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Where the world comes to study the Bible

9. Soberania De Deus Na História

Introdução

Todos na minha família estão convencidos de que Deus trouxe um cachorro collie chamado Levi até nossa porta. Seu nome estava gravado na placa pendurada no seu pescoço quando ele chegou. Você pode imaginar um cachorro chamado Levi achando a casa Strauss?

Nosso filho mais novo estava orando por um cachorro por quase três anos, mas tínhamos colocado alguns requisitos estritos. Tinha de ser caseiro. Tinha de ser obediente. E tinha de ser gentil com as pessoas a fim de viver numa casa de pastor onde visitantes entram e saem regularmente.

Quando a minha esposa levou o cachorro de volta para o seu dono, cujo endereço estava também gravado na plaqueta, ela falou cortesmente: “Se em algum momento vocês quiserem dar este cachorro, por favor, nos avisem”. A resposta surpreendente foi: “Eu quero, eu estou procurando por uma boa casa para ele agora mesmo. Minha esposa me pediu para pensar nisto durante a noite”.

Para nossa alegria, Levi saiu de sua casa e achou seu caminho para nossa residência de novo no dia seguinte. Desta vez decidimos que ele poderia ficar.

Quando o dono trouxe os seus documentos, nós ficamos sabendo que ele tinha sido concebido aproximadamente no mesmo tempo que nosso filho começou a orar por um cachorro. Que o cachorro tinha nascido no dia do nascimento da minha esposa e que ele tinha sido graduado com honra na escola de obediência.

Ninguém nos convencerá que a vinda do Levi foi alguma coisa outra do que o trabalho gracioso do nosso soberano Deus. A propósito, ele preencheu os outros requerimentos também.1

Quase todos os cristãos concordam ao menos verbalmente com a doutrina da soberania de Deus. Existem muitos textos os quais nos ensinam esta verdade para negá-la:

19 - O SENHOR tem estabelecido o seu trono nos céus, e o seu reino domina sobre tudo. (Salmos 103:19) 3 - Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou. (Salmos 115:3) 5 - Porque eu conheço que o SENHOR é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses. 6 - Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. (Salmos 135:5-6)

O significado de soberania pode ser resumido desta forma: Ser soberano é possuir poder supremo e autoridade de forma que alguém está em completo controle e pode realizar qualquer coisa que queira.

Um número de definições similares de soberania pode ser achado em livros que tratam dos atributos de Deus:

“Os dicionários nos dizem que soberania significa chefe ou mais alto supremo em poder, superior em posição, independente de e ilimitado por qualquer outro”.2

Além disso, Sua soberania requer que Ele seja absolutamente livre, o que significa simplesmente que Ele deve ser livre para fazer tudo o que quiser em qualquer lugar e em qualquer tempo para levar Seu eterno propósito em todos os simples detalhes sem interferência. Se Ele for menos do que livre Ele deve ser menos do que soberano.

Compreender a ideia de liberdade não qualificada requer um vigoroso esforço da mente. Nós não somos psicologicamente condicionados para entendermos liberdade exceto em suas formas imperfeitas.

Nossas concepções dela foram formadas num mundo onde não existe liberdade absoluta. Aqui cada objeto natural é dependente de muitos outros objetos e esta dependência limita sua liberdade.3

“Deus é absolutamente livre por que ninguém ou coisa pode detê-Lo ou força-Lo ou pará-Lo. Ele é capaz de fazer o que quiser sempre, em qualquer lugar para sempre. Para ser livre assim significa também que Ele deve possuir autoridade universal. Que Ele tem poder ilimitado nós sabemos das Escrituras e podemos deduzir de outros dos seus atributos.”4

Sujeitado a ninguém, influenciado por ninguém, absolutamente independente; Deus faz o que lhe agrada, somente como Lhe agrada sempre o que lhe agrada. Ninguém pode diminuí-Lo, ninguém pode detê-Lo. Assim Sua própria Palavra expressamente declara:

O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade.” (Isaías 46:10b); - e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, (Daniel 4:35b) Soberania divina significa que Deus é Deus de fato, assim como no nome, que Ele está no Trono do universo, dirigindo todas as coisas, trabalhando todas as coisas “- segundo o conselho da sua vontade;” (Efésios 1:11b)5

A supremacia de Deus sobre os trabalhos de Suas mãos é vividamente demonstrada nas Escrituras. Matéria inanimada, criaturas irracionais, todos executaram as ordens do seu Criador. Ao seu prazer o Mar Vermelho se dividiu e suas águas permaneceram como paredes (Ex. 14); e a terra abriu sua boca e os rebeldes culpados caíram vivos no buraco (Números 14).

Quando Ele assim ordenou, o sol parou (Josué 10); e em outra ocasião ele voltou para trás 10 graus no relógio de Acaz (Isaías 38:8). Para exemplificar Sua supremacia, Ele fez os corvos levarem alimento para Elias (I Reis 17), ferro boiar na superfície das águas (II Reis 6:5), leões ficarem mansos quando Daniel foi lançado na cova deles, o fogo não queimar os três Hebreus arremessados em suas chamas. Portanto “Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos.” (Salmos 135:6)6

Num mundo relutante em reconhecer a existência de Deus, não se deveria esperar que o incrédulo aderisse à doutrina da soberania de Deus:

O ‘deus’ deste século vinte não mais parece o Supremo Soberano da Ordem Santa do que a fraca cintilação de uma vela faz a glória do sol do meio dia.

O ‘deus’ sobre o qual é agora falado no púlpito, comentado na Escola Dominical, mencionado na maioria da literatura religiosa de hoje, e pregado em muitas das assim chamadas Conferências Bíblicas é a ficção da imaginação humana, uma invenção da sentimentalidade piegas...

Um ‘deus’ cuja vontade é resistida, cujos projetos são frustrados, cujo propósito é aniquilado, não possui título de Divindade, e até agora sendo um objeto adaptado de adoração, não merece nada a não ser desprezo.7

Na igreja, deve-se esperar que o Cristão aceite a doutrina da soberania de Deus tanto bíblica como verdadeira. Isto pode ser feito a princípio, porém não necessariamente na prática. Nosso problema com a soberania de Deus muito frequentemente chega onde a “borracha encontra a estrada”.

Deus é verdadeiramente e perfeitamente soberano. Isto significa que Ele é o mais alto e maior ser existente, Ele controla todas as coisas. Sua vontade é absoluta, e Ele faz o que Lhe agrada.

Quando ouvimos tal declaração, podemos entendê-la razoavelmente bem e podemos usualmente aceitá-la até Deus permitir alguma coisa que não gostamos. Então nossa reação normal é resistir à doutrina da Sua soberania.

Ao invés de achar conforto nisto, achamos que isto nos faz chateados com Deus. Se Ele pode fazer qualquer coisa que Lhe agrada, porque Ele permite que soframos? Nosso problema é um mau entendimento da doutrina e um conhecimento inadequado de Deus.8

É de importância vital que cada Cristão entenda a doutrina da soberania de Deus. Escolhi considerar o assunto em duas lições.

A primeira lição considera a soberania de Deus sobre as nações do mundo na história, e a outra reflete a soberania de Deus na salvação.

O atributo da soberania de Deus incomoda muitas pessoas; ela incomoda muitos Cristãos. Porém a soberania de Deus é crucial porque ela é ensinada na Bíblia e porque ela é a base do viver reverente. Devemos ver a Palavra de Deus e o Espírito de Deus nos ensinar o que precisamos saber sobre a soberania de Deus.

Quando eu pesquisava as Escrituras por uma definição concisa da soberania divina, fiquei surpreso ao ver onde a definição foi achada. Não foi no Novo Testamento, nem nas palavras do apóstolo Paulo, nem de Moisés na Lei, e nem dos grandes profetas como Isaías ou Jeremias.

A mais clara definição da soberania de Deus vem dos lábios de Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Lá não achamos uma declaração invejosa da soberania de Deus, porém uma expressão de adoração e louvor:

34 - Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonosor, levantei os meus olhos ao céu, e tornou-me a vir o entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei e glorifiquei ao que vive para sempre, cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração em geração. 35 - E todos os moradores da terra são reputados em nada, e segundo a sua vontade ele opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa estorvar a sua mão, e lhe diga: Que fazes? (Daniel 4:34-35)

Este declaração da soberania de Deus é feita por um homem que sabe mais da soberania humana do que qualquer um americano jamais poderia. Entre os reis da história, este rei é “rei dos reis” (Daniel 2:37). Ele é a “cabeça de ouro” (Daniel 2:38)

Em comparação com o seu reino, os restantes impérios do mundo são descritos como “inferiores” (veja 2:39-43). Quando Daniel falou para Belsazar sobre o reino do seu pai, Nabucodonosor, ele descreveu a extensão do seu domínio:

18 - Ó rei! Deus, o Altíssimo, deu a Nabucodonosor, teu pai, o reino, e a grandeza, e a glória, e a majestade. 19 - E por causa da grandeza, que lhe deu todos os povos, nações e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria conservava em vida; e a quem queria engrandecia, e a quem queria abatia. (Daniel 5:18-19).

No nosso mundo, não temos nenhum líder político ou governador que se aproxime da soberania humana que vemos em Nabucodonosor. O Gabinete do Presidente dos Estados Unidos é uma posição de grande poder, porém não é um exemplo de soberania.

O Presidente Richard Nixon não estava livre para dirigir o país como ele pensava. Sua participação na conspiração de Watergate lhe custou a Casa Branca. Presidentes podem ser criticados (se não removidos da posição) por impropriedades sexuais ou morais. Eles certamente não acham possível passar cada proposta, criar cada programa, ou indicar cada oficial que queira.

Nabucodonosor foi um homem de grande poder militar e político. Ele governava a nação (Babilônia) com um pulso de aço, e Babilônia dominava todos os outros poderes do mundo daqueles dias. Ele foi o comandante que derrotou e destruiu Jerusalém e que levou a maioria dos Judeus para o cativeiro Babilônico.

O povo de Judá parecia insignificante e impotente contra tão grande homem como Nabucodonosor, e realmente eles eram.

Porém o Deus dos Judeus é o Único verdadeiro Deus e o Único grande Deus. Deus escolheu demonstrar Sua soberania sobre a história e sobre todas as nações da terra ao trazer Nabucodonosor de joelhos em submissão a Ele e adorá-Lo.

Esta lição focalizará Daniel 2 a 4, três capítulos os quais descrevem os três eventos que trouxeram Nabucodonosor de joelhos em submissão ao Deus dos Judeus. Veremos destes eventos como Deus demonstra a Sua soberania sobre as nações da terra, e veremos como Deus é soberano na história.

Daniel 2: O Sonho de Nabucodonosor e a Revelação Divina

Como resultado da rebelião persistente de Israel contra Deus e sua falha em atender as advertências dos profetas, Deus levanta a Babilônia para derrotar e destruir Judá e Jerusalém através de uma série de campanhas militares:

9 - Tinha Joaquim a idade de oito anos, quando começou a reinar; e reinou três meses e dez dias em Jerusalém; e fez o que era mau aos olhos do SENHOR. 10 - E no decurso de um ano enviou o rei Nabucodonosor, e mandou trazê-lo a Babilônia, com os mais preciosos vasos da casa do SENHOR; e pôs a Zedequias, seu irmão, rei sobre Judá e Jerusalém. 11 - Tinha Zedequias a idade de vinte e cinco anos, quando começou a reinar; e onze anos reinou em Jerusalém. 12 - E fez o que era mau aos olhos do SENHOR seu Deus; nem se humilhou perante o profeta Jeremias, que falava da parte do SENHOR. 13 - Além disto, também se rebelou contra o rei Nabucodonosor, que o tinha ajuramentado por Deus. Mas endureceu a sua cerviz, e tanto se obstinou no seu coração, que não se converteu ao SENHOR Deus de Israel. 14 - Também todos os chefes dos sacerdotes e o povo aumentavam de mais em mais as transgressões, segundo todas as abominações dos gentios; e contaminaram a casa do SENHOR, que ele tinha santificado em Jerusalém. 15 - E o SENHOR Deus de seus pais, falou-lhes constantemente por intermédio dos mensageiros, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação. 16 - Eles, porém, zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras, e mofaram dos seus profetas; até que o furor do SENHOR tanto subiu contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve. 17 - Porque fez subir contra eles o rei dos caldeus, o qual matou os seus jovens à espada, na casa do seu santuário, e não teve piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos decrépitos; a todos entregou na sua mão. 18 - E todos os vasos da casa de Deus, grandes e pequenos, os tesouros da casa do SENHOR, e os tesouros do rei e dos seus príncipes, tudo levou para Babilônia. 19 - E queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém, e todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos vasos. 20 - E os que escaparam da espada levou para Babilônia; e fizeram-se servos dele e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia. 21 - Para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da assolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram. (II Crônicas 36:9-21; veja também Jeremias 25:1-14; 29:15-20).

Num dos primeiros ataques a Jerusalém, Daniel foi tomado cativo (Daniel 1:1-7). Daniel e seus três amigos reconheceram que seu cativeiro foi julgamento de Deus contra a nação pelos seus pecados, e eles sabiam que após 70 anos Deus iria novamente levar o povo para sua terra. (veja Daniel 9:1-2).

Eles se comprometeram a se manterem puros da idolatria da Babilônia, e eles não comeram a provisão normal de alimentos para os cativos como eles (Daniel 1:8-16). Estes quatro jovens se distinguiam dos outros pela sua sabedoria, e Daniel foi capaz de interpretar os sonhos e visões (1:17-21).

Uma noite Nabucodonosor teve um sonho que não entendeu o que lhe causou muita aflição. Quando ele convocou os homens sábios da terra, ele queria ter certeza que a interpretação que eles dessem fosse genuína, assim ele exigiu deles primeiro que eles contassem o que ele sonhou e então dessem sua interpretação. A resposta dos homens sábios é significativa:

10 - Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa declarar a palavra ao rei; pois nenhum rei há, grande ou dominador, que requeira coisas semelhantes de algum mago, ou astrólogo, ou caldeu. 11 - Porque o assunto que o rei requer é difícil; e ninguém há que o possa declarar diante do rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne. 12 - Por isso o rei muito se irou e enfureceu; e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia. 13 - E saiu o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos. (Daniel 2:10-13)

Como Deus ama revelar Sua soberania contra o pano de fundo das fraquezas e limitações humanas! O rei não sabia o significado do seu sonho, e os homens sábios da terra sabiam que era humanamente impossível para eles saberem o que o rei tinha sonhado.

Ele estava pedindo de meros homens aquilo que somente os “deuses” poderiam fazer. Esta era uma tarefa para os “deuses”. O rei estava pressionando sua soberania muito longe ao pedir a meros homens fazer aquilo que somente “deuses” poderiam fazer. Porém Daniel era um servo do Mais Alto Deus, o soberano Deus do universo. Seu Deus poderia revelar o sonho e seu significado.

Daniel foi colocado numa situação quando ele deveria agir, pois todos os homens sábios foram condenados a morrer. Daniel e os seus três amigos primeiro oraram a Deus para revelar o sonho e seu significado. Tudo isto está diretamente relacionado aos versos 17-21 no capítulo 1. Daniel orou para o soberano Deus e então O louvou pela revelação do sonho.

19 - Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; então Daniel louvou o Deus do céu. 20 - Falou Daniel, dizendo: Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força; 21 - E ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; ele dá sabedoria aos sábios e conhecimento aos entendidos. 22 - Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz. 23 - Ó Deus de meus pais, eu te dou graças e te louvo, porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos, porque nos fizeste saber este assunto do rei. (Daniel 2:19-23)

O sonho não foi produto da sabedoria do Daniel sozinho; foi revelado por Deus (2:28). Daniel então revela o sonho para Nabucodonosor, juntamente com seu significado:

31 - Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; esta estátua, que era imensa, cujo esplendor era excelente, e estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível. 32 - A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços de prata; o seu ventre e as suas coxas de cobre; 33 - As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro.34 - Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou. 35 - Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como pragana das eiras do estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra, que feriu a estátua, se tornou grande monte, e encheu toda a terra. 36 - Este é o sonho; também a sua interpretação diremos na presença do rei. 37 - Tu, ó rei, és rei de reis; a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória. 38 - E onde quer que habitem os filhos de homens, na tua mão entregou os animais do campo, e as aves do céu, e fez que reinasse sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro. 39 - E depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual dominará sobre toda a terra. 40 - E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro, esmiúça e quebra tudo; como o ferro que quebra todas as coisas, assim ele esmiuçará e fará em pedaços. 41 - E, quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois viste o ferro misturado com barro de lodo. 42 - E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil. 43 - Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro. 44 - Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo subsistirá para sempre, 45 - Da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação. 46 - Então o rei Nabucodonosor caiu sobre a sua face, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves. 47 - Respondeu o rei a Daniel, e disse: Certamente o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis e revelador de mistérios, pois pudeste revelar este mistério. (Daniel 2:31-47)

As palavras do rei indicam seu reconhecimento de que o Deus de Daniel é um Deus soberano. O Deus de Daniel não é simplesmente “Deus”, porém o “Deus dos deuses”. Ele é o Deus que é soberano não somente sobre os poderes celestiais, porém sobre os poderes terrestres também. E assim ele também se refere a Deus como “Senhor dos reis”.

Em adição, Nabucodonosor louva o Deus do Daniel por ser “um revelador de mistérios.” O Deus do Daniel o permitiu conhecer o sonho do rei e sua interpretação. Porém mais está envolvido por causa do assunto do sonho.

O sonho, como revelado e interpretado por Daniel, foi sobre o reino de Nabucodonosor e sobre outros que iriam segui-lo. O seu era o maior destes reinos, porém era um reino que iria, contudo, terminar. Outros reinos inferiores iriam segui-lo.

No final, um reino eterno seria construído, como ele foi, nas cinzas de todos os reinos precedentes. A “cabeça de ouro” foi grande, porém a “pedra feita sem mãos” (2:34-35, 44-45) foi o maior. O reino de Nabucodonosor foi grande, porém o reino do futuro seria um que “duraria para sempre” (2:44).

Nabucodonosor reconheceu que seu reino era inferior do que o reino eterno o qual seria estabelecido depois e que ele era inferior ao de “pedra” que estabeleceria aquele reino. Ele também reconheceu que o Deus que fez conhecido estes futuros reinos era o Deus que era soberano sobre a história. Somente tal Deus poderia revelar futuros reis e reinos, pois somente um Deus que controla a história pode predizer esta história séculos adiante.

9 - Eis que as primeiras coisas já se cumpriram, e as novas eu vos anuncio, e, antes que venham à luz, vo-las faço ouvir. (Isaías 42:9)

5 - Por isso te anunciei desde então, e te fiz ouvir antes que acontecesse, para que não dissesses: O meu ídolo fez estas coisas, e a minha imagem de escultura, e a minha imagem de fundição as mandou. (Isaías 48:5)

Nabucodonosor parece ter reconhecido que somente um Deus que é soberano sobre a história pode predizer aquela história antes dela ter passado. Porém há ainda mais para ele aprender sobre a soberania divina.

Daniel 3: A Imagem de Nabucodonosor e os Três Amigos de Daniel

Parece que o fato de Nabucodonosor ser o “cabeça de ouro”, revelado ao rei no capítulo 2, subiu à sua cabeça. O rei parece ter focalizado somente na sua grandeza, não na grandeza de Deus e o reino ainda a ser estabelecido na terra.

Ele fez uma imagem de ouro e ordenou a todos se prostarem diante dela em adoração (2:1-6). Todos aos quais era dada uma deixa musical caíram em adoração à imagem, exceto aqueles Judeus fiéis como os três amigos de Daniel os quais foram acusados diante de Nabucodonosor (2:7-12).

Enfurecido, Nabucodonosor convocou os três e lhes deu uma última chance para evitar a sua ira (2:13-15). Sua declaração final marcou o estágio para ele aprender ainda outra lição relativa à soberania de Deus:

14 - Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei? 15 - Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro da fornalha de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos? (Daniel 3:14-15)

Nabucodonosor tinha aparentemente se esquecido que sua soberania era relativa e que ela tinha sido divinamente outorgada. Entre os homens Nabucodonosor não tinha ninguém superior nem mesmo igual. Como rei da Babilônia, seu poder era incontestado pelos homens.

Porém quando ele erigiu a imagem de ouro e mandou os homens a adorarem, ele deu um passo além do domínio de autoridade que Deus deu aos homens. Se ele não estava procurando a adoração dele mesmo como um deus, ele estava certamente compelindo os homens de todas as nações a adorarem seus deuses.

Ele parece estar ligando sua grandeza e seu poder aos seus deuses. Assim fazendo, ele negou o Único verdadeiro Deus, o Deus de Israel, o Deus a quem ele previamente reconheceu como o “Deus dos deuses” e “Senhor dos reis” (2:47).

Enquanto os três amigos de Daniel estavam desejosos em obedecer a Nabucodonosor como o rei o qual Deus colocou em autoridade sobre eles, eles não estavam querendo adorar seus deuses ou adorá-lo como um deus. Eles deviam obedecer ao Único verdadeiro Deus, mesmo que isto significasse desobedecer a um rei tão poderoso como Nabucodonosor:

16 - Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio. 17 - Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei. 18 - E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste. (Daniel 3:16-18)

A resposta de Sadraque, Mesaque e Abedenego a Nabucodonosor é instrutiva em relação a soberania de Deus e submissão. Quando eles escolheram desobedecer ao rei, eles o fizeram como um ato de submissão ao Único que era absolutamente soberano, o Deus de Israel.

E mesmo quando eles devem “obedecer antes a Deus do que aos homens” (veja Atos 5:29), eles ainda falam ao rei com o devido respeito. Sua resposta à Nabucodonosor revela a profundidade do seu entendimento da soberania do seu Deus.

Suas palavras expressam sua confiança na absoluta soberania de Deus. Ele é capaz de fazer qualquer coisa que Ele queira. Ele não recebe ordens dos homens; Ele faz o que lhe agrada:

3 - Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou. (Salmos 115:3)

5 - Porque eu conheço que o SENHOR é grande e que o nosso Senhor está acima de todos os deuses. 6 - Tudo o que o SENHOR quis, fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos. (Salmos 135:5-6)

Porque a soberania de Deus está apta a fazer o que Lhe agrada, estes três servos de Deus não estão a fim de anunciar o que Deus fará. Este é uma questão do Seu bom desejo. Ele fará com eles o que lhe agrada.

Eles estão convictos de que Ele pode e irá livrá-los das mãos de Nabudonosor, porém esta libertação pode tomar diferentes formas. Ele poderá livrá-los de serem jogados na fornalha. Ele poderia livrá-los através da fornalha (como Ele faz), ou Ele poderia livrá-los através da morte, levantando-os no último dia. Como Ele irá livrá-los eles não sabem. A libertação deles está dentro do propósito soberano de Deus, e eles não fazem nenhum esforço para indicar qual poderia ser. Isto é um assunto de Deus, pois Ele é soberano.

Nabucodonosor ficou irado com a resposta destes três homens que ousaram desafiar seu decreto “soberano”. Ele ordenou seus servos aquecerem a fornalha sete vezes mais quente e então jogar os três homens nela (3:19-20). O fogo estava tão intenso que os servos do rei que o atenderam eles mesmos foram mortos pelo calor. Quando os homens estavam na fornalha, o que o rei viu quando ele olhou na fornalha o atordoou completamente:

24 - Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei. 25 - Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus. (Daniel 3:24-25)

Nabucodonosor comandaria estes Hebreus se curvarem para sua imagem de ouro e adorar seus deuses? A quarta pessoa na fornalha com estes três homens parecia como um dos deuses! Obviamente, o “Deus” destes três homens era maior do que os “deuses” de Nabucodonosor. “Quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?” Nabucodonosor desafiou (2:15). O Deus deles, o Deus dos Judeus, livrou-os.

Vendo a mão de Deus livrar os três homens que ele tentou intimidar com seu poder, Nabucodonosor chamou os homens para saírem. Quando eles saíram da fornalha, ele observou que estes homens não foram prejudicados ou mesmo afetados pelo fogo de qualquer forma.

O intenso calor e as chamas as quais mataram os servos do rei (3:22) nem chamuscaram os cabelos das cabeças destes três Hebreus. Nem mesmo o cheiro de fogo estava neles. Agora Nabucodonosor fala do “deus” deles (veja verso 15) como o “Mais Alto Deus”. Ele novamente reconhece o Deus de Israel ser o soberano Deus, o “Deus dos deuses” e “Senhor dos reis” (2:47).

28 - Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus. 29 - Por mim, pois, é feito um decreto, pelo qual todo o povo, e nação e língua que disser blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro Deus que possa livrar como este. (Daniel 3:28-29).

Daniel 4: Do Caviar à Grama

O quarto capítulo de Daniel é o evento final coroando o lidar de Deus com Nabucodonosor, o rei da Babilônia. Você notará que este capítulo é escrito em parte pelo próprio rei Nabucodonosor (veja versículos 1-18). Nabucodonosor confessa sua arrogância e orgulho e seu acabrunhamento pela soberana mão de Deus. O capítulo começa com o enaltecimento de Nabucodonosor ao soberano Deus de Israel:

1 - NABUCODONOSOR rei, a todos os povos, nações e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada. 2 - Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo. 3 - Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração. (Daniel 4:1-3)

A “queda” de Nabucodonosor acontece algum tempo depois de ser advertido por Deus num sonho o qual lhe incomodou grandemente. (4:5). Todos os homens sábios da Babilônia não foram capazes de interpretar o sonho mesmo embora ele o tenha contado para eles (4:7). Quando Daniel foi trazido perante o rei, Nabucodonosor descreveu sua visão:

10 - Eis, pois, as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: Eu estava assim olhando, e vi uma árvore no meio da terra, cuja altura era grande; 11 - Crescia esta árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até ao céu; e era vista até aos confins da terra. 12 - A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e toda a carne se mantinha dela. 13 - Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama; e eis que um vigia, um santo, descia do céu, 14 - Clamando fortemente, e dizendo assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos. 15 - Mas deixai na terra o tronco com as suas raízes, atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra; 16 - Seja mudado o seu coração, para que não seja mais coração de homem, e lhe seja dado coração de animal; e passem sobre ele sete tempos. 17 - Esta sentença é por decreto dos vigias, e esta ordem por mandado dos santos, a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até ao mais humilde dos homens constitui sobre ele. 18 - Este sonho eu, rei Nabucodonosor vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação, porque todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a sua interpretação, mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos. (Daniel 4:10-18).

Quando Daniel ouviu o sonho que o rei recebeu, ele ficou grandemente embaraçado também por reconhecer que a visão era um alerta para o rei de uma sentença que Deus iria trazer sobre ele no futuro. Está claro que Daniel é submisso em relação ao rei e deseja seus melhores interesses.

Ele não se alegra com o que irá acontecer ao rei. Nabucodonosor encoraja Daniel a falar livremente a respeito do significado desta visão. Daniel então passa a informar o rei sobre o sonho.

A grande árvore a qual o rei viu representa o próprio rei, o grande rei da Babilônia. Seu tamanho e força e as criaturas as quais ela sustenta todas simbolizam o poder e majestade do seu reino. Estas imagens falam da sua “soberania” sobre a terra:

22 - És tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; a tua grandeza cresceu, e chegou até ao céu, e o teu domínio até à extremidade da terra. (Daniel 4:22)

Como foi evidente para o rei pelo alarme de Daniel sobre este sonho, havia uma mensagem de alerta, o perigo de uma dramática queda:

23 - E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e dizia: Cortai a árvore, e destruí-a, mas o tronco com as suas raízes deixai na terra, e atada com cadeias de ferro e de bronze, na erva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e a sua porção seja com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos; 24 - Esta é a interpretação, ó rei; e este é o decreto do Altíssimo, que virá sobre o rei, meu senhor: 25 - Serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu; e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. (Daniel 4:23-25).

Assim como a posição de grandeza do rei foi dada para ele por Deus, ela também lhe foi tirada e o rei então acabrunhado por sete anos. A majestade e o esplendor que o rei uma vez gozou seriam mudados pela humilhação da aparência e conduta de animal.

Tudo isto foi para o bem do rei, para ensiná-lo humildade. Era para aprender que soberania humana é dada para os homens através da soberania divina:

25 b – “... até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. (Daniel 4:25b).

Qualquer soberania que o rei da Babilônia possuísse era uma soberania limitada e uma soberania delegada. A posição e o poder do rei não eram devido a sua grandeza, porém devido à grandeza de Deus que lhe deu esta posição de poder.

Nesta palavra de alerta, havia também uma dupla mensagem de esperança. Primeiro, foi dito ao rei como ele podia evitar o acontecimento do qual este sonho alertou.

27 - Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniquidades, usando de misericórdia com os pobres, pois, talvez se prolongue a tua tranquilidade. (Daniel 4:27)

Esta instrução é muito diferente daquela a qual os profetas Amós e Miquéias deram para a nação de Israel:

21 - Odeio, desprezo as vossas festas, e as vossas assembleias solenes não me exalarão bom cheiro. 22 - E ainda que me ofereçais holocaustos, ofertas de alimentos, não me agradarei delas; nem atentarei para as ofertas pacíficas de vossos animais gordos. 23 - Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos; porque não ouvirei as melodias das tuas violas. 24 - Corra, porém, o juízo como as águas, e a justiça como o ribeiro impetuoso. (Amós 5:21-24).

8 - Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu Deus? (Miquéias 6:8)

À nação de Israel foi prometida soberania sobre as nações do mundo (Gênesis 18:17-19; 22:17; 24:60; 27:29; Deuteronômio 15:6; 28:7-14; veja também Isaías 66).

Poder foi dado a Nabucodonosor (e a Israel) assim ele podia liberar o oprimido e cuidar dos necessitados. Na sua vaidade e orgulho, Nabucodonosor parece ter tomado o caminho do mundo, usando seu poder para oprimir os necessitados ao invés de cuidar deles.

Se ele se arrependesse do seu orgulho e usasse o poder dado por Deus como Ele queria que ele fizesse, não haveria necessidade da humilhação a qual o sonho alertou. Ele poderia evitar a punição de Deus se ele se arrependesse e governasse com justiça.

Há uma segunda mensagem de esperança. Mesmo que Nabucodonosor ignorasse o alerta, e mesmo que ele pudesse ser humilhado tornando-se como um animal, isto seria somente por um tempo – por sete anos.

Este trabalho humilde geraria o fruto do arrependimento, e então a soberania inicial do rei seria restaurada. Foi oferecida a Nabucodonosor a esperança da restauração se ele se arrependesse – no tempo desta advertência ou após o tempo de sua humilhação.

Pela própria confissão de Nabucodonosor, ele não deu atenção ao alerta que Deus lhe deu através do sonho e da interpretação de Daniel. Um ano depois, ele tolamente se orgulhou em sua soberania como se ele fosse o único responsável pelo seu sucesso. Como resultado, o sonho aconteceu:

29 - Ao fim de doze meses, quando passeava no palácio real de Babilônia, 30 - Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência? 31 - Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonosor: Passou de ti o reino. 32 - E serás tirado dentre os homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se-ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo domina sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. 33 - Na mesma hora se cumpriu a palavra sobre Nabucodonosor, e foi tirado dentre os homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do céu, até que lhe cresceu pelo, como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves. (Daniel 4:29-33)

Não conheço outra grande humilhação do que este grande rei teve de passar nem outro ser humano que tenha passado tamanha dor.

Alguns ainda tentam achar uma ocasião na história quando tal dor ocorreu, embora possamos então ser assegurados da exatidão da descrição da Bíblia. (Eles também tentam achar um homem que tenha sido engolido por um grande peixe!).

Estou inclinado a pensar que este foi um único, antigo fenômeno, o qual aponta mais para uma intervenção soberana de Deus na história humana. A exata aflição é difícil de entender totalmente por que a descrição de Nabucodonosor é dita em termos de como ele se parecia, não que aflição ele realmente tinha.

Ele não criou pena; seus cabelos eram longos e cerrados assim eles pareciam como penas. Suas unhas não eram garras de passarinho; elas eram tão longas que eram como garras de passarinhos. Em cima de tudo isto, o rei comeu grama como gado, e estava obviamente fora do seu juízo.

Qualquer que seja a aflição do rei, ela cumpriu o seu propósito divino no tempo preciso indicado – sete anos. O rei parecia bem e sua sanidade retornou. Ele imediatamente louvou Deus como o Mais Alto. Ele confessou que somente Ele é soberano e que Ele faz o que deseja de forma que ninguém deveria desafiar Suas ações (versículos 34-35).

Conclusão

Nós consideramos a soberania de Deus como ensinado nos capítulos 2-4 no Livro de Daniel. A soberania de Deus era uma verdade que os Judeus desobedientes na Babilônia necessitavam entender, e ela é também uma verdade desesperadamente necessária nos nossos dias. Vamos considerar como a soberania de Deus relacionada aos Judeus no cativeiro Babilônico, e depois, como a soberania de Deus se aplica hoje para nós.

Deus é soberano sobre os governos seculares. Através da história de Israel, Deus usou as nações pagãs para cumprir os Seus propósitos. Deus usou o Egito para preservar e proliferar a nação de Israel por 400 anos antes que eles possuíssem a terra prometida.

Deus usou o coração duro do Faraó para mostrar Sua grandeza e poder. Ele usou as nações ao redor para punir Israel quando a nação caiu em pecado e desobediência. Ele usou as nações da Assíria e Babilônia para levar os Judeus ao cativeiro.

Nabucodonosor inclusive foi chamado de “servo” de Deus (Jeremias 25:9; 27:6; 43:10). A situação de Judá e Jerusalém não foi um acaso da história; não foi um mero destino. Foram a atuação do plano e propósito da soberania de Deus de Israel para alcançar os Seus propósitos, para cumprir Suas promessas e profecias.

A soberania de Deus foi importante para os Judeus, assim como ela é para nós, por que ela é a base para nossa certeza de que as profecias de Deus relativas ao Seu futuro reino serão cumpridas.

A visão que Deus deu a Nabucodonosor no capítulo 2 foi a da vinda do reino eterno, o qual Cristo, “a pedra feita sem mãos,” iria estabelecer. Era para ser estabelecido pela abolição dos atuais reinos dos homens.

Somente um Deus que é soberano sobre a história poderia cumprir as profecias da vinda do reino de Deus. Não é de admirar que a soberania de Deus seja um tema tão proeminente em Daniel. Daniel é um livro de história e profecia. Nas porções históricas, a soberania de Deus é demonstrada.

Nas porções proféticas, a soberania de Deus não somente é necessária; ela é assumida. O Deus que se mostrou Ele mesmo soberano sobre as nações é o Deus que promete estabelecer Seu reino sobre todas as nações.

Eis aqui uma lição que precisamos aprender e ser constantemente lembrados dela no nosso século vinte. Vivemos em dias de caos e mudanças. A União Soviética virtualmente se dissolveu diante dos nossos olhos. O Muro de Berlin foi derrubado.

Nações estão em Guerra civil, e milhares de vidas inocentes estão sendo sacrificadas como vemos, sem proteção. Cristãos parecem estremecer quando um Democrata é eleito para o gabinete mais alto na terra. É como a soberania de Deus não é acreditada.

Nosso problema não é novo. É o problema de assumir que Deus está sem poder para executar o Seu plano e propósitos onde os pagãos estão no poder. Este foi o erro de Abraão o qual o levou a mentir a respeito da identidade da sua esposa, dizendo que ela era meramente sua irmã:

10 - Disse mais Abimeleque a Abraão: Que tens visto, para fazer tal coisa? 11 - E disse Abraão: Porque eu dizia comigo: Certamente não há temor de Deus neste lugar, e eles me matarão por causa da minha mulher. 12 - E, na verdade, é ela também minha irmã, filha de meu pai, mas não filha da minha mãe; e veio a ser minha mulher; (Gênesis 20:10-12)

Deus não usou Nabucodonosor somente para punir Seu povo, Deus realmente trouxe este rei pagão de joelhos. Deus “submeteu” este rei soberano a Ele mesmo. Deus o trouxe à fé.

A nação de Israel era para ser uma “luz para os Gentios”. Era para eles proclamarem o evangelho de Jesus Cristo aos Gentios, pois a salvação de Deus não era somente para os Judeus. Eles se recusaram a fazer isto, assim Deus trouxe a evangelização aos Gentios através da descrença e rebelião dos Judeus.

O pecado da nação levou à subjugação e ao cativeiro na Babilônia. Lá, santos como Daniel geraram testemunho para o Deus de Israel, e até este rei soberano veio a se curvar de joelhos diante Dele em louvor de adoração. Deus não é somente soberano entre o Seu povo e na terra de Canaã. Deus é soberano sobre toda a terra e também o céu!

Isto deve significar que Deus é soberano sobre as decisões do Presidente dos Estados Unidos, sobre as leis passadas pelo Congresso, e mesmo sobre as decisões tomadas pela Suprema Corte. Deus é até soberano sobre o Serviço de Imposto de Renda. Deus é soberano sobre reis e reinos.

Se isto é verdade, então precisamos acreditar que cada rei, cada pessoa na posição de poder político, está lá por designação divina (veja Romanos 13:1-2). Isto significa que nós devemos nosso respeito à estas autoridades, nossa obediência, nossas taxas, a menos que qualquer destes especificamente requerer de nós desobedecermos à Deus (Romanos 13:1-7).

Significa que as leis, decisões, e decretos que eles fazem – mesmo aqueles os quais punem ou perseguem os santos – têm um propósito divino. Podemos ser levados a desobedecer ao governo, como Daniel e os três amigos, porém somente quando obedecendo àquele governo exigiria desobedecermos à Deus. No caos e fraquezas dos nossos dias, não percamos de vista o fato de que Deus é soberano na história e soberano até sobre poderes pagãos.

A soberania de Deus não é uma verdade rápida ou facilmente aprendida. A soberania de Deus está claramente revelada nas Escrituras, porém frequentemente leva uma sequência de circunstâncias adversas antes de se tornar uma parte do tecido do nosso pensamento e conduta.

Nestes três capítulos (2-4) de Daniel, Deus progressivamente convence Nabucodonosor da Sua soberania. Nabucodonosor professou acreditar na soberania de Deus no capítulo 2, após seu sonho ser revelado e interpretado por Daniel. Porém no capítulo 3, vemos o rei compelindo aqueles debaixo da sua autoridade a adorar um ídolo, uma afronta ao Deus soberano de Israel.

Quando Deus liberta Sadraque, Mesaque e Abedenego da fornalha ardente, Nabucodonosor novamente proclama que Deus é soberano. Porém no capítulo 4, vemos Nabucodonosor se exaltando em orgulho e Deus tendo de torná-lo humilde através dos sete anos de insanidade.

No capítulo 2, Nabucodonosor viu a relação da soberania de Deus ao futuro da história mundial. No capítulo 3, ao rei foi mostrada a relação entre a soberania de Deus e Seu poder de passar leis e punir os homens.

Agora, no capítulo 4, o rei Nabucodonosor começa a ver como a soberania de Deus se relaciona com as suas atitudes pessoais e ações como rei da Babilônia. O rei começa ver sua posição e poder como a medida da sua grandeza pessoal. Ele se torna cheio de poder e orgulho.

Ele começa a abusar do seu poder, se aproveitando do fraco e vulnerável ao invés de usar o seu poder para protegê-lo e prover para ele.

Deus ensinou Nabucodonosor que a posição e o poder de alguém são dados por Deus e é uma manifestação da Sua grandeza – não do homem. Deus realmente levanta “aquele a quem Ele quer” e Ele “o escolhe entre os mais humildes” (Daniel 4:17). Poder e posição são privilégios dados por Deus; são também comissionamentos dos quais não deveríamos nos orgulhar, mas usá-los para o benefício de outros.

Muitos desejam serem líderes hoje por razões todas muito similares àquelas de Nabucodonosor. Eles querem governar. Eles não querem servir outros, porém ser servidos. Eles não são semelhantes aos discípulos durante o ministério terreno do nosso Senhor.

Eles não são diferentes de muitos Cristãos de hoje que procuram liderar, não servir, mas ter “status” e serem servidos. Aqueles aos quais são dadas posições de poder e prestígio precisam estar alerta do orgulho, sendo constantemente lembrados que liderança é dada por Deus e uma manifestação da Sua grandeza – não da nossa.

Para que não pensemos que o rei Nabucodonosor foi diferente de qualquer um de nós, devemos considerar que em nossos dias os indivíduos procuram ser soberanos. Eles querem ser autônomos e independentes, os capitães das suas próprias almas, os mestres dos seus próprios destinos. Talvez mais do que em qualquer outra época, individualismo prevalece.

Esta é a época do egoísmo, como as Escrituras predizem (II Timóteo 3:1,2a). Um amigo me deu um panfleto para um seminário que promete ensinar 10 passos para o sucesso. Cada um dos passos é dominado pela palavra “próprio”.

Nós, como Nabucodonosor, e como o seu e nosso predecessor, Satanás, desejamos ser “deuses”. Queremos destronar o único verdadeiro Deus e nos entronizarmos. Deixemos Nabucodonosor ser nosso professor, e vamos humildemente dobrar nossos joelhos diante Dele de quem, através de quem e para quem são todas as coisas.

36 - Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém. (Romanos 11:36)

Adendo: Textos sobre Soberania na Bíblia.

Genesis 50:20

Êxodo 18:11

Deuteronômio 4:39

1 Samuel 2:1-10

2 Reis 19:15

1 Crônicas 29:11-12

2 Crônicas 20:5-6

Jó 9:12; 12:13-25; 23:13; 33:12-13; 41:11; 42:2

Salmos 2 (all); 22:27-28; 37:23; 75:6-8; 76:10; 95:3-5; 103:19; 115:3*; 135:5-18 (5-6)

Provérbios 16:1-5, 9, 33; 19:21; 20:24; 21:1

Eclesiastes 3:14; 9:1

Isaías 14:24-27; 40:12-15, 18, 22, 25; 44:6,24-28; 45:5, 7, 9-13; 46:9-11

Jeremias 18:6; 32:17-23, 27; 50:44

Lamentações 5:19

Daniel 2:21, 37-38; 4:17, 32, 34-35; 5:18; 7:27; 6:26

Mateus 11:25-26; 20:1-16

John 19:11

Atos 2:22-24; 4:24-28; 17:26

Romanos 8:28; 11:36; 14:11

Efésios 1:11; 4:6

Filipenses 2:9-11

Colossenses 1:16-17

1 Timóteo 6:15

Hebreus 1:3

Tiago 4:12

Apocalipse 1:5-6

Traduzido por Césio J. de Moura


1 Richard L. Strauss, The Joy of Knowing God (Neptune, New Jersey: Loizeaux Brothers, 1984), p. 118.

2 Ibid., p. 114.

3 A. W. Tozer, The Knowledge of the Holy (San Francisco: Harper & Row, Publishers, 1961), p. 115.

4 Ibid., p. 116.

5 A. W. Pink, The Attributes of God (Swengel, Pa.: Reiner Publications, 1968), p. 27.

6 Ibid., p. 25.

7 Ibid., pp. 23, 24.

8 Richard Strauss, The Joy of Knowing God, pp. 114-115.

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