, mesmo sendo um religioso fanático. Estou ansioso para ouvir sua resposta ao meu mais humilde e sensato agnosticismo.
C: Você é muito gentil, Sr. A. Se eu o entendi corretamente, você agora admite que a evidência da existência de Deus possa existir, porém você simplesmente não viu nenhuma, correto?
A: Correto.
C: Assim, é possível que outros possam ter visto evidência da existência de Deus que você não viu?
A: Não penso assim, já que somos humanos com experiências similares.
C: Então pode haver evidência, porém ninguém a viu?
A: Sim.
C: Se ninguém tem acesso a qualquer evidência estamos de volta à sua alegação original de que não existe nenhuma evidência de Deus. Isto pode ser porque Deus não pode, não revelou, ou não revelará Sua existência. Ou, se ele revelou, Ele escolheu não revelar para nós. Você está de volta à alegação de que Deus pode ou não ser ou fazer o que você é incapaz de fazer.
A: Está bem, pode ser que outros tenham visto evidência, porém eu não vi, e não posso ser convencido até que eu veja.
C: As Escrituras nos dizem tudo no universo, inclusive seu conhecimento, sua consciência, as estrelas, uma criança, e o alimento da sua mesa é evidência clara e óbvia.
A: Porém não vejo qualquer coisa como evidência da existência de Deus. Você diz é e eu digo não é – é um empate. Você tem sua opinião eu tenho a minha. Quem vai dizer quem está certo?
C: Sei, porém finalmente minha interpretação é baseada no testemunho das Escrituras que tudo da realidade leva as marcas da sabedoria, projeto e poder de Deus, de tal forma que tudo é sem pretexto.
A: Porém não aceito as Escrituras como verdade.
C: Assim agora podemos concordar que temos diferentes fundamentos sobre os quais baseamos nossa interpretação da verdade. Meu fundamento é as Escrituras, o seu é a sua própria opinião.
A: Porém não acredito que as Escrituras são a palavra de Deus.
C: Assim, novamente, você está depositando sua interpretação de toda a realidade, incluindo sua visão das Escrituras, na sua própria opinião, que já mostramos ser um fundamento inadequado sobre o qual interpretar a natureza de Deus e da realidade. Você não pode me dizer o que está na minha caixa de madeira, porém você sabe com certeza que as Escrituras não são a palavra de Deus. Assim você ainda está funcionando como a autoridade suprema no universo na sua interpretação da natureza de Deus e de toda a realidade. A propósito, como você sabe que as Escrituras não são a palavra de Deus?
A: Ela está cheia de contos de fada e mitos, como Jonas numa baleia. Mesmo alguns dos seus Cristãos eruditos dizem que está cheia de mitos.
C: Sim, alguns eruditos parecem ajudar você mais do que nós, Sr. A. Ainda parece que sua interpretação das Escrituras está baseada na pretensão de que Deus não existe, pois se Ele existe, milagres seriam justificados e esperados. Rejeitar a Bíblia porque você rejeita milagres é presumir que Deus não existe ou, se Ele existe presumir que Ele poderia fazer ou faria ou não faria o que você admite que não possa saber. Nós discutimos isto antes.
A: Você é frustrante.
C: Minhas desculpas. Eu vejo em cada coisa evidência para a existência de Deus; você não vê em nenhuma delas. Eu acho meu entendimento como sensato você acha sua interpretação como sensata. Certo?
A: Correto.
C: Assim vendo a beleza, o modelo, e o “milagre” do universo e não vendo evidência de Deus é sensato, certo?
A: Certo.
C: Permita-me contar uma estória. Os irmãos Jaques e Jorge foram a um museu e viram lindas esculturas e pinturas, inclusive Rembrandts e Monets. Jaques exclamou: “Oh que brilho e dom dos artistas!” Ao que Jorge falou: “Como você sabe? Não vejo nenhuma evidência dos artistas. Ver grandes artistas nestes trabalhos...”. Quem é sensato, Jaques ou Jorge?
A: Jaques, naturalmente.
C: No outro dia, enquanto jogando um sofisticado jogo de computador, Jaques exclama: “Os programadores disto são brilhantes”. Ao que Jorge responde: “Programadores? Não vejo qualquer evidência de programadores!” Quem está sendo sensato?
A: Jaques. Negar a evidência dos programadores é tolice.
C: Depois eles viajaram para esquiar com as suas esposas e viram pegadas na neve formando a frase: “Você casará comigo, coelhinha aconchegante?”. Jaques exclama: “Que romântico, uma proposta de casamento na neve, e com tal apelido fofo”. Ao que Jorge responde: “Como você sabe que alguém escreveu isto?”. Quem é mais sensato?
A: Naturalmente, qualquer pessoa sensata saberia que alguém escreveu aquilo na neve.
C: A evidência seria mais convincente se tivesse mais palavras inteligíveis ou menos palavras na neve?
A: Mais palavras. Talvez a neve caindo das árvores pudesse produzir uma ou duas palavras (embora elas fossem pegadas) porém de qualquer forma, quanto mais palavras e complexidade das sentenças, maior a evidência de que alguém escreveu aquilo.
C: Assim, se uma enciclopédia inteira estivesse na neve, seria maior a evidência de uma simples sentença?
A: Naturalmente.
C: Assim, uma pintura de um dedo poderia ser um acidente, porém uma Mona Lisa requer um pintor experiente?
A: Exatamente.
C: Se você viajar para a lua e achar um computador funcionando na superfície, o que você concluiria?
A: Não fui o primeiro a ir lá, naturalmente.
C: Poderia ter acontecido de ele estar ao longo do tempo?
A: Um computador programado e funcionando? Claro que não, esta seria uma interpretação insensata.
C: Você sabe que uma folha de grama é mais sofisticada do que qualquer coisa que a humanidade tenha produzido com todos os seus esforços tecnológicos?
A: Sim, eu tive biologia.
C: Que uma simples formiga é mais sofisticada do que um jato de Guerra F-22?
A: Garantido.
C: Então me diga por que é insensato negar que artistas, programadores ou escritores na neve existem, porém é inteiramente sensato negar que o desenhista e o construtor de uma formiga, uma flor, uma criança, bilhões de formas de vida, incluindo trilhões e trilhões de simples células, cada uma mais sofisticada do que qualquer ser humano jamais tenha criado? Você é mais ou menos sensato do que Jorge em sua alegação da não evidência de artistas, programadores, e um potencial noivo? De acordo com os seus próprios princípios, quanto maior a sofisticação e a complexidade não seria maior a evidência da genialidade do projetista?
A: Certo, porém não vejo a evidência.
REVER:
C: Você tem uma opinião, porém como ela é uma opinião sensata dada a evidência? Você pode rejeitar minha interpretação, porém minha interpretação é sensata de acordo com seu próprio critério do que constitui falta de sensatez. Quando chega a existência e a natureza de Deus, contrário aos seus próprios princípios, você vai de ser sensata para exercitando pura fé cega em sua própria opinião.
A: Porque eu faria isto, Sr. C?
C: As Escrituras dizem que nós pecaminosamente suprimimos a verdade óbvia porque somos injustos e hostis a Deus.2 A existência de artistas não tem implicações morais definitivas para nossa vida, assim facilmente admitimos sua existência diante da evidência. Porém a existência de Deus requer nossa adoração sincera e obediência a Ele, a resposta adequada ao nosso Criador. Sua existência destrona nossa posição assumida como capitão do nosso próprio barco, como intérprete definitivo da natureza de Deus homem, realidade, conhecimento, verdade, autoridade e ética. Ninguém pode abordar a existência e a natureza de Deus com a objetividade neutra de uma abordagem a uma pintura num museu. Pessoas que gostam de nomear seus próprios palpites têm um interesse compulsivo (embora insensato) de negar Deus. Isto não é contabilizado pelo fato de que eles deixam de lado sua insensatez usual e questionam a existência de Deus apesar da evidência clara, conspícua, compreensiva e convincente ao contrário?
A: Então, você está dizendo que eu propositadamente nego o óbvio porque eu desejo o meu próprio caminho e me recuso adorar a Deus?
C: Sim, e esta é a mesma razão pela qual as pessoas negam que a Bíblia é a palavra de Deus. A evidência de que a Bíblia é a palavra de Deus é tão clara, conspícua, compreensiva e convincente como a evidência de que Deus criou tudo no universo, porém as pessoas deliberadamente a rejeitam.3 Aqueles que veem as claras impressões digitais de Deus na beleza e na ordem do universo e negam Deus como Criador irão sempre negar a beleza e a excelência do Evangelho de Jesus Cristo e a Bíblia como a revelação escrita de Deus.
A: Então você está dizendo que não sou neutro e objetivo ao interpretar a evidência, que eu tenho um machado para cortar?
C: Sim, Sr. A, você sabe porque Cristo disse: “Aquele que não é por Mim é contra Mim?4
A: Não, por que?
C: Porque Ele é Deus encarnado, e você não pode ser neutro com Aquele que criou você, lhe dá todas as boas coisas, para quem você deve todo amor, honra, e obediência. Somos todos criados por Deus para gozá-Lo e dar-Lhe glória. Ser “neutro” é suprimir o claro conhecimento de Deus em ingratidão pecaminosa, rejeitar Seu propósito e trata-Lo com desprezo. Algumas vezes ignorar alguém é maior ódio do que oposição ativa. “Neutralidade” em relação a Deus é desprezar a obrigação moral por amor, honra, e obedecer ao seu Criador. Não existe meio termo para a criatura.
A: Meu jardim necessita de água, assim devo ir utilizar a sabedoria dada a mim por, bem, quem sabe?
C: Bem, vou deixá-lo com “quem sabe”. Eu irei agradecer a Deus e minha esposa pelo bife que estará esperando por mim quando chegar em casa. Deus provê ricamente para Suas criaturas, assim como Ele provê para você e lhe dá sabedoria para cuidar do seu jardim. Na verdade, “Ele não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo os vossos corações de fartura e alegria”.5 De fato, Ele proveu para você um Salvador para livrá-lo da pena pelo seu pecado determinado de ingratidão.
A: Por favor, me fale mais..
C: Em João 3:16 está escrito…
A: Está brincando! Vejo você mais tarde; estou fora para cultivar meu jardim!
C: (suspiro).
Tendo “progredido” de um agnosticismo mais estridente que alega que Deus não pode ser conhecido, o Sr. A se refugiou no “suave e gentil” agnosticismo que meramente alega uma falta de evidência. Ao fazer a mudança, no entanto, o Sr. A não mudou a sua fé cega insensata em sua própria opinião referente à natureza final de Deus e do universo, porém somente mudou sua fachada. Alegar nenhuma evidência é assumir conhecimento do universo inteiro e afirmar que ou Deus não existe, ou, se Ele existe, Ele não pode ou não irá fazer a sua existência e atributos conhecidos. Mas para fazer tal alegação, alguém teria de conhecer a existência e os atributos do Deus que não podem ser conhecidos. Admitir a possibilidade de evidência, porém negar acesso a tal evidência é um pouco diferente de alegar nenhuma evidência. Em ambos os casos, tudo da beleza e modelo “miraculoso” do universo é interpretado pelo Sr. A como sustentando nenhuma evidência de Deus.
Esta mesma alegação é contrária aos próprios princípios do agnóstico. Ela injustificadamente assume que um ser humano finito é capaz de ter o conhecimento necessário para fazer tal interpretação como fidedigna e verdadeira. O agnóstico rapidamente admite o artista atrás da grande arte, o programador atrás do programa do computador, e o escritor atrás da proposta na neve, tudo enquanto afirmando que quanto maior o desenho e a complexidade dá maior evidência de um planejador. Ao mesmo tempo, o agnóstico alega que o maior modelo e complexidade não dá evidência, contrário aos seus próprios princípios. Porque o normalmente o agnóstico sensato e lógico se torna tão insensato e ilógico com respeito à existência e a natureza de Deus? Porque admitir a existência de Deus é admitir o próprio compromisso de alguém para agradecer, adorar e obedecer a Deus como criador e provedor, admitir o compromisso do julgamento por não fazer assim, e negar a sua própria autoridade e independência. Admitir que a Bíblia seja a palavra de Deus é fazer o mesmo. E assim é que ninguém aborda a questão da existência e atributos de Deus com uma objetividade isolada, e assim é porque uma pessoa normalmente sensata vai até tão grande distância para negar o óbvio. Emprestando um dito de Irving Kristol: “Quando nos falta vontade de ver as coisas como elas realmente são não há nada mais misterioso do que o óbvio”.
As trocas entre o Sr. C e Sr. A foram elaboradas para ilustrar certos princípios e técnicas de apologética e não deveriam ser vistas como discussões típicas entre um crente e um descrente. Ao contrário, o diálogo inclui uma boa quantidade de exagero em que ele foi tão longo e longe quanto ele foi, tão cordialmente quanto ele foi, e na quantidade de terreno que o Sr.A estava desejando conceder ao Sr. C. A maioria dos Cristãos experimentou a dificuldade de corrigir incrédulos das suas noções de Deus e do universo, e concluíram que não há como predizer como uma dada conversação continua e termina. Incrédulos irão ceder bastante com referência a não essenciais. Mas quando eles percebem que o seu objeto final de fé, suas mais profundas suposições ou pressuposições sobre Deus e realidade estão a ponto de serem expostas e mostradas pelo pecado insensato que elas são, eles mudam o assunto, desistem da discussão, ignoram você, perseguem você ou então evitam a exposição das suas suposições pecaminosas e a hostilidade contra o Deus da Bíblia.
Enquanto muitas questões relativas a Deus e o universo são objetos de escárnio para discussão, o objeto final dos descrentes da sua mais profunda fé, a questão central e mais importante do seu sistema de crença, está estritamente fora de limites. Na verdade, fora do trabalho do Espírito Santo, qualquer verdadeira apresentação do Evangelho, incluindo uma chamada ao arrependimento de uma fé insensata e idólatra para a fé somente em Cristo, sempre será resistida e rejeitada tenazmente. Somente o poder de Deus pode trazer alguém para a verdadeira fé em Cristo. No entanto, somos chamados para proclamar e defender o Evangelho para os incrédulos, deixando os resultados para Deus.
Vimos que a crítica ao agnosticismo assemelha-se próximo àquela ao ateísmo, ao contrário da visão que o agnosticismo corrige os problemas inerentes do ateísmo, as alegações de fé sobre as quais eles fazem seus argumentos são virtualmente idênticas. De fato, as mesmas alegações permeiam todos os argumentos incrédulos contra as Escrituras de Deus. Então, entendendo a fé cega insensata implícita ao ateísmo e agnosticismo, o leitor será mais apto de identificar e expor as alegações de fé por trás dos argumentos incrédulos.
Como as alegações do ateísta, as alegações do agnóstico de que “a existência de Deus não pode ser conhecida” ou “que a evidência da Sua existência está faltando” são realmente afirmações sobre a natureza final de Deus, homem, realidade, conhecimento, verdade, autoridade e ética. Ao destacar o objetivo destas alegações observamos como o agnóstico é mal equipado para fazê-las.
Examinando a autoridade para fazer alegações sobre a natureza última de Deus e do universo, fazemos a simples pergunta: “Como você sabe o que você diz que sabe?” Como o ateísmo, o agnosticismo se apoia na fé não autorizada da opinião humana. Novamente vemos que o ser finito, limitado pelos cinco sentidos, três dimensões, e setenta e poucos anos na terra, não está equipado para fazer declarações dogmáticas, compreensivas e confiáveis sobre a origem e a natureza finais de Deus e do universo. Sem revelação do Deus que “não pode ser conhecido” ou de quem “a evidência está faltando”, os agnósticos são tão mal equipados como os ateístas para fazer declarações dogmáticas sobre Deus e o universo.
Por ultimo, notamos que um agnosticismo “suave e gentil” que alega uma falta de evidência para tanto afirmar como negar a existência de Deus opera nas mesmas alegações de variedade mais dogmática. Também um apelo à “falta de evidência” é contrário aos próprios princípios de interpretação e conhecimento do agnóstico. A razão rapidamente se torna insensata em face das profundas implicações da existência e autoridade de Deus sobre a vida dos incrédulos. Em defesa da sua independência assumida, as Escrituras nos dizem que os agnósticos e todos os incrédulos: detêm a verdade em injustiça, porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.6
E assim é que o agnóstico e o ateísta negam o óbvio. Não querendo renunciar o seu lugar assumido de autoridade e independência para o conhecimento e sua completa dependência do seu Criador, eles O lançam na obscuridade ou fora da existência.
Craig Biehl, 2011
Traduzido por Césio Johansen de Moura
1 Uma descrição favorita do universo e dos seus conteúdos usada pelos incrédulos.
2 Veja Romanos 1:18-21, João 3:19-20
3 Incrédulos pecaminosamente suprimem e rejeitam tanto a revelação geral como especial. Veja Lucas 16:31; João 1:9-14; 5:36-40, 46-47; 8:34-47; 10:1-16; 1 Coríntios 1:18-24; 2:6-16; 2 Pedro 1:20-21.
4 Mateus 12:30.
5 Atos 14:17.
6 Romanos 1:18b-21
Nós abordamos brevemente uma pequena amostra dos argumentos contra a existência do Deus das Escrituras, ainda apresentamos a base para a compreensão da natureza de todos tais argumentos, provendo um sistema para efetivamente responder àqueles que querem minar nossa fé em Cristo. E como em todos os princípios bíblicos, aplicação apropriada demanda estudo, reflexão, experiência e tempo.
Também, não existe uma “formula” que deva ser aplicada exclusivamente para produzir resultados esperados, pois salvação é pelo Espírito de Deus e a Palavra de Deus somente.1 Um método apologético apropriado não garante que o incrédulo irá reconhecer a insensatez da descrença nem responderá com fé salvadora. O pecador é hostil ao Deus das Escrituras e não é “neutro” nem “objetivo” ao ver os argumentos para a fé em Cristo e contra a descrença. Somente o poder de Deus pode mudar o coração pecador.
Qualquer abordagem que alguém adote ao defender e proclamar o evangelho para os incrédulos, o método e a mensagem devem de uma forma suprema honrar Cristo como criador, redentor e Senhor, e ser verdadeira ao que as Escrituras nos têm revelado sobre a natureza de Deus, humanidade, tudo da realidade criada e da própria Escritura. Métodos apologéticos que comprometem a autoridade e precisão histórica das Escrituras ou que tentem fazer as Escrituras compatíveis com a visão do descrente desonram a Deus e prejudicam a fé dos crentes, enquanto afirmando as suposições de fé da descrença.
A chamada à fé em Cristo é um chamado ao arrependimento da fé errada em ídolos feitos por nós mesmos, pois isto foi central na pregação do ministério de Cristo: “arrependei-vos e crede no evangelho” (Marcos 1:15). O arrependimento é do pecado e que maior pecado do que a idolatria, e que maior ídolo do que a nossa própria explicação de Deus e da realidade, um deus feito por nós mesmos?2 Isto estava no centro do pecado de Adão no jardim quando ele assumiu sua própria interpretação como competente ao escolher entre obedecer e desobedecer à palavra de Deus. Tal independência presumida da autoridade de Deus está no centro de cada pecado. Somos advertidos que “o que confia no seu próprio coração é insensato” (Provérbios 28:26). Este método apologético diz exatamente isto.
Ao expor a fé não autorizada e insensata dos incrédulos em sua própria opinião, expomos a sua fé num falso “deus” feito por eles, do que devem se arrepender e receber a Cristo. Proclamamos o Evangelho em nossa defesa disto e o fazemos em fidelidade a Cristo com graça e amor em direção ao incrédulo.
Naturalmente, Deus e as Escrituras não necessitam de defesa, porém Deus também não necessita de nós para trazer Sua mensagem do Evangelho. Ele é infinitamente capaz de cumprir Sua perfeita vontade fora de nossos esforços. Mas Ele nos chamou para a honra de participarmos dos Seus eternos propósitos, e ordenou a defesa e a proclamação da mensagem do Evangelho para aquele fim.
Então o primeiro objetivo da apologética é trazer as pessoas para a mensagem salvadora de vida para a salvação através da fé na pessoa perfeita e na obra redentora de Cristo apenas. Como as Escrituras são o meio apontado por Deus e suficiente para convencer os incrédulos do pecado e trazê-los ao arrependimento e salvação, assim o propósito final de qualquer encontro apologético é levar o descrente face a face com o Evangelho de Cristo das Escrituras, incluindo o que as Escrituras dizem sobre a descrença. À medida que aprendemos a aplicar os princípios da apologética bíblica em nosso contato com os incrédulos, pela graça de Deus, nossa fé e habilidade de responder aos argumentos irracionais da descrença com amor e graça irão melhorando. Quando nosso ponto de partida em todas as coisas é a natureza do nosso glorioso Deus Triuno que criou, ordenou e sustenta todas as coisas e cuja glória é demonstrada em toda a criação nós somos mais bem equipados para viver dentro do Seu mundo e interagir com aqueles que negam o óbvio. Esperamos que sejamos mais atentos em nossas conversações com os incrédulos demonstrando uma preocupação genuína com o seu bem estar, à medida que perguntamos como eles sabem o que eles alegam saber. E em tudo isto, precisamos não ser agitados pelos argumentos “aprendidos” que se opõem à fé em Cristo. Que as aplicações dos princípios possam ser apresentadas aqui com um compartilhar gracioso e paciente de Cristo quando enfrentamos os desafios à nossa fé Nele.
Finalmente, se você é um ateísta ou agnóstico que está lendo isto, a intenção deste livreto é reforçar a fé daqueles que possam ter sido sacudidos pelos ataques contra sua esperança e alegria. Não desejamos a você nenhum mal e seria um prazer recebe-lo como um irmão ou uma irmã em Cristo, para passar a eternidade com você em alegre comunhão com seu Criador e Redentor. Contudo, as palavras de Cristo permanecem como uma sóbria precaução: “Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar”. (Mateus 18:6). Nosso desejo é que você não sofra o destino daqueles que causam o tropeço da fé dos “pequeninos” de Deus.
Todos nós pecamos e carecemos do perfeito amor, honra e obediência que devemos a Deus. Todos nós zombamos e insultamos Aquele que nos criou e nos sustenta com boas coisas. Assim, como nosso substituto, agindo em nosso lugar, Cristo satisfez completamente a perfeita justiça requerida para a vida eterna e pagou a pena infinita merecida pela nossa rebelião e insultos contra Deus. Através da fé em Cristo apenas, reconhecendo o nosso pecado e confiando somente em Sua vida e morte salvadora, a perfeita justiça de Cristo é creditada para nós. Unidos a Cristo pela fé, a justiça adquirida pela perfeita vida de Cristo e pelo pagamento da pena infinita pelo pecado torna-se possessão do crente.
“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor”. (Romanos 6:23)
Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. (João 3:16-18).
Cristo pagou um preço infinito para satisfazer um débito infinito, para comprar a glória e felicidade infinitas pelo infinitamente sem valor. Ainda, por isso Ele é zombado, desprezado e negociado pelo que não satisfaz nossa alma nem nos livra da pena pelo pecado. Seu alerta é completo:
Pois, que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma? Ou, que daria o homem pelo resgate da sua alma? Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos. (Marcos 8:36-38)
Cristo oferece a você: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”. (Mateus 11:28) De um coração com infinito amor Ele oferece a você um presente infinito de graça.
Desejamos a você as maiores bênçãos de Deus como achadas através da fé somente em Cristo, o qual é o mérito e o perdão infinitos para o pior dos pecadores. Nossa esperança e oração são para que possamos estar juntos com você na presença de Deus, inculpável e com grande alegria.3
© Craig Biehl, 2011
Traduzido por Césio Johansen de Moura
1 Pessoalmente tenho visto os maiores resultados nos meus diálogos com os incrédulos quando tenho falado pouco e meramente apontado para as passagens das Escrituras para os incrédulos lerem.
2 Veja Salmos 135:15-18; Isaías 42:17; 44:9-20.
3 Veja Judas 24.