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Where the world comes to study the Bible

8. A Graça De Deus

Introdução

Para ilustrar a graça de Deus, tenho frequentemente contado a estória verídica de meu amigo que comprou um Jaguar conversível novinho após retornar como veterano do Vietnã. Enquanto ainda usando seu uniforme de faxina do exército, meu amigo começou cedo numa manhã a dirigir num trecho ermo de uma estrada em Oklahoma.

Decidido a ver quão rápido seu carro poderia correr, ele acelerou até sua máxima velocidade. Assim que ele chegou ao topo de uma pequena colina, ele alcançou a velocidade máxima. E lá, no topo da colina, fora de visão, até ser muito tarde, estava um guarda rodoviário com seu radar. Meu amigo sabia que estava tudo acabado, embora ele andasse cerca de uma milha até fazer o carro parar, ele sentou esperando o guarda alcançá-lo.

O guarda parou o seu carro e lentamente se aproximou do meu amigo, que estava esperando com a sua carteira de motorista em suas mãos. “Você tem uma ideia de quão rápido você estava indo?” ele perguntou. “Não exatamente” meu amigo respondeu delicadamente. “Cento e sessenta e três milhas por hora,” o guarda respondeu. “Isto soa certo para mim,” meu amigo disse.

Meu amigo não esperava a próxima frase do guarda: “Você se importaria se eu desse uma olhada no motor?” ele perguntou. “De maneira alguma,” meu amigo falou. Depois de mais ou menos meia hora, os dois homens acabaram de tomar um copo de café numa cafeteria próxima antes do guarda ir embora, sem ter dado uma multa para o meu amigo!

Costumo dizer que se o guarda pagou pelo café, isto era graça.1 Porém realmente não é a espécie de graça da qual a Bíblia fala. Em resposta ao pedido de Moisés para ver a glória de Deus (Êxodo 33:18), Deus permitiu que Moisés visse uma porção dela:

5 - E o SENHOR desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do SENHOR. 6 - Passando, pois, o SENHOR perante ele, clamou: O SENHOR, o SENHOR Deus, misericordioso e piedoso, tardio em irar-se e grande em beneficência e verdade; 7 - Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração. (Êxodo 34:5-7)

A glória de Deus é vista, em parte, pela Sua graça. Ele é misericordioso e piedoso (versículo 6). Porém, além disso, Deus não deixa o culpado sem punição (versículo 7). A graça de Deus não ignora o pecado; ela  pune o pecado, porém de uma forma a qual perdoa quem é culpado.

Eu, portanto devo revisar minha ilustração, adicionando uma pequena ficção para mais acuradamente descrever a graça de Deus. Quando meu amigo alcançou o topo da colina a 163 milhas por hora, ele apertou com força no freio, fazendo o carro sair do controle, batendo no carro do guarda, quase o destruindo e ferindo muito o guarda.  Ao invés de deixar meu amigo ir, sem uma multa, o guarda deve escrever uma multa, e então pagar ele mesmo a multa. Ele deve permitir o meu amigo não pagar por nada – mesmo o café. Agora isto deve ser graça, a espécie de graça que a Bíblia fala a graça de Deus por aqueles que são salvos.

Nossa lição considera a graça de Deus, um assunto tão imenso que poderíamos levar a eternidade tentando penetrá-lo. Consequentemente, tentarei sumarizar alguns dos elementos essenciais da graça de Deus chamando a sua atenção para três histórias da Bíblia as quais descrevem a graça de Deus.

A primeira história é a de Jacó e a graça de Deus (Gênesis 25-32; Oséias 12:2-6), a segunda é a de Jonas e a graça de Deus, e a última sobre Jesus e a mulher pega em adultério (João 8:1-11). Nestas três histórias, encontraremos um homem que finalmente cessa de lutar com Deus e os homens e se lança na graça de Deus (Jacó). Consideraremos um homem que é profeta, e que odeia a graça de Deus (Jonas). E veremos uma mulher que é recipiente da graça de Deus, enquanto permanece condenada por alguns dos auto-justos pares (a mulher de João 8:1-11)

Jacó e a Graça de Deus2

Jacó não é o primeiro exemplo da graça de Deus, porém é um dos exemplos mais impactantes do Velho Testamento. Parece que levou 130 anos para Jacó começar a apreender o que significa viver pela graça de Deus (veja Gênesis 47:9). Existe um ponto de virada crucial na vida de Jacó onde ele começa a confiar na graça de Deus. É este ponto de virada, registrado em Gênesis 32:22-32 e mais cuidadosamente interpretado em Oséias 12:2-6, sobre o qual gostaria de focalizar nossa atenção.

Mesmo antes de nascer, Jacó era um homem que lutava com outros.

21 - E Isaque orou insistentemente ao SENHOR por sua mulher, porquanto era estéril; e o SENHOR ouviu as suas orações, e Rebeca sua mulher concebeu. 22 - E os filhos lutavam dentro dela; então disse: Se assim é, por que sou eu assim? E foi perguntar ao SENHOR. 23 - E o SENHOR lhe disse: Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas, e um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor. 24 - E cumprindo-se os seus dias para dar à luz, eis gêmeos no seu ventre. 25 - E saiu o primeiro ruivo e todo como um vestido de pelo; por isso chamaram o seu nome Esaú. 26 - E depois saiu o seu irmão, agarrada sua mão ao calcanhar de Esaú; por isso se chamou o seu nome Jacó. E era Isaque da idade de sessenta anos quando os gerou. (Gênesis 25:21-26)

Quando os meninos cresceram, Jacó pensou em ir em frente lutando com seu irmão:

27 - E cresceram os meninos, e Esaú foi homem perito na caça, homem do campo; mas Jacó era homem simples, habitando em tendas. 28 - E amava Isaque a Esaú, porque a caça era de seu gosto, mas Rebeca amava a Jacó. 29 - E Jacó cozera um guisado; e veio Esaú do campo, e estava ele cansado; 30 - E disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer desse guisado vermelho, porque estou cansado. Por isso se chamou Edom. 31 - Então disse Jacó: Vende-me hoje a tua primogenitura. 32 - E disse Esaú: Eis que estou a ponto de morrer; para que me servirá a primogenitura? 33 - Então disse Jacó: Jura-me hoje. E jurou-lhe e vendeu a sua primogenitura a Jacó. 34 - E Jacó deu pão a Esaú e o guisado de lentilhas; e ele comeu, e bebeu, e levantou-se, e saiu. Assim desprezou Esaú a sua primogenitura. (Gênesis 25:27-34)

A última gota no relacionamento entre Jacó e Esaú ocorreu quando Jacó enganou seu pai fazendo pensar que ele era Esaú, e com isso obtendo as bênçãos do seu pai (Gênesis 27). Na realidade, foi Jacó que era para governar sobre Esaú. Isaque parece tentar reverter o fato de que Jacó tomaria o lugar do primogênito, assim como Deus tinha indicado (Gênesis 25:23). Porém Rebeca e Jacó estavam errados na forma que obtiveram a benção de Isaque. De novo, Jacó estava lutando com os homens e não de uma forma que o recomenda.

Como resultado da sua decepção, Esaú ficou furioso com Jacó, assim seus pais o enviaram para Pada-arã para ter uma esposa (Gênesis 27:41-28:5). No seu caminho, Jacó tem uma visão a qual indica que a terra onde ela estava eram as “portas do céu” (28:10-17). Era para servir como um forte incentivo para Jacó retornar e não ficar permanentemente em Pada-arã. Após sua dramática visão, Jacó fez uma aliança com Deus, uma que o mostra ainda lutando e falhando em descansar na graça de Deus:

20 - E Jacó fez um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que faço, e me der pão para comer, e vestes para vestir; 21 - E eu em paz tornar à casa de meu pai, o SENHOR me será por Deus; 22 - E esta pedra que tenho posto por coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te darei o dízimo. (Gênesis 28:20-22)

Alguns podem ver a promessa de Jacó como uma espécie de “fé garantia”; Eu vejo de outra forma. Observem todos os “se” do compromisso de Jacó com Deus são baseados na realização de Deus em suprir as necessidades de Jacó, como Jacó as define. Se Deus: (1) protegê-lo na sua jornada, (2) provê-lo com alimento e vestimenta adequada, e (3) trazê-lo para a casa do seu pai em segurança, então Jacó terá o Senhor como seu Deus, e então ele lhe dará um dízimo.

A ordem é justamente o oposto do que Deus requer de nós. É para “buscai primeiro o reino de Deus e a Sua justiça,” e então “todas estas coisas” (como alimento e vestimenta) nos serão acrescentadas (Mateus 6:33). Considere como a oferta de Jacó contrasta com estas palavras do nosso Senhor:

25 - Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? (Mateus 6:25)

O arranjo de Jacó com Deus é um que o próprio Satanás concordaria:

9 - Então respondeu Satanás ao SENHOR, e disse: Porventura teme Jó a Deus debalde? 10 - Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na terra. 11 - Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face. (Jó 1:9-11)

E assim achamos o mesmo velho Jacó em Pada-arã “servindo” seu tio Labão. Ele está de novo lutando com os homens, procurando adiantar-se às custas de outros. Somente depois de Jacó deixar a casa de Labão e a terra de Pada-arã ele finalmente chega a se agarrar com graça. Quando Jacó está para entrar na terra de Canaã, ele sabe que deve encontrar seu irmão Esaú, e isto coloca uma ameaça considerável para sua segurança. Uma luta com um anjo do Senhor parece ser um significante ponto de virada para Jacó.

22 - E levantou-se aquela mesma noite, e tomou as suas duas mulheres, e as suas duas servas, e os seus onze filhos, e passou o vau de Jaboque. 23 - E tomou-os e fê-los passar o ribeiro; e fez passar tudo o que tinha. 24 - Jacó, porém, ficou só; e lutou com ele um homem, até que a alva subiu. 25 - E vendo este que não prevalecia contra ele, tocou a juntura de sua coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó, lutando com ele. 26 - E disse: Deixa-me ir, porque já a alva subiu. Porém ele disse: Não te deixarei ir, se não me abençoares. 27 - E disse-lhe: Qual é o teu nome? E ele disse: Jacó. 28 - Então disse: Não te chamarás mais Jacó, mas Israel; pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens, e prevaleceste. 29 - E Jacó lhe perguntou, e disse: Dá-me, peço-te, a saber o teu nome. E disse: Por que perguntas pelo meu nome? E abençoou-o ali. 30 - E chamou Jacó o nome daquele lugar Peniel, porque dizia: Tenho visto a Deus face a face, e a minha alma foi salva. 31 - E saiu-lhe o sol, quando passou a Peniel; e manquejava da sua coxa. 32 - Por isso os filhos de Israel não comem o nervo encolhido, que está sobre a juntura da coxa, até o dia de hoje; porquanto tocara a juntura da coxa de Jacó no nervo encolhido. (Gênesis 32:22-32)

Desta narração sozinha, seria possível chegar à conclusão errada. Podemos erroneamente supor que Jacó realmente sobrepujou o anjo (um fato surpreendente!) e devido à luta persistente de Jacó com os homens (e Deus) através dos anos, ele finalmente prevaleceu. Deus agora está à disposição de Jacó.

Porém isto não é o que foi. Sabemos da história que este “anjo” era realmente Deus (versículo 30). Poderia Jacó sobrepujar Deus num jogo de luta? Sabemos depois que enquanto a luta parecia estar empatada, quando chegou o tempo, o anjo acertou sopro paralisante em Jacó golpeando sua coxa que seu quadril deslocou (versículo 25). Jacó está agora sem posição para barganhar com Deus afinal. A interpretação desta história é dada centenas de anos depois pelo profeta Oséias falando da nação Israelita, à qual Jacó personificava.

1 - EFRAIM se apascenta de vento, e segue o vento leste; todo o dia multiplica a mentira e a destruição; e fazem aliança com a Assíria, e o azeite se leva ao Egito. 2 - O SENHOR também com Judá tem contenda, e castigará Jacó segundo os seus caminhos; segundo as suas obras o recompensará. 3 - No ventre pegou do calcanhar de seu irmão, e na sua força lutou com Deus. 4 - Lutou com o anjo, e prevaleceu; chorou, e lhe suplicou; em Betel o achou, e ali falou conosco, 5 - Sim, o SENHOR, o Deus dos Exércitos; o SENHOR é o seu memorial. 6 - Tu, pois, converte-te a teu Deus; guarda a benevolência e o juízo, e em teu Deus espera sempre. (Oséias 12:1-6)

Rebelde Israel está sendo repreendido pelo profeta Oséias. Eles estão para serem repudiados por Deus por um período de tempo, os tempos dos Gentios. Eles não confiaram em Deus nem obedeceram a Sua aliança com Ele. Eles, como a prostituta Gomer, estão colhendo o que semearam.

Porém existe um meio de voltar, um meio de entrar nas bênçãos de Deus, na Sua graça. Este meio é pedir humildemente a Deus pela graça. Isto é o que Oséias diz à nação de Israel o que Jacó tinha de fazer (lembre que o nome de Jacó foi mudado para Israel em Gênesis 32:27-28). Toda a sua vida ele estava lutando com Deus e com os homens. Ele estava tentando estar à frente pela sua própria astúcia, trapaça e esforço.

Porém quando o anjo atingiu Jacó, ele não tinha jeito de “forçar” o anjo a abençoa-lo. Tudo o que ele podia fazer era chorar e implorar por misericórdia (pelo favor de Deus). Jacó finalmente aprendeu como as bênçãos de Deus são dadas para os homens – não por apossá-las, porém pela graça. Enquanto Jacó rapidamente esqueceu esta lição, houve, contudo um ponto de virada significante, pois finalmente uma vez Jacó procurou as bênçãos de Deus pela graça.

Jonas e a Graça de Deus (Jonas 3 e 4)

Graça foi a base do lidar de Deus com Israel como foi o Seu lidar com os Gentios. Quando corretamente entendida, a Lei foi um presente da divina graça de Deus. A entrada de Israel nas bênçãos da aliança de Deus foi pela graça (Deuteronômio 30:1-14).

Os outros profetas falaram da graça de Deus como a base do Seu lidar com o Seu povo e a base para a esperança e louvor de Israel (Isaías 30:18-19; Jeremias 3:12; Joel 2:12-14; Amós 5:15). Como um profeta de Deus, esperaríamos que Jonas se deleitasse na graça de Deus. Tal simplesmente não foi o caso.

Em Jonas 1, os marinheiros gentios foram corteses com Jonas a medida que tentavam desesperadamente salvar sua vida com o risco das suas próprias vidas. Eles oraram a Deus, preocupados que eles não tomassem a vida de um homem inocente. Porém Jonas não mostrou nenhuma graça para com eles. Parecia se importar pouco que ele ameaçou suas vidas pela sua rebelião contra Deus. Eles praticamente tiveram de arrancar a verdade dele, que ele era profeta do único Deus, o Deus que fez os céus e a terra.

Em Jonas 2, Deus preserva a vida de Jonas por um meio que parecia ser a sua destruição – um peixe gigante. Jonas estava se afogando. Somente momentos de vida restavam. De repente ele foi envolvido na escuridão. Ao seu redor estavam paredes de carne pegajosa. O odor devia ser ruim. Ele havia sido engolido por um peixe! Parecia ser uma morte mais lenta ainda a qual esperava Jonas. E então ele deve ter observado que o peixe era a rigor sua salvação. Enquanto dentro do peixe, Jonas fez uma oração registrada no segundo capítulo de Jonas. Uma olhada mais cuidadosa na oração de Jonas revela que era realmente um poema. Mais precisamente um salmo. Quando vemos as referências marginais na nossa Bíblia, concluímos que é um salmo no qual Jonas usa muitos termos e expressões encontradas nos salmos.

Contudo, este “salmo” é semelhante aos salmos do Livro de Salmos somente na forma e vocabulário. Não é semelhante a quaisquer salmos da Bíblia em termos de ênfase ou teologia. Jonas fala muito de si mesmo, da sua experiência, do seu perigo, da sua agonia. Ele fala muito pouco de Deus. Ele fala de olhar e orar ao templo santo de Deus (versículos 4,7). Ele fala numa maneira depreciativa dos pagãos e se eleva em comparação:

8 - Os que observam as falsas vaidades deixam a sua misericórdia. 9 - Mas eu te oferecerei sacrifício com a voz do agradecimento; o que votei pagarei. Do SENHOR vem a salvação. (Jonas 2:8-9)

O que está faltando é qualquer referência ao seu próprio pecado ou qualquer sugestão de arrependimento. É interessante de que Jonas está no “cativeiro” como resultado do seu pecado, e ele faz referência ao templo de Deus. Considere, contudo, este texto o qual muito precisamente demonstra como um Israelita pecador é para se arrepender.

36 - Quando pecarem contra ti (pois não há homem que não peque), e tu te indignares contra eles, e os entregares diante do inimigo, para que os que os cativarem os levem em cativeiro para alguma terra, remota ou vizinha, 37 - E na terra, para onde forem levados em cativeiro, caírem em si, e se converterem, e na terra do seu cativeiro, a ti suplicarem, dizendo: Pecamos, perversamente procedemos e impiamente agimos; 38 - E se converterem a ti com todo o seu coração e com toda a sua alma, na terra do seu cativeiro, a que os levaram presos, e orarem para o lado da sua terra, que deste a seus pais, e para esta cidade que escolheste, e para esta casa que edifiquei ao teu nome, 39 - Ouve, então, desde os céus, do assento da tua habitação, a sua oração e as suas súplicas, e executa o seu direito; e perdoa ao teu povo que houver pecado contra ti. (II Crônicas 6:36-39)

Salomão não somente indica que um Israelita o qual está em um país distante deve se voltar para o templo santo de Deus e orar por perdão, ele também dá as palavras certas que um Judeu arrependido deve usar para expressar este arrependimento:

37b - Pecamos, perversamente procedemos e impiamente agimos (versículo 37).

Quando damos uma olhada no corredor da história de Israel, aqueles que verdadeiramente se arrependeram dos seus pecados e dos pecados da sua nação seguiram este padrão estabelecido por Salomão:

6 - Estejam, pois, atentos os teus ouvidos e os teus olhos abertos, para ouvires a oração do teu servo, que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos; e faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; também eu e a casa de meu pai temos pecado. 7 - De todo nos corrompemos contra ti, e não guardamos os mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a Moisés, teu servo. (Neemias 1:6-7).

33 - Porém tu és justo em tudo quanto tem vindo sobre nós; porque tu tens agido fielmente, e nós temos agido impiamente. 34 - E os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não guardaram a tua lei, e não deram ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, que testificaste contra eles. (Neemias 9:33-34).

5 - Pecamos, e cometemos iniquidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos; (Daniel 9:5)

Alguém ousaria dizer que o “salmo” de Jonas é uma expressão de arrependimento? Ele fala dos Gentios como pecadores e de si mesmo (e, por conclusão, todos os Judeus) como justos (Jonas 2:8-9). De Jonas 1, isto é difícil de defender, Jonas, o profeta, está agindo como um pagão, enquanto os marinheiros pagãos estão reverenciando o Deus de Israel.

Alguns apontam as últimas palavras do pseudo-salmo de Jonas como uma última expressão de arrependimento:

9 – “Salvação é do Senhor” (versículo 9)

Eu acho que não, embora eu tenha somente recentemente chegado a esta conclusão. “Salvação é do Senhor”, é também uma citação dos Salmos. Considere a expressão mais completa desta declaração no Salmo 3:

6 - Não temerei dez milhares de pessoas que se puseram contra mim e me cercam. 7 - Levanta-te, SENHOR; salva-me, Deus meu; pois feriste a todos os meus inimigos nos queixos; quebraste os dentes aos ímpios. 8 - A salvação vem do SENHOR; sobre o teu povo seja a tua bênção. (Selá.) (Salmos 3:6-8).

Observe especialmente as últimas palavras do versículo 8, as palavras que Jonas não incluiu, porém as quais creio ele sugeriu. Jonas queria que Deus salvasse Seu povo Israel e condenasse os Gentios ao inferno (como o versículo 4 deixa muito evidente) Suas palavras em Salmos 2 expressam alivio mais do que expressam louvor, elas focam mais em Jonas do que em Deus, e elas esperam pela libertação dos Judeus mais do que dos Gentios. Lembre que Jonas recebeu ordem para orar pelo povo de Nínive e ele recusou! Ele não queria estes Gentios ímpios salvos, somente os Judeus dignos.

Isto soa duro? É, e também é verdade. É sobre isto que o Livro todo de Jonas se refere. Jonas o rebelde, o profeta não arrependido, é o quadro da nação de Israel. Ele ilustra a recusa dos Judeus de ser a “luz para os Gentios”, tomarem as boas novas da graça de Deus para os infiéis. Os Judeus achavam que Deus os escolheu porque eles eram melhores, mais merecedores, e que Ele tinha rejeitado os Gentios, condenando-os para o inferno eternamente porque eles não eram merecedores das Suas bênçãos.

Se Jonas se arrependesse, ele teria dado a volta; ele mudaria o seu coração e suas ações, assim como a palavra arrependimento implica. Isto quer dizer que ele teria ido imediatamente para Nínive, para onde Deus tinha previamente o mandado ir. Ao invés, o capítulo 3 começa com a repetição desta ordem. Ele não vai para Nínive até Deus ordenar, novamente. E assim ele relutantemente vai para Nínive, onde ele proclama a mensagem que Deus deu para ele.3

Se você quiser ver arrependimento genuíno, não olhe para Jonas; olhe para os Ninivitas. O povo da cidade acreditou em Deus (versículo 5) e começou a jejuar. Até o gado foi incluído no jejum. O rei, da mesma forma, se arrependeu e jejuou, o que parece que ele fez sem ouvir pessoalmente a Jonas, porém por ter ouvido sua mensagem de segunda mão (veja versículo 6). O rei chamou ao jejum, e ele levou a nação ao arrependimento com certa sensação de confiança de que Deus era gracioso e que Ele deveria deixar a sua destruição se eles se arrependessem. Isto tem boa base bíblica:

5 - Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: 6 - Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o SENHOR. Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel. 7 - No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir, 8 - Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. (Jeremias 18:5-8).

12 - Ainda assim, agora mesmo diz o SENHOR: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. 13 - E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao SENHOR vosso Deus; porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal. 14 - Quem sabe se não se voltará e se arrependerá, e deixará após si uma bênção, em oferta de alimentos e libação para o SENHOR vosso Deus? (Joel 2:12-4).

E assim Deus cedeu do mal que ele tinha ameaçado através de Jonas, e a cidade foi poupada (3:10). Isto é o que fez Jonas ficar chateado com Deus. Imagine isto, Jonas, o profeta, adverte os homens da ira justa de Deus contra os pecadores e este pecador Jonas está bravo com Deus e nem mesmo reluta em descarregar totalmente sua raiva em Deus. Não acho a graça de Deus para com os Ninivitas tão admirável como a Sua graça por Jonas. Ele deveria ser um pequeno montinho de cinzas humanas a estas alturas, e, entretanto aqui está ele, balançando seu punho na face de Deus. E Deus lhe diz tão gentilmente, “é razoável esta tua ira?” (4:4,10).

A oração de Jonas no capítulo 4 é absolutamente surpreendente. Ele protesta contra Deus na base da Sua graça, compaixão, benignidade, e se arrepender do mal (versículo 2). Este é o único lugar na Bíblia onde uma pessoa protesta contra Deus ao invés de louvá-Lo por estes atributos. Tais atributos são a essência da glória de Deus de acordo com Êxodo 34:6.Eles se tornam a base para a intercessão dos homens, pedindo perdão divino para os pecadores (Números 14:18). Eles são a base para o arrependimentos dos homens (Deuteronômio 4:31; Joel 2:12-14) e a razão pela qual Deus persevera com seu povo pescoço-duro (Neemias 9:17, 31). Eles são a base para os atos de salvação de Deus (Salmo 116:5) e perdão (Salmo 103:8-10). Eles são a motivação e a base para o louvor dos homens a Deus (Salmo 114:4; 145:8). Entretanto Jonas acha estes atributos repulsivos e repugnantes, a base para protestar com Deus.

À medida que a história se desenrola, finalmente achamos Jonas feliz. Apesar do fato de Deus ter perdoado os Ninivitas e cessado o dia da destruição, Jonas constrói uma pequena cabana fora da cidade, na esperança de que Deus ainda a destruiria, e ele teria o prazer de vê-la ir-se em fumaça. No calor intenso (com o qual Jonas não tinha razão para sofrer), Deus graciosamente dá a Jonas uma planta para provê-lo com sombra. E então Deus tirou a planta dali, o que fez Jonas mais bravo ainda. Deus pergunta a Jonas se estava certo para ele estar bravo em relação a planta. Jonas assegurou a Deus que ele tinha todo o direito.

Por um longo tempo eu pensei que o pecado de Jonas era aquele do egoísmo e preocupação com o seu próprio conforto. Finalmente, percebi o que penso ser a mensagem por trás deste livro. Jonas estava bravo com a graça de Deus. Ele estava bravo porque Deus mostrou graça para com os Ninivitas. Jonas estava feliz porque Deus mostrou graça para com ele na sombra da planta, porém ficou furioso quando Deus a tirou. Jonas não merecia aquela planta, e ele mais certamente não a adquiriu. Foi um presente da graça de Deus, e Deus poderia dá-la ou, ainda livremente, tirá-la.

Jonas queria as bênçãos de Deus. Ele esperava as bênçãos de Deus. E ele ficou bravo quando Deus tirou estas bênçãos dele ou as deu para outros. Jonas queria a graça de Deus, porém não como graça. Ele queria os benefícios e as bênçãos de Deus, mas como alguém que as merecia ao invés de um pecador indigno que não as merecia. Isto é o que enraiveceu Jonas sobre o lidar de Deus com os Ninivitas. Ele tinha de admitir que isto era graça, porém ele detestou a graça. A graça deixa humilde o recipiente das bênçãos de Deus. Graça indica o não merecimento do recipiente. Jonas queria ser abençoado, porém não no terreno da graça.

O problema de Jonas é precisamente aquele dos Judeus, ambos de quando em quando. Jonas foi auto justificado. Pessoas auto justificadas não querem confessar seus pecados e pedir pela graça de Deus. Eles pensam que são merecedoras das bênçãos de Deus, e eles se tornam bravos somente quando Deus não preenche todos os seus desejos. Jonas, como os israelitas dos seus dias, e como os Judeus dos dias de Jesus, eram pecadores auto justificados que esperavam as bênçãos de Deus como se eles merecessem, e eles ficavam bravos quando Deus mostrava graça para o indigno. Jonas, como muitos de quando em quando, detestavam a graça de Deus.

A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo

2 - E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava. 3 - E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; 4 - E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando. 5 - E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? 6 - Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. 7 - E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. 8 - E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. 9 - Quando ouviram isto, redarguidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. 10 - E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? 11 - E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais. (João 8:2-11).

Sabemos que quando nosso Senhor veio à terra, Ele era a personificação da graça e da verdade (João 1:14) Um incidente na vida e ministério de nosso Senhor fala muito sobre a graça que nosso Senhor mostrou aos homens. Enquanto Ele estava no templo ensinando, os escribas e Fariseus pensaram em embaraçá-Lo trazendo diante Dele uma mulher que tinha sido pega no ato de adultério4“no próprio ato” (versículo 4). Sendo auto justificados, estes hipócritas não estavam preocupados sobre a ira de Deus contra seus próprios pecados, porque eles olhavam para os outros – como esta mulher – como pecadores. Como Jesus mostrou tal compaixão com os pecadores e desde que Ele passou muito tempo com eles, os escribas e Fariseus pensaram em colocar Jesus numa situação impossível. Eles pensaram fazê-Lo ou olhar leve com o pecado ou tomar uma linha dura com o pecado e perder a moral com o povo colocando esta mulher para morrer.

Eles Lhe lembraram de que a Lei requeria que esta mulher morresse. Eles estavam certos, naturalmente, porém também requeria a morte do homem também (veja Levítico 20:10ss.; Deuteronômio 22:22ss.). Eles então pediram que Ele desse Sua opinião do que deveria ser feito com esta mulher. Jesus iria desafiar a Lei de Moisés?

Jesus estava mais interessado na hipocrisia dos escribas e Fariseus do que colocar esta mulher para morrer. Se pecadores eram para morrer (pois o salário do pecado é a morte – a alma que pecar deve morrer), então que os sem pecado atirem a primeira pedra. Ninguém teve a coragem de clamar estar sem pecado. Ninguém alegou ser justo o suficiente para pronunciar julgamento e começar a execução. Assim todos os acusadores desta mulher desapareceram um por um, do mais velho para o mais jovem.

Jesus então falou para a mulher, perguntando onde estavam os seus acusadores. Ela respondeu que ninguém ficou para acusá-la. Jesus então disse, “Nem eu te condeno, vá, e não peques mais”.

Está claro destas palavras que ela tinha pecado. Porque então o nosso Senhor não a condenou? Somente Ele estava “sem pecado”. Somente Ele poderia ter atirado a primeira pedra. Ao invés, Ele falou para ela que Ele não a condenava e que era para ela ir seu caminho, porém para não continuar sua vida de pecado.

Porque o Senhor Jesus podia fazer e dizer tais coisas? Porque Jesus não obedeceu a Lei atirando a pedra nesta mulher? A razão é simples e pode ser resumida em apenas uma palavra: graça. O propósito de Jesus em Sua primeira vinda não era condenação, porém salvação. Ele veio procurar e salvar os perdidos. Ele podia corretamente recusar atirar a pedra nesta mulher, não porque a Lei estivesse errada, porém porque Seu propósito ao vir era sofrer a sentença de morte Ele mesmo. Ele veio para morrer pelos pecados daquela mulher, e então Ele não iria mais certamente lançar a pedra nela. Ele não estava minimizando o pecado dela, ou suas consequências, porém ao invés Ele estava antecipando aquele dia quando Ele iria suportar a punição pelos pecados na cruz do Calvário. Isto, meu amigo, é a graça de Deus, a graça a qual nosso Senhor veio prover através da Sua morte substitutiva no lugar dos pecadores.

Conclusão

Não há palavra mais doce aos ouvidos dos pecadores do que a palavra graça. E não há nada mais repulsivo para o auto justificado do que a palavra graça, pois o auto justificado nega seus pecados e busca as bênçãos de Deus como se as merecesse.

Você já pensou alguma vez ser tão pecador para Deus salvar? Então graça é a boa nova que Deus tem para você. Sua salvação não é baseada em quão bom você é, e sua salvação não é proibida por quão pecador você tenha sido.

Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, e o apóstolo Paulo nos diz que ele ganha o primeiro lugar por ser o “principal dos pecadores” (I Timóteo 1:15). Você deve ficar na fila atrás de Paulo (e de mim) se você quer pensar em si mesmo como muito pecador. Você nunca é tão pecador para ser salvo, somente quando muito bom, muito auto justificado. Em nenhum lugar a graça é mais eloquente, mais gloriosa, mais preciosa, do que quando ela fica em contraste com o pecado – nosso pecado.

Antes de nos tornarmos muito convencidos em nossa condenação de homens como Jonas, deixe-me perguntar se você já esteve bravo alguma vez com Deus. Eu me arrisco a dizer que você já esteve, se você reconhece e admite ou não. E porque você ficou bravo com Deus? Porque você sentiu que Deus não deu o que você merece. Você estava bravo porque Deus não estava lidando com você na base de algo outro do que a graça. Graça não está obrigada a dar ao indigno pecador coisa nenhuma. E o indigno pecador não tem terreno para protestar se Deus retém a Sua graça, pois não era alguma coisa que ele ganhou ou mereceu de qualquer forma.

Graça é uma nova tão maravilhosa, como uma oferta gloriosa, para aqueles que são pecadores, porque eles sabem que merecem nada mais do que a ira de Deus. Graça é somente repulsiva para o auto justificado. Graça é  também a base para a humildade. Graça declara que todos os homens são iguais em sua condição perdida. “Porque todos pecaram e carecem da glória de Deus” (Romanos 3:23). Todos são merecedores de sofrerem eternamente no inferno. Cada pecador está perdido e amaldiçoado fora da graça de Deus. Graça não somente declara todos estarem igualmente perdidos, graça declara que todos que são salvos são iguais também. Não somos salvos porque boas obras, por nossos esforços ou méritos. Somos salvos pela obra de Jesus Cristo na cruz do Calvário, pela Sua morte substitutiva em nosso lugar, e Sua ressurreição e ascensão para a mão direita do Pai. Graça coloca todos os homens no nível do chão. Não há lugar para vanglória com referência à graça, exceto vangloriar no Único que tem sido gracioso conosco.

Graça é a regra de vida, e é também o tema dominante de nossas vidas onde vivemos neste mundo e servimos a Deus na Sua igreja. É para mostrarmos graça para os outros, assim como Deus tem sido gracioso para conosco. Graça está também debaixo de ataque daqueles como Jonas e os Judeus líderes religiosos dos tempos do Novo Testamento. Sempre devemos estar em guarda contra aqueles que solapam a graça.

De todas as verdades as quais deveriam mexer com a sua alma, incentivar seu louvor e serviço, e produzir humildade e gratidão, está a verdade de que Deus é um Deus de graça, e que a graça se manifestou na pessoa de Jesus Cristo. Se você for receber a graça de Deus, você deve fazê-lo aceitando o presente gracioso da salvação que Deus proveu em e através de Cristo. Que os nossos corações e mentes sejam continuamente impactados pela “maravilhosa graça de Jesus”.

Citações Citáveis

Em Deus misericórdia e graça são uma; porém assim que elas nos alcançam elas parecem como duas, relacionadas, porém não idênticas.

Assim como misericórdia é a bondade de Deus confrontando a miséria humana e culpa, assim a graça é Sua bondade dirigida ao débito e demérito humanos. É pela Sua graça que Deus atribui mérito onde não existia nenhum previamente e declara nenhum débito estar onde um tinha estado antes.

Graça é o bom prazer de Deus que Se inclina para outorgar benefícios sobre o não merecedor. É um princípio auto existente inerente à natureza divina e que aparece a nós como uma tendência auto causada para apiedar-se do desprezível, poupar o culpado, dar boas vindas ao desterrado, e favorecer aqueles que estavam antes em desaprovação. Seu uso para nós homens pecadores é nos salvar e fazer-nos sentar junto nos lugares celestiais para demonstrar para os tempos a excedente riqueza da bondade de Deus para nós  em Cristo Jesus.5

É o eterno e absoluto favor livre de Deus, manifestado na outorga das bênçãos espirituais e eternas ao culpado e ao indigno.6

Graça é a provisão para os homens que são tão decaídos que não podem levantar o machado da justiça, tão corruptos que não podem mudar suas próprias naturezas, tão avessos a Deus que não podem se voltar para Ele, tão cegos que não podem vê-Lo, tão surdos que não podem ouvi-Lo, e tão mortos que Ele mesmo deve abrir seus túmulos a levantá-los na ressurreição.7

Desde que a humanidade foi banida do Jardim ao leste, ninguém retornou jamais para o divino favor exceto através da completa bondade de Deus. E onde quer que a graça achasse qualquer homem sempre foi por Jesus Cristo. Graça na verdade veio por Jesus Cristo, porém ela não esperou pelo Seu nascimento na manjedoura ou Sua morte na cruz antes de se tornar atuante.

Cristo é o Cordeiro morto desde a fundação do mundo. O primeiro homem na história humana a ser restabelecido na companhia de Deus veio através da fé em Cristo. Nos velhos tempos os homens olhavam adiante para a obra redentora de Cristo; nos últimos tempos eles olhavam para trás para ela, porém sempre eles chegaram e chegam pela graça, através da fé.8

Porém nada aborrece mais o homem natural e trás à superfície sua inimizade inata e inveterada contra Deus do que pressionar nele a eternidade, liberdade, e a absoluta soberania da graça Divina. Que Deus deva ter formado Seu propósito do eterno, sem consultar a criatura, é muito humilhante para o coração não quebrantado. Esta graça não pode ser adquirida ou ganha por qualquer esforço do homem. E esta graça única que apraz ser seu objetivo preferido, levanta protesto dos rebeldes arrogantes.9

Traduzido por Césio J. de Moura


1 De fato, um leitor de www.bible.org comentou, “Se fosse graça bíblica o guarda não pagaria pelo café, ele pagaria a multa que era requerida por lei, assim como Jesus fez”.

2 Outros textos do Velho Testamento os quais são produtivos para um estudo da graça de Deus são Gênesis 6:8; Deuteronômio 8:11-20; Neemias 9 (todo); Salmo 6:1-3; 103:6-18; Isaías 30:15-18; Joel 2:11-17; Zacarias 12:10 – 13:1.

3 Eu duvido muito que ele tenha feito com zelo ou com alegria. Ele provavelmente fez um trabalho tão mal quanto possível, alcançando apenas o requerimento mínimo de obediência. Posso dizer isto com segurança baseado no capítulo 4.

4 Que interessante que o homem não foi trazido à frente. Seguramente eles sabiam quem era o homem se ela foi pega no “próprio ato”. Que hipocrisia!

5 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy, p. 100.

6 Abraham Booth, The Reign of Grace (as cited by Pink, The Attributes of God, p. 60.).

7 G. S. Bishop, as cited by Pink, Attributes, p. 64.

8 Tozer, Knowledge of the Holy, p. 102.

9 Pink, Attributes of God, p. 61.

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