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A Juventude de Davi: Base de Treinamento para Liderança Cristã

Introdução1

No início da minha adolescência, meus pais compraram um antigo “resort. É preciso entender, no entanto, que naquela época o emprego da palavra “resort” era um pouco mais liberal do que hoje em dia; por isso, o lugar não tinha nada a ver com o tipo de lugar em que pensamos quando ouvimos a palavra “resort” atualmente. Aliás, o lugar não era nenhuma ilha da fantasia. Havia somente seis chalés; cinco deles bem rústicos, com apenas um cômodo, um pequeno vestíbulo, uma ou duas camas, uma penteadeira e um fogão a lenha. O “chalé de luxo” tinha quatro cômodos2, um dos quais incluía algo que não poderia ser encontrado em mais nenhum outro lugar da propriedade: um lavatório. Essa era a época das “casinhas” (banheiro fora de casa). Até algum tempo depois, não havia banheiro sequer na casa dos meus pais. Meus afazeres nesse lugar incluíam tirar o lixo, cortar, rachar e colocar a lenha na lareira.

Não era uma vida ruim para um garoto e, em diversos aspectos, recordo-me daqueles dias com muito carinho. No entanto, na época, algo me incomodava. Um amigo meu, colega de classe, morava a algumas centenas de metros lago abaixo. Enquanto eu tinha muitos afazeres todos os dias (a maior parte do tempo), ele parecia não ter nada para fazer. Se eu quisesse ir a alguma parte do lago, tinha de ir de bote. Ele, por outro lado, tinha uma lancha. Tecnicamente, a lancha não era dele, era do pai; mas, na prática, ele podia usá-la quando quisesse. Seu pai não só o deixava usar a lancha, mas também fornecia o equipamento e a gasolina. Meu amigo tinha um amplo rol de amigos, entre os quais belas garotas. Quando passava velozmente por mim, eu acenava para ele e voltava à limpeza dos botes3.

Não me entenda mal. Embora eu o invejasse, ele era meu amigo. Ele era muito legal e me deixava dirigir a lancha e esquiar na água sempre que eu pudesse. Mesmo assim, as coisas ainda pareciam meio injustas para mim. Por que ele tinha tudo tão fácil e eu tinha que dar duro para conseguir o que queria? Hoje, recordando aqueles dias, posso entender como Deus usou aquelas experiências para moldar minha vida. Foi a boa mão de Deus que me fez passar por tudo aquilo, para o meu bem e, afinal, para a Sua glória.

Esta lição é sobre a juventude de Davi e como Deus o preparou para ser um futuro líder. Quando comparo os primeiros anos de Saul com os de Davi (aquilo que sabemos sobre eles), não posso deixar de pensar nos anos da minha adolescência, pelo menos da forma como os via. Saul parece ter tido tudo muito fácil, enquanto Davi teve de dar duro. Vamos começar revendo os primeiros dias da vida de Saul, bem como sua unção como rei de Israel.

O Cenário da Unção de Saul

Todos devem se lembrar do motivo pelo qual Saul foi designado como o primeiro rei de Israel. A história está em I Samuel 8. Lá está escrito que o profeta Samuel já estava velho e que seus dois filhos eram corruptos4. Isso, com certeza, gerava muita inquietação com relação ao futuro da liderança da nação. Assim, os israelitas pedem um rei a Samuel, o que, em muitos aspectos, era apenas um pretexto.

“Então, os anciãos todos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e lhe disseram: Vê, já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora, um rei sobre nós, para que nos governe, como o têm todas as nações.” (I Sm. 8:4-5)5

Essa é apenas uma parte da história, a qual se desenrolará pelo restante do capítulo. Samuel fica muito desgostoso com o pedido (exigência?), mas Deus lhe diz que, na verdade, a rejeição de Israel é a Ele como rei.

“Disse o SENHOR a Samuel: Atende à voz do povo em tudo quanto te diz, pois não te rejeitou a ti, mas a mim, para eu não reinar sobre ele.” (I Sm. 8:7)

Deus, então, diz a Samuel para informar o povo sobre os altos custos de um “grande governo”. O que eles querem, na realidade, é inferior ao que eles já têm, mas a um preço bem mais alto. Por isso, Samuel lhes diz que seu rei será muito caro, pois terão de pagar impostos, ceder terras, filhos e filhas. O povo, no entanto, não se dá por vencido:

“Porém o povo não atendeu à voz de Samuel e disse: Não! Mas teremos um rei sobre nós. Para que sejamos também como todas as nações; o nosso rei poderá governar-nos, sair adiante de nós e fazer as nossas guerras.” (I Sm. 8:19-20)

Tendo os israelitas sido prevenidos sobre os custos de um rei, Deus diz a Samuel para lhes dar o que pedem (veremos que sempre que exigimos aquilo que Deus não quer nos dar, pagaremos muito caro por nossa tolice)6. Os capítulos 9 e 10 de I Samuel descrevem o processo de instalação de Saul como o primeiro rei de Israel.

Certamente, Deus não foi pego de surpresa por esse pedido. Na Lei de Moisés Ele já havia estabelecido uma série de preceitos para a escolha e para a conduta do rei de Israel7. Em I Samuel, a instalação de Saul ocorrerá em três etapas.

Fase 1: Saul é Ungido (I Samuel 9:1–10:16)

Esta sequência de acontecimentos é muito interessante, principalmente se comparada à narrativa da unção de Davi, no capítulo 16. Diferentemente de Davi, Saul não é um mero rapazote quando é ungido rei de Israel8. Há uma razão para isso: espera-se que ele assuma a liderança de imediato, ao passo que Davi terá um longo período de preparação.

Além disso, é difícil encontrar no caráter de Saul algo que o qualifique para o governo da nação. As únicas coisas que parecem distingui-lo são sua aparência e sua constituição física. Ele é um homem bem-apessoado, cuja altura o diferencia de qualquer outro israelita9. Podemos até dizer que ele é o “Golias” de Israel. Seu pai, Quis, é apresentado como um “homem importante” (NET Bible) ou um “poderoso homem de valor” (NASB) — (“homem de bens” - ARA)10.

Creio que podemos dizer ainda que Quis é um homem relativamente rico. Não acho que um pobre pudesse ter uma manada de jumentas11, por exemplo. Além disso, sabemos que ele tem uma porção de servos, um dos quais acompanha Saul na busca pelas jumentas extraviadas12. Essa caça às jumentas parece dar ao leitor algumas indicações sobre o caráter de Saul. Em primeiro lugar, ele parece incapaz de encontrá-las. Sem dúvida, essa é uma parte do plano divino; mas é de se estranhar sua falta de habilidade — habilidade, creio, como a de Davi em cuidar das ovelhas do pai.

Após alguns dias de busca infrutífera, Saul está ansioso para largar tudo e voltar para casa13. Seu servo, no entanto, não está tão ansioso para retornar de mãos vazias. É dele a idéia de “perguntar para Deus”, consultando um “vidente” ou “profeta” (Samuel) que ele conhece, o qual mora na cidade. Por que esse pensamento não ocorreu a Saul? Por que ele parece ignorar a presença do profeta ou seu poder de ajudar nessa situação? Minha opinião é que o servo parece mais bem informado a respeito das coisas espirituais que Saul.

Essa idéia é reforçada pela narrativa da unção de Saul. Depois dos acontecimentos do capítulo 8, restam poucas dúvidas de que é Samuel quem vai designar o primeiro rei de Israel. Não é de admirar que o tio de Saul esteja tão interessado no que aconteceu entre Saul e Samuel14. Em seguida à unção de Saul, Samuel lhe fala sobre os sinais que irão confirmar a presença de Deus em sua vida como rei. Primeiro ele garante que as jumentas já foram encontradas15. Depois, que Saul encontrará três homens a caminho de Betel:

“Quando dali passares adiante e chegares ao carvalho de Tabor, ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus a Betel: um levando três cabritos; outro, três bolos de pão, e o outro, um odre de vinho. Eles te saudarão e te darão dois pães, que receberás da sua mão.” (I Samuel 10:3-4)

As provisões de Saul e do servo tinham se esgotado16. A farta refeição sacrificial feita em companhia de Samuel saciou-os por algum tempo, mas o encontro com os três homens acaba reabastecendo seu suprimento de pão. Deus providencia tudo o que é necessário a Saul, não apenas o encontro das jumentas, mas também alimento suficiente para sua jornada de volta para casa. Certamente Deus também irá suprir suas necessidades quando ele for rei. No entanto, Saul irá precisar de força e sabedoria para cumprir seus deveres, por isso, ele recebe a evidência da presença e do poder do Espírito Santo em sua vida:

“Então, seguirás a Gibeá-Eloim, onde está a guarnição dos filisteus; e há de ser que, entrando na cidade, encontrarás um grupo de profetas que descem do alto, precedidos de saltérios, e tambores, e flautas, e harpas, e eles estarão profetizando. O Espírito do SENHOR se apossará de ti, e profetizarás com eles e tu serás mudado em outro homem. Quando estes sinais te sucederem, faze o que a ocasião te pedir, porque Deus é contigo.” (I Samuel 10:5-7)

Quando Saul se volta para deixar Samuel, acontece mais uma coisa que demonstra a presença do Espírito Santo:

“Sucedeu, pois, que, virando-se ele para despedir-se de Samuel, Deus lhe mudou o coração; e todos esses sinais se deram naquele mesmo dia. Chegando eles a Gibeá, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; o Espírito de Deus se apossou de Saul, e ele profetizou no meio deles. Todos os que, dantes, o conheciam, vendo que ele profetizava com os profetas, diziam uns aos outros: Que é isso que sucedeu ao filho de Quis? Está também Saul entre os profetas? Então, um homem respondeu: Pois quem é o pai deles? Pelo que se tornou em provérbio: Está também Saul entre os profetas?” (I Samuel 10:9-12)

O que quero que você perceba é a expressão de surpresa de quem testemunha (ou ouve sobre) este incidente. As pessoas parecem incrédulas. Ver Saul entre os profetas, e profetizando, é algo tão fora do normal que elas ficam chocadas, quase divertidas: “Está também Saul entre os profetas?” Creio que Saul não é considerado um homem muito espiritual, por isso, essa evidência do Espírito Santo atuando em sua vida parece boa demais para ser verdade. Nada do que vimos até agora nos faz concluir que ele seja um homem temente a Deus, cujo caráter é o fator primordial para Deus escolhê-lo como o primeiro rei de Israel. O povo quer um homem que possa liderá-los na guerra, e é isso o que Deus lhes dá.

Fase 2: Saul é Indicado por Sortes (I Samuel 10:17-27)

Ficou claro para Saul que ele seria o primeiro rei de Israel, mas não para a nação. Sem dúvida, a notícia de que ele estava entre os profetas já havia circulado, mas Deus também determinou que Sua escolha deveria ser conhecida de todos. Samuel reúne o povo em Mispa e relembra-lhes o pecado de exigir um rei, rejeitando, desta forma, a liderança do Senhor17.

Em seguida, ele faz o lançamento de sortes até Saul ser indicado como o rei escolhido de Deus. No entanto, quando o procuram, Saul não é encontrado em parte alguma. Deus, então, mostra que ele está escondido no meio da bagagem. Será que foi o Espírito do Senhor que tornou Saul humilde, relembrando-o das suas limitações?18 O povo o tira do esconderijo e, quando observam melhor, percebem que ele sobressai a todos do ombro para cima. Saul é um gigante (que se esconde no meio da bagagem). Alguns homens corajosos, cujos corações são tocados por Deus, imediatamente se unem a ele, acompanhando-o até sua casa em Gibeá.

Há outros, entretanto, cujos corações não são tocados por Deus. Tais homens são malignos e bastante céticos quanto ao que Saul pode fazer por eles. Vendo sua hesitação e seu refúgio entre a bagagem, duvidam da sua capacidade de salvá-los dos perigos enfrentados pela nação. Humanamente falando, eles estão certos, mas Deus havia Se comprometido a capacitar Saul para exercer o seu ofício.

Fase 3: Saul é Coroado após a Vitória contra os Amonitas (I Samuel 11:1-15)

Naás e os amonitas ameaçam os israelitas há algum tempo. Na verdade, esse é um dos fatores contribuintes para a exigência de Israel de ter um rei19. Após a designação de Saul, Naás ousadamente ameaça entrar guerra contra o povo de Jabes-Gileade se eles não se renderem. O povo está disposto a se render, mas Naás não está disposto a se contentar com uma vitória tão simples. Para deixar a situação ainda pior, além da rendição, ele também pretende arrancar o olho direito de cada cidadão (homem?) de Jabes. Os anciãos pedem uma semana para ver se algum irmão israelita vem em seu auxílio. Se ninguém vier, eles prometem se entregar.

Quando a notícia chega em Gibeá, Saul é poderosamente tomado pelo Espírito Santo de Deus e fica furioso. Ele abate uma junta de bois e envia os pedaços por todo Israel, ameaçando fazer o mesmo com os bois de qualquer um que deixe de se apresentar em defesa do povo de Jabes-Gileade. O resultado é um ajuntamento impressionante de israelitas e uma derrota estrondosa de Naás e seu exército — e grande popularidade para Saul. Aqueles que o apoiam querem identificar os maledicentes que questionaram sua capacidade de livrá-los dos inimigos da nação. A reação de Saul revela que este é um de seus melhores momentos como rei de Israel. Ele dá glória a Deus pela vitória e se recusa a vingar-se dos oponentes numa ocasião tão gloriosa. É neste momento que Saul parece ser oficialmente empossado como rei:

“Então, disse o povo a Samuel: Quem são aqueles que diziam: Reinará Saul sobre nós? Trazei-os para aqui, para que os matemos. Porém Saul disse: Hoje, ninguém será morto, porque, no dia de hoje, o SENHOR salvou a Israel. Disse Samuel ao povo: Vinde, vamos a Gilgal e renovemos ali o reino. E todo o povo partiu para Gilgal, onde proclamaram Saul seu rei, perante o SENHOR, a cuja presença trouxeram ofertas pacíficas; e Saul muito se alegrou ali com todos os homens de Israel.” (I Samuel 11:12-15)

Ótimo começo para Saul. Ele livrará Israel de muitos inimigos20, mas não parece ser um homem espiritual ou mesmo ter bom caráter. Ele é o que o povo quer e também o que eles merecem. Daí em diante, Saul servirá como pano de fundo para Davi, com quem seu caráter e conduta estarão sempre em contraste.

A Designação de Davi como Substituto de Saul (I Samuel 16)

Rapidamente as coisas começam a desandar no governo de Saul, como podemos ver nos capítulos 13 a 15 de I Samuel21. Em vez de esperar por Samuel como foi instruído22, Saul resolve ele mesmo oferecer o holocausto e as ofertas pacíficas. Sua desobediência resulta na repreensão de Deus por intermédio de Samuel e, como consequência, ele é informado de que seu reinado não durará:

“Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o SENHOR, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o SENHOR confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou.” (I Samuel 13:13-14)

O capítulo 14 é deveras interessante. Enquanto Saul é mostrado como um homem vacilante, que toma decisões tolas, Jônatas é mostrado como um homem de fé e coragem, um homem como Davi. Não é de admirar que eles se tornem amigos íntimos. Jônatas é tão parecido com Davi que poderia muito bem ter sido um grande rei, se Saul não tivesse sido morto em batalha ou removido do trono de alguma outra forma. Entretanto, Davi é o escolhido de Deus, e também da linhagem de Judá, da qual virá o Messias23.

Se isso não bastasse, Saul desobedece novamente e, desta vez, não há nenhuma desculpa — embora ele faça o possível para arranjar alguma. Deus ordena que ele reúna o exército e destrua totalmente os amalequitas, devido à maneira como eles trataram os israelitas quando estes tentavam entrar na terra prometida:

“Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Castigarei Amaleque pelo que fez a Israel: ter-se oposto a Israel no caminho, quando este subia do Egito. Vai, pois, agora, e fere a Amaleque, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes; porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos.” (I Samuel 15:2-3)

A obediência de Saul é parcial, não total, o que, na verdade, é desobediência:

“Então, feriu Saul os amalequitas, desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito. Tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas; porém a todo o povo destruiu a fio de espada. E Saul e o povo pouparam Agague, e o melhor das ovelhas e dos bois, e os animais gordos, e os cordeiros, e o melhor que havia e não os quiseram destruir totalmente; porém toda coisa vil e desprezível destruíram.” (I Samuel 15:7-9)

Já é hora de Israel ter um novo rei, como Deus disse no capítulo 13:

“Já agora não subsistirá o teu reino. O SENHOR buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o SENHOR te ordenou.” (I Samuel 13:14)

Deus rejeita Saul por um rei “segundo o Seu coração”. Já é tempo de Samuel parar de sentir pena de Saul e providenciar a designação do próximo rei de Israel (e a substituição de Saul).

“Disse o SENHOR a Samuel: Até quando terás pena de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite e vem; enviar-te-ei a Jessé, o belemita; porque, dentre os seus filhos, me provi de um rei. Disse Samuel: Como irei eu? Pois Saul o saberá e me matará. Então, disse o SENHOR: Toma contigo um novilho e dize: Vim para sacrificar ao SENHOR. Convidarás Jessé para o sacrifício; eu te mostrarei o que hás de fazer, e ungir-me-ás a quem eu te designar.” (I Samuel 16:1-3)

A lealdade de Samuel é enorme. No entanto, o homem a quem ele é tão leal (Saul) é o mesmo pelo qual ele receia ser morto se souber o que ele está prestes a fazer: designar outro homem como rei de Israel (a propósito, a maneira como Samuel é recebido pelos anciãos de Belém, no verso 4, demonstra serem verdadeiros seus temores). Saul tornou-se um Herodes, que matará qualquer rival ao trono. Deus, no entanto, dá instruções a Samuel para auxiliá-lo no cumprimento da sua tarefa com certa privacidade. Ele deve ir a Belém, onde realizará um sacrifício, não muito diferente daquele onde Saul foi designado rei.

Jessé e sete de seus filhos são convidados para o sacrifício. Quando Samuel põe os olhos em Eliabe, o primogênito de Jessé, não tem dúvidas de que ele é o escolhido de Deus para ser rei. Afinal, Eliabe é o primogênito de Jessé, o qual, normalmente, assume a liderança da família na ausência do pai. Pelo visto, Eliabe parece ter algumas qualidades parecidas com as de Saul:

“Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido. Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.” (I Samuel 16:6-7)

Não seria natural concluir que, aparentemente, Eliabe é “alto, moreno e bonitão”? Contudo, Deus não está para designar outro Saul. Ele está mais interessado no coração do rei. E assim, começando pelo mais velho, todos os filhos de Jessé passam diante de Samuel. Ele fica confuso, pois Deus não indica nenhum deles como Seu escolhido. Por isso, ele pergunta a Jessé se há algum outro filho. É aqui que Davi entra em cena. Ele não foi convidado para o sacrifício porque é considerado jovem demais. Ele cuida do rebanho enquanto seus irmãos mais velhos participam da cerimônia. Entretanto, quando o chamam, é ele quem Deus indica como Seu escolhido. Samuel unge Davi e o Espírito do Senhor desce poderosamente sobre ele. Tudo isso é feito na presença de Jessé e de seus outros filhos, para que todos saibam que Davi é o escolhido de Deus, não um deles.

Em minha opinião, os versos 14 a 23 do capítulo 16 de I Samuel servem como uma espécie de conclusão para o verso 13. A época exata dos acontecimentos narrados nesses versos não é muito clara para mim. Repare no início do verso 14:

“Tendo-se retirado de Saul o Espírito do SENHOR, da parte deste um espírito maligno o atormentava.” (I Samuel 16:14)

O Espírito do Senhor retira-se24 de Saul. Com certeza o leitor fará a ligação entre esta afirmação e o verso 13, onde é dito que o Espírito se apossa de Davi. Creio que a ligação lógica é evidente, mas não tenho certeza quanto à ligação cronológica. Em outras palavras, não creio que devamos, necessariamente, presumir que o Espírito do Senhor se retire de Saul e entre imediatamente em Davi. Sou mais propenso a pensar que o Espírito deixa Saul algum tempo antes de Davi ser ungido por Samuel. A desobediência de Saul no capítulo 13 parece ocorrer logo após sua posse; e sua desobediência do capítulo 15, algum tempo depois, talvez um pouco antes da unção de Davi. Algum tempo deve ter decorrido entre os dois grandes pecados de Saul e, talvez seja nessa época que o Espírito se retira e “um espírito maligno da parte do Senhor” se apossa dele.

Os versos 14 a 23 parecem demonstrar pelo menos três coisas. Primeira, uma conexão lógica entre o Espírito do Senhor se retirando de Saul e entrando em Davi. Com certeza isso serve para salientar que Deus está prestes a remover Saul do trono e substituí-lo por Davi. Segunda, os versos finais do capítulo 16 revelam a providência de Deus na preparação de Davi para o seu reinado sobre Israel. Davi é só um rapazinho, cuja vida pode ser resumida de forma simples e direta: pastor de ovelhas. Como servo de Saul, ele se familiariza com “as maneiras de um rei”. Ele observa a forma de Saul governar e aprende o cerimonial do palácio. Como escudeiro de Saul, ele também aprende a ser guerreiro e líder militar. Esse emprego é um treinamento, tão próximo do rei quanto possível.

Terceira, há também uma estranha ironia nesta passagem. Davi é empregado pelo rei para acalmá-lo sempre que o espírito maligno o atormentar. Não são a música e a conduta de Davi tão inspiradas pelo Espírito, que o mesmo Espírito que um dia capacitou Saul agora o conforta pelo ministério do seu substituto, Davi? Além disso, Davi foi designado como futuro rei de Israel em lugar de Saul. Ele, então, é escolhido por Saul como seu escudeiro. Não concordam comigo que Davi, mais do que qualquer outra pessoa, é a chave para a vida ou morte de Saul? Ele seria mais ou menos como a linha ofensiva do Dallas Cowboys, onde Saul seria o quarterback Tony Romo. Se a linha ofensiva falhar, ou não jogar direito, Romo será massacrado pelo time adversário. Tudo o que Davi precisa fazer é diminuir um pouco a velocidade e... Saul vai para o espaço! A mesma pessoa que irá substituí-lo como rei tem também o trabalho de protegê-lo.

Após analisar brevemente os acontecimentos descritos em I Samuel relacionados à unção de Davi e sua preparação para o governo de Israel, vamos considerar também outro aspecto de seu preparo, descrito no capítulo 17. Retornemos ao lugar onde ele é levado à presença de Saul, pois é ali que ele se oferece para subir contra Golias:

“Ouvidas as palavras que Davi falara, anunciaram-nas a Saul, que mandou chamá-lo. Davi disse a Saul: Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo irá e pelejará contra o filisteu. Porém Saul disse a Davi: Contra o filisteu não poderás ir para pelejar com ele; pois tu és ainda moço, e ele, guerreiro desde a sua mocidade. Respondeu Davi a Saul: Teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; quando veio um leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho, eu saí após ele, e o feri, e livrei o cordeiro da sua boca; levantando-se ele contra mim, agarrei-o pela barba, e o feri, e o matei. O teu servo matou tanto o leão como o urso; este incircunciso filisteu será como um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. Disse mais Davi: O SENHOR me livrou das garras do leão e das do urso; ele me livrará das mãos deste filisteu. Então, disse Saul a Davi: Vai-te, e o SENHOR seja contigo.” (I Samuel 17:31-37)

Esses versos nos dizem muitas coisas, tanto de Saul como de Davi. Saul, o Golias de Israel, não consegue reunir coragem para lutar contra o gigante filisteu, mas está ansioso para conversar com quem se atreva a fazê-lo. O grande problema é que o “guerreiro” (Davi) é apenas um garoto. Davi lhe assegura que tem “experiência em combate”. Quando foi preciso, ele não lutou contra nenhum gigante como Golias, mas contra feras perigosas que tentavam roubar suas ovelhas.

Gostaria que você prestasse bastante atenção ao que Davi diz nesse trecho, pois sua escolha das palavras pode facilmente passar despercebida. Ele não está dizendo que uma vez matou um urso e outra, um leão. Ele está dizendo que matou tanto ursos como leões. Por isso, seus anos como pastor de ovelhas serviram para prepará-lo para a batalha contra Golias. Enquanto cuidava do rebanho ele teve oportunidade de lutar tanto com ursos quanto com leões: “quando veio um leão ou um urso e tomou um cordeiro do rebanho...25. As palavras jactanciosas de Golias não são mais intimidadoras do que o rugido de um leão furioso ou o rosnado de um urso faminto à procura de alimento. Davi lutou de mãos nuas contra essas criaturas mortais e sempre prevaleceu. Sob sua responsabilidade, nenhuma costeleta de carneiro foi servida a animais selvagens.

No entanto, Davi não toma para si o crédito por esses feitos, como se eles fossem seus. Ele deixa claro para Saul que foi o Senhor quem o livrou das garras do leão e do urso; e é por isso que ele sabe que Deus o livrará das mãos “deste filisteu26. Ele está certo disso, pois o “incircunciso filisteu afrontou os exércitos do Deus vivo27. Ele não tem dúvida alguma de que Deus defenderá o Seu próprio nome, destruindo esse tagarela blasfemo.

Só mais uma coisa me vem à mente, a qual pode ter fortalecido a confiança de Davi para lutar contra Golias. Presumindo que ele já fora ungido por Samuel, ele tinha, então, o poder do Espírito do Senhor para capacitá-lo a prevalecer contra Golias. Além do mais, como ungido de Deus, o Senhor não permitiria que um filisteu incircunciso matasse Seu rei, da mesma forma que não permitiu que um urso ou um leão o fizessem. Segurança divina e capacitação do Espírito do Senhor dão muita coragem a um homem que confia em Deus.

Assim, Saul despacha Davi para a batalha, com sua armadura e a bênção: “Vai-te, e o SENHOR seja contigo.” Será que ele pretendia mesmo enviar Davi para lutar de acordo com as condições impostas por Golias? Golias tinha desafiado Israel a mandar apenas um guerreiro para lutar contra ele. Se esse guerreiro prevalecesse e o matasse (parece que Golias fez uma promessa), então, todo o exército filisteu se renderia. Se, contudo, Golias matasse o campeão de Israel, então, o exército israelita deveria se render. É óbvio que os filisteus não pretendiam se render, mas sim tentar escapar.

Saul versus Davi

Saul realmente não tem as qualidades necessárias para ser rei. Ele não tem personalidade, nem experiência. Ele recebe o Espírito do Senhor, mas prefere claramente seguir os desejos da carne a ceder à ação do Espírito. Deus, por fim, retira Seu Espírito dele e envia no lugar um espírito maligno; e Deus retira Saul do trono e coloca nele um homem segundo o Seu coração.

Mesmo antes de se tornar rei, nada parece faltar a Saul. Aparentemente, filho único de um benjamita rico, ele não tem de enfrentar as mesmas provações que Davi enfrenta — sozinho. Davi, por outro lado, é o caçula de oito irmãos. Ele faz o trabalho que ninguém quer — cuidar de um pequeno rebanho de ovelhas — um serviço que oferece muitos perigos e também muitas horas de solidão. Entretanto, olhando para trás, podemos ver que Deus desejava que Seu rei fosse pastor e, qual o melhor preparo para isso do que pastoreando um rebanho de ovelhas? Moisés, da mesma forma, teve muitos anos de experiência pastoreando os rebanhos de seu sogro, preparando-se para conduzir o rebanho de Deus do Egito à terra prometida.

Quem poderia pensar que os primeiros anos da vida de Davi haviam sido divinamente determinados, a fim de que suas experiências o preparassem para as tarefas impressionantes de enfrentar Golias, de lidar com a ira ciumenta do rei (Saul) ou com os desafios de liderar a nação? Deus começou a preparar Davi desde muito cedo. Na verdade, creio que podemos dizer com segurança que Ele começou a prepará-lo para sua missão quando Davi ainda estava no ventre da sua mãe:

“Pois tu formaste o meu interior, tu me teceste no seio de minha mãe.

Graças te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste; as tuas obras são admiráveis, e a minha alma o sabe muito bem;

os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.

Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda.” (Salmo 139:13-16)

“A mim me veio, pois, a palavra do SENHOR, dizendo: Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações.” (Jeremias 1:4-5)

Pense na mão de Deus sobre a vida de Davi. Deus determina que ele seja o último dos oito filhos de Jessé. Por causa disso, Ele também determina que o trabalho de guardar o pequeno rebanho de ovelhas de seu pai recaia sobre ele. Deus divinamente guia Samuel para ungi-lo como futuro rei de Israel e, depois, capacita-o com Seu Espírito muitos anos antes de ele se tornar rei, para ele poder matar os ursos e leões que tentam roubar as ovelhas de seu pai, e para poder enfrentar Golias em batalha. Deus dá a Davi horas e horas de solidão, para ele meditar em Sua Palavra e ser hábil no toque da harpa, e para aprender a usar a funda com precisão. A capacidade de Davi em todas essas coisas faz com que ele tenha contato íntimo com Saul, a fim de aprender a governar. Às vezes, ele o faz imitando Saul; outras, talvez mais frequentes, vendo os erros cometidos pelo rei. Em todas essas coisas, no entanto, Deus está moldando Davi para os anos e tarefas que virão.

Isso não se aplica somente a Davi, tantos anos atrás; aplica-se também aos cristãos de hoje. O Dr. S. Lewis Johnson foi um dos grandes pregadores de sua época. Ele foi Diretor do Departamento de Novo Testamento (Grego) do Seminário Teológico de Dallas por quase 25 anos. Antes de aceitar a salvação, ele estava em dúvida quanto ao que iria estudar na Faculdade. Ele era um jogador de golfe muito bom, por isso, decidiu estudar algo que lhe permitisse ter as tardes livres para jogar: foi estudar grego. Posteriormente, ele foi levado à fé pelo ministério do Dr. Donald Grey Barnhouse, e o resto todo mundo sabe. Deus o estava preparando para o seu chamado antes mesmo de ele ser salvo.

Meu amigo, se você é cristão, Deus tem um propósito e um chamado para sua vida. Você já sabe qual é ele? Pois deveria, e pela providência de Deus, você saberá. Deus o formou ainda no ventre da sua mãe, a fim de que você coloque em prática esse chamado. Da mesma forma, Deus tem moldado você por intermédio das suas experiências, começando na sua infância. Sem dúvida, na época, essas experiências não pareciam parte de um plano maior. E, muito provavelmente, muitas delas, como as de Davi, não foram nada agradáveis. À medida que me recordo da minha vida, posso ver a mão de Deus me moldando e preparando para o que Ele me chamou a fazer. Se você é cristão, também deveria começar a ver a mão de Deus em sua vida.

Aprendendo a ser um pastor fiel, Davi não só aprendeu a liderar a nação como pastor, mas tornou-se também um tipo do Senhor Jesus, o Grande Pastor:

“Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.” (Ezequiel 34:1-4) 

“Por isso, assim lhes diz o SENHOR Deus: Eis que eu mesmo julgarei entre ovelhas gordas e ovelhas magras. Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora, eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse.” (Ezequiel 34:20-24)

Não sabemos exatamente quando Davi começou a ter fé no Deus de Israel, mas seu relacionamento com Ele parece ter crescido muito nos primeiros anos como pastor. Relacionamento com Deus começa quando O aceitamos como o nosso pastor:

[Salmo de Davi]

O SENHOR é o meu pastor;

nada me faltará.

Ele me faz repousar em pastos verdejantes.

Leva-me para junto das águas de descanso;

refrigera-me a alma.

Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte,

não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo;

o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários,

unges-me a cabeça com óleo;

o meu cálice transborda.

Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida;

e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre. (Salmo 23:1-6)

O Senhor Jesus é o “Bom Pastor”, em quem devemos confiar para ter a vida eterna.

“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa. O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as ovelhas.” (João 10:11-13)

Ele conquistou a salvação para os pecadores perdidos tornando-Se Ele mesmo (metaforicamente) um cordeiro — o Cordeiro de Deus:

“Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do SENHOR? Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse. Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido. Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em sua boca.” (Isaías 53:1-9, ênfase minha)

Não é de admirar que João Batista apresente Jesus desta forma:

“Respondeu-lhes João: Eu batizo com água; mas, no meio de vós, está quem vós não conheceis, o qual vem após mim, do qual não sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias. Estas coisas se passaram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando. No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas, a fim de que ele fosse manifestado a Israel, vim, por isso, batizando com água. E João testemunhou, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de fato, vi e tenho testificado que ele é o Filho de Deus.” (João 1:26-34)

Quando passamos a confiar em Jesus como o “Cordeiro de Deus”, o Único que morreu pelos nossos pecados e que ressuscitou da morte, então nos tornamos capazes de olhar para o passado e ver como Deus nos preparou desde a nossa concepção para o serviço para o qual Ele nos salvou. Se você confia em Jesus, então Deus o salvou para um propósito. Ele tem um trabalho específico para o qual Ele prepara você. Eu o exorto a fazer disso um motivo de oração e a buscar os ministérios que Deus coloca em seu caminho.

Se você é um jovem que confia em Jesus, gostaria de lhe dizer que Deus já está trabalhando na sua vida. Aprenda as lições que Ele tem para lhe ensinar. Aprenda a confiar nEle e a cumprir fielmente suas obrigações, dependendo do poder do Espírito de Deus. Isso o preparará para os dias vindouros e para o chamado do Senhor. Cuidado com suas decisões e com seus hábitos, pois eles o seguirão quando for adulto. Maus hábitos são empecilhos que você terá de superar (pela graça de Deus). Hábitos cristãos o prepararão para os desafios que estão à sua frente. Reconheça que Deus está trabalhando em sua vida desde já, preparando-o para aquilo que Ele tem para você no futuro.

O programa de desenvolvimento de Deus para liderança começa desde cedo em sua vida. Ele não é realizado em sala de aula, nem por meio de um curso formal (ainda que tais cursos possam ser muito benéficos); ele ocorre na escola da vida. Deus nos coloca em situações difíceis e desafiantes para aprofundar nossa confiança em Jesus e fortalecer nosso compromisso com Ele. O programa de Deus envolve submissão e sofrimento. Deus não Se interessa tanto pela aparência externa quanto pelo nosso coração. Confiemos nEle para que Ele faça de nós homens e mulheres segundo o Seu coração.

Tradução: Mariza Regina de Souza


1 Direitos autorais © 2007 pela Community Bible Chapel, 418 E. Main Street, Richardson, TX 75081. Esta é a versão editada da Lição nº 1 de Tornando-se um Líder Segundo o Coração de Deus: Estudos na Vida de Davi, minissérie de Seguindo a Jesus em um Mundo Egocêntrico, preparada por Robert L. Deffinbaugh em 11 de março de 2007. Qualquer pessoa tem liberdade para usar este material apenas com fins educacionais, com ou sem referência à autoria. A igreja acredita que o material aqui apresentado está fundamentado nos ensinos das Escrituras, e deseja favorecer, não restringir, seu uso potencial como auxílio ao estudo da Palavra de Deus. A publicação é uma concessão da Community Bible Chapel.

2 Este é o chalé onde eu Jeanette, minha esposa, passamos o primeiro verão quando nos casamos. Agora ele nos pertence. O valor do imposto está estimado em US$ 750,00, e mato com mais de um metro de altura cresce no telhado.

3 Estou certo de que minhas lembranças são meio distorcidas, mas era assim que me parecia naquela época.

4 I Samuel 8:1-3.

5 A menos que haja outra indicação, todas as citações das Escrituras são da NET Bible. A NEW ENGLISH TRANSLATION (Nova Tradução em Inglês), também conhecida como NET BIBLE, é uma versão inteiramente nova da Bíblia, não uma revisão ou atualização de outra versão em inglês. Ela foi concluída por mais de vinte estudiosos da Bíblia, os quais trabalharam a partir dos melhores textos hebraico, aramaico e grego atualmente disponíveis. O projeto de tradução originalmente teve início como uma tentativa de fornecer uma versão eletrônica de uma tradução moderna para distribuição pela Internet ou em CD. Pessoas de todos os lugares do mundo com acesso à Internet poderão usá-la e imprimí-la para uso pessoal, sem qualquer custo. Além disso, quem desejar compartilhá-la com outras pessoas pode imprimir quantas cópias quiser e distribui-las livremente. A Bíblia encontra-se disponível no site: www.netbible.org

6 Ver Salmo 106:15

7 Ver Deuteronômio 17:14-20

8 Em I Samuel 13:1, as evidências dos manuscritos são problemáticas (na verdade, não existem) quanto à idade de Saul na época de sua unção como rei, e quanto ao tempo que ele reinou. Minha versão antiga da NASB diz que ele tinha quarenta anos; a versão mais recente (1995) diz que tinha trinta, junto com muitas outras. A ESV nem mesmo se arrisca a sugerir sua idade. Minha opinião é que ele não era nenhum rapazote quando se tornou rei de Israel, como Davi quando foi ungido por Samuel.

9 I Samuel 9:2

10 A nota à margem da NASB indica que isso pode se referir à riqueza ou influência de alguém, mas em sentido mais comum refere-se a um homem que se distingue em batalha.

11 O texto deixa claro que esses animais são jumentas. Embora o texto de Jeremias 2:24 fale de jumentas selvagens, talvez explique o motivo da fuga dessas “fêmeas”.

12 I Samuel 9:3

13 I Samuel 9:5

14 I Samuel 10:14-16

15 I Samuel 10:2

16 I Samuel 9:7

17 I Samuel 10:18-19

18 Ver I Samuel 15:17

19 Ver I Samuel 12:12-13

20 Ver I Samuel 14:47-48

21 À luz de I Samuel 14:47-48, não seria certo concluir que o reinado de Saul tenha sido só uma sequência de erros. Ele realmente teve muitos êxitos como líder de Israel na guerra. Os capítulos 13 a 15 não pretendem caracterizar sua carreira militar, mas relevar as falhas morais e espirituais que levaram seu reino a ser retirado dele e dado a Davi.

22 I Samuel 10:8

23 Gênesis 49:10

24 As traduções diferem quanto a se o Espírito (já) tinha se retirado de Saul ou se acabara de fazê-lo (como indicado pela NASB e outras versões: “o Espírito do Senhor deixou Saul”).

25 I Samuel 17:34

26 I Samuel 17:37

27 I Samuel 17:36

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